30.6.11

Toy Story

Iniciei o mês e a última resenha postada por aqui dizendo o seguinte:

Para começar esta resenha, vamos logo tirar uma questão de definições de gênero da frente. Naquele meu post sobre as diversas nomenclaturas para retrofuturismo, temos uma que se encaixa perfeitamente emX-Men - Primeira Classe, filme que estreia na próxima sexta-feira nos cinemas brasileiros e que pude ver na cabine de imprensa promovida pela rede Cinesystem, no Shopping Iguatemi de Florianópolis:
Transistorpunk. Continuando com a lista de Remy, temos esse subgênero que diz respeito a “uma exagerada e glamourizada sociedade da era da Guerra Fria”. Influenciado pelos ideais e modismos da década de 1960, o Transistorpunk também pode ser chamado de "Psychedelipunk" ou "Weedpunk", quando enfatiza elementos psicodélicos ou “tecnologias à base de cânhamo”.

A rigor, o que valia para o filme dos X-Men vale também para o trailer mais conhecido do filme que vi nesta quarta, na cabine organizada na mesma rede de cinemas.  A curta sequência mostrava astronautas americanos da primeira missão tripulada à Lua descobrindo, cumprindo ordens Top Secret paralelas ao espetáculo exibido em rede mundial de TV, uma nave espacial alienígena espatifada em nosso satélite. De forma curiosa então, o terceiro filme da franquia baseada em carros-robôs de brinquedo chegava aos cinemas com uma proposta aparentemente igual ao quarto da outra franquia inspirada nos adolescentes mutantes dos gibis. Com aqueles poucos segundos de projeção, em uma reconstituição de época muito interessante, o trailer de Transformers - O lado oculto da Lua já era sozinho bem superior aos dois filmes anteriores dirigido pelo mesmo histriônico Michael Bay. Meu medo é que aquilo fosse material de propaganda e não fizesse realmente parte da produção, agora rendida ao modismo do 3d. O primeiro alívio foi constatar que fazia, sim, a reconstituição sessentista está mesmo lá, ocupando todos os minutos iniciais da nova montagem. Um trabalho apurado que une imagens de época, filmes de arquivo com JFK, Richard Nixon, algo bem distinto do que já havíamos visto anteriormente. Então, corta...

...vamos para um big close em monumental efeito tridimensional da bunda usando apenas uma calcinha da substituta da pin up Megan Fox - defenestrada da trilogia pelas críticas ao produtor Steven Spielberg, o que ainda lhe rendeu umas piadinhas maldosas nos momentos seguintes - e pronto. Estamos iniciando o caminho de volta ao universo conhecido de Michael Bay. Quando a bunda chega até o protagonista humano, Sam, novamente vivido por Shia LaBeouf, não podemos mais ter dúvidas. Receberemos pela frente mais de duas horas com piadas jogadas em nossos ouvidos em ritmo hipersônico, explosões ensurdecedoras, robôs ainda maiores e mais elaborados, propaganda do exército americano, planos em contra-luz, uma montagem que, felizmente, será a experiência mais próxima de um ataque epilético que a maioria de nós deverá experimentar na vida. Tudo aquilo que alimenta o amor e o ódio que faixas distintas de público dedicam aquele diretor que, de tanto ouvir as mesmas críticas aos seus maneirismos, já havia anunciado ter desistido de vez do cinema de ação.

O que posso dizer é que o apoteótico terço final deste filme é a maior prova possível de que tal declaração vale tanto quanto as teorias conspiratórias de que o homem nunca foi à Lua. Numa sequência alucinada e atentatória a nossos tímpanos, em longuíssimas dezenas de minutos, a cidade de Chicago passa a ser arrasada de forma a fazer inveja aos piores momentos cinematográficos de Nova Iorque. Arranha-céus são serrados feito árvores, mísseis destroem pontes, humanos são detalhadamente pulverizados, um Chtulhu de metal é invocado para ajudar no ritual selvagem de metropolicídio em meio à batalha de robôs contra robôs e de humanos contra robôs  somada a de humano contra humano que vemos tudo ao mesmo tempo agora enquanto algumas de nossas sinapses criam calos pelo esforço de acompanhar tamanha overdose informacional. Bay mentiu e voltou em grande estilo para delírio de uns e agonia de outros tantos.



Nada, absolutamente nada após aquelas cenas quase bucólicas da conquista lunar segue um ritmo que poderíamos considerar dentro da normalidade mesmo nos padrões mais acelerados da maioria dos cineastas vindos de Hollywood. Para Bay, mesmo uma cena corriqueira, como, digamos, algumas pessoas irem até um bar controlado por ex-cosmonautas, agindo como neomafiosos russos, para obter informações pode acabar com algo menos que um impasse armado. Ou uma ainda mais corriqueira sequência estilo Garganta Profunda,  na qual alguém arrependido de ter participado de uma tramóia repassa uma dica a outra, pode sair ilesa sem avalanches de humorismo entre o escatológico e o constrangedor. Para se ter noção do que estou falando, neste último exemplo quem faz o tipo arrependido é o asiático dos dois Se beber não case, praticamente repetindo o personagem e os trejeitos daquelas comédias. Apesar disso, ele está tão dentro do contexto a ponto de não ser um alívio cômico passageiro; ele bem pode ser encarado como apenas mais um coadjuvante que acompanha o ritmo sem pausas de toda a película. Há momentos cômicos no filme, mas não há nada que possa ser chamado de alívio durante toda a duração do longa-metragem.

Mas há, verdade seja dita, um fiapo de trama a sustentar tamanha concentração de gags e de hecatombe movida a diesel (ou o equivalente fictício que enche o tanque daquelas máquinas, o energon). A tal nave caída na Lua era pilotada por um antigo autobot (os robôs do bem), chamado Sentinel Prime e dublado por Leonard Nimoy (o que explica as piadas e as referências explícitas ao vulcano Spock e ao seriado Star Trek antes da aparição do personagem) que trazia com ele objetos capazes de criar um sistema de teleporte cobiçado pelos Decepticons (os robôs do mal). Paralelo a isso, vemos mais um capítulo da jornada de amadurecimento do tal Sam, amigo dos Autobots, que no primeiro filme se formava no colegial e descolava o primeiro carro, no segundo entrava para a faculdade e aqui tem que se virar para conseguir emprego. Sei que parece pouco, que acaba sendo redundante por repetir as mesmíssimas mensagens de como os robôs do bem são leais aos terráqueos, como os do mal não são confiáveis, como o exército tem capacidade de se virar mesmo contra o pior dos inimigos. Mas ainda assim, é o melhor filme da franquia.

O que não quer dizer que seja o melhor filme já feito com esses bonecos criados pela Hasbro. A melhor produção de verdade ainda é o longa animado de 1986, Transformers, o filme, que injustamente não é tão lembrado e reconhecido como deveria por seu papel desbravador em termos de animação para o cinema voltada a um público maior do que aquele chamado de infantil. As cenas de 25 anos atrás de Megatron (o líder do mal) logo no primeiro ato da película matando Optimus (o líder do bem) foram de uma coragem e tanto para época. Aquele filme oitentista é mais conhecido pelos estudiosos do cinema por ter sido o último trabalho de ninguém menos que Orson Welles, mitológico diretor de Cidadão Kane, que na ocasião dublou algo que podemos definir sem problema algum de um planeta que se transforma em robô. A frase dele respondendo do que se tratava aquele filme ainda se encaixa à perfeição em tudo o que foi feito desde então com tais personagens, principalmente quanto por trás das câmeras se encontra Michael Bay: "São brinquedos que fazem coisas horríveis com outros brinquedos". Isso resume tudo o que você precisa saber, acredite.

Ponto de Convergência

O título deste post - que pode ser considerado um editorial do blog - é o mesmo de um projeto que coloquei em prática no site colaborativo Overmundo assim que descobri as novas gerações de escritores nacionais de ficção científica. Em resumo, era uma série de resenhas de romances e de antologias de autor e de entrevistas com quem produzia a FC no Brasil ao longo da última década. Encerrado em 2008, o projeto foi - ou pelo menos pretendeu ser - uma radiografia do nosso mercado em um período difícil, de raras apostas por parte de editoras e de muita autopublicação. Pelo título também pode-se notar que a minha ideia era fazer uma conclamação para a convergência, a união de forças, entre tantas pessoas, em diversas partes do país, para fortalecer a literatura de gênero brasileira de qualidade.


