Em fevereiro fui procurado pela colega jornalista Nina Gazire, repórter da revista dedicada a temas como arte, design, cultura contemporânea e tecnologia seLecT, da Editora Três. O assunto de nossa conversa foi bem instigante: ela procurava fontes para uma matéria sobre o assunto principal da publicação para o bimestre de abril/maio, uma edição com um verdadeiro dossiê sobre a água. Especificamente, Nina estava preparando uma reportagem sobre o ponto de vista da ficção científica, como escritores daquele gênero haviam sido inspirados ao longo dos tempos, desde o pioneirismo de Jules Verne e suas 20 mil léguas submarinas, pelo principal fator ligado à vida em nosso planeta.
A matéria acabou de sair, fazendo parte do material chamado Código Água na capa da revista. A pauta sobre o legado da FC na área ficou particularmente ótima, contando com a contribuição sempre erudita e pop de Fábio Fernandes, que ajudou Nina em um completo levantamento do que de mais importante saiu da cabeça de uma infinidade de escritores com a inspiração aquática. Quero aproveitar a oportunidade para registrar aqui no blog a entrevista completa que dei à seLecT.
É possível dizer que o gênero Steampunk é um gênero embebido de um apelo estético maior do que os outros gêneros de ficção científica? Digo isso, pela especificidade imagética e que ele provoca ou idealiza na suas narrativas ao mesclar estilos históricos visuais com certo anacronismo.
Apesar de haver outros gêneros com forte pendor estético, como o cyberpunk, com suas roupas de couro e óculos espelhados, acredito que, sim, o steampunk é mesmo uma parte da ficção científica em que essa questão aparece com mais força. Tanto que existem muitas pessoas que se definem como sendo steamers (ou steampunkers) mesmo sem conhecer muito da produção literária do gênero, apenas pelo gosto de usar roupas de época reinventadas ou mesmo de customizar objetos, como fazer um computador parecer peça antiga, por exemplo. Existem no mundo e mesmo no Brasil estilistas que cuidam de lançar roupas, como corpetes e capas, indumentárias completas, com uma inspiração neovitoriana. Lili Angélika, estilista residente em São Paulo, é um bom exemplo disso, já tive a oportunidade de conferir dois desfiles promovidos por ela na capital paulista.
Dentro deste gênero, existe algum romance ou produção que envolva questões ligadas à ecologia ou catástrofes ambientais? Penso que por ser um gênero surgido a partir dos anos 1980 ao mesmo tempo que as questões sobre o meio ambiente começam ocupar a agenda política com maior ênfase, talvez algum autor tenha trabalhado isso dentro do gênero. Isso é possível? Se sim, quais autores trabalham essas questões?
Essa preocupação já apareceu logo no primeiro romance do gênero, escrito por Bruce Sterling e William Gibson em 1990 (e que vai ser finalmente publicado no Brasil agora em 2012), A Máquina Diferencial. Naquela obra a dupla de autores especulava o que poderia ter acontecido caso a máquina de cálculos complexos (uma espécie de antepassado do nosso computador) projetado por Charles Babage realmente fosse construído no séc XIX. No livro, vemos entre as consequências disso uma espécie de superpotência britânica e o aumento da poluição representada por uma espécie de fog criado pelo homem, envolvendo a ilha. Outro exemplo, publicado no Brasil, é uma história protagonizada por Sherlock Holmes escrita pelo inglês John Gribbin e publicada por aqui na Isaac Asimov Magazine 18. Em português, o conto levou o nome de "O caso do ácido carbônico", no original "The carbon papers". O famoso detetive investiga um caso que é considerado sigiloso pela sua implicação: ele descobriria evidências de que a Revolução Industrial em vigor em sua época iria acabar provocando desastres ambientais em um futuro não muito distante (ou seja, nosso presente).
Mas devo dizer que existe todo um subgênero influenciado pelo steampunk, mas à parte, em que as questões ambientais são o cerne: o greenpunk. A ideia é levar a sério o bordão punk do "faça você mesmo" e buscar soluções para os problemas ambientais. O Brasil vai ter uma coletânea baseada nessas ideias e ideais a ser publicada este ano pela editora Draco. O nome do livro será Solarpunk e sua organização ficou de responsabilidade do escritor carioca Gerson Lodi-Ribeiro (o mesmo que organizou duas outras coletâneas para a editora, Vaporpunk e Dieselpunk). Enviei um conto para concorrer a uma vaga nesse livro, ambientado na maior estufa do mundo, que trata de questões como manipulação genética para se fabricar armamentos e uso alguma tecnologia baseada em painéis solares.
A água sempre esteve presente na literatura fantástica ou de ficção científica de alguma maneira. Ou como histórias passadas em oceanos, ilhas ou os mares de planetas imaginários. Seja no livro de Jules Verne em Vinte mil léguas submarinas ou nos livros de Frederik Pohl e Jack Williamson, o oceano é algo tão inexplorado e perigoso quanto o espaço sideral. A ideia de navegação é usada para esses dois ambientes, que envolvem um imaginário que já foi metáfora para ideologias colonizadoras e etnocêntricas. É possível pensar em uma oposição entre esses dois “lugares” dentro da ficção científica? Essa questão acima não procede no âmbito do Steampunk ?
No livro Deus Ex Machina - Anjos e demônios na Era do Vapor, lançado pela editora mineira Estronho em 2011, tenho um conto steampunk chamado "A Conquista dos Mares". Eu tento explorar algumas metáforas possíveis para o papel dos oceanos em duas facções em guerra nele. Um outro autor que explorou o tema, remetendo diretamente ao caso do livro de Jules Verne que você citou, é o mineiro Flávio Medeiros Jr. na coletânea Steampunk - Histórias de um passado extraordinário. No conto "Por um fio" ele também enfatiza a importância dos mares, um território em disputa em uma guerra de duas potências imperialistas.
Existe alguma produção dentro do gênero que tenha alguma questão ligada a água ou tenha ambientes aquáticos como cenário? É possível falar de uma produção dentro do gênero ligada a este âmbito?
Fora esses exemplos que dei enquanto respondia as perguntas acima, não me ocorre nada tão específico assim. Talvez o Gerson Lodi-Ribeiro esteja recebendo contos em que a água tenha uma importância tão central assim, já que as questões ambientais são o centro da antologia que ele está organizando.
