No último post de 2011, anunciei uma novidade que estava sendo planejada em segredo de estado: a primeira coletânea de contos da Editora Underworld, a casa editorial que vai trazer ainda este ano o romance steamer Boneshaker e a obra de referência Steampunk Bible. Faltava ainda um detalhe muito importante: anunciar quem serão os contistas presentes neste livro, escolhidos pelos meus colegas de organização, Fabiana Andrade, proprietária da editora e Fábio Fernandes, meu mestre e parceiro de outras páginas e de palestras.
Sem maiores suspenses, vamos aos nomes, começando pelos convidados internacionais. Em Underworld of Steampunk teremos nada menos que a dupla de autores responsáveis pela Bíblia do Vapor. Selena Jo Chambers assinará a apresentação da obra, um prefácio exclusivo, e Jeff VanderMeer cederá um de seus melhores contos para compor o título, sendo esta a primeira vez em que uma de suas ficções curtas sairá no Brasil. A terceira presença é intercontinental, o israelense Lavie Tidhar, responsável por um dos blogs de divulgação de ficção científica mais prestigiados que existem, The World SF, e autor de uma trinca de romances steampunks, sendo o último, The Great Game, recentemente publicado nos EUA. Vai ser a primeira vez que ele é traduzido para nosso idioma e começará bem, pois Fábio é quem verterá seu conto para o português.
E Fábio Fernandes também encabeça o time nacional na coletânea, com texto inédito. Outro brasileiro presente é o pernambucano Jacques Barcia, um dos três escritores do Brasil citados nas sagradas escrituras da Bíblia do Steampunk (o terceiro é Romeu Martins, este blogueiro que vos posta e co-organizador da antologia, que também terá uma noveleta publicada neste esforço multinacional). Luiz Brás, pseudônimo para textos fantásticos do reconhecido escritor Nelson de Oliveira, é outra contribuição de peso para a obra, organizador da coletânea Cidades Indizíveis com Fábio entre outros projetos que unem a FC com a literatura mainstream do país.
A lista de escritores presentes se completa com a estréia no gênero steampunk de três autores que já faziam parte do catálogo da Underworld. Comecemos com Nazareth Fonseca, criadora de alguns dos livros mais bem sucedidos da preferência nacional brasileira em termos de literatura fantástica – os vampiros – e que assinou contrato há pouco com a editora para uma nova série. Os outros dois, apesar de serem estreantes na literatura a vapor, já contam com obras de sucesso lançadas com o selo da Underworld. Nanuka Andrade, de Camundo – O desenho e a sombra, e Luiza Salazar, de Os Sete Selos e Bios, completam a lista de convidados para esta compilação que pretende trazer aos leitores uma nova experiência, com características inéditas, em relação ao steampunk. Aguardem Underworld of Steampunk para o segundo semestre deste ano tão steamer.
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23.1.12
3.1.12
Steampunk tipo exportação
Um dos melhores textos steamers nacionais é finalista em um concurso que premiará o melhor conto de ficção científica brasileiro recente com uma tradução profissional para o inglês e a publicação em um site internacional. A escritora e advogada Ana Carolina Silveira, uma das juizas do concurso Hydra anunciou em seu blog Leitura Escrita a escolha dos três finalistas:
A blogueira, também de Minas, fez uma apresentação bastante precisa do conto concorrente:
Fica aqui a torcida do Cidade Phantástica, sem desmerecer os outros participantes, a este representante do Braziliam Steampunk.
“(História com desenho e diálogo)” por Brontops Baruq, publicado na revista Portal Fundação do Projeto Portal"Por um fio" é a representante steampunk nesta reta final do concurso, conto do mineiro Flávio Medeiros Jr. publicado na primeira coletânea nacional dedicada ao gênero, Steampunk - Histórias de um passado extraordinário. Como eu já disse em diversas oportunidades, é também meu conto favorito naquele livro, o que torna, a meu juízo, uma excelente notícia a de que ele tem boas chances de se sair o vencedor na escolha final, que será feita pelo consagrado - e polêmico - escritor americano Orson Scott Card, proprietário do site onde o melhor texto será postado.
· “Eu, a Sogra” por Giulia Moon, publicado na antologia Imaginários, vol. 1 da Editora Draco
· “Por um Fio” de Flávio Medeiros Junior, publicado na antologia Steampunk da Tarja Editorial
A blogueira, também de Minas, fez uma apresentação bastante precisa do conto concorrente:
Ana Carolina Silveira, juíza do concurso escreve: “’Por Um Fio’ é uma mistura de estilos e temáticas: steampunk, ficção alternativa e história alternativa. É a história de uma batalha naval cujos participantes são velhos conhecidos dos amantes de livros, no meio de uma guerra mundial vitoriana. O clima de aventura e perseguição está presente do início ao fim, culminando em um final surpreendente e eletrizante”.
Fica aqui a torcida do Cidade Phantástica, sem desmerecer os outros participantes, a este representante do Braziliam Steampunk.
29.12.11
Underworld of Steampunk
O post anterior era para ter sido o último deste ano, mas como a novidade mais quente de 2012 foi anunciada via twitter, não resisto a uma postagem final. Reproduzo o tweet em questão:
@edit_Underworld Nossa primeira antologia será sobre o universo Steampunk e contará com a participação de escritores nacionais e internacionais \O/
Isso mesmo, a editora responsável pela publicação em português de Boneshaker, de Cherie Priest, e da Steampunk Bible, de Jeff VanderMeer e S.J. Chambers, vai também trazer ao público leitor brasileiro uma antologia steampunk reunindo pela primeira vez autores nacionais e escritores do concorridíssimo mundo anglófono. Vai ser uma obra para levar o Brazilian Steampunk a outro patamar, posso garantir a vocês.
A organização coube orgulhosamente a este blogueiro que vos escreve em parceria com Fábio Fernandes, tradutor daquelas duas obras internacionais citadas anteriormente, e Fabiana Andrade, a editora por trás da Underworld. Já fica meu compromisso aqui, assumido com os leitores do Cidade Phantástica, de assim que for possível, após uma reunião virtual no eixo Minas Gerais (sede da editora), São Paulo (onde mora Fábio Fernandes) e Santa Catarina (minha base fixa), divulgar os nomes dos autores convidados para... Underworld of Steampunk (guardem este nome).
Muito feliz por ter tido a chance de dar esta notícia bem no dia do meu aniversário (valeu, Fabi e Fábio!), deixo, agora sim, os frequentadores desta página com meus melhores votos de um feliz ano novo! Abraço a todos e até 2012!
@edit_Underworld Nossa primeira antologia será sobre o universo Steampunk e contará com a participação de escritores nacionais e internacionais \O/
Isso mesmo, a editora responsável pela publicação em português de Boneshaker, de Cherie Priest, e da Steampunk Bible, de Jeff VanderMeer e S.J. Chambers, vai também trazer ao público leitor brasileiro uma antologia steampunk reunindo pela primeira vez autores nacionais e escritores do concorridíssimo mundo anglófono. Vai ser uma obra para levar o Brazilian Steampunk a outro patamar, posso garantir a vocês.
A organização coube orgulhosamente a este blogueiro que vos escreve em parceria com Fábio Fernandes, tradutor daquelas duas obras internacionais citadas anteriormente, e Fabiana Andrade, a editora por trás da Underworld. Já fica meu compromisso aqui, assumido com os leitores do Cidade Phantástica, de assim que for possível, após uma reunião virtual no eixo Minas Gerais (sede da editora), São Paulo (onde mora Fábio Fernandes) e Santa Catarina (minha base fixa), divulgar os nomes dos autores convidados para... Underworld of Steampunk (guardem este nome).
Muito feliz por ter tido a chance de dar esta notícia bem no dia do meu aniversário (valeu, Fabi e Fábio!), deixo, agora sim, os frequentadores desta página com meus melhores votos de um feliz ano novo! Abraço a todos e até 2012!
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17.9.11
Le Steampunk Brésilien
A coautora da Steampunk Bible, Selena Chambers, está promovendo o tour europeu de lançamento e divulgação daquela obra de referência para toda a cultura steamer. Em terras gaulesas, ela deu uma entrevista ao site French Steampunk, que se anuncia como o noticiário da comunidade steamer, dieselpunk e retrofuturista francófona. Naquela conversa, a especialista em Edgar Allan Poe chamou a atenção para "le Steampunk Brésilien" citando nominalmente a Fábio Fernandes e a mim. Abaixo, vou fazer minha tentativa canhestra de traduzir trechos da entrevista que pode ser lida na íntegra aqui:
Perguntada sobre o porquê de não haver tantos trabalhos não-ocidentais no gênero, ela dá exemplos de material fora da esfera anglo-americana, como o do artista chinês James Ng e cita um muçulmano que também se inspira na temática. "Voltando ao lado ocidental", responde Chambers, "há o steampunk brasileiro com Fábio Fernandes e Romeu Martins, que não apenas deixam a marca do steampunk na escrita do país, como também são interessados nos operários e nos heróis esquecidos do século XIX". Mais à frente, quando pedem que comente sobre o futuro dessa subcultura, ela volta a citar o Brasil:
Perguntada sobre o porquê de não haver tantos trabalhos não-ocidentais no gênero, ela dá exemplos de material fora da esfera anglo-americana, como o do artista chinês James Ng e cita um muçulmano que também se inspira na temática. "Voltando ao lado ocidental", responde Chambers, "há o steampunk brasileiro com Fábio Fernandes e Romeu Martins, que não apenas deixam a marca do steampunk na escrita do país, como também são interessados nos operários e nos heróis esquecidos do século XIX". Mais à frente, quando pedem que comente sobre o futuro dessa subcultura, ela volta a citar o Brasil:
Na minha opinião, o futuro do steampunk é baseado em duas coisas. Primeiro há todos esses movimentos internacionais, como o steampunk francês e brasileiro, que respiram vida e novas ideias em movimento. A segunda coisa é a ética do "Faça você mesmo", que nunca abandonou o steampunk graças a pessoas como Margaret Kiljoy, culminando com o Green Punk com o qual ela promove no estilo de vida para uma existência mais autossuficiente. Mas não importa em que direção vá o steampunk, tenho certeza de que terá um futuro brilhante pela frente. Acho que estamos apenas começando a ver o seu potencial e há muitas outras coisas por vir.
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17.8.11
FC no reino da HQ 2
"E no próximo vamos te colocar no palco, vamos falar de ficção científica e do steampunk!"