De lá para cá, em tão pouco tempo, houve uma mudança e tanto na conjuntura editorial do Brasil. Novas pequenas empresas, baseadas na tecnologia de impressão por demanda - mais popularizada, economicamente viável, com qualidade perfeitamente comparável ao produto das grandes casas do ramo, quando não até mesmo superior - uma nova fase vem surgindo para a literatura fantástica em nosso país. Daquele tempo de incertezas que fazia talentosos escritores a ter que encarar o desafio de investir por conta própria no sonho da obra própria, vivemos agora tempos em que esses mesmos escritores podem contar com a parceria de empresas que apostam um mercado de fato, é possível. Chamei as editoras que têm se mostrado mais dinâmicas nessa área em um post, não por coincidência de 21 de junho, o Dia do Vapor, de a Tríplice Coroa da literatura fantástica brasileira.


Este post-editorial não é apenas para reconhecer mais uma vez os esforços dessas empresas e dos empreendedores por trás delas, mas também para comentar alguns projetos meus em andamento com cada uma das três coroas. Mais uma vez, opto pela ordem alfabética para falar de cada um.




Com a paulista Editora Draco, nascida em 2009, criada por Erick Sama, o meu contato oficial é mais recente. Foi divulgado com pontualidade britânica, na terça-feira, pelos organizadores da coletânea, Carlos Orsi Martinho e Marcelo Augusto Galvão, minha participação no livro Sherlock Holmes - Aventuras Secretas que trará o selo do dragão na capa. Considero o texto que escrevi para o projeto daquela dupla de ótimos escritores do interior de São Paulo - um de Jundiaí, outro de Atibaia - o único texto realmente adulto que já fiz, mas se isso é bom ou ruim, caberá aos leitores de "O caso do desconhecido íntimo" decidir. Fui convidado por Sama para escrever mais sobre este e outros temas no blog que a editora abriu recentemente e que já recebeu contribuição minha, em uma tradução de artigo originalmente escrito em inglês por Martinho. E nas conversas que já tive com o dono da Draco, já manifestei meu interesse em ampliar o catálogo de quadrinhos da editora.






De Minas Gerais, uma editora que é ao mesmo tempo a caçula e uma veterana, pois a Editora Estronho é um braço do site mantido há 15 anos por M.D. Amado. Pioneiro na área de dar espaço para novos autores, ele passou do virtual para o papel em 2010 sendo até o momento a casa em que mais tenho trabalhos engatilhados. Cursed City já saiu, Steampink teve meu prefácio divulgado ontem, Deus Ex Machina estará pronta até agosto e depois virá minha participação em um dos livros da coleção VII Demônios, Soberba - Lúcifer. Únicos dos editores a quem já tive a oportunidade de bancar o anfitrião até o momento, Amado segue fiel ao lema de "Tudo, até literatura!", com um catálogo que me instigou a escrever desde weird west, como "Domingo, Sangrento Domingo", até steampunk misturado com anjos e demônios, "A Diabólica Comédia - A Conquista dos Mares", chegando a uma FC de tom humorístico, "Algo baixou em Niterói".






E por último, aquela que na verdade foi a primeira, a também paulista Tarja Editorial, de onde partiram os primeiros convites para que este blogueiro, que nem me imaginava um escritor de ficção, se lançar ao mundo impresso. Em 2009, minha estreia literária com Paradigmas - Vol. I, com um conto cujo título sintetizava aquela minha experiência, "A teoria na prática", seguido, no mesmo ano, de minha presença na coletânea Steampunk - Histórias de um passado extraordinário, com a noveleta de mesmo nome deste blog, "Cidade Phantástica". No momento, mais uma vez por convite dos sócios Richard Diegues e Gian Celli, estou desenvolvendo um projeto para aquela casa, sobre o qual ainda não posso falar muito, mas já adianto que o tema é o mesmo desta página, Retrofuturismo. Também posso antecipar que outra ideia está sendo gestada com cuidado para tentar ser viabilizada até o próximo Dia do Vapor, em 21 de junho de 2012.


Como podem ver, sou a prova de que os tempos radiografados no Ponto de Convergência mudaram. Há uma eferverscência inegável no ar que respira a literatura fantástica nacional e da qual somos todos, editores, escritores e leitores, beneficiários. O que não muda é o mesmo chamado por trás do nome que batizou aquele projeto, a necessidade de união por parte de todos os elos deste mercado emergente. Por união não quero dizer nada que se pareça com uma utopia irrealizável, mas apenas a concorrência baseada na ética e no respeito. Na Convergência de intenções, mesmo que realizada por diferentes práticas. Este blog, salvo engano, deve ser o único, ou pelo menos um dos raros, espaços que já reuniram comentários de cada um dos editores acima listados, em diferentes posts espalhados por aqui. Isso me honra e tenho certeza de só veio a acontecer por este ser um espaço livre para o debate e para  a divulgação de iniciativas que ajudem a fortalecer a FC do Brasil. Um espaço que continua aberto a todas essas editoras, e quantas mais surgirem, ou se interessarem por ele. Todos os que tiverem tal objetivo podem se considerar bem-vindos no meu humilde edifício.


Obrigado pela leitura.

28.6.11

Dieselpunk - Capa e Capista 2

No post anterior, Erick Santos comentou o processo de criação da capa da nova coletânea retrofuturista a ser lançada por sua editora. Mas detalhes mesmo, minuciosos a respeito do trabalho, ele deu no recentemente inaugurado Draco Blog. Neste post, o editor fez um passo a passo contando tudo o que fez para dar uma imagem definitiva à Dieselpunk.


Uma outra novidade divulgada ontem pela editora foi um trailer com os lançamentos programados para a temporada 2011/2012. Estarei em um deles, mas vou deixar para os organizadores do livro darem a partida oficial da divulgação.

27.6.11

Dieselpunk - Capa e Capista

No dia 5 de agosto do ano passado, tive o prazer de publicar neste blog uma entrevista com o editor e a primeira amostra da capa de um projeto que se mostrou vencedor em nosso mercado literário: a coletânea Vaporpunk. Quase um ano depois, vou novamente entrevistar o capista e editor Erick Santos (que assina trabalhos gráficos como Erick Sama) a respeito de uma obra que dá prosseguimento àquela aposta da editora Draco na ficção retrofuturista lusobrasileira. A nova coletânea Dieselpunk teve sua capa divulgada esta manhã gelada de segunda-feira e, enquanto digito esta introdução, já havia sido vista nada menos que 1.026 vezes. Nesta conversa, vocês poderão saber um pouco mais sobre o processo de criação dela e ainda, pela primeira vez, ver com mais detalhe como será o livro com a capa aberta (cliquem na imagem abaixo para ampliar; ainda faltam os textos de apresentação da contracapa e das orelhas, como poderão notar). Vamos à entrevista:


Esta capa ao mesmo tempo remete à da coletânea anterior, com uma nova cena retrofuturista emoldurada por um painel, ao mesmo tempo que mantém uma identidade própria e condizente com o que podemos esperar de uma obra dieselpunk. Quais foram as suas fontes de inspiração para o trabalho?

Enquanto em Vaporpunk busquei retratar a tecnologia tão presente na estética steampunk, em Dieselpunk quis enfatizar a vida nas cidades e por isso a escolha de um prédio estilo art decó, estilo que representa a época da euforia com o progresso no começo do século XX. Além disso, quando penso em Dieselpunk, penso nos holofotes e luzes que dão vida às cidades, e para o contexto retrofuturista pus uma polícia aérea que monitora a cidade vibrante que nunca dorme, uma linha de trem-bala que atravessa os arranha-céus que cobrem toda a paisagem.

Referências óbvias estão nos desenhos do movimento artístico futurista, cartazes como os do filme Metrópolis, de Fritz Lang (e mesmo o filme de animação homônimo a partir do trabalho de Osamu Tezuka), e os cartazes e quadros modernistas. Abri mão de referências consagradas como a Bauhaus ou a estética Nazista, ficando focado nas representações da época pelo cinema e cultura pop, com pequenas visitas às artes plásticas, além, é claro, das próprias criações de artistas contemporâneos que se dizem inspirados pelo dieselpunk. Diante de um repertório imagético tão grande fica fácil se perder, por isso busquei ter cuidado na distribuição de elementos, optei por poucas cores na moldura para representar o concreto e dar vida à imagem da cidade de São Paulo reimaginada sem torná-la poluída.


Na entrevista anterior para este blog, exatamente sobre a capa da Vaporpunk, você me disse que ela havia consumido cerca de 20 horas de trabalho. Quanto o cronômetro marcou desta vez? Foi um processo mais simples, pela experiência acumulada, ou foi como começar do zero, com outros tipos de programas?