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18.4.12
Entrevista para a revista seLecT
29.11.11
Ação, almanaque de mangá nacional 2
Falei aqui algumas vezes a respeito da Ação Magazine, publicação encabeçada por Alexandre Lancaster, meu colega da pioneira coletânea Steampunk - Histórias de um passado extraordinário. A primeira delas foi em um post do dia 16 de fevereiro deste ano:
Agora, a notícia é o lançamento da segunda edição desta publicação que importa para nosso mercado o sistema de produção nipônico, mas com material 100% nacional. A capa do número 2 da Ação Magazine pode ser conferida - e bem ampliada - abaixo:
Se notarem bem as chamadas, uma das matérias em destaque diz respeito justamente ao tem principal deste blog, "a revolução steampunk". Mas o interesse para a comunidade steamer não fica apenas na teoria, pois uma das séries presentes na revista é uma legítima obra retrofuturista em quadrinhos. "Expresso!", justamente de Lancaster, é a versão em quadrinhos do universo que o autor apresentou naquela coletânea da Tarja Editorial de 2009. Veja a seguir, com exclusividade para o Cidade Phantástica, duas páginas da série escrita e desenhada por ele. A primeira delas, tem cores de Cynthia França. Lembrando que o lançamento da Ação Magazine #2 será nesta quarta-feira, dia 30 de novembro, na Saraiva Megastore do Norte Shopping, Av. Dom Helder Câmara, 5474, Rio de Janeiro - RJ, das 19h as 22h.
Mais uma notícia envolvendo quadrinhos de interesse para quem curte retrofuturismo. Alex Lancaster está à frente de um projeto que pretende trazer ao Brasil o mesmo modelo usado no Japão para apresentar séries de mangás, um almanaque cuja rotatividade dos títulos dependerá da popularidade de cada obra. Serão os leitores, interagindo com os editores e autores, que determinarão qual série de Ação Magazine terá continuidade em suas páginas. Uma amostra do material que está disponível para apreciação dos leitores pode ser acessado neste endereço, no qual se encontra o número zero da revista...
Agora, a notícia é o lançamento da segunda edição desta publicação que importa para nosso mercado o sistema de produção nipônico, mas com material 100% nacional. A capa do número 2 da Ação Magazine pode ser conferida - e bem ampliada - abaixo:
Se notarem bem as chamadas, uma das matérias em destaque diz respeito justamente ao tem principal deste blog, "a revolução steampunk". Mas o interesse para a comunidade steamer não fica apenas na teoria, pois uma das séries presentes na revista é uma legítima obra retrofuturista em quadrinhos. "Expresso!", justamente de Lancaster, é a versão em quadrinhos do universo que o autor apresentou naquela coletânea da Tarja Editorial de 2009. Veja a seguir, com exclusividade para o Cidade Phantástica, duas páginas da série escrita e desenhada por ele. A primeira delas, tem cores de Cynthia França. Lembrando que o lançamento da Ação Magazine #2 será nesta quarta-feira, dia 30 de novembro, na Saraiva Megastore do Norte Shopping, Av. Dom Helder Câmara, 5474, Rio de Janeiro - RJ, das 19h as 22h.
20.9.11
R.I.P. - Read In Peace
A única certeza que tenho sobre 2012 é que não terei como superar ou mesmo igualar minha produção editorial deste ano, seja em papel ou no mundo virtual. E acaba de sair mais uma publicação em bytes para se juntar à verdadeira biblioteca da qual tive o prazer de participar nos últimos meses - a saber, 1000 Universos, Vapor Marginal e Hyperpulp. A mais recente da lista, ao contrário das anteriores, não é uma edição de estreia, mas sim de consolidação e de retomada de um projeto. R.I.P. 7 é a edição comemorativa dos quinze anos do site Estronho e Esquésito, um pioneiro da internet desenvolvido pelo mesmo M.D. Amado que criou a editora Estronho pela qual lançou também em 2011 as coletâneas Cursed City - Onde as almas não têm valor e Deus Ex Machina - Anjos e Demônios na Era do Vapor que contam com histórias minhas (além de Steampink, livro que tive o prazer de prefaciar). A capa pode ser vista abaixo:
Para o ezine comemorativo escrevi um depoimento breve que, ao lado de outras figuras de peso do fandom nacional, enfatizam a importância daquele site para nosso país:
Para o ezine comemorativo escrevi um depoimento breve que, ao lado de outras figuras de peso do fandom nacional, enfatizam a importância daquele site para nosso país:
Quinze anos? Em idade de cachorro isso dá mais de um século e em tempo de internet, quanto é? Respondo: é praticamente a eternidade. Sim, porque o site Estronho e Esquésito tem quase o mesmo tempo de existência da internet comercial no mundo. Quando ele estreou, em setembro de 1996, poucas eram as pessoas no Brasil que acessavam a rede com alguma regularidade, o assunto ainda era quase ficção científica. E o Estronho já estava lá, divulgando e fomentando a FC propriamente dita, o horror e a fantasia em nosso país. Desde sempre. Que seja imortal e para sempre dure. Parabéns, M. D. Amado, é uma honra ter você como editor.Uma outra colaboração minha naquelas páginas virtuais é um artigo sobre retrofuturismo, dando espaço não apenas ao steampunk mas a outras formas de contar futuros que deixaram de acontecer em diferentes períodos do tempo. O texto é a adaptação especialmente feita para aquela revista de um post dos mais acessados deste blog, material que serviu de base para a palestra que Fábio Fernandes e eu demos na edição deste ano da HQCon. Fora isso, R.I.P. 7 traz diversas outras atrações, como o resultado de um concurso de nano e minicontos que teve como tema baile de debutantes; contos de literatura fantástica voltados ao universo infanto-juvenil, lançamento de um concurso (com direito a prêmios) para a escolha de um novo mascote para o site e muito mais. O destaque fica por conta do projeto gráfico extremamente ousado que M.D. Amado fez para a revista, usando todos os recursos que a publicação on-line permite (a começar pelo número de páginas ímpar, 59, uma impossibilidade no mundo físico). Notem o uso de cor e imaginem o que seria possível fazer no papel se os custos fossem menores. O material, bem como edições anteriores do zine, pode - e deve, claro - ser baixado aqui.