Jamais duvidem da palavra de Ester Gewehr, meus amigos. A promessa foi feita nos comentários do post em que relatei, neste blog, a primeira edição da HQCon, em 2010, ainda impressionado com o evento que ela, Diego Moreau e José Mathias haviam acabado de realizar em Florianópolis. A foto logo em seguida é um flagrante de que as palavras dela não foram vãs. O flagrante de Saulo Popov Zambiasi registra justamente o momento em que eu subi ao palco da edição organizada por aquele trio este ano para falar sobre ficção científica e steampunk. Ali estou eu entre Mário Luiz C. Barroso, editor e tradutor de boa parte dos quadrinhos de super-heróis que já li, e de Fábio Fernandes, meu mestre na FC e tradutor de boa parte dos livros do gênero que já li. Sim, lá estava eu entre duas pessoas mais do que admiradas por mim há anos para dar minha contribuição a respeito daquele tema anunciado desde 2010 - e do qual gosto tanto que virou este blog - naquele que foi, sem a menor dúvida, o meu melhor final de semana dos últimos tempos.
Além da oportunidade fantástica de dividir o palco com pessoas desse nível de experiência e conhecimento de causa, ainda pude assistir a outras palestras com profissionais como Sidney Gusman, Hector Lima, Ricardo Manhães e honrosa companhia. Reencontrei meus colegas de Sociedade Histórica Desterrense, Pauline e Maurice Kisner, Carolina Silva e Jessé Fialho, que ministraram um workshop durante a convenção. Anunciei em primeiríssima mão meu projeto de álbum de quadrinhos com Sandro Zambi (mais detalhes por aqui, em breve), assim como o lançamento de coletâneas steamers com minha participação nesta próxima sexta. Revi meus camaradas da Loja Universo Colecionáveis, Marco, Edu e Kayuá, sendo que das mãos deste último ainda ganhei uma toy art que vai para minha estante, entre os troféus já recebidos nesta minha, podemos dizer, carreira de blogueiro e escritor: a Steampunk Bible com trecho de meu conto traduzido por Fábio Fernandes, e a comenda recebida do Conselho Steampunk. Conheci e revi tantas pessoas, mas tantas, que qualquer tentativa de nomeá-las por aqui seria um insucesso. Tanto quanto as tentativas de fazer deste um post informativo e objetivo; o lado emocional está ganhando de lavada. Para essa parte mais reflexiva, indico a entrevista que dei à Patrícia Pinheiro para o blog português Otaku PT.
Este é um post de agradecimento, não de notícia. Quem escreve aqui, agora, é um emocionado sujeito que participou como uma estasiada testemunha da primeira edição deste marco da cultura pop da minha cidade e que, um ano depois, teve a honra e o orgulho de ganhar a oportunidade de contribuir com sua continuidade. Foi um final de semana fantástico este, desde o início, com as generosas notas anunciando nossa presença, a minha e a de Fábio Fernandes, no palco da HQCon nos dois maiores jornais da cidade, passando pela recepção dos meus amigos organizadores do evento, toda a confraternização com o público e com os colegas palestrantes até o encerramento com boa comida, ótima bebida e excelentes risadas em uma mesa de bar. Perfeito do início ao fim. Obrigado, obrigado, obrigado.
(muitas outras fotos do segundo dia do encontro podem ser vistas aqui)
Jamais duvidem da palavra de Ester Gewehr, meus amigos. A promessa foi feita nos comentários do post em que relatei, neste blog, a primeira edição da HQCon, em 2010, ainda impressionado com o evento que ela, Diego Moreau e José Mathias haviam acabado de realizar em Florianópolis. A foto logo em seguida é um flagrante de que as palavras dela não foram vãs. O flagrante de Saulo Popov Zambiasi registra justamente o momento em que eu subi ao palco da edição organizada por aquele trio este ano para falar sobre ficção científica e steampunk. Ali estou eu entre Mário Luiz C. Barroso, editor e tradutor de boa parte dos quadrinhos de super-heróis que já li, e de Fábio Fernandes, meu mestre na FC e tradutor de boa parte dos livros do gênero que já li. Sim, lá estava eu entre duas pessoas mais do que admiradas por mim há anos para dar minha contribuição a respeito daquele tema anunciado desde 2010 - e do qual gosto tanto que virou este blog - naquele que foi, sem a menor dúvida, o meu melhor final de semana dos últimos tempos.
Além da oportunidade fantástica de dividir o palco com pessoas desse nível de experiência e conhecimento de causa, ainda pude assistir a outras palestras com profissionais como Sidney Gusman, Hector Lima, Ricardo Manhães e honrosa companhia. Reencontrei meus colegas de Sociedade Histórica Desterrense, Pauline e Maurice Kisner, Carolina Silva e Jessé Fialho, que ministraram um workshop durante a convenção. Anunciei em primeiríssima mão meu projeto de álbum de quadrinhos com Sandro Zambi (mais detalhes por aqui, em breve), assim como o lançamento de coletâneas steamers com minha participação nesta próxima sexta. Revi meus camaradas da Loja Universo Colecionáveis, Marco, Edu e Kayuá, sendo que das mãos deste último ainda ganhei uma toy art que vai para minha estante, entre os troféus já recebidos nesta minha, podemos dizer, carreira de blogueiro e escritor: a Steampunk Bible com trecho de meu conto traduzido por Fábio Fernandes, e a comenda recebida do Conselho Steampunk. Conheci e revi tantas pessoas, mas tantas, que qualquer tentativa de nomeá-las por aqui seria um insucesso. Tanto quanto as tentativas de fazer deste um post informativo e objetivo; o lado emocional está ganhando de lavada. Para essa parte mais reflexiva, indico a entrevista que dei à Patrícia Pinheiro para o blog português Otaku PT.
Este é um post de agradecimento, não de notícia. Quem escreve aqui, agora, é um emocionado sujeito que participou como uma estasiada testemunha da primeira edição deste marco da cultura pop da minha cidade e que, um ano depois, teve a honra e o orgulho de ganhar a oportunidade de contribuir com sua continuidade. Foi um final de semana fantástico este, desde o início, com as generosas notas anunciando nossa presença, a minha e a de Fábio Fernandes, no palco da HQCon nos dois maiores jornais da cidade, passando pela recepção dos meus amigos organizadores do evento, toda a confraternização com o público e com os colegas palestrantes até o encerramento com boa comida, ótima bebida e excelentes risadas em uma mesa de bar. Perfeito do início ao fim. Obrigado, obrigado, obrigado.
(muitas outras fotos do segundo dia do encontro podem ser vistas aqui)
1.8.11
Lançamentos a vapor em Floripa
Pelo jeito, agosto vai ser o mês dos eventos em Florianópolis. Além da HQCon, que vai abrir espaço para a FC retrofuturista em sua agenda de palestras, vamos ter lançamento de duas obras steampunk na Ilha. No dia 19 de agosto, uma sexta-feira, a partir das 19h, a editora Estronho em parceria com a Sociedade Histórica Desterrense vai promover um bate-papo e a venda de diversos livros, entre eles Deus Ex Machina - Anjos e demônios na Era do Vapor e Steampink. O local será o mesmo do Primeiro Encontro Vitoriano da cidade e onde ocorreu o lançamento da coletânea weird west da mesma editora, Cursed City - Onde as almas não têm valor: o Café Cultura, ao lado da Praça XV. Quero ver todo mundo lá, e se estiverem trajados dentro das temáticas da festa, ganharão desconto na aquisição dos livros! Cliquem na imagem abaixo para ver mais detalhes:
15.7.11
Saiu a degustação de Deus Ex Machina com meu conto
Caríssima Malta do Vapor, está a disposição dos leitores um dos contos que mais me deu orgulho e alegria em escrever, pois foi resultado de um convite que muito me honrou. Já descrevi a trajetória desde a criação até a confirmação do texto em uma série de posts neste blog, mas rememoro brevemente. No final do ano passado, fui convidado pelo casal Cândido e Tatiana Ruiz para fazer parte de um projeto organizado por eles para a editora Estronho, uma inusitada mistura de steampunk com elementos mitológicos. Convite aceito, escrevi em tempo recorde uma narrativa que dá continuidade ao meu miniconto "A Diabólica Comédia", recentemente publicado, em português e em inglês, na edição inaugural da Hyperpulp. "A Conquista dos Mares" expande aquele universo que tenta unificar em um mesmo mundo mitologias pagãs e a tradição Judaico-Cristã, agora acrescido de fortes elementos steamers e com direito a trilha sonora do Led Zepellin.
O resultado pode ser lido agora, integralmente, na degustação que a editora deixou à disposição de seus leitores de Deus Ex Machina - Anjos e Demônios na Era do Vapor (basta clicar na capa e um arquivo em pdf vai ser aberto em seu computador ou leitor digital). Fico duplamente feliz porque, além de estar ao lado de ótimos escritores e escritoras (este livro vai ser a primeira coletânea steampunk mista do Brasil, após duas apenas com homens e uma com mulheres) na edição em papel, estou em um ebook igualmente caprichado, que já foi baixado por mais de 40 pessoas apenas nas primeiras horas, ao lado do prefaciador da obra, Bruno Accioly. Para os futuros leitores é uma oportunidade de conferir o projeto gráfico, mais uma vez a cargo de M. D. Amado, que inclui neste volume uma novidade e tanto: algumas das páginas ilustradas do livro sairão da gráfica coloridas. O lançamento vai acontecer, juntamente com a antologia Steampink, durante a Fantasticon, daqui a exatamente um mês.
O resultado pode ser lido agora, integralmente, na degustação que a editora deixou à disposição de seus leitores de Deus Ex Machina - Anjos e Demônios na Era do Vapor (basta clicar na capa e um arquivo em pdf vai ser aberto em seu computador ou leitor digital). Fico duplamente feliz porque, além de estar ao lado de ótimos escritores e escritoras (este livro vai ser a primeira coletânea steampunk mista do Brasil, após duas apenas com homens e uma com mulheres) na edição em papel, estou em um ebook igualmente caprichado, que já foi baixado por mais de 40 pessoas apenas nas primeiras horas, ao lado do prefaciador da obra, Bruno Accioly. Para os futuros leitores é uma oportunidade de conferir o projeto gráfico, mais uma vez a cargo de M. D. Amado, que inclui neste volume uma novidade e tanto: algumas das páginas ilustradas do livro sairão da gráfica coloridas. O lançamento vai acontecer, juntamente com a antologia Steampink, durante a Fantasticon, daqui a exatamente um mês.