Foram cerca de 30 horas de trabalho. Isso contando desde a concepção, montagem da imagem de São Paulo, criação das formas e planejamento da composição em 2D, modelagem em 3D, texturização e por último, o que tomou muito tempo -- cerca de 10 horas entre tentativas e erros --, os testes de iluminação e renderização para criar a atmosfera pretendida. Os programas utilizados foram exatamente os mesmos, mas antes de chegar ao 3D passei muito mais tempo no 2D criando as formas adequadas que levariam as extrusões e texturas. O processo foi muito mais simples e consciente graças justamente à experiência anterior, mas por outro lado as minhas exigências pessoais eram muito mais altas para tentar superar o resultado de Vaporpunk e atingir uma evolução real como artista.



Primeiro Vaporpunk, agora Dieselpunk, o organizador das coletâneas, Gerson Lodi-Ribeiro, já mencionou uma terceira a se chamar, pelo menos provisoriamente, de Solarpunk. Será uma trilogia ou ainda haverá mais apostas nessa área?

Solarpunk, que terá sua guia anunciada oficialmente no Fantasticon 2011 pelo próprio Gerson Lodi-Ribeiro, fecha a Trilogia Punk da Draco, mas nada impede de explorarmos ambientes tradicionais e conhecidos dos fãs de ficção científica como o Cyberpunk ou outros subgêneros de retrofuturismo ou futurismo. O mais importante dentro de nosso próprio trabalho é que essa coleção Punk inspirou iniciativas que vieram a nós depois como a Space Opera, por exemplo, grande sucesso que terá continuação, e é motivo de orgulho como realização de antologia temática trabalhada desde as regras do organizador até a sua apresentação gráfica, um projeto editorial que busca ter solidez e sustentação neste nosso mercado tão carente de títulos e que ainda precisa de muita divulgação e distribuição para ter representatividade efetiva nas livrarias e no público fora do fandom.




Novamente voltando a nossa primeira conversa, você me disse: "Quero trabalhar pelo dia em que o Brasil inverterá a situação e oferecerá as tendências a serem seguidas pela literatura estrangeira". Esta coletânea é uma obra desbravadora, pois não tenho notícias de uma outra antologia dedicada exclusivamente ao dieselpunk em nenhuma parte do mundo. Também tivemos recentemente a notícia de que um livro lançado por sua editora, A Corrente, do escritor e quadrinista Estevão Ribeiro, receberá versão para o mercado italiano. Este é o caminho que a Draco planeja seguir?

Sobre a escolha do tema, pensei em primeiro lugar na evolução natural da estética steampunk e nas possibilidades estéticas e visuais, como desenhista que sou. As ótimas oportunidades imaginativas que o gênero apresentou no cinema, como nos filmes Captain Sky e Rockteer, e nos games como Bioshock e a série de RPGs Fallout, que não é estritamente Dieselpunk, mas trata do contexto do sonho americano com um futurismo pessimista. Ora, Brasil e Portugal têm histórias riquíssimas e imaginar aventuras que pudessem remeter ao noir, ao clima progressista e otimista da Belle Époque, às contestações modernistas e aos regimes nacionalistas e toda a euforia da civilização de toda a primeira metade do século XX são o suficiente para ousarmos dar esse passo. Como material para criação narrativa os potenciais são imensos e por ter à frente do projeto um especialista em História Alternativa como o Gerson Lodi-RIbeiro me deixou bem respaldado para saber que a especulação seria tratada com a seriedade e o cuidado que a obra merecia. Se a antologia é desbravadora, fico contente, mas o ideal era dar continuidade a um trabalho que funcionou muito bem com Vaporpunk e espero poder levar esse projeto a ser conhecido fora do Brasil, não por um catáter de pioneirismo, mas por ser um projeto sólido e relevante dentro do subgênero retrofuturista.

A publicação na Itália é uma realização muito importante e nos mostra que é nessa junção do trabalho do autor com o editorial que poderemos ter produtos atrativos. Nessa negociação feita pelo próprio Estevão Ribeiro foi muito satisfatório entender que A Corrente estava sendo licenciado como projeto editorial, não apenas pelo seu título como romance. E é esse trabalho que a Draco busca, fazer dos livros projetos coerentes e sedutores, complementar o texto através do desenho gráfico e que após o contato com as capas o público possa ter a melhor experiência com o seu conteúdo, sendo elas o começo e o fim desse passeio do leitor, não somente uma ferramenta para impulsionar vendas.



Diante do belo trabalho gráfico destas capas e de outros lançamentos com o selo do dragão, pergunto: Erick Santos não tem vontade de lançar sua própria graphic novel?

Agradeço muito a avaliação que faz do nosso trabalho. A linha de HQs da Draco vem esse ano com o álbum Para tudo se acabar na Quarta-feira, baseado no conto de Octavio Aragão, arte de Manoel Ricardo. É um trabalho que tem levado muito tempo para um resultado satisfatório e como trabalhei com edição de arte em quadrinhos por vários anos, sei das enormes dificuldades em se fazer bem feito. O trabalho de quadrinistas é duro e muito extenso, portanto não teria condições de me dedicar a isso se não fosse em caráter exclusivo, portanto prefiro editar bons artistas que queiram lançar seus álbuns, de preferência romances gráficos, para termos mais uma linha dentro da editora para realizar e levar às livrarias coisas interessantes.

26.6.11

E por falar em Holmes...

...saiu a confirmação no site das Livrarias Curitiba/Catarinense do evento comentado aqui anteriormente:


Aproveito a oportunidade para assinar este post com iniciais que passei recentemente a ter o direito de usar e cujo elementar significado explicarei no momento adequado,

Romeu Martins, IKS

As vilãs brasileiras de Sherlock Holmes 2

Eu havia dado o toque a respeito neste post:

Vai haver um texto de brasileiro na edição de inverno de um dos periódicos mais renomados quanto à divulgação e ao estudo da obra de Arthur Conan Doyle (1859-1930). Carlos Orsi, jornalista especializado em C&T e um dos melhores escritores de FC do país, é o articulista que teve um texto aprovado pelos Baker Street Irregulars para figurar no The Baker Street Journal. O tema do artigo do paulista é, como vai se ver, do meu maior interesse: The Brazilian Villainesses  of the Canon ("As Vilãs Brasileiras do Cânone"). O Cânone, no caso, são as histórias escritas pelo criador do detetive mais famoso da literarura.


O jundiaiense fez a gentileza de me enviar o exemplar daquele periódico (que eu tive de recuperar após uma investigação sherlockiana e uma caminhada de alguns quilômetros, pois passei o número da minha casa errado para ele e o journal foi parar no outro extremo da minha rua) e eu traduzi o artigo em que ele especula sobre o passado e as reais motivações de Isadora Klein (de "As três empenas") e Maria Pinto (de "A ponte de Thor" e, por empréstimo, "Cidade Phantástica") para o recém-inaugurado blog da Editora Draco. Segue o início do texto, revisado pelo autor:


No início do século XX, Sherlock Holmes cruzou espadas, por assim dizer, com duas vilãs do Brasil: Isadora Klein, a notória femme fatale de  "As três empenas", e Maria Pinto, uma vingativa suicida e aspirante a assassina de  "A ponte de Thor". Ambas são descritas como mulheres latinas de sangue quente e foram esposas – no caso de Isadora Klein, a viúva – de ricos e poderosos homens vindos de climas mais temperados. Pouca atenção foi dada à origem de seus pares, e às circunstâncias que as levaram primeiro à Inglaterra e, de lá, ao mundo do crime.


Para ler a íntegra da tradução de "The Brazilian villainesses of the Canon", basta clicar aqui. Para conhecer minha versão do envolvimento da manauense Maria Pinto e o multimilionário americano J. Neil Gibson, só lendo a noveleta "Cidade Phantástica". Ou, quem sabe, em um futuro próximo, uma versão dela para outra mídia.