2.9.11
Filhos da Depressão
Sexta-feira, dia de resenhas no Universo HQ e foram postadas duas milhas por lá, que é o maior banco de dados de críticas de quadrinhos do Brasil. Além dos meus comentários sobre o segundo volume do mangá feito na Austrália Hollow Fields, há um texto sobre lançamento do mês que é bastante interessante para quem gosta de anacronismos na ficção. X-Men Noir lança os conhecidos personagens da Marvel nos anos 30, exatamente na mesma linha que já havia sido feita - e comentada por aqui - com o Homem-Aranha. A diferença é que nesta nova adaptação, o roteirista Fred Van Lente teve a ousadia de retirar os poderes que tornaram os mutantes tão famosos e aplicar neles uma abordagem bem mais inusitada. Segue o início da resenha:
Continua
E se no lugar dos filhos do átomo os X-Men fossem filhos da depressão? Ou seja, e se em vez de terem sido criados na década de 1960, pela dupla Stan Lee e Jack Kirby, na época da paranoia de uma guerra nuclear entre as duas superpotências, os mutantes tivessem surgido nos anos 30, tempos difíceis para a economia norte-americana e famosos pelos filmes de detetives e pela literatura pulp?
Esta foi a proposta de uma minissérie em quatro partes lançada nos Estados Unidos em 2010 e que foi encadernada no Brasil pela Panini em uma edição luxuosa, com papel de primeira, capa dura e preço camarada.
Continua
18.7.11
Steampunk brasileiro em revista lusitana
Como anunciei por aqui anteriormente, Fábio Fernandes foi contatado pela equipe da revista portuguesa Bang! para publicar um relato sobre a cena de literatura fantástica brasileira naquela publicação trimestral, editada pela Saída de Emergência em uma parceria com as livrarias Fnac. "Vida noutros planetas" é o título do artigo do escritor, tradutor e pesquisador que abrange vários aspectos e manifestações do fandom nacional, desde os fanzines, passando pelas comunidades virtuais e os eventos presenciais, até chegar no advento recente das pequenas editoras que investem na área. O relato dá destaque para a ascensão da cultura steampunk em nosso país, citando o Conselho Steampunk e as várias manifestações de apoio que Bruce Sterling deu ao movimento nacional em posts de sua coluna no site da Wired Magazine. Fábio Fernandes ainda fez uma gentil menção a mim, que cito a seguir:
O artigo ainda dá algumas pistas de empreendimentos futuros de nosso mais internacional articulador da ficção científica em prol de, como ele mesmo fala ao final de seu texto, "um fandom unido, com membros de vários países trabalhando junto em projetos diferentes". Alvissareiras notícias, meus caros.
Embora exista contato e amizade entre os dois grupos, o conselho atua de forma inteiramente independente e promove, através de suas lojas, eventos periódicos (quase mensais) em todo o Brasil. A recém-lançada The Steampunk Bible, editada por S. J. Chambers e Jeff VanderMeer, há uma seção inteira dedicada ao Brasil. Um dos nomes de maior destaque desse movimento steamer é Romeu Martins, cuja história Cidade Phantástica teve um excerto traduzido por mim para esse livro.
O artigo ainda dá algumas pistas de empreendimentos futuros de nosso mais internacional articulador da ficção científica em prol de, como ele mesmo fala ao final de seu texto, "um fandom unido, com membros de vários países trabalhando junto em projetos diferentes". Alvissareiras notícias, meus caros.
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23.6.11
Hyperpulp - primeira resenha
Ainda estou meio zonzo devido a um acidente doméstico daqueles bem idiotas (bati a cabeça enquanto subia uma escada ainda em obras aqui em casa) mas a alegria de ver um trabalho recém-publicado ganhar uma resenha garantiu a anestesia necessária por aqui. Benditas endorfinas! Junior Cazeri, capitão do excelente Café de Ontem, e meu primeiro e-editor do ano (no ebook 1000Universos) acabou de resenhar a mais recente publicação digital onde faço uma aparição: a Hyperpulp. Leiam abaixo a abertura da resenha e a menção que ele faz do meu breve conto, mas a íntegra, só aqui:
Agradeço as palavras e lembro que o conto vai mesmo ter continuação no livro Deus Ex Machina - Anjos e demônios na Era do Vapor, da Editora Estronho.
Certas iniciativas merecem menção honrosa. Não só pelo que oferecem na prática, mas também por todo o trabalho, disciplina e tempo para executá-las e, finalmente, oferecê-las sem custos aos interessados. A novíssima revista digital Hyperpulp, criação de Alexandre Mandarino, é um exemplo de trabalho bem feito, elaborado com dedicação e cuidado, com uma proposta inovadora e totalmente gratuita para os fãs da literatura fantástica da mais alta qualidade.
A proposta da publicação é oferecer textos bilíngues de autores internacionais, traduzidos para o português pelo próprio editor que, entre outros trabalhos, traduziu a obra Rei Rato de China Miéville para a nossa língua, para que os leitores brasileiros possam conhecer trabalhos geniais que, dificilmente, seriam publicados por aqui. Autores brasileiros também vão aparecer, publicados também em inglês, para que o público internacional conheça mais da produção literária tupiniquim.
Fiquei realmente impressionado com a qualidade dos trabalhos selecionados para a primeira edição, que busca uma mescla entre a literatura de gênero e o cuidado estético, e acredito que as obras apresentadas aqui ilustram perfeitamente essa abordagem e os leitores não vão se decepcionar com o que lhes é oferecido. São cinco contos, um artigo e uma entrevista. Conteúdo suficiente para algumas horas de boa literatura e reflexão (...)
A Diabólica Comédia, de Romeu Martins: único conto de um autor brasileiro a figurar neste primeiro volume da revista digital, e também a mais breve das narrativas selecionadas, o trabalho de Romeu Martins inicia com uma promessa de guerra em um cenário de fantasia e termina de forma a surpreender o leitor. Provocativo, o autor nos brinda com sua imaginação fértil e deixa um gosto de quero mais.
Agradeço as palavras e lembro que o conto vai mesmo ter continuação no livro Deus Ex Machina - Anjos e demônios na Era do Vapor, da Editora Estronho.
Hyperpulp - FC e Arte
Tenho o prazer de anunciar minha participação em um belíssimo projeto que alia de forma ousada e muito bem sucedida ficção científica e arte. Hyperpulp é uma revista bilíngue trimestral capitaneada pelo jornalista, escritor e tradutor Alexandre Mandarino que nesta edição de estreia reuniu um time verdadeiramente multinacional para preencher 144 páginas virtuais da mais alta qualidade, artística e literária. A começar pela capa, com uma das dissecações imaginárias que o artista plástico radicado no Rio Grande do Sul Walmor Côrrea submete seres do folclore e da cultura pop até chegar a contracapa, com uma fotografia do sueco Hansi Linderoth, podemos perceber o apuro gráfico que norteou esta revista.