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2.7.11
As filhas de Mary
A editora Estronho deixou à disposição dos leitores um arquivo de degustação com 23 páginas de sua próxima coletânea movida a vapor: a primeira dedicada exclusivamente a nossas escritoras, Steampink. Além de poder conferir a qualidade gráfica que M.D. Amado sempre dedica aos livros que publica, é a oportunidade de conferir o conto "O Terceiro Reinado", de Georgette Silen, que imagina a continuidade da monarquia em nosso país com a chegada de Isabel ao trono e se tornando Imperatriz do Brasil. Uma outra atração do PDF - que pode ser baixado aqui, basta clicar na capa do livro - é a mesma que posto abaixo, o prefácio que tive o prazer de escrever para uma obra que é verdadeiramente inovadora. Boa leitura, bom final de semana a todos.
A ficção científica é um gênero de poucos consensos e de muita especulação. Mesmo para definir quem seria o pai da FC, existe debate eterno de um lado entre os que acreditam ter sido Jules Verne (1828 – 1905) e do outro os partidários de H.G. Wells (1866 – 1946). Mas sempre há também a intervenção daqueles que, como eu, defendem ser mais correto falar em uma mãe para tal forma literária: Mary Shelley (1797 – 1851). Se não podemos ter consenso ao menos nisso, que ele seja cobrado no reconhecimento da importância que as mulheres têm para a literatura de gênero fantástico como um todo, tanto em termos artísticos quanto no apelo popular. Isso vale desde para pioneiras, como Ursula K. Le Guin e Marion Zimmer Bradley (1930 – 1999), chegando até para campeãs de venda mais recentes, a exemplo de Anne Rice e J.K. Rowling. Quanto ao subgênero específico desta coletânea em suas mãos, como esquecer que o livro steampunk mais badalado e premiado dos últimos tempos, Boneshaker, é obra de uma autora: Cherie Priest?
Por isso mesmo estava difícil entender o porquê de a literatura retrofuturista brasileira, cujo crescimento chama atenção até mesmo no exterior, ainda não contar com escritoras presentes nas páginas das coletâneas publicadas no país desde 2009. Seja pela qualidade de nossas autoras, seja pela ampla participação feminina em eventos steamers de Norte a Sul do Brasil, tal distorção em nosso mercado editorial era bastante evidente e ainda aguardava a vez para ser reparada. Coube à editora Estronho o pioneirismo de abrir espaço nobre para que nossas damas do vapor mostrassem suas histórias aqui mesmo, em Steampink, a primeira antologia exclusivamente produzida por elas.
Tirando o dono da casa editorial e diagramador do livro, M. D. Amado, e este prefaciador que lhes escreve, as páginas a seguir são de inteira responsabilidade de um time de escritoras, autênticas filhas de Mary, que mostram abordagens bem particulares do século XIX reimaginado com as tintas da FC, da fantasia e do horror.
Algumas delas tenho a honra de chamar de amigas, como a organizadora do livro, Tatiana Ruiz, primeira-dama do steampunk em São Paulo e que aqui nos apresenta sua versão vaporizada de um clássico conto de fadas; Lidia Zuin, musa steamer, com daguerreótipo impresso na contracapa, autora de uma história com amazonas do mar; e Georgete Silen, romancista e contista publicada em diversos tomos, com quem já dividi páginas antes e que adiante nos trás um Brasil governado por uma Imperatriz. Da maior parte das demais escritoras – Amanda Reznor, Bia Machado, Dana Guedes, Leona Volpe, Lívia Pereira, Lyra Collodel, Nikelen Witter, Renata Galindo Neves, This Gomes e Verônica Freitas –, até mesmo para confirmar a vocação da Estronho de sempre incentivar novos talentos, tive o prazer de conhecer a prosa delas pela primeira vez na leitura dos contos para esta obra que já vem ao mundo histórica. E aquilo que eu já tive a oportunidade de conferir – e agora cabe a você fazer o mesmo –, foram tramas envolvendo, não nesta ordem, robôs gigantes, máquinas voadoras, órgãos mecânicos, viagens no tempo, vampiras, nereidas, poetas, corvos e mais corvos. Uma seleção do melhor que o gênero capa e espartilho nacional tem a oferecer está à sua disposição em Steampink. É com esta boa companhia que deixo o leitor a partir de agora.
Romeu Martins
Comendador da Ordem da Caldeira pelo Conselho Steampunk do Brasil e autor do blog www.cidadephantastica.com.br
A ficção científica é um gênero de poucos consensos e de muita especulação. Mesmo para definir quem seria o pai da FC, existe debate eterno de um lado entre os que acreditam ter sido Jules Verne (1828 – 1905) e do outro os partidários de H.G. Wells (1866 – 1946). Mas sempre há também a intervenção daqueles que, como eu, defendem ser mais correto falar em uma mãe para tal forma literária: Mary Shelley (1797 – 1851). Se não podemos ter consenso ao menos nisso, que ele seja cobrado no reconhecimento da importância que as mulheres têm para a literatura de gênero fantástico como um todo, tanto em termos artísticos quanto no apelo popular. Isso vale desde para pioneiras, como Ursula K. Le Guin e Marion Zimmer Bradley (1930 – 1999), chegando até para campeãs de venda mais recentes, a exemplo de Anne Rice e J.K. Rowling. Quanto ao subgênero específico desta coletânea em suas mãos, como esquecer que o livro steampunk mais badalado e premiado dos últimos tempos, Boneshaker, é obra de uma autora: Cherie Priest?
Por isso mesmo estava difícil entender o porquê de a literatura retrofuturista brasileira, cujo crescimento chama atenção até mesmo no exterior, ainda não contar com escritoras presentes nas páginas das coletâneas publicadas no país desde 2009. Seja pela qualidade de nossas autoras, seja pela ampla participação feminina em eventos steamers de Norte a Sul do Brasil, tal distorção em nosso mercado editorial era bastante evidente e ainda aguardava a vez para ser reparada. Coube à editora Estronho o pioneirismo de abrir espaço nobre para que nossas damas do vapor mostrassem suas histórias aqui mesmo, em Steampink, a primeira antologia exclusivamente produzida por elas.
Tirando o dono da casa editorial e diagramador do livro, M. D. Amado, e este prefaciador que lhes escreve, as páginas a seguir são de inteira responsabilidade de um time de escritoras, autênticas filhas de Mary, que mostram abordagens bem particulares do século XIX reimaginado com as tintas da FC, da fantasia e do horror.
Algumas delas tenho a honra de chamar de amigas, como a organizadora do livro, Tatiana Ruiz, primeira-dama do steampunk em São Paulo e que aqui nos apresenta sua versão vaporizada de um clássico conto de fadas; Lidia Zuin, musa steamer, com daguerreótipo impresso na contracapa, autora de uma história com amazonas do mar; e Georgete Silen, romancista e contista publicada em diversos tomos, com quem já dividi páginas antes e que adiante nos trás um Brasil governado por uma Imperatriz. Da maior parte das demais escritoras – Amanda Reznor, Bia Machado, Dana Guedes, Leona Volpe, Lívia Pereira, Lyra Collodel, Nikelen Witter, Renata Galindo Neves, This Gomes e Verônica Freitas –, até mesmo para confirmar a vocação da Estronho de sempre incentivar novos talentos, tive o prazer de conhecer a prosa delas pela primeira vez na leitura dos contos para esta obra que já vem ao mundo histórica. E aquilo que eu já tive a oportunidade de conferir – e agora cabe a você fazer o mesmo –, foram tramas envolvendo, não nesta ordem, robôs gigantes, máquinas voadoras, órgãos mecânicos, viagens no tempo, vampiras, nereidas, poetas, corvos e mais corvos. Uma seleção do melhor que o gênero capa e espartilho nacional tem a oferecer está à sua disposição em Steampink. É com esta boa companhia que deixo o leitor a partir de agora.
Romeu Martins
Comendador da Ordem da Caldeira pelo Conselho Steampunk do Brasil e autor do blog www.cidadephantastica.com.br
21.6.11
Vem um romance steampunk nacional por ai?
Um ótimo modo de começar as comemorações do Dia Nacional do Steampunk é com a notícia de que um romance brasileiro do gênero está em produção. O escritor Ghad Ardduh, com quem divido páginas em dois livros da editora Estronho, Cursed City - Onde as almas não têm valor e o ainda a ser lançado exemplar sobre Soberba - Lúcifer da coleção VII Demônios, é quem está à frente do projeto. A obra ainda conta com título e capa provisórias, mas o autor providenciou um endereço em seu blog para manter os leitores informados. Adiante, seguem a capa e o release de apresentação de Registros Imperiais - O sangue da terra, com meus votos de sucesso na empreitada:
Registros Imperiais: O Sangue da Terra é a história de Lorde Mark, um Stuart, vindo diretamente da Inglaterra, para o Império Brasileiro, com o intuito de investigar o desaparecimento misterioso de seu aprendiz, Laurent, um cientista brilhante, responsável por diversos avanços na área biológica e médica.
O Século XX do Império Brasileiro se iniciou com a promessa da continuidade da luz que reina por todo o reinado sob a regência de Sua Majestade Imperial, o Imperador Dom Afonso I ao lado da Imperatriz consorte Kehinde, também princesa de Oyo.
Responsável pela continuidade da dinastia de seu avô, o Imperador Dom Pedro I, Dom Afonso recebe em sua corte uma visita inusitada, Lorde Mark, ciente de sua missão. Um homem como poucos, conquista a simpatia da casa Imperial e recebe carta branca para agir nessa busca.
Mark irá relembrar os prazeres dos trópicos enquanto testemunhará a magnificência alcançada pelo Império. Uma série de crimes e desaparecimentos estão no rastro da investigação de seu aprendiz, para conseguir resolver esse mistério, ele contará com a ajuda de seus dois acompanhantes, Ekaterina, uma bela menina de descendência ucraniana e de Tetsuzan, um oriental de etnia Ainu, treinado no mais secreto e poderoso dojo ninja.
Em meio a essa investigação ele encontra evidências do Casamento do Sangue Imperial com o Sangue da Terra Brasileira, uma cerimônia mística executada décadas atrás por Sebastião Adamastor, “O Sinistro”, responsável por boa parte do sucesso do Império.
