Mais uma vez quem me deu a dica foi meu parceiro na coletânea Cursed City - Onde as almas não têm valor, Cirilo Lemos. Em breve aquele livro não vai ser mais o único com contos dedicados ao gênero que mistura ficção fantástica com faroeste. Pela mesma editora Argonautas, responsável por uma obra de Espada & Magia - sobre a qual comentei aqui -, as livrarias brasileiras receberão em abril o título Sagas Volume II - Estranho Oeste. Abaixo, o cartaz produzido por Eric Newson, com alguns dos participantes desta nova empreitada pelo lado selvagem e assombrado da América. Mais detalhes no site da editora:
27.2.11
Mais Weird West nacional
25.2.11
Brasileiros no Wold Newton Universe
Quando fiz uma nota, há exatamente um mês, sobre a participação de Carlos Orsi no The Baker Street Journal com um artigo sobre as vilãs brasileiras que atravessaram o caminho do personagem mais conhecido de Arthur Conan Doyle, lembrei de uma contribuição internacional anterior daquele escritor jundiaiense em um projeto colaborativo inspirado em outro famoso autor de ficção fantástica. Naquela oportunidade, Orsi escreveu um artigo a quatro mãos com o carioca Octavio Aragão para o Wold Newton Universe, uma expansão criada por entusiastas do conceito de Wold Newton Family criado pelo americano Philip José Farmer. Bem no início deste blog, por ocasião da morte daquele escritor que é a principal referência da chamada ficção alternativa, falei sobre o assunto:
Então, entre as "inúmeras colaborações", podemos encontrar o artigo "From Russia with madness" que foi assim definido por Orsi, em tom de brincadeira, pelo twitter, quando avisei que iria escrever um post sobre o material (vale lembrar que Martinho é o segundo sobrenome dele):
Se eu tentar resumir aqui os entroncamentos biográficos de personalidades reais e fictícias que a dupla Aragão & Martinho imaginou em seu artigo - a partir dos acontecimentos que antecederam a queda dos czares da Rússia - estragaria muitas ótimas surpresas para os leitores que ainda não conhecem o texto. Basta dizer que os brasileiros conseguiram elencar no artigo desde a eminência parda dos antigos mandatários russos, até super-heróis da Marvel e da DC, personagens de filmes, peças teatrais, seriados de TV e um enorme etcetera. O resultado é muito divertido para quem gosta das charadas intelectuais propostas por obras como A Liga Extraordinária, de Alan Moore, Anno Dracula, de Kim Newman, O outro diário de Phileas Fogg, do próprio Farmer, ou ainda A mão que cria, no qual Octavio Aragão utilizou alguns dos achados descritos no artigo. Fica minha dica de leitura para o fim de semana, lá vai o endereço novamente. Até a próxima.
O parceiro de Phillip José Farmer em diversos projetos, incluindo um último livro escrito a quatro mãos, Win Scott Eckert deu uma ótima entrevista ao site Comic Book Resources na qual fala de seu velho mestre, falecido no dia 27 de fevereiro. Ele explora bastante o tema dos crossovers entre personagens de diferentes autores, definindo bem o conceito tanto da Wold Newton Family criada por Farmer quanto de sua ampliação fruto de inúmeras colaborações, o Wold Newton Universe. Na imagem ao lado, vemos o monumento que lembra a queda do meteorito (ou, uma pedra extraordinária, conforme documentaram naquele memorial) na cidade inglesa que batiza tais conceitos, no século XVIII.
A entrevista já estava pronta para ser publicada uma semana antes, mas o responsável pela coluna semanal, Greg Hatcher, segurou o material e só o publicou na última sexta, acrescido de um novo depoimento de Eckert a respeito da inspiração que os livros de Farmer representaram para sua própria carreira de novelista. Uma bela homenagem ao rei dos crossovers. O texto pode ser lido aqui.
Então, entre as "inúmeras colaborações", podemos encontrar o artigo "From Russia with madness" que foi assim definido por Orsi, em tom de brincadeira, pelo twitter, quando avisei que iria escrever um post sobre o material (vale lembrar que Martinho é o segundo sobrenome dele):
@Carlossom71 Mais um produto Aragão & Martinho, finos pseudofactuais e elegantes histórias alternativas desde 2001
Se eu tentar resumir aqui os entroncamentos biográficos de personalidades reais e fictícias que a dupla Aragão & Martinho imaginou em seu artigo - a partir dos acontecimentos que antecederam a queda dos czares da Rússia - estragaria muitas ótimas surpresas para os leitores que ainda não conhecem o texto. Basta dizer que os brasileiros conseguiram elencar no artigo desde a eminência parda dos antigos mandatários russos, até super-heróis da Marvel e da DC, personagens de filmes, peças teatrais, seriados de TV e um enorme etcetera. O resultado é muito divertido para quem gosta das charadas intelectuais propostas por obras como A Liga Extraordinária, de Alan Moore, Anno Dracula, de Kim Newman, O outro diário de Phileas Fogg, do próprio Farmer, ou ainda A mão que cria, no qual Octavio Aragão utilizou alguns dos achados descritos no artigo. Fica minha dica de leitura para o fim de semana, lá vai o endereço novamente. Até a próxima.