O conteúdo literário também não foi menos bem escolhido, ao apresentar traduções feitas pelo próprio Mandarino e, quando permitido pelos contratos dos escritores, as versões originais de textos inéditos em nosso mercado editorial. Tamanha soma de qualidades só pode me encher de orgulho de dividir tal espaço com o único conto orginalmente escrito em português da edição (vertido para o inglês por Ludimila Hashimoto). Segue abaixo o editorial de apresentação do projeto que pode e deve ser baixado gratuitamente neste endereço. Longa vida à Hyperpulp!
Bem-vindos à primeira edição da Hyperpulp. Escolha um dos livros na estante flutuante, puxe um puff para o canto e aproveite. Nascida da ideia de mesclar a escrita literária e a literatura de gênero, a revista tenta demonstrar na prática a importância do fantástico e do especulativo para a literatura e o quão essencial o tom literário é para contar uma boa história. Trimestral, Hyperpulp saíra nos meses de março, junho, setembro e dezembro. Cada edição publicará em média cinco contos, um deles de um autor de língua portuguesa.
A ideia é aproximar do leitor brasileiros autores e contos não publicados ou traduzidos para o português, além de, sempre que possível, mostrar a literatura fantástica de língua portuguesa para o leitor de língua inglesa. Os melhores contos serão selecionados, tendo em vista suas qualidades narrativas e literárias, e traduzidos de forma profissional para o português. Acreditamos que isso seja interessante para autores, que testam a temperatura de mercados até então inéditos para eles, e leitores, que ganham a possibilidade de ler novo material.
Nesta edição de estreia navegaremos pelos mares líricos e fantásticos de As Sereias Cantando Uma Para as Outras, da autora e editora norte-americana Cat Rambo; acompanharemos a trajetória de personagens incríveis em Anjos do Grito, do canadense Douglas Smith; presenciaremos a epopeia marcial e mitopunk do brasileiro Romeu Martins, em Diabólica Comédia; tremeremos de espanto e expectativa com o conto de horror Tempestade na Quinta Avenida, do inglês Benjamin Kensey; e nos surpreenderemos com as macaquices de nossa própria linguagem na prosa fantástica e borgeana do sueco Hansi Linderoth, no interior da Estação Prussiana de Macacos.
Entre uma parada e outra teremos o prazer de apreciar as obras do artista plástico brasileiro Walmor Corrêa, que abrilhanta nossa capa de estreia e a primeira de nossas Galerias; e as fotos do já citado Hansi Linderoth, em um portfólio/entrevista onde fala da relação entre literatura e imagens fantásticas. Nas próximas edições, além de galerias e entrevistas queremos apresentar ainda ensaios, resenhas e artigos. Mande sua colaboração para editor@hyperpulp.com As regras de envio estão no site www.hyperpulp.com
A água está morna, apesar dos blocos de gelo vermelho flutuando aqui e ali.
Aproxime-se.
Alexandre Mandarino
Editor-Chefe, Hyperpulp
O conteúdo literário também não foi menos bem escolhido, ao apresentar traduções feitas pelo próprio Mandarino e, quando permitido pelos contratos dos escritores, as versões originais de textos inéditos em nosso mercado editorial. Tamanha soma de qualidades só pode me encher de orgulho de dividir tal espaço com o único conto orginalmente escrito em português da edição (vertido para o inglês por Ludimila Hashimoto). Segue abaixo o editorial de apresentação do projeto que pode e deve ser baixado gratuitamente neste endereço. Longa vida à Hyperpulp!
Bem-vindos à primeira edição da Hyperpulp. Escolha um dos livros na estante flutuante, puxe um puff para o canto e aproveite. Nascida da ideia de mesclar a escrita literária e a literatura de gênero, a revista tenta demonstrar na prática a importância do fantástico e do especulativo para a literatura e o quão essencial o tom literário é para contar uma boa história. Trimestral, Hyperpulp saíra nos meses de março, junho, setembro e dezembro. Cada edição publicará em média cinco contos, um deles de um autor de língua portuguesa.
A ideia é aproximar do leitor brasileiros autores e contos não publicados ou traduzidos para o português, além de, sempre que possível, mostrar a literatura fantástica de língua portuguesa para o leitor de língua inglesa. Os melhores contos serão selecionados, tendo em vista suas qualidades narrativas e literárias, e traduzidos de forma profissional para o português. Acreditamos que isso seja interessante para autores, que testam a temperatura de mercados até então inéditos para eles, e leitores, que ganham a possibilidade de ler novo material.
Nesta edição de estreia navegaremos pelos mares líricos e fantásticos de As Sereias Cantando Uma Para as Outras, da autora e editora norte-americana Cat Rambo; acompanharemos a trajetória de personagens incríveis em Anjos do Grito, do canadense Douglas Smith; presenciaremos a epopeia marcial e mitopunk do brasileiro Romeu Martins, em Diabólica Comédia; tremeremos de espanto e expectativa com o conto de horror Tempestade na Quinta Avenida, do inglês Benjamin Kensey; e nos surpreenderemos com as macaquices de nossa própria linguagem na prosa fantástica e borgeana do sueco Hansi Linderoth, no interior da Estação Prussiana de Macacos.
Entre uma parada e outra teremos o prazer de apreciar as obras do artista plástico brasileiro Walmor Corrêa, que abrilhanta nossa capa de estreia e a primeira de nossas Galerias; e as fotos do já citado Hansi Linderoth, em um portfólio/entrevista onde fala da relação entre literatura e imagens fantásticas. Nas próximas edições, além de galerias e entrevistas queremos apresentar ainda ensaios, resenhas e artigos. Mande sua colaboração para editor@hyperpulp.com As regras de envio estão no site www.hyperpulp.com
A água está morna, apesar dos blocos de gelo vermelho flutuando aqui e ali.
Aproxime-se.
Alexandre Mandarino
Editor-Chefe, Hyperpulp
7.5.11
Na revista do Overmundo
O meu primeiro contato com alguns dos melhores escritores de ficção científica do Brasil foi como resenhista e entrevistador de um projeto que chamei de Ponto de Convergência. Foi uma série programada para focar em dez livros, de dez autores diferentes, publicados por dez editoras distintas nos dez primeiros anos do século XXI. O material foi integralmente publicado no portal cultural e colaborativo Overmundo, onde ainda está disponível em meu perfil por lá. Uma das entrevistas feitas para aquele projeto vai estar presente em um novo produto derivado daquele portal: uma revista eletrônica gratuita que poderá ser lida a cada dois meses em diferentes mídias. O editor desta nova inciativa, Viktor Chagas, entrou em contato comigo para publicar nestas páginas virtuais a conversa que tive com Fábio Fernandes, por ocasião da minha resenha de seu ebook Interface com o vampiro. Abaixo, seguem o convite e o release do lançamento da revista, que vai acontecer na cidade do Rio de Janeiro, na próxima semana.