Poderiam os sinais traçados na terra e no sangue, refletirem os desígnios celestes? Poderia um homem interferir com tamanha força na trama da realidade que ameaças cósmicas despertam?
Em Registros Imperiais: O Sangue da Terra, você acompanhará Lorde Mark e seus filhos em uma busca que conseguirá atormentar até mesmo ele, que julgara ter visto de tudo em sua longa vida.
Registros Imperiais: O Sangue da Terra é o primeiro romance de Ghad Arddhu, nascido em 1983 em São Paulo. Ainda em conclusão e sem editora definida, promete levá-lo para uma época utópica onde poderes conhecidos e ocultos moldaram uma sociedade próxima à perfeição, elevando um Império como a estrela mais brilhante no céu das nações.
Ghad Arddhu é designer, escritor e graduando em letras, aprendeu a ler e escrever por vontade própria, para poder ler e escrever suas próprias histórias. Mantém seu lar virtual em http://www.axisdraco.com onde publica suas idéias de forma autóctone e herética.
Eterno estudante e pesquisador, apaixonado por cultura, mitologia, história, cultos religiosos e ocultos espalhados pela história da humanidade, prevê para 2011 uma grande manifestação literárias dos eflúvios de sua mente: As estrelas estão alinhadas!
Registros Imperiais: O Sangue da Terra é a história de Lorde Mark, um Stuart, vindo diretamente da Inglaterra, para o Império Brasileiro, com o intuito de investigar o desaparecimento misterioso de seu aprendiz, Laurent, um cientista brilhante, responsável por diversos avanços na área biológica e médica.
O Século XX do Império Brasileiro se iniciou com a promessa da continuidade da luz que reina por todo o reinado sob a regência de Sua Majestade Imperial, o Imperador Dom Afonso I ao lado da Imperatriz consorte Kehinde, também princesa de Oyo.
Responsável pela continuidade da dinastia de seu avô, o Imperador Dom Pedro I, Dom Afonso recebe em sua corte uma visita inusitada, Lorde Mark, ciente de sua missão. Um homem como poucos, conquista a simpatia da casa Imperial e recebe carta branca para agir nessa busca.
Mark irá relembrar os prazeres dos trópicos enquanto testemunhará a magnificência alcançada pelo Império. Uma série de crimes e desaparecimentos estão no rastro da investigação de seu aprendiz, para conseguir resolver esse mistério, ele contará com a ajuda de seus dois acompanhantes, Ekaterina, uma bela menina de descendência ucraniana e de Tetsuzan, um oriental de etnia Ainu, treinado no mais secreto e poderoso dojo ninja.
Em meio a essa investigação ele encontra evidências do Casamento do Sangue Imperial com o Sangue da Terra Brasileira, uma cerimônia mística executada décadas atrás por Sebastião Adamastor, “O Sinistro”, responsável por boa parte do sucesso do Império.
Poderiam os sinais traçados na terra e no sangue, refletirem os desígnios celestes? Poderia um homem interferir com tamanha força na trama da realidade que ameaças cósmicas despertam?
Em Registros Imperiais: O Sangue da Terra, você acompanhará Lorde Mark e seus filhos em uma busca que conseguirá atormentar até mesmo ele, que julgara ter visto de tudo em sua longa vida.
Registros Imperiais: O Sangue da Terra é o primeiro romance de Ghad Arddhu, nascido em 1983 em São Paulo. Ainda em conclusão e sem editora definida, promete levá-lo para uma época utópica onde poderes conhecidos e ocultos moldaram uma sociedade próxima à perfeição, elevando um Império como a estrela mais brilhante no céu das nações.
Ghad Arddhu é designer, escritor e graduando em letras, aprendeu a ler e escrever por vontade própria, para poder ler e escrever suas próprias histórias. Mantém seu lar virtual em http://www.axisdraco.com onde publica suas idéias de forma autóctone e herética.
Eterno estudante e pesquisador, apaixonado por cultura, mitologia, história, cultos religiosos e ocultos espalhados pela história da humanidade, prevê para 2011 uma grande manifestação literárias dos eflúvios de sua mente: As estrelas estão alinhadas!
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12.6.11
"Isso realmente me interessa"
Bruce Sterling é a única personalidade viva para quem dediquei uma tag neste blog. Clicando aqui, os leitores podem ver os motivos para essa minha homenagem pessoal a ele, tantas foram as citações que o escritor, uma força fundamental pra o steampunk literário no mundo, fez a respeito da produção brasileira no gênero. Um tanto atrasado, constato que em uma entrevista concedida no final de 2010, o texano havia manifestado um interesse ainda maior no Brazilian Steampunk do que já demonstrara anteriormente. Foi no dia 17 de dezembro, em uma entrevista concedida a Tiffany Lee Brown, do site Eureka Idea Lab. Abaixo, seguem a foto que ilustrou a convesa, a introdução da entrevista, a pergunta e a resposta em que são citados o retrofuturismo e o Brasil traduzidas para o português:
Mais conhecido por seus dez romances de ficção científica, incluindo o vencedor do Clarke Award do ano 2000, Distratiction, o vencedor do Campbel Award de 1989, Piratas de dados e o vencedor do Hugo Award de 1999, Taklamkan, Bruce Sterling também é famoso por sua inteligência, pelo pensamento original e pela clareza com que ele o apresenta (Upgrade: Fábio Fernandes me avisou que, na verdade, Taklamkan recebeu o Hugo de 1999 na categoria conto e Distraction, no mesmo ano, o de romance). É por isso que você pode vê-lo no Nightline da ABC, na BBC, no The Late Show e na MTV, ou ler as suas palavras na Time, no Wall Street Journal, na ID ou na Nature.
Editor contribuinte da revista Wired, ele também escreve contos, resenhas de livros, crítica de design e muito mais. Suas obras incluem a não-ficção The Hacker Crackdown, Tomorrow Now: Envisioning the Next Fifty Years e Shaping Things. Recentemente, foi o curador convidado para o Share Festival of Digital Art and Culture em Torino, na Itália, e o visionário residente no Sandberg Instituut, de Amsterdã.
Uma vez que, aqui no Eureka Idea Lab, realmente gostamos de falar com pessoas que são muito mais espertas do que nós, achamos que Bruce deveria ser a nossa próxima vítima para uma entrevista (...)
Você está creditado, juntamente com o seu coautor William Gibson, por ter dado o pontapé inicial na tendência steampunk, em 1990, com o fabuloso romance The Difference Engine. Por que as pessoas têm esta fascinação com tecnologias das eras Vitoriana e Eduardiana? Qual é o apelo que existe para você, pessoalmente?
Steampunk é um grande tema, e suas origens e desenvolvimento são complexos. O apelo pessoal que encontro no steampunk está em assistir a algo feito por um punhado de escritores de ficção científica, tendo raízes em lugares como Polônia e Brasil. Isso realmente me interessa. O cyberpunk brasileiro é surpreendentemente persistente e popular - mas o steampunk brasileiro é muito mais. Então, minha pergunta pessoal é esta: o que isso demonstra sobre o Brasil? Uma vez que entendo muito bem o gênero, estudar o steampunk brasileiro é como ter um pé-de-cabra pessoal para abrir a cultura brasileira.
Mais conhecido por seus dez romances de ficção científica, incluindo o vencedor do Clarke Award do ano 2000, Distratiction, o vencedor do Campbel Award de 1989, Piratas de dados e o vencedor do Hugo Award de 1999, Taklamkan, Bruce Sterling também é famoso por sua inteligência, pelo pensamento original e pela clareza com que ele o apresenta (Upgrade: Fábio Fernandes me avisou que, na verdade, Taklamkan recebeu o Hugo de 1999 na categoria conto e Distraction, no mesmo ano, o de romance). É por isso que você pode vê-lo no Nightline da ABC, na BBC, no The Late Show e na MTV, ou ler as suas palavras na Time, no Wall Street Journal, na ID ou na Nature.
Editor contribuinte da revista Wired, ele também escreve contos, resenhas de livros, crítica de design e muito mais. Suas obras incluem a não-ficção The Hacker Crackdown, Tomorrow Now: Envisioning the Next Fifty Years e Shaping Things. Recentemente, foi o curador convidado para o Share Festival of Digital Art and Culture em Torino, na Itália, e o visionário residente no Sandberg Instituut, de Amsterdã.
Uma vez que, aqui no Eureka Idea Lab, realmente gostamos de falar com pessoas que são muito mais espertas do que nós, achamos que Bruce deveria ser a nossa próxima vítima para uma entrevista (...)
Você está creditado, juntamente com o seu coautor William Gibson, por ter dado o pontapé inicial na tendência steampunk, em 1990, com o fabuloso romance The Difference Engine. Por que as pessoas têm esta fascinação com tecnologias das eras Vitoriana e Eduardiana? Qual é o apelo que existe para você, pessoalmente?
Steampunk é um grande tema, e suas origens e desenvolvimento são complexos. O apelo pessoal que encontro no steampunk está em assistir a algo feito por um punhado de escritores de ficção científica, tendo raízes em lugares como Polônia e Brasil. Isso realmente me interessa. O cyberpunk brasileiro é surpreendentemente persistente e popular - mas o steampunk brasileiro é muito mais. Então, minha pergunta pessoal é esta: o que isso demonstra sobre o Brasil? Uma vez que entendo muito bem o gênero, estudar o steampunk brasileiro é como ter um pé-de-cabra pessoal para abrir a cultura brasileira.
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31.5.11
As damas de steampink
A editora Estronho divulgou quais foram as escritoras selecionadas para a primeira coletânea steamer totalmente dedicada a elas, na qual serei o único intruso masculino a assinar, com muito prazer, o prefácio:

Olá steamers,
A nossa organizadora, Tatiana Ruiz (Sem mais finais felizes), chegou ao seu veredito final e apresentamos aqui as autoras selecionadas para a antologia Steampink, que será lançada no Fantasticon 2011, com prefácio de Romeu Martins e muito vapor.
Amanda Reznor (A dama dos corvos), Bia Machado (Diário de bordo de Lidia SaintClair),Dana Guedes (Homérica pirataria), Georgette Silen (O terceiro reinado), Leona Volpe(Sonha o corvo um sonho negro), Lídia Zuin (Ha-Zaman), Lidia Zuin (Ha-Mazan) Livia Pereira (A arma), Lyra Collodel (Escrito no tempo), Nikelen Witter (Pena e o imperador), Renata Galindo Neves(Encantamento engenhoso), This Gomes (O Poeta, a donzela insolente e o livro fo tempo) e Verônica Freitas (As irmãs Taylor).