24.6.11

Caubói da Contraversão

Calhou que bem no Dia do Vapor fui convidado pelos colegas Gabriel Rocha, Marcos Espíndola e Renê Muller (com quem já havia dividido a tela para comentar o filme U2-3D) para gravar um programa via web sobre steampunk e weird west. Tremendamente divertida a experiência, que ainda acabou numa noitada de vinhos e sopas nas vésperas do casal Gabriel Rocha e Cristine Isabele (pais do gato Pam que já se chamou Pâmela, mas isso é outra história...) completarem seis anos de namoro. O vídeo está no ar em dois endereços, no blog Contraversão, que fez a chamada abaixo, e nesta alternativa aqui:

Agora, apresentamos um programa “sério”, na medida do possível. Em sua versão 2.0, o Ponche Elétrico recebeu a visita do escritor e jornalista Romeu Martins. O rapaz é craque em literatura Steampunk e também no gênero chamado Weird West, que mistura os duelos do Velho Oeste com horror, fantasia e sobrenatural.

O negócio é que o trabalho do Romeu é citado até mesmo na bíblia mundial do Steampunk, como vocês poderão conferir no Ponche. E quem adivinhar quem é a mini-caveira pulando no final do programa, ao som dos Ambervisions, pode levá-la de brinde. Serve como chaveiro…

Não vou mentir pra vocês: aqui em casa e em alguns outros computadores o vídeo que tem quase oito minutos trava depois dos primeiros 60 segundos. Mas várias outras pessoas me disseram que conseguiram ver nossa sessão de Horse Opera na tela. Mande ver nos links e, qualquer coisa, avisem se não der certo.

Aliás, como lembrei na ocasião, foi no cenário onde foi gravado o programa pro blog Contraversão que nasceram as primeiras ideias para a noveleta "Cidade Phantástica": logo depois de receber o email me convidando a escrever algo para a coletânea Steampunk - Histórias de um passado extraordinário fui fazer uma visita ao apê então recém-inaugurado do casal Rocha-Isabele e comecei as elocubrações para as desventuras do João Fumaça.

23.6.11

Hyperpulp - primeira resenha

Ainda estou meio zonzo devido a um acidente doméstico daqueles bem idiotas (bati a cabeça enquanto subia uma escada ainda em obras aqui em casa) mas a alegria de ver um trabalho recém-publicado ganhar uma resenha garantiu a anestesia necessária por aqui. Benditas endorfinas! Junior Cazeri, capitão do excelente Café de Ontem, e meu primeiro e-editor do ano (no ebook 1000Universos) acabou de resenhar a mais recente publicação digital onde faço uma aparição: a Hyperpulp. Leiam abaixo a abertura da resenha e a menção que ele faz do meu breve conto, mas a íntegra, só aqui:

Certas iniciativas merecem menção honrosa. Não só pelo que oferecem na prática, mas também por todo o trabalho, disciplina e tempo para executá-las e, finalmente, oferecê-las sem custos aos interessados. A novíssima revista digital Hyperpulp, criação de Alexandre Mandarino, é um exemplo de trabalho bem feito, elaborado com dedicação e cuidado, com uma proposta inovadora e totalmente gratuita para os fãs da literatura fantástica da mais alta qualidade.

A proposta da publicação é oferecer textos bilíngues de autores internacionais, traduzidos para o português pelo próprio editor que, entre outros trabalhos, traduziu a obra Rei Rato de China Miéville para a nossa língua, para que os leitores brasileiros possam conhecer trabalhos geniais que, dificilmente, seriam publicados por aqui. Autores brasileiros também vão aparecer, publicados também em inglês, para que o público internacional conheça mais da produção literária tupiniquim.

Fiquei realmente impressionado com a qualidade dos trabalhos selecionados para a primeira edição, que busca uma mescla entre a literatura de gênero e o cuidado estético, e acredito que as obras apresentadas aqui ilustram perfeitamente essa abordagem e os leitores não vão se decepcionar com o que lhes é oferecido. São cinco contos, um artigo e uma entrevista. Conteúdo suficiente para algumas horas de boa literatura e reflexão (...)


A Diabólica Comédia, de Romeu Martins: único conto de um autor brasileiro a figurar neste primeiro volume da revista digital, e também a mais breve das narrativas selecionadas, o trabalho de Romeu Martins inicia com uma promessa de guerra em um cenário de fantasia e termina de forma a surpreender o leitor. Provocativo, o autor nos brinda com sua imaginação fértil e deixa um gosto de quero mais. 

Agradeço as palavras e lembro que o conto vai mesmo ter continuação no livro Deus Ex Machina - Anjos e demônios na Era do Vapor, da Editora Estronho.

Hyperpulp - FC e Arte

Tenho o prazer de anunciar minha participação em um belíssimo projeto que alia de forma ousada e muito bem sucedida ficção científica e arte. Hyperpulp é uma revista bilíngue trimestral capitaneada pelo jornalista, escritor e tradutor Alexandre Mandarino que nesta edição de estreia reuniu um time verdadeiramente multinacional para preencher 144 páginas virtuais da mais alta qualidade, artística e literária. A começar pela capa, com uma das dissecações imaginárias que o artista plástico radicado no Rio Grande do Sul Walmor Côrrea submete seres do folclore e da cultura pop até chegar a contracapa, com uma fotografia do sueco Hansi Linderoth, podemos perceber o apuro gráfico que norteou esta revista.

O conteúdo literário também não foi menos bem escolhido, ao apresentar traduções feitas pelo próprio Mandarino e, quando permitido pelos contratos dos escritores, as versões originais de textos inéditos em nosso mercado editorial. Tamanha soma de qualidades só pode me encher de orgulho de dividir tal espaço com o único conto orginalmente escrito em português da edição (vertido para o inglês por Ludimila Hashimoto). Segue abaixo o editorial de apresentação do projeto que pode e deve ser baixado gratuitamente neste endereço. Longa vida à Hyperpulp!




Bem-vindos à primeira edição da Hyperpulp. Escolha um dos livros na estante flutuante, puxe um puff para o canto e aproveite. Nascida da ideia de mesclar a escrita literária e a literatura de gênero, a revista tenta demonstrar na prática a importância do fantástico e do especulativo para a literatura e o quão essencial o tom literário é para contar uma boa história. Trimestral, Hyperpulp saíra nos meses de março, junho, setembro e dezembro. Cada edição publicará em média cinco contos, um deles de um autor de língua portuguesa.

A ideia é aproximar do leitor brasileiros autores e contos não publicados ou traduzidos para o português, além de, sempre que possível, mostrar a literatura fantástica de língua portuguesa para o leitor de língua inglesa. Os melhores contos serão selecionados, tendo em vista suas qualidades narrativas e literárias, e traduzidos de forma profissional para o português. Acreditamos que isso seja interessante para autores, que testam a temperatura de mercados até então inéditos para eles, e leitores, que ganham a possibilidade de ler novo material.

Nesta edição de estreia navegaremos pelos mares líricos e fantásticos de As Sereias Cantando Uma Para as Outras, da autora e editora norte-americana Cat Rambo; acompanharemos a trajetória de personagens incríveis em Anjos do Grito, do canadense Douglas Smith; presenciaremos a epopeia marcial e mitopunk do brasileiro Romeu Martins, em Diabólica Comédia; tremeremos de espanto e expectativa com o conto de horror Tempestade na Quinta Avenida, do inglês Benjamin Kensey; e nos surpreenderemos com as macaquices de nossa própria linguagem na prosa fantástica e borgeana do sueco Hansi Linderoth, no interior da Estação Prussiana de Macacos.

Entre uma parada e outra teremos o prazer de apreciar as obras do artista plástico brasileiro Walmor Corrêa, que abrilhanta nossa capa de estreia e a primeira de nossas Galerias; e as fotos do já citado Hansi Linderoth, em um portfólio/entrevista onde fala da relação entre literatura e imagens fantásticas. Nas próximas edições, além de galerias e entrevistas queremos apresentar ainda ensaios, resenhas e artigos. Mande sua colaboração para editor@hyperpulp.com As regras de envio estão no site www.hyperpulp.com

A água está morna, apesar dos blocos de gelo vermelho flutuando aqui e ali.

Aproxime-se.

