E o Café Cultura virou mesmo um saloon neste sábado, durante o lançamento dos livros weird west das editoras Estronho e Argonautas. A pedido de Fábio Fernandes fiz um relato do evento do qual ele deve editar trechos para usar em uma matéria de sua autoria a respeito do fandom brasileiro para a revista lusitana Bang! Aproveito, então, para usar as informações que passei a ele na forma de post neste blog, mais tarde darei um upgrade, quando estiverem disponíveis algumas das fotos tiradas por lá.
O que tivemos em Florianópolis neste sábado foi um evento duplo, o lançamento simultâneo de duas coletâneas nacionais dedicadas ao gênero weird west, que, em um autêntico zeitgeist, foram produzidas simultaneamente nos estados do Rio Grande do Sul e de Minas Gerais. O livro gaúcho foi o segundo volume da coleção Sagas da editora Argonautas, dos sócios César Alcázar (organizador do livro) e Duda Falcão (um dos cinco autores): Estranho Oeste. O volume anterior foi a estreia da editora e dedicado à Espada & Magia.
Quanto à obra mineira, na qual eu tinha um dos vinte contos presentes, era da editora Estronho, de M.D. Amado: Cursed City - Onde as almas não têm valor, que conta com uma escritora portuguesa em suas páginas, Valentina Silva Ferreira, natural da Ilha da Madeira. M.D. Amado é o organizador desta última e tem conto em ambos os livros, pois, em uma coincidência notável, quando os gaúchos entraram em contato com ele para convidá-lo a escrever para a coletânea que preparavam, o mineiro já estava definindo as regras da que ele próprio viria a organizar para seu selo editorial. Longe de essa coincidência causar um desacordo ou atiçar sentimentos de concorrência, ela acabou gerando uma sinergia celebrada no meio do caminho, aqui em Santa Catarina.
Ambos os livros já haviam tido lançamentos oficiais no Rio Grande do Sul e em São Paulo, respectivamente no caso de Estranho Oeste e de Cursed City. Mas o que houve em Florianópolis, no dia 28 de maio, foi o encontro destas duas iniciativas em um evento em conjunto. Ajudei a organizar o encontro com o apoio da Sociedade Histórica Desterrense, um grupo reconstrucionista que tem o objetivo de apresentar formas lúdicas de conhecer a história de diversos períodos, com ênfase no séc XIX. Também contamos com o apoio dos organizadores da maior convenção de quadrinhos do estado, a HQCon, e da loja local do Conselho Steampunk. Além, é claro, da mobilização de ambas as editoras que estiveram presentes não apenas na forma dos livros mas na vinda dos sócios gaúchos, do mineiro e ainda da paranaense Celly Borges, revisora da coletânea Cursed City.
Ao todo, estivemos reunidos no Café Cultura, localizado bem no Centro de Florianópolis, aproximadamente 50 pessoas, lotando a parte superior do casarão colonial, que esteve à nossa disposição das 17h até além do horário normal de fechamento do lugar, às 20h. Foi uma oportunidade de confraternização de grupos que já haviam promovido eventos juntos, caso da SHD e do Conselho, e a oportunidade de fortalecer o contato com a equipe da HQCon, que em agosto abrirá espaço para apresentação de literatura steampunk em sua convenção anual. Depois do encerramento por lá, um grupo de 13 pessoas ainda esticou a conversa até o início da madrugada em uma cantina de vinhos próxima à Universidade Federal de Santa Catarina.
O apoio desses grupos ligados ao reconstrucionismo e à revisão retrofuturista do século retrasado se explica pelo gênero dos livros e pelo interesse da editora Estronho em apostar na cultura steamer. O weird west se passa naquele mesmo período histórico consagrado pela ficção steampunk, sendo normalmente ambientado na porção ocidental do território americano no século XIX. Como é uma união das consagradas narrativas de faroeste com o gênero fantástico (FC, fantasia e horror), guarda bastante semelhança e agrada os fãs do vitorianismo alternativo. E neste segmento mais especificamente, a editora de Minas vai lançar ainda este ano, durante a Fantasticon, duas antologias: Deus Ex Machina - Anjos e demónios na era do vapor e Steampink. A primeira, da qual sou o escritor convidado, mistura a temática dos anjos com ambientação steamer, sendo a pioneira em trazer autores e autoras dividindo as páginas de um mesmo livro do gênero, após o Brasil ter visto a publicação de duas coletâneas apenas com escritores do sexo masculino. Já a segunda, para a qual farei o prefácio, é exclusiva para contos de mulheres.
E é isto. De todos os comentários que me chegaram durante e após o encontro relatado acima, fiquei com a impressão de termos tido um autêntico sucesso. Reforço meus agradecimentos a todos os que ajudaram a tornar viável o lançamento e aos amigos que puderam comparecer à festa.
8 comentários:
Opa, parece que ficou muito legal o evento hein? E as fotos? :D By the way, no sábado abri minha encomenda do livro, o Cursed City ficou com um acabamento bacana hein? E ganhei brindes também! ^^ Parabéns por emplacar um conto nessa coletânea!
Sem dúvida, para a editora Estronho e acredito que Duda e César tbm concordarão conosco, o evento foi muito bom, não somente pelas vendas, mas principalmente por ampliar nossos contatos e mostrar a que viemos.
Valeu pela força, Romeu e nosso obrigado tbm a todos que participaram!
M. D. Amado e Celly Borges
O livro está lindo, Gi, comecei a ler ontem mesmo, depois de curar a ressaca ;-) Aguardo seu comentários sobre o livro, hein? As fotos estão sendo reveladas por nossos daguerreotipistas hehe
Nós é quem temos a agradecer, Amado, a você, a Celly, ao César e ao Duda, por terem incluído esta ilha ao Leste no mapa do Weird West e no dos lançamentos das editoras dedicadas à literatura fantástica!
Espero que você tenha lembrado de assinar o meu exemplar, hein, Romeu. Ou tem um Colt Supernatural aqui carregado... :)
Parabéns aos organizadores. Bom resumo das atividades Romeu. A Loja Steampunk de SC do Conselho SteamPunk esta arregaçando as mangas e mostrando serviço. Muito bom tudo isso. Ter o apoio de editoras interessadas em publicar contos e romances steampunk é um grande sinal de sabedoria. Sorte nossa. Será uma honra ter meu primeiro conto steampunk publicado ao seu lado no Deus Ex Machina.
Opa, Cirilo, mas é claro que lembrei de assinar, só não posso garantir que escrevi teu nome certo, você sabe que tenho a mania de te chamar de Cerilo ;-)
Brigadão, Carlos! A honra de dividir as páginas contigo será minha, ainda mais que na minha última ida a SP, os editores da Deus Ex falaram muito bem de seu conto!
Olá Romeu.
Vi o meu nome por aí. Agradeço a referência. Será que me pode avisar - pode ser por aqui mesmo - quando a matéria sair na revista? Obrigada.
Um beijo,
Valentina.
Olá, Valentina, bem-vinda por aqui ;-)
Assim que eu souber algo sobre a publicação da Bang!, aviso.
Beijo
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