É isso aí, meninas... Bons vapores!
M. D. Amado
16.4.11
Dicas de leitura para o fim de semana 2
Como havia feito no sábado passado, deixo os leitores desta página com a recomendação de novos contos steampunk disponíveis para leitura on line. Ambos os textos têm em comum o fato de terem sido enviados originalmente para a apreciação da coletânea Deus Ex Machina - Anjos e Demônios na Era do Vapor, da editora Estronho. Portanto, a temática das duas dicas de hoje também tem tudo a ver com outra recomendação colhida no twitter do aomirante e que estou ouvindo enquanto faço este post: uma ótima versão de "Sympathy for the Devil", dos Stones.
O primeiro conto é de autoria de Guto Fernandes, "Bruma e Chamas", que ele postou parcialmente em seu blog, A Few of Dark, remetendo os interessados a um arquivo para download. O texto será a primeira parte de uma minissérie. Trecho a seguir:
Continua.
A segunda recomendação literária do fim de semana parte de Afonso Luiz Pereira, responsável pelo obrigatório blog dedicado à ficção especulativa Contos Fantásticos, para o qual já tive o prazer de ser convidado para uma entrevista. Ele conta que "Os estranhos da noite" teve uma primeira versão escrita há dois anos como uma narrativa de terror e ganhou esta segunda encarnação somada a elementos steamers recentemente. As primeiras linas estão abaixo:
Continua.
Acabei pouco depois da música. Boas leituras e bom final de semana a todos!
O primeiro conto é de autoria de Guto Fernandes, "Bruma e Chamas", que ele postou parcialmente em seu blog, A Few of Dark, remetendo os interessados a um arquivo para download. O texto será a primeira parte de uma minissérie. Trecho a seguir:
Fazia tempo desde a última vez que havíamos nos encontrado. Fora ainda naquele período da história em que os humanos teimam em chamar de Idade Média; Idade das Trevas sempre combinou mais para mim, e creio que para ele também.
Era o ano de 1500 e estávamos na Espanha no desabrochar de sua Inquisição, em meio a conflitos sangrentos motivados pela intolerância religiosa e racial implantada pelo Caído e ampliada por padres, bispos e cardeais egoístas e pervertidos. Ele se fartava com aquilo, também pudera a própria Igreja de Cristo naqueles anos se preocupava mais com a sua figura do que com a do Salvador. O Todo-Poderoso, então, me enviou para aquele pardieiro que era Sevilha a fim de destronar meu irmão sombrio, outrora guardião da Luz.
Nossa batalha foi ferrenha. Ele lançava sobre mim hordas e mais hordas de demônios menores, assim como humanos que utilizava como peões em seu intricado jogo de xadrez com Deus. Naquele instante, eu era a torre que deveria por fim àquele avanço e assim o fiz. Não sem dificuldades, mas o fiz.
Infelizmente, não fui forte o bastante para destruí-lo como era minha obrigação e, mais uma vez, ele fugiu e se escondeu. Samael, contudo, havia sido bom o bastante para conseguir engendrar seus planos e a Inquisição durou mais alguns séculos, mesmo com o Todo-Poderoso sussurrando, dia e noite, nos ouvidos de cada Papa que se sentava no Vaticano, que aquilo era errado Maldito livre-arbítrio.
O mundo ficou por cerca de trezentos e poucos anos em suas mesquinharias, com seres infernais de pouco importância brotando aqui e ali; potências econômicas e militares surgindo e sangue sendo derramado como se fosse água no novo mundo. Mas nada da participação dele em qualquer atividade humana.
Assim veio a Revolução Industrial ou a Era do Vapor, como a chamamos na Cidadela de Prata. O povo saiu dos campos e foi infestar as cidades como moscas varejeiras sobre corpos mortos e também os demônios retornaram com força e números. Ao menos agora o local do confronto não era nada mal: Londres, Inglaterra.
Continua.
A segunda recomendação literária do fim de semana parte de Afonso Luiz Pereira, responsável pelo obrigatório blog dedicado à ficção especulativa Contos Fantásticos, para o qual já tive o prazer de ser convidado para uma entrevista. Ele conta que "Os estranhos da noite" teve uma primeira versão escrita há dois anos como uma narrativa de terror e ganhou esta segunda encarnação somada a elementos steamers recentemente. As primeiras linas estão abaixo:
Abril de 1889.
Estava com medo! Muito medo! Não conseguia afastar os olhos esbugalhados de uma das frestas da cortina que cobria a janela frontal de sua velha morada. Alois, o marido, um bem sucedido guarda de alfândegas, não se encontrava em casa, mas tivera o bom senso de não deixá-la totalmente desprotegida. Através da influência de seu posto, conseguira confiscar um dos autômatos humanóides vindos da Inglaterra para fortalecer o exército do Império. A criatura cilíndrica metálica, que mais parecia um enorme pepino com braços e pernas, se locomovia feito gente e ocultava nas suas laterais armas de fogo retráteis de poder devastador. Apesar da forte oposição que fizera contra a ideia de se manter aquela coisa como cão de guarda da casa, dava graças a Deus, naquela fatídica noite, à arrogância e à teimosia do marido.
Os quatro estranhos lá fora queriam a criança que estava na sua barriga! Eu sei. Eu sinto. Eles querem o meu bebê! Não sabia determinar bem qual a razão, mas desconfiou assim que os viu parados em atitude muito suspeita dentro dos limites do seu quintal. Então, sem saber como proceder, desligara os refletores portáteis instalados no umbral da porta e deixara os invasores envoltos sob a luz de uma acanhada lamparina a óleo, aparelho ainda em uso dos costumes antigos das regiões mais afastadas dos grandes centros urbanos; era uma luz fraca, mortiça, que teimosamente impunha sua luminescência medíocre contra uma das noites mais escuras do século. O vento forte açoitava a pequena lâmpada dependurada na frente do sobrado fazendo-a tremeluzir para todos os lados, imprimindo efeitos grotescos de luz nas fisionomias indiferentes dos quatro homens. A ventania castigava as árvores, assoviava alto, levantava as folhas secas do chão em miúdos redemoinhos e penetrava audaciosamente às frestas das portas e janelas. Dava-lhe a impressão de que o vento impetuoso queria trazer a morte para dentro de casa!
— Johann. Vá até ao quarto dos fundos e veja se as crianças estão dormindo. – Ordenou ao autômato, pela primeira vez, em tom afável. Trazia consigo sérias restrições de convívio com aquela criatura metálica, a começar pelo esquema dos comandos de voz, porque detestava a brincadeira de mal gosto do marido ao atribuir o nome do velho Johann, seu pai, àquela máquina.
O robô prontamente atendeu a ordem, indo averiguar as condições físicas de seus enteados, filhos de Alois com a primeira esposa já falecida. A situação era realmente preocupante. Não havia mais ninguém ali além dela, das duas crianças miúdas e daquele protótipo gigante de legume mecanizado. Sempre se preocupara pelo fato da casa ficar afastada da vila. Achava que não era certo, indecente até, uma mulher passar a noite sozinha com os pequenos, ainda mais considerando a sua delicada situação: grávida de oito meses!
Continua.
Acabei pouco depois da música. Boas leituras e bom final de semana a todos!
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12.4.11
RPG steampunk no Rádio
Lord Fire, do Conselho Steampunk de São Paulo, avisou pelo twitter que está participando de uma experiência bastante interessante para os fãs dos jogos de interpretação. Na RPG Rádio, um podcast dedicado à campanhas do gênero, ele começou a participar de uma sessão dedicada ao seriado Dorctor Who. Abaixo, segue a descrição que a equipe preparou para a campanha "Terror no Céu", cujo primeiro capítulo pode ser ouvida aqui:
Começa aqui mais uma campanha do RPG de Doctor Who, praticamente um spin off da outra campanha que já está acontecendo. Vocês já ouviram um pouco da criação de personagens e agora vocês acompanham a primeira aventura com o Lord Fire e Gino, o ladrão. A idéia é de colocar bastante elementos Steampunk e de Doctor Who clássico.
Ouça e comente!
Um Time Lord recém formado na Academia de Gallifrey e um ladrão unem forças para salvar um enorme Zeppelin dos terríveis Vortisaurs.
Música de abertura e encerramento: Abnormalice – Clockmaker
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9.4.11
Dicas de leitura para o fim de semana
Vou deixar os leitores neste sábado com três dicas de contos que têm em comum lançar um olhar fantástico em direção ao passado. Dois deles são, assumidamente, focados no steampunk. Primeiramente, um conto que faz parte de um cenário já comentado por aqui, aquele que está sendo trabalhado a seis mãos no blog Steamage. "Harold Spencer, o homem que nunca chegou ao front" é de autoria de Heitor Serpa, que dividiu sua história de estreia em duas partes. Abaixo, o início da narrativa:
Continua
O segundo exemplo foi postado por Thiago Ururahy em seu Tumblr. Como o próprio nome do conto indica, "Secessão Celestial" se passa em uma versão alternativa da Guerra Civil americana. Seguem as primeiras linhas:
Continua
Por fim, um conto que não é exatamente steamer, de um escritor já citado aqui algumas vezes. Marcelo Augusto Galvão republicou em seu blog "Augúrio", um texto com influência lovecraftiana que se passa na Roma Antiga e originalmente foi impresso no fanzine Scarium nº 21. Trecho inicial:
Continua
Boa leitura a todos!
Aiden era uma aldeia na região de Alesja – ou Aliesch nos tempos em que ainda era um país, antes de se juntar a outros cinco para formar a União Federativa. Longe dos maiores centros urbanos, numa região de bosques pouco tocados pelo homem, podia ser considerado um lugar de paz. Um canal escavado no rio que dava o nome ao vilarejo era o suficiente para abastecer o mesmo, de arquitetura simples e complementada por pontes e rodas d’água. Estas últimas, mais a fumaça vertendo das casas em estilo colonial, bastavam como tecnologia. Não era de se espantar que um lugar assim guardasse um asilo; a Casa de Repouso de Aiden, assentada no coração da floresta, constituía um dos maiores destaques de Alesja, sendo inclusive pioneira no tratamento de diversos males do corpo e da mente. Ao contrário da reputação não muito boa desse tipo de lugar, os ex-pacientes afirmavam o asilo como uma nascente de absoluta tranqüilidade, sem receber nenhum tipo de maltrato como choques térmicos, camisas de força e overdoses de morte em vida. Os motivos de ser tão eficiente sem as teorias da medicina atual, embora parecessem óbvios, continuavam um mistério incapaz de ser reproduzido fora dali. Sua sobrevivência vinha de doações, tantas que parte do investimento era aplicado na própria aldeia.