Revista Digital Overmundo
A espera foi recompensada. Na próxima segunda-feira, 9 de maio, às 19h, na Sala Multiuso do Espaço SESC Copacabana (Rio de Janeiro, RJ), o Overmundo lança enfim sua revista em versão digital, em dois formatos iniciais: como um aplicativo para iPad/iPhone/iTouch e em PDF para outros leitores eletrônicos. Resultado do Prêmio Sesc Rio de Fomento à Cultura, na categoria novas mídias 2010, a Revista Overmundo terá distribuição gratuita, e periodicidade bimensal. Esperamos você lá!
22.3.11
A ciência como inspiração
O título acima é o mesmo da matéria principal da maior e mais tradicional revista de divulgação científica nacional, que reservou sua capa e oito páginas para tratar de ficção científica. Fred Furtado é o autor do material publicado na edição 279 da Ciência Hoje, um verdadeiro dossiê sobre como surgiu e evoluiu o gênero literário que toma a ciência & tecnologia como inspiração. A revista oferece aos leitores um retrospecto bem amplo da história da FC, desde o pioneirismo de Mary Shelley (1797-1851), passando pelas vertentes muitas vezes complementares de Jules Verne (1828-1905) e H.G. Wells (1866-1946), chegando a autores contemporâneos. Entre os especialistas entrevistados por Furtado, estão escritores e pesquisadores frequentemente citados por este blog, como Fábio Fernandes, Gerson Lodi-Ribeiro e Roberto de Sousa Causo, três autores ligados ao subgênero steampunk. Aliás, este último trouxe a conversa para este rumo, ao responder um interessante questionamento do jornalista: "Em uma sociedade onde a ciência e seus frutos tecnológicos são tão abrangentes e familiares ainda há espaço para um gênero de literatura que se baseia na extrapolação das suas conquistas?"
Vou citar o parágrafo em que se dá resposta à pergunta, que pode ser lido tanto na edição impressa como no arquivo em pdf disponível no site da publicação:
Vou citar o parágrafo em que se dá resposta à pergunta, que pode ser lido tanto na edição impressa como no arquivo em pdf disponível no site da publicação:
Aparentemente, sim – sempre haverá questões a abordar e desdobramentos a discutir. De acordo com Causo, a ficção científica sempre irá explorar as consequências do desenvolvimento científico-tecnológico em nossas vidas. “Se não no futuro próximo, por causa de uma suposta presença excessiva da ciência e tecnologia no cotidiano, então no futuro distante”, afirma, acrescentando que esse talvez seja o apelo da new space opera, subgênero que recupera uma ficção científica de aventura espacial, ou do steampunk, que extrapola para o passado, imaginando tecnologias de um século 19 ou começo do século 20 que nunca existiram.
13.1.11
Steamers na piauí
Está disponível na net uma matéria da revista piauí (assim, com inicial minúscula) sobre os encontros promovidos pelos vários membros do Conselho Steampunk. Escrita pelo repórter Bruno Moreschi, "Movidos a vapor" traz declarações de vários personagens conhecidos deste blog, como Cândido Ruiz, citado no post anterior, e Bruno Accioly. Seguem a ilustração da matéria e o trecho inicial:
O grupo de dezoito pessoas achava muito pertinente que o primeiro encontro oficial de steampunks brasileiros tivesse se realizado no Memorial do Imigrante, em São Paulo. De fato, estava-se à vontade naquele prédio antigo, entre milhares de documentos sobre a imigração para o Brasil no século XIX. O problema era o calor daquele sábado. Vestidos com dois ternos, perneiras, chapéus e gravatas apertadas, os homens suavam. As mulheres, com até três saias e os devidos espartilhos, pareciam a ponto de desmaiar como moças de antigamente. Todavia, apesar do bafo, a conclusão era uma só: o sarau estava supimpa, daqui, ó.
O primeiro foi em 2008. De lá para cá, houve outras quinze reuniões no Memorial. Nem todo mundo gosta: “Não temos nada contra eles”, diz o segurança José Guimarães, “mas que eles são estranhos, são. O dia de entrada gratuita mudou de sábado para domingo, mas não adiantou. Eles passaram a vir no domingo.”
11.9.10
Steamers na Veja SP
Uma repórter da edição regional paulista da Veja flagrou alguns membros do Conselho Steampunk em um evento na cidade. Era o lançamento da coletânea Vaporpunk, que, por sinal, chegou ontem aqui em casa, furou a fila e deve ser resenhada brevemente por aqui. Confira abaixo a foto e o início da matéria.
Por volta das 16 horas do último dia 4, umas figuras incomuns marcavam presença na Livraria Cultura do Bourbon Shopping. As moças ostentavam espartilho, saia longa e acessórios de aspecto envelhecido. Os rapazes, colete, relógio de bolso e óculos paramentados. Atraíam os olhares e comentários como “Eles são de alguma peça de teatro?”. Não, não eram. Tratava-se de steampunks, fãs da literatura e do visual do século XIX que prestigiavam um bate-papo sobre o tema. “Só nos vestimos assim para ir a saraus ou reuniões, mas dá para incorporar peças como o colete e o chapéu no dia a dia”, afirma o estudante Carlos Eduardo Felippe, de 22 anos, um dos líderes do movimento em São Paulo, que costuma garimpar suas roupas em brechós. “É difícil ser steampunk num país tropical.” Continua
30.8.10
Espaço para o Cyberpunk, também
Se há alguma coisa melhor que ser publicado em um fanzine ao lado de fotos de modelos trajando apenas máscaras de gás esqueceram de me avisar. E é exatamente isso o que aconteceu comigo ao participar da mais recente edição do zine Overclock, sobre música, cybercultura, HQ, fotografia e ficção científica. No número 5 da publicação, divido páginas muita gente boa do cenário brasileiro - e até internacional - do cyberpunk. Minha parte foi uma resenha do romance Cyber Brasiliana de Richard Diegues, um ótimo exemplar nacional do chamado pós-cyber, e a republicação atualizada de meu primeiro conto, "A teoria na prática", narrativa que pode ser classificada como nowpunk. Fábio Fernandes traduz um conto até então inédito em português de Richard Kadrey, "O jardim magnético"; Rodolfo Londero faz o mesmo com uma entrevista ficcional de Bruce Sterling com Raymond Chandler (1889 -1959) e ainda registra uma conversa não-ficcional que teve com Fausto Fawcett. Outro escritor e tradutor, Alexandre Mandarino - que vai ser o responsável pela versão em português de Perdido Street Station - anunciou seu projeto de revista trimestral bilíngue a Hyperpulp (já mandei minha colaboração para ser avaliada).