Alexandre Mandarino
Editor-Chefe, Hyperpulp

22.6.11

O sucesso do Dia do Vapor

Foi excelente a repercussão sobre o Dia Nacional do Vapor, pelo que eu pude acompanhar na movimentação virtual provocada pela data. O meu post já recebeu no primeiro dia um número de participantes acima do esperado, chegando a empatar logo na largada com o sorteio anterior feito por aqui. No post do Conselho Steampunk (que sorteia livros da editora Estronho, Deus Ex Machina e Steampink) a promessa é de que em 2012 o barulho será ainda maior:

O evento será comemorado a boca pequena este ano mas, para 2012, uma série de pequenas revoluções estão prometidas pelo próprio Conselho SteamPunk e pela comunidade de entusiastas.O cenário das organizações baseadas em gênero no país pode mudar bastante na verdade, uma vez que a Sociedade Retrofuturista – sob a qual repousa o Conselho SteamPunk – deve estender seus tentáculos na direção de outros gêneros, como o DieselPunk, BitPunk e CyberPunk, implantando o M.O.S. (Modelo de Organização Sustentável), utilizado pelo Conselho SteamPunk e engendrado por Bruno Accioly e Raul Cândido Ruiz, os fundadores do Conselho SteamPunk.Tudo indica que o primeiro movimento começa ainda este ano, no atendimento aos entusiastas do gênero CyberPunk, que contará com Lidia Zuin e Mein Weise – duas representantes conhecidas do gênero – como Curadoras da comunidade CyberPunk no Brasil, que vão coordenar a “subversão” e a criação de Enclaves™ e Células™ em todo território nacional.
Para participar daquele sorteio duplo, basta copiar e colar esta frase no twitter:

SteamPunk: Dia Nacional - Quero os livros da Editora @estronho ! - http://t.co/oazUyv3 #diadovapor
E na Loja Paraíba, o sorteio é da coletânea Steampunk - Histórias de um passado extraordinário da Tarja Editorial, que contou com uma resenha especialmente escrita para a ocasião. Deixem-me manter a tradição do blog e  reproduzir o início do texto e o trecho em que fala do meu conto:

Steampunk – Histórias de um Passado Extraordinário foi pensado com cuidado, preocupando-se em manter uma linearidade que atendesse a novos leitores e puristas do estilo, como o próprio Richard Diegues diz. E acredito que as escolhas foram felizes, ao ponto que outras publicações se tornaram possíveis a partir do sucesso desta, a exemplo da Vaporpunk (Editora Draco), Deus Ex Machina e Steampink (ambas da Editora Estronho), assim como outros contos publicados na Revista Vapor Marginal (que ganhará um post aqui em breve) e na rede (...)
Cidade Phantástica é como a capital do Império é conhecida por todos. Aqui, Romeu Martins nos apresenta algumas figuras conhecidas de nossa história e literatura e a João Fumaça, um policial atuante nas estradas de ferro que está em uma missão especial: proteger a futura Sra Gibson dos assassinos chineses da Malta do Vapor. O que ele não esperava é acabar envolvido numa situação um pouco mais complicada e que pode resultar num desastre em escala 
Para participar desde outro sorteio, deve-se deixar um comentário lá e dar RT na frase:

RT Vou ganhar a coletânea Steampunk da @tarjaeditorial que @SteampunkPB está sorteando pelo Dia Nacional do Steampunk http://migre.me/56938

A data da escolha dos vencedores é a mesma para todos os casos Update - na verdade o Conselho Steampunk já fez o sorteio no dia seguinte, segue a expectativa aqui e na Loja Paraíba: dia 22 de julho. A sorte está lançada, boa sorte a todos!

21.6.11

Feliz Dia Nacional do Vapor!

A convocação feita em um post anterior sobre um Dia Nacional do Steampunk deu mais certo do que poderíamos prever! O que começou com uma conversa via twitter acabou rendendo a ideia de comemorar tanto os três anos de fundação do Conselho Steampunk quanto o aniversário de um de seus criadores, Bruno Accioly, dando aos leitores a chance de ganhar uma verdadeira biblioteca steamer! A iniciativa só pôde dar certo graças à parceria com a tríplice coroa das editoras que mais apostam, incentivam e valorizam a ficção fantástica nacional, que estão juntas aqui e merecem nossos agradecimentos e apoio. Pela ordem alfabética são elas: a Editora Draco, a Editora Estronho e a Tarja Editorial.

Essas três editoras deixara à nossa disposição simplesmente todas as coletâneas já lançadas e as que ainda estão em fase de produção no país dentro da temática steampunk. Ou seja, esta é uma oportunidade perfeita para que os leitores deem início a uma coleção com o que de melhor o Brasil já criou na literatura movida a vapor. Para dividir a nobre tarefa de realizar tal promoção, estão com o Cidade Phantástica outros dois parceiros que ajudaram a dar forma a este dia comemorativo: o aniversariante site do Conselho Steampunk e a Loja Paraíba (que, aliás, está aproveitando a data para lançar um design novo da página).

Dividimos da seguinte maneira os livros a serem sorteados: o Conselho Steampunk vai oferecer aos leitores duas obras ainda a serem lançadas, em agosto, durante o Fantasticon: Deus Ex Machina (que vem com um conto meu, "A conquista dos mares") e Steampink (para o qual acabei de escrever o prefácio), ambas da Estronho. A Loja Paraíba ficou com Steampunk - Histórias de um passado extraordinário (que traz a noveleta de minha autoria homônima a este blog), da Tarja Editorial. E coube a mim sortear por aqui a coletânea Vaporpunk da Editora Draco, que não tem conto meu, mas da qual fiz a resenha que pode ser lida aqui.



Cada um dos sorteadores poderia usar o método que preferisse para escolher o vencedor. Decidi repetir aqui a mesma retrotecnologia empregada em um sorteio anterior, o do mini-João Fumaça: o velho truque dos papéis no chapéu. Façamos assim, os interessados em receber em casa, em qualquer lugar do Brasil (ou, em caso de ser morador ou visitante de São Paulo, a chance de pegar durante a Fantasticon) seu exemplar de Vaporpunk, deve ajudar a divulgar a promoção pelo Twitter repassando a frase a seguir:

Para ganhar a Vaporpunk da @editoradraco que @romeumartins está sorteando no Dia do Vapor dê RT e se identifique aqui http://bit.ly/khzsUs

O comentário neste post deve ter algum email ou endereço de site ou blog para que eu possa entrar em contato com o sortudo. O prazo para inscrição é de um mês, até o dia 21 de julho estarão valendo os comentários recebidos e cada comentarista vira um papel a ser depositado em meu chapéu weird west comprado em Forquilhinhas. Repetindo: não deixe de comentar com uma identificação para que eu possa localizá-lo e não deixe de dar um RT na frase acima. No dia seguinte, lá nos meus pareceiros da Loja Universo, farei o ansiado sorteio com o devido registro fotográfico. Boa sorte a todos, novamente obrigado às editoras parceiras, feliz aniversário ao Conselho e ao Bruno e um ótimo Dia do Vapor aos steamers brasileiros!

Vem um romance steampunk nacional por ai?

Um ótimo modo de começar as comemorações do Dia Nacional do Steampunk é com a notícia de que um romance brasileiro do gênero está em produção. O escritor Ghad Ardduh, com quem divido páginas em dois livros da editora Estronho, Cursed City - Onde as almas não têm valor e o ainda a ser lançado exemplar sobre Soberba - Lúcifer da coleção VII Demônios, é quem está à frente do projeto. A obra ainda conta com título e capa provisórias, mas o autor providenciou um endereço em seu blog para manter os leitores informados. Adiante, seguem a capa e o release de apresentação de Registros Imperiais - O sangue da terra, com meus votos de sucesso na empreitada:



Registros Imperiais: O Sangue da Terra é a história de Lorde Mark, um Stuart, vindo diretamente da Inglaterra, para o Império Brasileiro, com o intuito de investigar o desaparecimento misterioso de seu aprendiz, Laurent, um cientista brilhante, responsável por diversos avanços na área biológica e médica.
O Século XX do Império Brasileiro se iniciou com a promessa da continuidade da luz que reina por todo o reinado sob a regência de Sua Majestade Imperial, o Imperador Dom Afonso I ao lado da Imperatriz consorte Kehinde, também princesa de Oyo.

Responsável pela continuidade da dinastia de seu avô, o Imperador Dom Pedro I, Dom Afonso recebe em sua corte uma visita inusitada, Lorde Mark, ciente de sua missão. Um homem como poucos, conquista a simpatia da casa Imperial e recebe carta branca para agir nessa busca.

Mark irá relembrar os prazeres dos trópicos enquanto testemunhará a magnificência alcançada pelo Império. Uma série de crimes e desaparecimentos estão no rastro da investigação de seu aprendiz, para conseguir resolver esse mistério, ele contará com a ajuda de seus dois acompanhantes, Ekaterina, uma bela menina de descendência ucraniana e de Tetsuzan, um oriental de etnia Ainu, treinado no mais secreto e poderoso dojo ninja.

Em meio a essa investigação ele encontra evidências do Casamento do Sangue Imperial com o Sangue da Terra Brasileira, uma cerimônia mística executada décadas atrás por Sebastião Adamastor, “O Sinistro”, responsável por boa parte do sucesso do Império.