Continua
O segundo exemplo foi postado por Thiago Ururahy em seu Tumblr. Como o próprio nome do conto indica, "Secessão Celestial" se passa em uma versão alternativa da Guerra Civil americana. Seguem as primeiras linhas:
A sala da caldeira balançava a cada passo que o Juggernaut dava, avançando para dentro do Rio Hudson, em direção à margem norte. A gigantesca máquina de batalha dos Confederados surgira de dentro das águas e, na calada da madrugada, iniciara um ataque maciço ao depósito dos trens-bombardeiros do exército da União.
Por fora, o Juggernaut parecia ter sido moldado em um único bloco de cobre, tamanha a qualidade do trabalho executado pelos soldadores de New Orleans. A cabeça era cravejada de dezenas de grandes janelas arredondadas cercadas por tubos que expeliam o vapor. Dentro de cada uma, um grupo de engenheiros trabalhava incessantemente no calor das máquinas. A aparência era a de uma imensa colmeia pulsante e enevoada.
No entanto, por dentro do corpo, a maior arma de guerra da história dos Estados Unidos era um emaranhado de salas, corredores e complexos de controle que davam vida a um arsenal capaz de varrer Nova Iorque do mapa. Nada menos do que trezentos homens eram necessários para que ele funcionasse em sua plenitude destrutiva. Porém, na madrugada de 12 de abril de 1887, havia dois homens a mais dentro dela. E eles não eram Confederados.
Dentro da sala da caldeira principal, o soldado Sawyer era jogado de um lado para outro enquanto esmurrava um pesado comunicador no chão. O calor infernal lhe roubava as forças e o vapor enchia o aposento, dificultando a respiração e embaçando a visão. Diante da única porta da saleta, o soldado Finn atirava de maneira desenfreada com uma robusta metralhadora contra um grupo de guardas:
- Tom! Não vou aguentar por muito tempo! A munição está no fim! Tom?! Está me ouvindo?!
Continua
Por fim, um conto que não é exatamente steamer, de um escritor já citado aqui algumas vezes. Marcelo Augusto Galvão republicou em seu blog "Augúrio", um texto com influência lovecraftiana que se passa na Roma Antiga e originalmente foi impresso no fanzine Scarium nº 21. Trecho inicial:
Fausto Aurélio Belisário, comandante da Segunda Legião Augusta, sorriu com a notícia que acabara de ouvir. O homem ao seu lado continuou a falar:
- Os revoltosos vivem em Drwgg, uma cidade a dois dias de marcha, senhor – Cornélio Félix relatou o informe de um dos espiões infiltrados no oeste da Bretanha. Momentos antes, Félix havia comunicado ao seu superior hierárquico que os silures, uma tribo nativa da região, preparavam uma nova rebelião contra o Império Romano.
De uma varanda coberta, Belisário observava dezenas de legionários exercitando-se no pátio exterior do forte de Glevum. Uma chuva torrencial caía, algo bem conhecido dos romanos desde que as tropas do então imperador Cláudio invadiram aquela ilha úmida, vinte e quatro anos atrás. A frequência era quase diária, principalmente no começo do verão.
Como comandante da legião, Belisário podia suportar intempéries diversas. O que ele não tolerava eram homens incapazes de governar.
Era o caso do atual procônsul da província da Bretanha. Sem experiência militar anterior, Marco Trebélio Máximo decidira continuar o trabalho dos seus antecessores, consolidando o poder sobre as tribos já conquistadas e fazendo uma ou outra concessão para agradar aos nativos, ao invés de batalhar por novos territórios. Transformara a ilha em um lugar seguro para o império.
E em um completo tédio para os legionários. Sem combates, não havia butim dos inimigos para complementar os salários das legiões. O descontentamento entre soldados e oficiais era cada vez maior; uma insurreição poderia estourar a qualquer momento entre as fileiras romanas.
Felizmente, havia os silures, habitantes das montanhas que tomavam conta da maior parte da paisagem. Aquele povo, de pele mais escura que a dos outros nativos, era famoso por sua beligerância; ao longo de quase três décadas de ocupação, os romanos nunca conseguiram derrotá-los por completo. Na opinião de Belisário, faltava alguém de pulso firme para lidar com os revoltosos. O comandante que eliminasse aquela resistência seria recompensado à altura por Nero, o sucessor de Cláudio.
Um relâmpago cortou o céu acinzentado, dividindo o firmamento em dois por um breve momento. Belisário sorriu.
- Isto é um bom sinal, Félix – ele disse para o segundo em comando – Marte ouviu nossas preces.
Continua
Boa leitura a todos!
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5.4.11
Boas novas internacionais
Estive o dia inteiro fora nesta terça-feira (entre outras coisas, assistindo a um filme que não tem a ver diretamente com o assunto deste blog, mas que devo resenhar por aqui ainda esta semana, a animação Rio, dirigida pelo brasileiro Carlos Saldanha para 20th Century Fox), e quando volto para casa, vejo duas ótimas notícias que me aguardavam no mundo virtual. A primeira delas, um emai de S.J. Chambers, co-editora, ao lado de Jeff VanderMeer, da Steampunk Bible (que tem uma tag por aqui). O contato foi para pedir meu endereço para me enviarem dentro de algumas semanas uma edição de colaborador daquela publicação. Como disse antes, haverá naquele livro um trecho da noveleta "Cidade Phantástica", traduzida para o inglês por Fábio Fernandes.
E a segunda novidade também diz respeito ao escritor e tradutor carioca. Dando uma olhada rápida no que me foi twittado hoje enquanto eu estava fora, li que ele acabou de vender uma nova história para o exterior,mais exatamente para a primeira edição de uma revista que trata de retrofuturismo. Ops, na verdade, ele acabou de me atualizar nos comentários: Fábio Fernandes vendeu uma história hoje, de fato, para outra publicação e, no mesmo dia, foi anunciada a publicação da revista de retrofuturismo, que já estava acertada anteriormente e sobre a qual vou falar a seguir. Vou fazer uma tradução rápida do post que anunciou o lançamento da Paleofuture Magazine:
Enfim, comecei o dia bem com a notícia dos meus colegas na coletânea Deus Ex Machina, vi um ótimo filme, encontrei muitas pessoas bacanas e ainda encerro a jornada com essas duas boas novas. Uma bela terça-feira, esta.
E a segunda novidade também diz respeito ao escritor e tradutor carioca. Dando uma olhada rápida no que me foi twittado hoje enquanto eu estava fora, li que ele acabou de vender uma nova história para o exterior,
A primeira edição de Paleofuture Magazine está disponível para compra! A versão impressa custa $11.99 e inclui download gratuito de um arquivo PDF que ficará ótimo em sua futurística máquina computacional. Ou você pode escolher fazer apenas o download da versão em PDF por apenas $1.99.
A primeira edição de Paleofuture Magazine é inteiramente sobre comida, com 42 páginas de artigos, resenhas e imagens raras, a maioria dos quais nunca vistos anteriormente no blog Paleofuture. A lista de colaboradores inclui Bob Sassone, Josh Calder, Ryan V. Lower, Fábio Fernandes, e Mike Frodsham. Peça seu exemplar hoje!
Enfim, comecei o dia bem com a notícia dos meus colegas na coletânea Deus Ex Machina, vi um ótimo filme, encontrei muitas pessoas bacanas e ainda encerro a jornada com essas duas boas novas. Uma bela terça-feira, esta.
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Os autores e os contos de Deus Ex Machina
A próxima coletânea nacional dedicada ao steampunk já tem sua lista de autores e de contos definida. Com a inusitada mistura de elementos steamers e temática envolvendo a luta entre seres do Céu e do Inferno, Deus Ex Machina - Anjos e Demônios na Era do Vapor vai trazer o cabalístico número de 13 histórias em suas páginas, escolhidas entre as quase meia centena de textos enviados para apreciação dos editores, o casal steamer Cândido e Tatiana Ruiz além de M.D. Amado, da editora Estronho. Como já havia antecipado aqui, tive a honra de ser chamado para ser o escritor convidado desta edição, e agora fico feliz em conhecer os doze colegas que estarão presente no livro comigo. No segundo aniversário deste blog, divulguei os parágrafos iniciais do meu conto "A conquista dos mares", uma fantasia dentro do universo do miniconto "A diabólica comédia", estejam convidados a conhecê-lo ou até mesmo reler esse tiragosto.
A segui, republico a mensagem da Editora Estronho aos escritores que participaram do projeto, também deixando meu agradecimento a todos, autores, editores e leitores que deram sua contribuião para essa ideia seguir em frente:
A segui, republico a mensagem da Editora Estronho aos escritores que participaram do projeto, também deixando meu agradecimento a todos, autores, editores e leitores que deram sua contribuião para essa ideia seguir em frente:
Olá, estronhos,
Chegamos ao final da seleção de Deus Ex Machina, Anjos e Demônios na Era do Vapor, com 42 contos inscritos, válidos e mais 3 fora do regulamento.
Para acompanhar nosso autor convidado Romeu Martins (Conquista dos Mares), temos os anjos e demônios a seguir: Alex Nery (Os relógios pensantes de Sua Majestade), Alliah (O Sheol de Abadoon), Carlos Alberto Machado (Nefelin), Daniel Itruvides Dutra (A máquina dos sonhos), Davi M. Gonzales (O Dia do Grande Uirá), Fergusson (A Obscura História da Sterling Railways), Georgette Silen (Avatar de Anjo), Leonilson Lopes (O Pai das Mentiras), Norberto Silva (Anhanguera), Paulo Fodra (A Seita do Ferrabraz), Rebeca Bacin (Cálico: entre o céu e o inferno) e Yuri Wittlich Cortez (Zeitgeist - Brigada Anti-Incêndio)
Muito obrigado a todos pela participação (selecionados ou não),
Atenciosamente,
Tatiana Ruiz, Cândido Ruiz e M. D. Amado
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7.3.11
Novidades sobre um cenário steampunk nacional
No início do ano, publiquei a seguinte nota por aqui:
Agora, recebo um email de Heitor Serpa me avisando que há novidades relacionadas a esse projeto em um blog criado especialmente para ele. O nome segue abaixo, no logo idealizado para a página:
No post inicial, o trio que elabora o cenário explica o que é Steamage:
E também sobre se o material será aproveitado no formato de um RPG:
Continuo torcendo pelo projeto.