Ainda em termos de ficção, Dionea Sig Sauer colabora com "Sexus 6", um miniconto classificado como ponopunk, e Max e Edson F. com a HQ "Tour de France". O editor Wandeclayt M. participa com notícias sobre a cena musical, a resenha de Os dias da peste, do já citado Fábio Fernandes, e, claro, as tentadoras fotografias fetichistas de suas musas. Tudo isso pode ser acessado em vários formatos, da leitura on line ao .PDF, pelo blog do zine. Edições anteriores também estão disponíveis, incluindo a número quatro, que também conta com uma resenha minha (e outras fotos de gaúchas usando apenas suas inseparáveis máscaras de gás).
Ainda em termos de ficção, Dionea Sig Sauer colabora com "Sexus 6", um miniconto classificado como ponopunk, e Max e Edson F. com a HQ "Tour de France". O editor Wandeclayt M. participa com notícias sobre a cena musical, a resenha de Os dias da peste, do já citado Fábio Fernandes, e, claro, as tentadoras fotografias fetichistas de suas musas. Tudo isso pode ser acessado em vários formatos, da leitura on line ao .PDF, pelo blog do zine. Edições anteriores também estão disponíveis, incluindo a número quatro, que também conta com uma resenha minha (e outras fotos de gaúchas usando apenas suas inseparáveis máscaras de gás).
11.7.10
Capa, espartilho e tecnologia a vapor
Quem me chamou a atenção foi Adriana Amaral em uma nota em seu blog:
Seguindo a dica, fui conferir a matéria e descobri que a revista dedicou um espaço para a subcultura steampunk. De autoria de Gustavo Ranieri, "De volta ao passado" reuniu o depoimento de vários membros das mais diversas lojas do Conselho Steampunk, de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Paraíba, apresentando a seus leitores o que foi definido no subtítulo como: "Movimento cultural steampunk reúne os entusiastas da literatura fantástica e de uma era de capa, espartilho e tecnologia a vapor". Devo dizer que adorei o trocadilho com "capa e espartilho". Seguem o trecho inicial desta matéria e a foto que a ilustra:
Continuando o debate sobre uma possível nerdificação do mundo, a Revista da Cultura publicou publicou uma matéria sobre a recente visibilidade dos nerds na cultura massiva, intitulada “A vez do aro grosso”. Vale conferir!
Seguindo a dica, fui conferir a matéria e descobri que a revista dedicou um espaço para a subcultura steampunk. De autoria de Gustavo Ranieri, "De volta ao passado" reuniu o depoimento de vários membros das mais diversas lojas do Conselho Steampunk, de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Paraíba, apresentando a seus leitores o que foi definido no subtítulo como: "Movimento cultural steampunk reúne os entusiastas da literatura fantástica e de uma era de capa, espartilho e tecnologia a vapor". Devo dizer que adorei o trocadilho com "capa e espartilho". Seguem o trecho inicial desta matéria e a foto que a ilustra:
Você sempre sentiu atração pelos elementos da literatura fantástica e da ficção científica? Tem fascínio pela revolução tecnológica da era a vapor? Acha charmoso e, às vezes, pensa que eram legais as roupas pomposas do século 19? Bem, você talvez seja um steampunker ou steamer e nem saiba. Hã? Steampunker? Steamer? Calma, não precisa se assustar. Esses são os modos para se referir aos adeptos do SteamPunk, movimento que agrega os entusiastas desta cultura que engloba elementos da literatura fantástica, ficção científica e da tecnologia visionária movida a vapor na Era Vitoriana. Continua.
30.4.10
Imagem: psicologia e design
Outro cúmplice dos tempos de O Malaco e Marca Diabo entrou em contato comigo: Ramiro Pissetti, que agora virou um sujeito sério e é professor da Faculdade da Serra Gaúcha. Como tal, ele é editor de uma revista acadêmica chamada Imagem. No blog da publicação ela é definida assim:
A primeira edição pode ser acessada aqui tanto para leitura on-line quanto para baixá-la em pdf. Mas para este blog, o que interessa é que na próxima edição de Imagem haverá um artigo sobre steampunk de minha autoria. Na verdade, será a versão atualizada de um texto que já publiquei no Cidade Phantástica e no Overmundo. Portanto, se alguém souber de algum projeto ligado ao gênero em produção, que eu ainda não tenha noticiado por aqui, deixe um comentário neste post que tentarei incluir no texto final.
A Revista Imagem é um projeto multimídia desenvolvido de forma transdiciplinar pelos cursos de Design e Psicologia da Faculdade da Serra Gaúcha. Produzida por professores, estudantes e colaboradores, a publicação é direcionada a teóricos, pesquisadores e interessados pelos conhecimentos difundidos no universo do ensino superior de graduação e pós-graduação.
Como o próprio título indica, a proposta central do projeto é debater os mais amplos sentidos do termo, bem como suas distintas abordagens em diferentes campos do saber. Para tanto, não serão desconsideradas perspectivas por vezes conflitantes, como a representação pelo desenho manual, a captura por dispositivos digitais, a edição eletrônica, a transmissão via satélite, a projeção na retina e a recriação pela mente humana, a transformação em reflexo, símbolo ou mito. A discussão está aberta.
A primeira edição pode ser acessada aqui tanto para leitura on-line quanto para baixá-la em pdf. Mas para este blog, o que interessa é que na próxima edição de Imagem haverá um artigo sobre steampunk de minha autoria. Na verdade, será a versão atualizada de um texto que já publiquei no Cidade Phantástica e no Overmundo. Portanto, se alguém souber de algum projeto ligado ao gênero em produção, que eu ainda não tenha noticiado por aqui, deixe um comentário neste post que tentarei incluir no texto final.
22.4.10
Presença brasileira na Steampunk Magazine
A comunidade steamer internacional conta com uma publicação on line para debater e difundir sua cultura: a Steampunk Magazine. Na edição mais recente, a de número 7, já disponível para download no site da revista cuja capa pode ser vista ao lado, há um artigo que toca em um tema tão interessante quanto delicado e que merece uma atenção especial dos leitores brasileiros, até por citar um conhecido compatriota nosso. "The presence of race in steampunk" é o título da matéria que trata de questões étnicas relacionadas a este subgênero da ficção científica e já começa sua análise reconhecendo o quanto este é um tópico tão difícil de se discutir quanto a apropriação cultural, a opressão sistemática e os privilégios. Na opinião da revista, outros assuntos, como os relacionados às classes sociais e mesmo os ligados ao gênero, são mais facilmente subvertidos, por exemplo, em campanhas de RPG ligadas a essa vertente da FC. "Há muitas mulheres que atuam como capitãs do céu, ou outros papéis do tipo, que lhes seriam negados em jogos mais realísticos", compara.