Poderiam os sinais traçados na terra e no sangue, refletirem os desígnios celestes? Poderia um homem interferir com tamanha força na trama da realidade que ameaças cósmicas despertam?

Em Registros Imperiais: O Sangue da Terra, você acompanhará Lorde Mark e seus filhos em uma busca que conseguirá atormentar até mesmo ele, que julgara ter visto de tudo em sua longa vida.

Registros Imperiais: O Sangue da Terra é o primeiro romance de Ghad Arddhu, nascido em 1983 em São Paulo. Ainda em conclusão e sem editora definida, promete levá-lo para uma época utópica onde poderes conhecidos e ocultos moldaram uma sociedade próxima à perfeição, elevando um Império como a estrela mais brilhante no céu das nações.

Ghad Arddhu é designer, escritor e graduando em letras, aprendeu a ler e escrever por vontade própria, para poder ler e escrever suas próprias histórias. Mantém seu lar virtual em http://www.axisdraco.com onde publica suas idéias de forma autóctone e herética.

Eterno estudante e pesquisador, apaixonado por cultura, mitologia, história, cultos religiosos e ocultos espalhados pela história da humanidade, prevê para 2011 uma grande manifestação literárias dos eflúvios de sua mente: As estrelas estão alinhadas!

20.6.11

Oportunidade internacional

Uma excelente notícia, como todas as que ele me envia por email, chega via Christopher Kastensmidt, escritor americano radicado no Rio Grande do Sul que já foi notíicia neste blog algumas vezes, focando sua noveleta que se passa no Brasil colonial e os prêmios aos quais ele já concorreu e já levou. Agora, a notícia diz respeito a uma oportunidade excelente para outros escritores de literatura fantástica que escrevam em português e que tenham tido material publicado entre 2009 e 2010.

Concurso Hydra de Literatura Fantástica Brasileira

O concurso Hydra, uma parceria entre a revista eletrônica norte-americana Orson Scott Card’s Intergalactic Medicine Show e o website brasileiro A Bandeira do Elephante e da Arara, visa expor o melhor da literatura fantástica brasileira para leitores em língua inglesa do mundo inteiro.

Um painel composto por três juízes selecionará três finalistas entre os contos de literatura fantástica publicados no Brasil pela primeira vez nos anos de 2009 e 2010. O conto vencedor será selecionado pelo escritor norte-americano Orson Scott Card, autor dos livros Jogo do Exterminador e Orador dos Mortos e um dos escritores mais premiados de ficção científica no mundo.

Card diz, “Desde a época em que vivi no Brasil no começo dos anos 70, a nação e o povo do Brasil têm sido importantes para mim. É por isso que em Orador dos Mortos, os colonos são brasileiros que falam português! Quando voltei para o Brasil há vinte anos para participar de uma convenção de ficção científica, fiz novas amizades e li o trabalho de alguns autores estimulantes. Continuo seguindo o panorama de ficção científica brasileira, e tenho orgulho que a IGMS facilitará a apresentação de alguns destes escritores aos leitores americanos. Até agora, leitores americanos têm pouca idéia da quantidade de bons trabalhos que estão sendo feitos no nosso gênero no Brasil.”

O conto vencedor receberá tradução para o inglês feita pelo escritor Christopher Kastensmidt, finalista do Prêmio Nebula de 2010, e organizador do Concurso Hydra. O conto vencedor também será publicado na Orson Scott Card’s Intergalactic Medicine Show (IGMS), com pagamento profissional.

Edmund R. Schubert, editor de IGMS diz, “Desde o lançamento online da revista, publicamos histórias do mundo inteiro, mas apenas das partes do mundo onde falam o inglês. Esta oportunidade de buscar literatura brasileira, onde não há apenas um outro jeito de falar mas também de pensar, é emocionante. América do Sul e América Latina são conhecidas de longa data por incorporar realismo mágico em sua ficção, o que é uma novidade perfeita para a IGMS investigar. Estou bastante animado para ver as histórias que chegarão para nós deste concurso.”

O organizador Christopher Kastensmidt diz, “A comunidade brasileira de ficção especulativa produziu centenas de histórias excelentes durante os últimos anos, mas poucos chegaram aos leitores de outros países. Esse concurso é uma chance de mostrar aquele talento para o mundo. Intergalactic Medicine Show reconhece que o mundo da FC se estende muito além dos EUA, e agradeço de coração o apoio deles neste evento. Acho que vai ser um grande momento para nossa comunidade aqui.”

O nome do Concurso Hydra vem da constelação. Sendo um grupo de estrelas com nome de um monstro mítico, a constelação Hydra é símbolo da fantasia e ficção científica produzida pela comunidade de escritores de ficção especulativa. A constelação atravessa a equador celestial, unindo os hemisférios celestiais norte e sul, da mesma maneira que o Concurso Hydra espera juntar os hemisférios norte e sul de ficção especulativa. A constelação Hydra também aparece na bandeira brasileira.

As inscrições serão abertas de 01 de julho até 15 de agosto, e todos os autores brasileiros com contos de ficção científica ou fantasia publicados em 2009 e 2010 são encorajados a participar. O regulamento será disponibilizado em breve no website parceiro Universo Insônia  Não existe taxa de inscrição, e o vencedor receberá tradução do conto para inglês e contrato de publicação na IGMS, com pagamento padrão da revista.



Sobre Orson Scott Card’s Intergalactic Medicine Show
Fundada pelo escritor premiado Orson Scott Card, e editada nos últimos cinco anos por Edmund R. Schubert, IGMS é uma revista online bimensal premiada que publica contos ilustrados de ficção científica e fantasia, histórias em áudio, entrevistas, resenhas e mais. Autores vão de profissionais como Peter Beagle e David Farland até autores estreantes. O site da revista é www.intergalacticmedicineshow.com.


Sobre The Elephant and Macaw Banner
A Bandeira do Elefante e da Arara (em inglês, The Elephant and Macaw Banner) é uma série premiada de fantasia situada no Brasil colonial. As histórias contam as aventuras de Gerard van Oost e Oludara, uma dupla improvável de heróis que se encontram em Salvador. Notícias, arte e informações sobre as referências culturais e históricas podem ser encontrados no site www.eamb.org.

Sessão fotográfica em Santa Catarina

Nossos vizinhos steamers do Paraná, sem dúvida os mais ativos da região sul, estão preparando uma saída fotográfica em terras catarinenses. No site da Loja Paraná do Conselho, um convite aberto chama a todos os interessados para participar no dia 23 de junho de uma sessão de fotos no cenário abaixo:



Trata-se do Memorial do Descobrimento, uma reprodução em escala real da caravela Nina, utilizada na esquadra lusitana que aportou pela primeira vez em nosso país. A carreata saíra do Paraná, das proximidades do Teatro Paiol, por volta das 9h, até chegar ao monumento, no restaurante Sinuelo. A bordo da embarcação, os steampunkers devidamente trajados vão fazer o registro que deverá dar origem a uma nova fotonovela, agora com temática nática.

15.6.11

Círculo Literário Cruz e Sousa

No dia 9 de julho, teremos aqui em Santa Catarina um evento para celebrar a maior criação de um dos autores favoritos deste blog: Sir Arthur Conan Doyle (1859-1930). A Sociedade Histórica Desterrense vai promover a estreia de seu Círculo Literário, batizado em homenagem a Cruz e Sousa (1861-1889), o simbolista que é o maior poeta de todos os tempos de Santa Catarina, com uma apresentação sobre o livro Um estudo em vermelho. Escrito em 1887, a obra apresentou aos ingleses e ao mundo um dos personagens mais conhecidos, lidos, interpretados e reinterpretados da história: o detetive consultor Sherlock Holmes. Talvez, nesse encontro, eu já esteja autorizado a divulgar alguns detalhes de um projeto da Editora Draco, a respeito desse mito literário vitoriano. Abaixo, o convite para o evento, que vai reunir os leitores interessados na livraria Catarinense, da rua Felipe Schmidt. Aguardo os amigos por lá:

14.6.11

Dia Internacional do Steampunk?