Encontrei a informação no blog do escritor Heitor Serpa: ele e seu colega Douglas Vermento estariam preparando um RPG de inspiração steamer. Segue abaixo o trecho em que é dada a notícia, no meio deste post:
Agora uma notícia de algo que ainda está para acontecer. Lembram do Douglas Vermento, que eu indiquei lá em cima? Pois é, resolvi me juntar a ele e ao Enrico - um de meus primeiros leitores, e que agora mostra bastante talento pra coisa - para pensar num cenário de punk a vapor contendo elementos de fantasia. Difícil? Bastante, se você considerar a existência do RPG "Reinos de Ferro", por exemplo, além dos lançamentos envolvendo o gênero pipocando de todos os lados. Ainda assim, está sendo um exercício muito bom. Estabelecemos uma idéia central, sem dar muitos nomes aos bois, e cada um está se dedicando a um conto para firmar a base. Eu já comecei o meu... Daqui a pouco deverão surgir mais novidades.
Torço mesmo por mais novidades desse projeto.
Agora, recebo um email de Heitor Serpa me avisando que há novidades relacionadas a esse projeto em um blog criado especialmente para ele. O nome segue abaixo, no logo idealizado para a página:
No post inicial, o trio que elabora o cenário explica o que é Steamage:
Um trocadilho com as palavras mage (mago) e age (era). Reunimos o conceito de Steampunk – a ficção científica do século XIX escrita no século XXI, segundo Bruno Accioly e o Conselho Steampunk – com a fantasia que tanto amamos, criando a centelha de um universo em constante desenvolvimento que mescla as duas coisas.
Nossa, super original não é?
Ironias a parte, nós NÃO alimentamos a ilusão de sermos inovadores do meio, mesmo porque isso é impossível nos dias atuais. Mas não significa que estamos trabalhando com o plágio; o que existem são conceitos (ou tropos), estando a originalidade na maneira que cada autor os desenvolve. Em Steamage, por exemplo, a Era do Vapor se inicia com a chegada de uma cidade voadora sobre as minas de Kresta, cujos habitantes são seres pequeninos e de pele dura como a rocha.
E também sobre se o material será aproveitado no formato de um RPG:
De início, nossa intenção era a de apenas fazer um exercício de idéias no momento em que todos os outros falhavam, gerando como fruto um lugar para nossas histórias. Mal comparando, seria como as stables dos programas de luta livre, feitas para cada lutador se desenvolver individualmente com o destaque do grupo. Começamos a sonhar alto com esta possibilidade após a divulgação que o projeto recebeu no blog Cidade Phantástica e no Twitter, afinal todos aqui são fãs do jogo de interpretação de personagens.
Respondendo melhor a pergunta: daremos foco no cenário por enquanto, desenvolvendo-o com nossos contos. Quanto às raças, classes, talentos e outras coisas típicas do RPG de mesa, ficam para um futuro distante. Ou não...
Continuo torcendo pelo projeto.
17.2.11
Prefácio de Baronato de Shoah
Já havia anunciado anteriormente que fui convidado a escrever o prefácio do primeiro romance steampunk brasileiro a unir a estética steampunk com elementos de fantasia. O resultado do convite do autor José Roberto Vieira e do editor Erick Santos pode ser lido nas páginas iniciais de O Baronato de Shoah - A Canção do Silêncio, que já se encontra em pré-venda pela loja virtual do Estronho. Porém, como a dupla me liberou o material para divulgação, o texto que escrevi para apresentar a obra de estreia do escritor paulista será postado logo abaixo, depois da arte completa da capa, elaborada pelo talentoso dono da editora Draco. Boa leitura.
Caso você esteja se perguntando – e se eu estivesse em seu lugar, com o livro em mãos pela primeira vez, é o que eu estaria me fazendo neste exato instante – aquela na capa é uma espadasserra.
Tal arma e muitas outras tecnologias que o autor criou para equipar o exército mais poderoso de seu mundo, como armaduras fantásticas e imensos aeronavios, são as características que fazem desta obra um romance steampunk. O subgênero é marcado por uma fusão de elementos de alta tecnologia com a estética do passado, mais exatamente da Era do Vapor, algo que costuma ser chamado de retrofuturismo. Já houve no Brasil o lançamento de outros romances dentro do estilo: Bilac vê estrelas, de Ruy Castro, e A mão que cria, de Octavio Aragão, são ótimos exemplos. Porém, O Baronato de Shoah – A Canção do Silêncio é um livro precursor por ser o primeiro em que a base da história não está fundamentada na ficção científica e muito menos em acontecimentos reais de nosso planeta. Não, nada disso, José Roberto Vieira inovou nesta área ao escrever o primeiro romance steampunk nacional inteiramente voltado para a fantasia.
Existem, é bem verdade, o carvão e o vapor comuns no continente de Nordara, onde se passa a trama a seguir, bem como uma ainda incipiente rede de produção e distribuição de eletricidade e até mesmo motores de explosão. Mas aquilo que alimenta a espadasserra e outros apetrechos retrofuturistas igualmente chamativos é Nepl, ou simplesmente a Névoa, um combustível mágico com exóticas propriedades não apenas energéticas – para não deixar ninguém curioso, ela tem a capacidade de literalmente criar monstros. E pode acreditar que, antes de ser um mero detalhe, isso faz toda a diferença na abordagem dada pelo escritor ao subgênero da ficção fantástica que mais tem se desenvolvido em nosso país nestes últimos anos, alcançando até mesmo reconhecimento internacional. Desbravar tal território para além da FC e rumo à fantasia é uma grande, inestimável mesmo, contribuição que José Roberto e a editora Draco estão dando à cultura steamer brasileira. Que venham novas trilhas a serem abertas!
Exemplos do encontro entre fantasia e máquinas a vapor podem ser vistos em diversos trabalhos estrangeiros. Para citar alguns, fiquemos com os livros da trilogia Fronteiras do Universo, de Philip Pullman, ou ainda com a animação Avatar – A lenda de Aang, do canal Nickelodeon, ambos parcialmente transpostos para o cinema respectivamente com os filmes A Bússola de Ouro e O último Mestre do Ar. Como reconhecidamente a principal fonte de influência do autor são os jogos de interpretação, podemos lembrar ainda daqueles de mesa, como Castelo Falkenstein e, principalmente, dos eletrônicos, como a série Final Fantasy (esta última também acabou indo parar nas telas, porém os aficionados vão perceber semelhanças mesmo entre o livro e as versões mais recentes do game, de FF7 em diante). Aqui, vale um aviso a quem não gosta de ficção baseada em RPG: calma, não precisa se assustar. Mesmo influenciado por eles, o autor não joga aqueles dados multifacetados com seu universo; o assunto aqui é mesmo literatura. Esta é uma lista bem seleta e agora o Brasil passa a ter um romance para incluir nela com o livro que você está segurando.
Com justiça é este paulistano quem realizou tal feito. José Roberto começou a escrever sua obra antes da atual evidência do modo brasileiro de produzir steampunk chamar a atenção de autores como os americanos Bruce Sterling e Jeff VanderMeer. Só que logo ele passou a se integrar plenamente ao cenário e a se destacar neste meio, com sua participação em blogs, nos eventos organizados em sua cidade e pelas redes sociais. Tanto que certos personagens deste seu romance de estreia foram batizados com nomes de alguns dos mais conhecidos entusiastas da cultura steampunk da capital paulista. É o tipo de homenagem que passa desapercebida para a maioria do público, mas que deverá fazer sorrir quem conhece as pessoas por trás de Karl, Castellini e Raul. Da mesma forma, é igualmente justo que seja o selo da Draco a estampar esta publicação. Graças a seu proprietário, Erick Santos – que também assina a belíssima capa deste tomo, pode conferi-la de novo que vale a pena – a editora igualmente paulista vem se firmando como a que mais investe no trinômio da ficção fantástica nacional, com romances e coletâneas reunindo o que há de melhor em ficção científica, fantasia e horror produzidos por nossos conterrâneos e, às vezes, até mesmo por escritores portugueses. Caso evidente disso que estou mencionando é a antologia lusobrasileira Vaporpunk – Relatos steampunk publicados sob as ordens de Suas Majestades, aquela que foi a mais importante obra do gênero a chegar a nossas livrarias em 2010. E embalada em outra capa maravilhosa criada por Ericksama, aliás.
Todavia, se despertam o interesse da crítica e dos pesquisadores, pioneirismo e homenagens não seriam o suficiente para satisfazer o leitor comum – aquele que deve ser o principal destinatário de todo e qualquer livro – se tais elementos não forem apenas os alicerces para um bom conteúdo. Neste quesito, o que O Baronato de Shoah tem a oferecer é uma aventura na medida para agradar aos apreciadores de fantasia, seja ela movida ou não a vapor e a Nepl. Muito combate épico e sacrifício individual o esperam nos capítulos a seguir, eu garanto. É a história de Sehn Hadjakkis que você está sendo convidado a conhecer, um membro da aristocracia da mais importante nação de seu mundo, o baronato do título da obra. Como tal, o rapaz deve servir por toda a vida adulta às forças bélicas da Kabalah, a elite da tropa local (não se aflija, há um glossário ao final do livro com este e outros termos de inspiração hebraica espalhados pelas linhas vindouras). A divisão do exército a que o jovem deve se alistar após completar o duríssimo treinamento é a sheyvet criada por seus pais, por sua vez, a mesma que empresta a denominação do subtítulo deste romance. A explicação para o nome deste pelotão é poética e um dos melhores achados do livro: “O silêncio pelos amigos que se foram e a litania nos templos”.