Entretanto, para a Steampunk Magazine, as questões raciais seriam mais difícieis de se discutir e mesmo de serem retratadas. O artigo faz uma série de questionamentos sobre o significado de outras culturas - não ligadas ao mundo vitoriano - buscarem se vestir com clara inspiração inglesa ou americana. Seria uma forma de assimilação da cultura dominante, simulando uma aparência ligada a dos "opressores"? E caso algum povo resolva adotar uma identidade ligada diretamente às suas origens, deixando de lado elementos identificados com a Era Vitoriana, seria uma forma de exotismo? Ainda poderia ser considerado como steampunk? São algumas das perguntas deixadas no ar uma vez que, como o artigo enfatiza, este subgênero é um pastiche formado por muitas referências, sendo difícil categorizar algo não-vitoriano como quintessencialmente steampunk quando deixa de incorporar elementos facilmente reconhecíveis.
O ponto é exatamente o que a revista chamou de "óbvia penúria de mídia steampunk derivada de fontes não-vitorianas", eclipsadas que são pela variedade opressora das formas mais tradicionais de se representar o subgênero. A revista cita dois exemplos de trabalhos e de subculturas steamers que conseguiram superar tal eclipse com um alcance mais cosmopolita. Um é o ilustrador chinês, nascido em Hong Kong, James Ng - abaixo deixo vocês com uma amostra da arte dele, que pode ser conferida neste site. O segundo exemplo listado já é conhecido deste blog. "Bruno Accioly é um porta-voz para a subcultura steampunk brasileira", anotou a revista sobre o cofundador do Conselho Steampunk e que já foi entrevistado por aqui. "Contudo esses exemplos são notáveis porque surgem de povos e de lugares que não estão imersos no vitorianismo ou no steampunk americano", continua o articulista que reconhece ter ouvido falar de James Ng depois de o chinês ter publicado seus trabalhos mais famosos fora de seu país natal e afirma que o empresário carioca "filtra o steampunk vitoriano através de sua perspectiva excepcionalmente brasileira".
Mas a Steampunk Magazine se pergunta onde estarão mais exemplos de steamers, entre eles as pessoas de outras etnias que vivem em culturas de dominação branca, como os Estados Unidos e a Grã-Bretanha. A análise que a publicação faz é a de que o assunto racial acaba sendo tratado em termos simplistas, focando, por exemplo, apenas na escravidão, tema que é consensual pois ninguém pretende reproduzir tal realidade novamente. Porém, há pouco espaço para questões com mais nuances, tais como microagressões e preconceitos inconscientes que se manifestam no cotidiano. "A questão da raça no steampunk, para muitos, é frequentemente teórica, e não uma realidade desordenada que o steampunk médio tenha que tratar", pondera antes de concluir: "Mesmo os steampuks de outras etnias prefeririam não ter de tratar dos problemas raciais, porque o steampunk é uma fantasia, um mundo construído, uma forma de escapismo".
22.3.10
Torre de Vigia 20
A dica veio de Fernando Trevisan, via Twitter: na edição número 26 do longevo fanzine Scarium há um texto de Edgar Smaniotto abordando a cultura steamer. "Steampunk, naves de geração e seitas" é o nome do artigo que faz parte da seção "Observatório da ficção especulativa brasileira".
Aqui embaixo, segue a capa desta edição do zine e a relação dos demais textos presentes em suas páginas. A publicação pode ser adquirida aqui.
Aqui embaixo, segue a capa desta edição do zine e a relação dos demais textos presentes em suas páginas. A publicação pode ser adquirida aqui.
Editorial:
Como uma Fenix
Cartas
Artigos:
Steampunk, naves de gerações e seitas - Edgar Smaniotto
Hellboymania - Cesar Silva
Contos:
O Artista da Capa - Gabriel Boz
Kaori - Entrevista
Anuara Diva - John Dekowes
O Imortal - Celso Santos
Planeta Andarilho - Renato A. Azevedo
Um Sol para contemplar - Hugo Vera
Pássaro da Noite - Ana Cristina Rodrigues
A Capsula do Tempo - Luiz Fernando Riesemberg
Sonhar é Proíbido - Davi Melo
Granizo Púrpura em Céu de Diamantes - Gabriel boz
Guerra da Água - Miguel Carqueija
Capa Gabriel Boz.
70 páginas
Edição 26 - Vários Autores
Páginas: 70
Formato: 13,5 x 20 cm
Marcadores:
Notícia,
Resenha,
revista,
Steampunk - Histórias de um passado extraordinário
12.3.10
Torre de Vigia 18 - A coletânea na Locus
Juro que não canso de me surpreender. Agora, a primeira coletânea brasileira steampunk acaba de surgir em uma nova lista internacional. Mas não é "mais uma" lista internacional. Por vários motivos. Primeiro, porque ela aparece no blog da Locus, uma das mais importantes revistas dedicadas à ficção científica em todo o mundo. Segundo, porque foi compilada por Jeff VanderMeer, escritor e organizador de coletâneas que se tornam referências obrigatórias no assunto. Terceiro, porque quem elaborou o segmento brasileiro da listagem - que contempla ainda o romance de História Alternativa Xochiquetzal - Uma princesa asteca entre os incas, de Gerson Lodi-Ribeiro, e a trilogia hard Padrões de Contato, de Jorge Luiz Calife - é Fábio Fernandes, também uma referência nacional, e cada vez mais internacional, nesta e em outras áreas.
Neste link, você pode conferir "Um panorama internacional da Ficção Científica e da Fantasia em 2009". Abaixo, segue uma tradução do comentário de Fábio Fernandes sobre a coletânea brazuca:
Steampunk—Histórias de Um Passado Extraordinário, editada por Gianpaolo Celli (Tarja Editorial) Esta é a primeira antologia brasileira de Steampunk, com nove histórias que variam do weird à ficção alternativa (brasileira e estrangeira) igualmente apresentando personagens de Jules Verne e de Conan Doyle. Há também uma história minha lá, uma versão de um conto publicado anteriormente em inglês, em 2009. O steampunk está crescendo rapidamente como uma subcultura no Brasil, e esta antologia tem merecido muitas resenhas em diversos blogs e sites steamers.