Hoje, 14 de junho, por algum desses motivos que só o Facebook entende, é considerado o International Steampunk Day (neste post, do Steampunk Scholar, há algumas especulações a respeito do porquê da misteriosa escolha desta data). Essa efeméride levou a um debate no twitter com representantes da Loja Paraíba (@bponto e @zumbibs) e com o cocriador - ao lado de @rcandidoruiz - do Conselho Steampunk (@baccioly) sobre as possibilidades de termos um Dia Nacional do Steampunk. no Brasil. Minha sugestão inicial foi que a data a ser escolhida prestasse uma homenagem ao dia em que foi criado o próprio Conselho, por ser, sem dúvida alguma, o fato desencadeador do movimento no Brasil. Quando soube que no próximo dia 21 deste mês comemora-se ao mesmo tempo os três anos de criação do grupo e o aniversário de quatro décadas de seu mentor, perdi todas as dúvidas. Não poderia haver momento mais justo que tal dia para marcar a comemoração.



Até o Dia Nacional do Steampunk e aniversário de nosso guru, Bruno Accioly!

12.6.11

"Isso realmente me interessa"

Bruce Sterling é a única personalidade viva para quem dediquei uma tag neste blog. Clicando aqui, os leitores podem ver os motivos para essa minha homenagem pessoal a ele, tantas foram as citações que o escritor, uma força fundamental pra o steampunk literário no mundo, fez a respeito da produção brasileira no gênero. Um tanto atrasado, constato que em uma entrevista concedida no final de 2010, o texano havia manifestado um interesse ainda maior no Brazilian Steampunk do que já demonstrara anteriormente. Foi no dia 17 de dezembro, em uma entrevista concedida a Tiffany Lee Brown, do site Eureka Idea Lab. Abaixo, seguem a foto que ilustrou a convesa, a introdução da entrevista, a pergunta e a resposta em que são citados o retrofuturismo e o Brasil traduzidas para o português:



Mais conhecido por seus dez romances de ficção científica, incluindo o vencedor do Clarke Award do ano 2000, Distratiction, o vencedor do Campbel Award de 1989, Piratas de dados e o vencedor do Hugo Award de 1999, Taklamkan, Bruce Sterling também é famoso por sua inteligência, pelo pensamento original e pela clareza com que ele o apresenta (Upgrade: Fábio Fernandes me avisou que, na verdade, Taklamkan recebeu o Hugo de 1999 na categoria conto e Distraction, no mesmo ano, o de romance). É por isso que você pode vê-lo no Nightline da ABC, na  BBC, no The Late Show e na MTV, ou ler as suas palavras na Time, no Wall Street Journal, na ID ou na Nature.

Editor contribuinte da revista Wired, ele também escreve contos, resenhas de livros, crítica de design e muito mais. Suas obras incluem a não-ficção The Hacker Crackdown, Tomorrow Now: Envisioning the Next Fifty Years e Shaping Things. Recentemente, foi o curador convidado para o Share Festival of Digital Art and Culture em Torino, na Itália, e o visionário residente no Sandberg Instituut, de Amsterdã.

Uma vez que, aqui no Eureka Idea Lab, realmente gostamos de falar com pessoas que são muito mais espertas do que nós, achamos que Bruce deveria ser a nossa próxima vítima para uma entrevista (...)

Você está creditado, juntamente com o seu coautor William Gibson, por ter dado o pontapé inicial na tendência steampunk, em 1990, com o fabuloso  romance The Difference Engine. Por que as pessoas têm esta fascinação com tecnologias das eras Vitoriana e Eduardiana? Qual é o apelo que existe para você, pessoalmente?

Steampunk é um grande tema, e suas origens e desenvolvimento são complexos. O apelo pessoal que encontro no steampunk está em assistir a algo feito por um punhado de escritores de ficção científica, tendo raízes em lugares como Polônia e Brasil. Isso realmente me interessa. O cyberpunk brasileiro é surpreendentemente persistente e popular - mas o steampunk brasileiro é muito mais. Então, minha pergunta pessoal é esta: o que isso demonstra sobre o Brasil? Uma vez que entendo muito bem o gênero, estudar o steampunk brasileiro é como ter um pé-de-cabra pessoal para abrir a cultura brasileira.

10.6.11

Phantastic City

Estar em uma publicação como a Steampunk Bible ao lado de ídolos internacionais da estatura de Bruce Sterling e Jake von Slat já não tem preço. Porém, como eu disse por aqui antes, um orgulho do qual ninguém pode me tirar é o de ter algo em comum com William Gibson, Alan Moore, PKD e outros mestres: o fato de termos um mesmo tradutor na figura de Fábio Fernandes. Sendo assim, é com esse mesmo orgulho que publico a seguir o trecho integral traduzido por ele a pedido de Jeff VanderMeer para a Bíblia do Vapor. No livro, o texto foi editado para ficar adequado ao espaço de um box; abaixo, posto a versão completa que, garanto, é bem superior ao texto original em português:


Phantastic City. That’s how people started referring to the Capital of the Empire. Newspapers’s articles and headlines, speeches of politicians and members of the nobility, and even popular songs — everyone was celebrating that epithet from the moment that place saw the speediest, most intense wave of development that humankind had ever bore witness to. The marks of progress changed the landscape to such an extent that left behind the exuberance of nature that used to be the only subject among foreigners when they talked about the city of São Sebastião do Rio de Janeiro.

 Since the opening of the pioneering industry, in the estuary of Ponta da Areia, in Nictheroy —birthplace of the Baron locomotive — not a month goes by without a new factory opening its doors to work. The rhythm inside the factories is as intense as the hurly-burly in the streets, and not only during the day, but also along the nights, something that became feasible when the gaslight network replaced the old whale oil lamps. Neither luminosity nor even the imperial decree that outlawed the practice of capoeira and kung fu refrained the streets from becoming the stage for showdowns between the wild bunches of black and Chinese men who terrorize the carioca people. Despite the fact that most of those groups, like the Brotherhood of the Quilombo and the Celestial Order, do not use fire arms, such fights invariably end in death. 

The groups represent their communities and cultivate a hatred for the rival ones. With the housing grounds already taken by factories and mansions, the hordes of immigrants and the former slaves from Africa had not much of an option other than to use the many hills of the Capital, creating villages, veritable small towns apart from the metropolitan progress. The best example is the very first one, built upon Providência hill: Shanghai, meaning “above the sea”, in the Chinese language, is a mix of humble wooden shacks with stone temples called pagodas, whose architecture is marked by the multi-tiered roofs, like piled blocks. From those places of difficult access, where are grown the poppy seeds that originate the opium consumed in the city, use to get out the bands who instill fear into the hearts of the populace and hate into the minds of the authorities. 

Anyway, even without taking into consideration the matter of public security, the light from those lampposts has been demanded earlier and earlier, for one of the consequences of industrial activity is the smoke curtain that is now part of the daily life of the thousands of people that adopted the biggest city of Latin America as their home and workplace. 

The fog, capable of impregnating the senses of touch, taste, and smell of the inhabitants, spreads out of the maze formed by hundreds of huge stone obelisks scattered through the Capital. They are the chimneys of the industries, veritable monsters that, with its ovens, fed by the coal from Santa Catarina, give birth to fresh ovens, train tracks, whole trains, steam ship hulls…. It’s the future materialized in metal.

 Of all the prodigies engendered by technique and ingenuity in this city, none is equal to – none is even close in comparison – the colossal building that shall be finished until the end of the year, by the shore of Copacabana Beach. With a hundred floors, the Phantastic City Building is the highest structure ever designed by human hands. It is roughly twice the height of the Washington Monument, which is being built for decades in the United States capital – a work constantly delayed due to the Civil War that until few months ago devastated the godforsaken republic.
 

9.6.11

O Brasil na Bíblia

Mas afinal, o que a Steampunk Bible traz a respeito de nosso país, além da tradução de minha noveleta feita com habitual competência por Fábio Fernandes? O Brasil surge no derradeiro capítulo desta obra de referência, justamente aquele dedicado ao futuro da cultura steamer, ao lado de outros países emergentes, como a França. Mesmo sem a mesma competência de meu tradutor, fiz abaixo uma versão para o português das citações que Jeff VanderMeer e S.J. Chambers fizeram de nós. Como vão ver, as informações sobre a cena brasileira foram cedidas por depoimentos do próprio Fábio Fernandes e de Jacques Barcia, autores que estiveram presentes na primeira antologia nacional steampunk. Aliás, a capa de Steampunk - Histórias de um passado extraordinário aparece ilustrando o capítulo, e ocupa toda uma página do livro, o que garantiu a essa reprodução uma dimensão ainda maior do que a que foi publicada originalmente por aqui. Segue o texto e um detalhe das páginas deste capítulo:



Steampunk Internacional e multicultural

A internet tornou-se uma ferramenta essencial para os fãs do steampunk conhecerem e participarem dessa subcultura, não importando onde eles vivem. Sites como Brass Goggles e The Steampunk Workshop servem como uma conexão para tal atividade. No entanto, os entusiastas internacionais também têm desenvolvido suas próprias comunidades, com interesses em comum. Gradualmente, a internet está servindo como uma estrada de duas mãos, permitindo que steampunkers na América do Norte e na Grã-Bretanha descubram os esforços realizados em outros países. Da França ao Brasil, incluindo todos os pontos entre eles, há mais atividade do que nunca com sites como o Beyond Victoriana e Silver Goggles que focam o steampunk multicultural, independentemente de sua origem. Entusiastas de longa data como GD Falksen, que tem escrito sobre o tema steampunk multicultural para Tor.com, também reconhecem que o futuro do gênero requer diversidade. "Toda a cultura que existia no século XIX potencialmente pode ser usada para uma história steampunk ou como recurso estético", diz Falksen. "Acredito que as pessoas estão se tornando cada vez mais conscientes das possibilidades".