Evidentemente, as coisas não serão fáceis para nosso protagonista; se fossem, não valeria o preço do ingresso, convenhamos. Tal rito de passagem, logo no início da trama, já significa separá-lo, aos 17 anos, da amada. Apesar de ela ser de uma família rica, não faz parte da nobreza militar e social a que Sehn pertence, como integrante do renomado clã dos Hadjakkis. O impasse romântico pode até não sair de sua cabeça, mas pelos próximos anos ele será apenas uma pequena parte das preocupações do recruta. A maior dessas preocupações, obviamente, é tentar sobreviver aos rigores espartanos da vida em uma caserna do Quinto Império. Conseguindo algo assim básico, o próximo passo é descobrir qual sua inclinação nata entre os diversos, vamos simplificar a nomenclatura, regimentos da Kabalah. O rapaz pode vir a se descobrir como um amaldiçoado ou um escolhido, como o pai, que acumula as duas vocações; um membro da guarda palaciana; um inventor, um sacerdote, como a mãe; ou mesmo um profeta ou um espião. Que o destino o estava contemplando com todas essas possibilidades naquela intricada e rígida sociedade, disso ele já sabia. O que não poderia imaginar é como as coisas ficariam bem mais complicadas em sua vida, nem o modo dramático com que ele viria a descobrir a verdade sobre o seu passado e sobre tudo o mais que o cerca.
No meio disso tudo, combates aéreos, confrontos com robôs, com guerreiros, com monstros... Por isso não precisa disfarçar, vire logo a página, eu sei que você está mesmo é interessado em ver como o tal Sehn Hadjakkis usa aquela espadasserra nos inimigos e do quê – ou seria de quem? – são aquelas penas.
Divirta-se.
Caso você esteja se perguntando – e se eu estivesse em seu lugar, com o livro em mãos pela primeira vez, é o que eu estaria me fazendo neste exato instante – aquela na capa é uma espadasserra.
Tal arma e muitas outras tecnologias que o autor criou para equipar o exército mais poderoso de seu mundo, como armaduras fantásticas e imensos aeronavios, são as características que fazem desta obra um romance steampunk. O subgênero é marcado por uma fusão de elementos de alta tecnologia com a estética do passado, mais exatamente da Era do Vapor, algo que costuma ser chamado de retrofuturismo. Já houve no Brasil o lançamento de outros romances dentro do estilo: Bilac vê estrelas, de Ruy Castro, e A mão que cria, de Octavio Aragão, são ótimos exemplos. Porém, O Baronato de Shoah – A Canção do Silêncio é um livro precursor por ser o primeiro em que a base da história não está fundamentada na ficção científica e muito menos em acontecimentos reais de nosso planeta. Não, nada disso, José Roberto Vieira inovou nesta área ao escrever o primeiro romance steampunk nacional inteiramente voltado para a fantasia.
Existem, é bem verdade, o carvão e o vapor comuns no continente de Nordara, onde se passa a trama a seguir, bem como uma ainda incipiente rede de produção e distribuição de eletricidade e até mesmo motores de explosão. Mas aquilo que alimenta a espadasserra e outros apetrechos retrofuturistas igualmente chamativos é Nepl, ou simplesmente a Névoa, um combustível mágico com exóticas propriedades não apenas energéticas – para não deixar ninguém curioso, ela tem a capacidade de literalmente criar monstros. E pode acreditar que, antes de ser um mero detalhe, isso faz toda a diferença na abordagem dada pelo escritor ao subgênero da ficção fantástica que mais tem se desenvolvido em nosso país nestes últimos anos, alcançando até mesmo reconhecimento internacional. Desbravar tal território para além da FC e rumo à fantasia é uma grande, inestimável mesmo, contribuição que José Roberto e a editora Draco estão dando à cultura steamer brasileira. Que venham novas trilhas a serem abertas!
Exemplos do encontro entre fantasia e máquinas a vapor podem ser vistos em diversos trabalhos estrangeiros. Para citar alguns, fiquemos com os livros da trilogia Fronteiras do Universo, de Philip Pullman, ou ainda com a animação Avatar – A lenda de Aang, do canal Nickelodeon, ambos parcialmente transpostos para o cinema respectivamente com os filmes A Bússola de Ouro e O último Mestre do Ar. Como reconhecidamente a principal fonte de influência do autor são os jogos de interpretação, podemos lembrar ainda daqueles de mesa, como Castelo Falkenstein e, principalmente, dos eletrônicos, como a série Final Fantasy (esta última também acabou indo parar nas telas, porém os aficionados vão perceber semelhanças mesmo entre o livro e as versões mais recentes do game, de FF7 em diante). Aqui, vale um aviso a quem não gosta de ficção baseada em RPG: calma, não precisa se assustar. Mesmo influenciado por eles, o autor não joga aqueles dados multifacetados com seu universo; o assunto aqui é mesmo literatura. Esta é uma lista bem seleta e agora o Brasil passa a ter um romance para incluir nela com o livro que você está segurando.
Com justiça é este paulistano quem realizou tal feito. José Roberto começou a escrever sua obra antes da atual evidência do modo brasileiro de produzir steampunk chamar a atenção de autores como os americanos Bruce Sterling e Jeff VanderMeer. Só que logo ele passou a se integrar plenamente ao cenário e a se destacar neste meio, com sua participação em blogs, nos eventos organizados em sua cidade e pelas redes sociais. Tanto que certos personagens deste seu romance de estreia foram batizados com nomes de alguns dos mais conhecidos entusiastas da cultura steampunk da capital paulista. É o tipo de homenagem que passa desapercebida para a maioria do público, mas que deverá fazer sorrir quem conhece as pessoas por trás de Karl, Castellini e Raul. Da mesma forma, é igualmente justo que seja o selo da Draco a estampar esta publicação. Graças a seu proprietário, Erick Santos – que também assina a belíssima capa deste tomo, pode conferi-la de novo que vale a pena – a editora igualmente paulista vem se firmando como a que mais investe no trinômio da ficção fantástica nacional, com romances e coletâneas reunindo o que há de melhor em ficção científica, fantasia e horror produzidos por nossos conterrâneos e, às vezes, até mesmo por escritores portugueses. Caso evidente disso que estou mencionando é a antologia lusobrasileira Vaporpunk – Relatos steampunk publicados sob as ordens de Suas Majestades, aquela que foi a mais importante obra do gênero a chegar a nossas livrarias em 2010. E embalada em outra capa maravilhosa criada por Ericksama, aliás.
Todavia, se despertam o interesse da crítica e dos pesquisadores, pioneirismo e homenagens não seriam o suficiente para satisfazer o leitor comum – aquele que deve ser o principal destinatário de todo e qualquer livro – se tais elementos não forem apenas os alicerces para um bom conteúdo. Neste quesito, o que O Baronato de Shoah tem a oferecer é uma aventura na medida para agradar aos apreciadores de fantasia, seja ela movida ou não a vapor e a Nepl. Muito combate épico e sacrifício individual o esperam nos capítulos a seguir, eu garanto. É a história de Sehn Hadjakkis que você está sendo convidado a conhecer, um membro da aristocracia da mais importante nação de seu mundo, o baronato do título da obra. Como tal, o rapaz deve servir por toda a vida adulta às forças bélicas da Kabalah, a elite da tropa local (não se aflija, há um glossário ao final do livro com este e outros termos de inspiração hebraica espalhados pelas linhas vindouras). A divisão do exército a que o jovem deve se alistar após completar o duríssimo treinamento é a sheyvet criada por seus pais, por sua vez, a mesma que empresta a denominação do subtítulo deste romance. A explicação para o nome deste pelotão é poética e um dos melhores achados do livro: “O silêncio pelos amigos que se foram e a litania nos templos”.
Evidentemente, as coisas não serão fáceis para nosso protagonista; se fossem, não valeria o preço do ingresso, convenhamos. Tal rito de passagem, logo no início da trama, já significa separá-lo, aos 17 anos, da amada. Apesar de ela ser de uma família rica, não faz parte da nobreza militar e social a que Sehn pertence, como integrante do renomado clã dos Hadjakkis. O impasse romântico pode até não sair de sua cabeça, mas pelos próximos anos ele será apenas uma pequena parte das preocupações do recruta. A maior dessas preocupações, obviamente, é tentar sobreviver aos rigores espartanos da vida em uma caserna do Quinto Império. Conseguindo algo assim básico, o próximo passo é descobrir qual sua inclinação nata entre os diversos, vamos simplificar a nomenclatura, regimentos da Kabalah. O rapaz pode vir a se descobrir como um amaldiçoado ou um escolhido, como o pai, que acumula as duas vocações; um membro da guarda palaciana; um inventor, um sacerdote, como a mãe; ou mesmo um profeta ou um espião. Que o destino o estava contemplando com todas essas possibilidades naquela intricada e rígida sociedade, disso ele já sabia. O que não poderia imaginar é como as coisas ficariam bem mais complicadas em sua vida, nem o modo dramático com que ele viria a descobrir a verdade sobre o seu passado e sobre tudo o mais que o cerca.
No meio disso tudo, combates aéreos, confrontos com robôs, com guerreiros, com monstros... Por isso não precisa disfarçar, vire logo a página, eu sei que você está mesmo é interessado em ver como o tal Sehn Hadjakkis usa aquela espadasserra nos inimigos e do quê – ou seria de quem? – são aquelas penas.
Divirta-se.
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19.1.11
Steampunk made in Brazil 5
E Hoje quem destaca a participação internacional de brasileiros é Jeff VanderMeer. Em um post rápido em seu blog, ele comenta algumas das atrações que estarão presentes na coletânea que organizou, a Steampunk Reloaded. O escritor e editor lembrou que aquele livro foi a força que permitiu a divulgação das traduções para o inglês dos contos da antologia lusobrasileira Vaporpunk - agradecendo pelo feito Fábio Fernandes, Larry Nolen e o Beyond Victoriana - e também pelo conto do citado no post anterior Jacques Barcia no site da Tachyon. As duas notícias já haviam sido dadas por aqui, mas sem dúvida vale o repeteco pelo destaque dado por Jeff VanderMeer à produção nacional.
18.1.11
Steampunk made in Brazil 4
O escritor pernambucano Jacques Barcia, um dos contistas da coletânea Steampunk - Histórias de um passado extraordinário, acaba de anunciar em seu blog que vai estar presente em mais um livro internacional com um texto escrito originalmente em inglês. Ele está confirmado na antologia Immersion Book of Steampunk, da Immersion Press, com a história de longo título "The Siege of Dr. Vikare Blisset As Reported By Detective Carlos Verke". Segue abaixo a lista dos demais autores que farão parte da coletânea, que deverá ser lançada em meados de abril:
Parabéns a nosso compatriota que leva mais uma vez o Brazilian Steampunk ao mercado mundial!
GD Falksen
James Targett
Anatoly Belilovski
James Johnson
Dan L Hollifield
Jacques Barcia
Toby Frost
Chris Butler
Paul di Filippo
Parabéns a nosso compatriota que leva mais uma vez o Brazilian Steampunk ao mercado mundial!
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