Neste link, você pode conferir "Um panorama internacional da Ficção Científica e da Fantasia em 2009". Abaixo, segue uma tradução do comentário de Fábio Fernandes sobre a coletânea brazuca:
Steampunk—Histórias de Um Passado Extraordinário, editada por Gianpaolo Celli (Tarja Editorial) Esta é a primeira antologia brasileira de Steampunk, com nove histórias que variam do weird à ficção alternativa (brasileira e estrangeira) igualmente apresentando personagens de Jules Verne e de Conan Doyle. Há também uma história minha lá, uma versão de um conto publicado anteriormente em inglês, em 2009. O steampunk está crescendo rapidamente como uma subcultura no Brasil, e esta antologia tem merecido muitas resenhas em diversos blogs e sites steamers.
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Steampunk - Histórias de um passado extraordinário
7.12.09
Deu na Time
Demonstra também que, como mui raramente acontece na literatura de gênero no Brasil, estamos vivendo uma onda que ocorre simultaneamente aqui e lá fora. No exterior, está se vendo uma renovação no interesse pela cultura steamer e em nosso país surgem os primeiros sinais de que este segmento pode mesmo vir a se consolidar como mais que apenas um modismo passageiro.
O texto de Lev Grossman começa por relembrar um acontecimento histórico citado neste blog desde suas primeiras postagens: o projeto de um protocomputador projetado, mas não confeccionado, pelo matemático inglês Charles Babbage (1791-1871). A matéria passa a especular o que teria ocorrido caso tal máquina tivesse mesmo sido construída:
Bifurca-se o espaço temporal. Imagine se a tecnologia da computação tivesse se desenvolvido em torno da visão de Babbage: bronze e aço em vez do silicone e do plástico; maquinário de relojoaria em vez da eletrônica. De fato, imagine se todas as grandes revoluções tecnológicas dos últimos 100 anos não tivessem ocorrido. Nosso mundo funcionaria com tecnologia vitoriana - seria um mundo feito a mão, movido a vapor, com acabamento em couro e mogno. É uma visão elegante, romântica. E tem um nome: steampunk.
A partir deste ponto, a matéria passa a citar obras que tenham explorado tal conceito, desde o romance Morlock Night (1979), de K.W. Jeter - inspirado na obra A máquina do tempo, de H. G. Wells - até The Difference Engine (1990), de William Gibson e Bruce Sterling, cujo ponto de partida é justamente o sucesso daquele citado projeto de Babbage. Outras mídias também são citadas, como os games, a exemplo de Myst; quadrinhos, como A Liga Extraordinária, de Alan Moore; e o cinema, na adaptação do seriado televisivo Wild Wild West, protagonizada por Will Smith.
Mas não é só da revisão do passado que a Time se valeu. Para demonstrar a vitalidade do steampunk hoje, "cada vez mais intenso e relevante" o texto cita, entre outros exemplos, que existem 27 aplicativos com o tema para iPhone disponíveis; informa que um museu de Oxford, na Inglaterra, abre espaço para uma exposição artística com esta mesma inspiração; comenta o sucesso do gênero na última Comic-Con, de San Diego, nos EUA, a maior convenção dedicada às HQs no mundo (de onde foi tirada a foto que ilustra a matéria e este post); e ainda menciona que, no mesmo país, em Seattle, ocorreu a primeira convenção anual dedicada ao Steampunk. No campo literário, Grossman ainda entrevistou o escritor Scott Westerfeld que lançou em outubro Leviathan, mais uma obra assumidamente focada neste gênero.
Nas suas conclusões, o artigo volta a tentar definir o efeito que o steampunk causa em seus entusiastas e, pelo menos no que me diz respeito, acerta no alvo:
Do mesmo modo que o punk fez com a música, o steampunk recuperou a tecnologia para as massas. Ele sustitui por engrenagens de metal o silicone, por tubos pneumáticos o 3G e o wi-fi. Maximiza o que foi miniaturizado e faz visível o que foi oculto. Onde o iPhone é todo aço inoxidável e plástico, o steampunk é de bronze e de madeira e de couro. Steampunk não é produzido em massa; é único e original, e se você não gostar, pode fazer do seu jeito.
15.9.09
Retrofuturismo na revista Photoshop Creative
Ainda no espírito steampunk, a edição número 10 da revista também dá dicas para quem deseja criar uma tipologia inspirada no gênero, com aparência metálica e bem rebuscada. Igualmente feita usando recursos do programa da Adobe, esta outra matéria sobre fontes é de autoria de Theo Aarsma. Ambos os artigos têm material complementar exclusivo no site da publicação.
31.8.09
Isto é Steampunk
Uma matéria de comportamento escrita por Renata Cabral apresentou aos leitores da revista semanal IstoÉ um pouco da cultura steamer. As entrevistas que ajudaram a repórter a produzir o material foram feitas com integrantes do Conselho Steampunk: Bruno Accioly, do Rio de Janeiro, Raul Cândido Ruiz, de São Paulo, e Joanna Oliveira, do Rio Grande do Sul, dando um alcance bem nacional ao texto. "Punks da era vitoriana" fala de literatura e comportamento, assim como dá dicas de músicas, moda e filmes que seguem tal estética.
Abaixo, segue a abertura do texto que está disponível na íntegra no site da revista:

Abaixo, segue a abertura do texto que está disponível na íntegra no site da revista:
Quando estão entre si, eles chamam carro de carruagem sem cavalo e televisão de teletroscópio - como o fariam os antepassados de seus avós. São os jovens seguidores dos steampunk, uma tribo contemporânea que cultua o século XIX. Não é nada fácil conceituá-los. Steampunks, movimento que começou nos Estados Unidos e tem a literatura como berço, é um estilo de vida.
A tradução livre é punks a vapor - steam, ou vapor, é um dos símbolos da revolução industrial que aconteceu a partir do século XVIII. E punk é herança do movimento literário cyberpunk, que prega um futurismo apocalíptico e underground, embora pouco lembre os ideais românticos de seus sucessores.
A intenção é referir-se a um passado remoto, quando as máquinas a vapor eram a sensação do mundo. E a inspiração são os livros de pioneiros do gênero: os americanos Tim Powers, Kevin Wayne Jeter e James Blaylock. A obra considerada clássica é "The Difference Engine" (A máquina diferencial), de 1990, escrita por Bruce Sterling (autor do gênero cyberpunk) e William Gibson. Foi a partir de 2006 que jovens começaram a transpor costumes, modas e ambientes para o dia a dia.
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