(...) O Brasil surgiu como um ambiente efervescente do steampunk. Segundo o escritor, tradutor e fundador do blog Post-Weird Thoughs, Fábio Fernandes, o steampunk brasileiro tem estado "ativo há um par de anos, pelo menos oficialmente. A maioria de seus membros em todo o país sequer conheciam uns aos outros até 2007. Eles começaram a se reunir logo após a fundação da Loja São Paulo do Conselho Steampunk (algo semelhante a uma loja maçônica, mas só no nome). Agora, existem lojas nos estados do Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Paraíba e Paraná."

Mesmo tendo o steampunk brasileiro menos de três anos de existência, Fernandes afirma que a comunidade "está fazendo um ótimo trabalho, atraindo muito interesse, com pessoas ativas organizando vários eventos. A maioria deles até agora, porém, está relacionada com moda e estilo de vida, em vez de literatura. Alguns eventos fundiram essas duas comunidades ... mas elas não são realmente integradas. Mas não vemos isso como um problema. Ambas as comunidades se dão muito bem. O movimento de escritores está crescendo rapidamente, e ouso dizer que nos próximos dois ou três anos vamos ver o nascimento de uma verdadeira escrita brasileira no gênero steampunk."

Fernandes aponta Jacques Barcia, um dos líderes na cena brasileira de ficção científica e fantasia, também como um dos melhores escritores steamers do país. "Ele pode evocar imagens de uma beleza terrível, engenhocas infernais e belas criaturas como golems mecânicos apaixonados."

Barcia concorda com a avaliação de Fernandes: "A literatura steampunk brasileira cresce rapidamente, mas ainda está em sua infância. Há grandes obras de ficção, grandes antologias temáticas e convenções dedicadas apenas a esse subgênero, mas muitos autores (e leitores) não têm uma visão clara do que é steampunk ou sobre como ele se desenvolveu ao longo dos anos. Por outro lado, existem grandes exemplos de escritores brasileiros criando uma vitoriana com sabor nacional, misturando figuras históricas com personagens da literatura romântica brasileira e atingindo grandes resultados."

A ficção de Barcia não se encaixa em uma "estética steampunk brasileira mais geral. Eu focalizo normalmente na Belle Époque, em vez de usar imagens vitorianas, e prefiro ambientar minhas histórias em cidades imaginárias que só lembram (ou recriam) localidades brasileiras. Além disso, meus personagens são geralmente os dissidentes, os pobres, os sindicalistas e os anarquistas do início do século 20. Acho que o steampunk precisa de mais revoluções, mais agitação. Afinal, a virada do século passado diz respeito a fábricas e seus turnos de 80 horas, além da busca pela liberdade. Não é apenas fantasia a vapor, maquinário mecânico e seus inventores."

Em 2009, uma antologia steampunk brasileira mostrou as obras de Barcia e de outros autores, na condição de porta-bandeira (ou seria porta-dirigíveis?) para uma ficção bastante variada. Muitos dos textos selecionados trazem influências familiares, como Verne e Wells; mas outros, como "Cidade Phantástica", de Romeu Martins, com suas "favelas steampunk", bandos de ex-escravos vindos da África que se tornaram capoeiristas e enormes edifícios nas margens da praia de Copacabana, são mais intrinsecamente brasileiros.

Irmãos, chegou minha Bíblia

Estava eu comentando no twitter que mesmo antes das 11h da manhã as boas notícias estavam chegando que o dia prometia. E, minutos antes da undécima hora, não é que me surge a encomenda mais esperada de todos os tempos? Minha edição de colaborador da Steampunk Bible, de Jeff VanderMeer e S.J. Chambers!



E no capítulo dedicado ao futuro do gênero, mais exatamente na página 212, o que vejo? Trechos da minha noveleta traduzidos para o inglês por Fábio Fernandes!



Uau! Vou aproveitar minha leitura, aqui, torcendo para que um dia, em breve, quem sabe?, tenhamos uma edição nacional dessa preciosidade, uma obra de referência para o retrofuturismo em escala mundial.

www.cidadephantastica.com.br

Agora também atendemos pelo endereço acima, que é direcionado aqui para o blogger. Meus agradecimentos ao M.D. Amado, da Editora Estronho que fez o meio de campo para que isso fosse possível.

8.6.11

O lado oeste de Floripa 2

Em um post anterior, fiz um relato sobre como foi o lançamento de Cursed City - Onde as almas não têm valor e de Sagas 2 - Estranho Oeste em Floripa. Agora sairam as prometidas fotos tiradas durante o evento, como a de baixo, na qual este blogueiro aparece ao lado de Pauline Kisner e de M.D. Amado, da editora Estronho, num flagrante feito por Maristela Giassi. Para ver mais alguns daguerreótipos daquele dia, compareça a este endereço.

7.6.11

E Kastensmidt levou

Falei do escritor americano radicado em solo gaúcho Christopher Kastensmidt por aqui em três ocasiões. Na primeira, quando soube do sucesso de sua novela "The Elephant and Macaw Banner™", o post levou o título provocativo de "Quem não faz, leva", por ter sido necessário o olhar de um autor estrangeiro o necessário para mostrar a potencialidade de um cenário histórico e fantástico brasileiro, com direito a Saci e tudo, de alcançar público internacional. A segunda vez, foi por ocasião da publicação de sua novela no Brasil, já com o título traduzido para "A Bandeira do Elefante e da Arara" pela Devir. E na terceira vez, foi para anunciar que o trabalho dele concorria a um dos mais prestigiados prêmios dedicados à FC, o Nebula. Volto a mencionar Kastensmidt para comprovar o sucesso de seu trabalho e o interesse do mercado americano pela temática, pois ele acabou de ganhar um outro prêmio internacional.

No próprio email que ele me enviou, o autor já menciona que tal premiação "mostra mais uma vez o potencial de temáticos brasileiros" e relembra alguns pontos: "Agradeço sempre o apoio da comunidade de literatura fantástica aqui, e estou aproveitando o interesse gerado no exterior por esta noveleta para chamar mais atenção para a literatura brasileira. Espero compartilhar em breve um anúncio sobre uma oportunidade interessante, que espero ser do interesse de todos". Da minha parte, digo que somos nós quem temos a agradecer e parabenizar Christopher Kastensmidt por seu trabalho e seu entusiasmo. Segue a nota que ele enviou a respeito dessa ótima notícia:



Fantasia brasileira ganha prêmio Realms of Fantasy Readers’ Choice Award


“The Fortuitous Meeting of Gerard van Oost e Oludara”, noveleta de fantasia baseada no Brasil colonial, recebeu mais uma honra este ano quando foi escolhida como melhor ficção publicada na revista Realms of Fantasy durante o ano de 2010. A seleção foi feito pelos leitores, e a noveleta empatou a votação com outra noveleta, “Queen of the Kanguellas”, escrita por Scott Dalrymple.

A noveleta é a primeira em uma série intitulada A Bandeira do Elefante e da Arara, ou The Elephant and Macaw Banner, sobre dois aventureiros no Brasil do século XVI. Esta primeira história está disponível no Brasil sob o título de “O encontro fortuito de Gerard van Oost e Oludara” no livro Duplo Fantasia Heróica (Devir Livraria), junto com a noveleta “A Travessia” por Roberto de Sousa Causo. A segunda noveleta da série tem lançamento marcado para agosto, também pela editora Devir Livraria. Mais informação sobre a série pode ser encontrada no site www.eamb.org/brasil.