23.2.11
Série sobre passado fantástico do Brasil concorre ao Nebula
Falei do trabalho do escritor americano Christopher Kastensmidt, radicado já há dez anos no Brasil, por aqui em duas ocasiões. A primeira foi esta:
E a vez seguinte foi por ocasião da publicação do trabalho dele no Brasil:
Pois agora tenho o prazer de voltar a mencionar o trabalho de Kastensmid, pois fui informado por sua assessora de que o escritor concorre com esta série ambientada em um passado fantástico do Brasil a um dos principais prêmios dedicados à Ficção Científica e Fantasia em todo o mundo. Ele concorre na categoria de melhor noveleta ao Nebula, uma premiação cujos votos são dados justamente por outros escritores do gênero. A divulgação dos vencedores vai acontecer no final de semana entre 19 e 22 de maio na capital dos Estados Unidos, nem preciso dizer para quem vai minha torcida. Abaixo, deixo mais informações sobre a série criada por esse engenheiro de computação que desenvolve games de sucesso e é professor em Porto Alegre.
A notícia dada ontem no site Universo Insônia confirma duas teses. A primeira: há interesse internacional em histórias de ficção fantástica sobre o passado do Brasil. Já a segunda é a máxima futebolística posta em prática.
Série de fantasia brasileira atraí a atenção do público e críticos norte-americanos
Porto Alegre – 17 de agosto de 2010
The Elephant and Macaw Banner™, uma série de contos escritos por Christopher Kastensmidt, anda fazendo sucesso nos EUA. Os contos são do gênero conhecido como “Espada & Feitiçaria”, um estilo de literatura fantástica estabelecida nas revistas populares de ficção de polpa do século XX. A série baseia-se no Brasil Colonial do século XVI, e expõe seres do folclore brasileiro como personagens.O primeiro conto foi publicado em fevereiro deste ano na revista Realms of Fantasy, maior revista de fantasia literária dos EUA. E não foi tarefa fácil; a revista recebe milhares de submissões literárias por ano, e costuma publicar menos de quarenta delas. Douglas Cohen, editor da revista, afirma que em quinze anos de existência foi a primeira vez que a revista publicou um conto situado no Brasil.
E a vez seguinte foi por ocasião da publicação do trabalho dele no Brasil:
A segunda iniciativa é a estreia da Devir no segmento de livros de bolso. E ela faz isso lançando no Brasil a obra do escritor americano Christopher Kastensmidt que, não só é radicado em nosso país há mais de dez anos, como escolheu esta terra como cenário para sua série intitulada "A Bandeira do Elefante e da Arara", sobre a qual comentei aqui. Duplo Fantasia Heroica: O Encontro Fortuito de Gerard van Oost e Oludara/A Travessia vai unir o trabalho de Kastensmidt com o do paulista Roberto Causo, um dos contistas presentes na coletânea Steampunk - Histórias de um passado extraordinário.
Pois agora tenho o prazer de voltar a mencionar o trabalho de Kastensmid, pois fui informado por sua assessora de que o escritor concorre com esta série ambientada em um passado fantástico do Brasil a um dos principais prêmios dedicados à Ficção Científica e Fantasia em todo o mundo. Ele concorre na categoria de melhor noveleta ao Nebula, uma premiação cujos votos são dados justamente por outros escritores do gênero. A divulgação dos vencedores vai acontecer no final de semana entre 19 e 22 de maio na capital dos Estados Unidos, nem preciso dizer para quem vai minha torcida. Abaixo, deixo mais informações sobre a série criada por esse engenheiro de computação que desenvolve games de sucesso e é professor em Porto Alegre.
A série, que terá continuação, é intitulada A bandeira do elefante e da arara, ou The elephant and macaw banner. Para divulgar a série, o escritor criou um site, onde publica arte, notícias e explicações sobre as referências históricas e culturais da série. O endereço é http://www.eamb.org/brasil/
Assim como os antigos bandeirantes, O encontro fortuito de Gerard van Oost e Oludara também rompe o Tratado de Tordesilhas e abre o território e cultura brasileira para a literatura do tipo espada e feitiçaria — engendrada por escritores como Robert E. Howard (criador de Conan) e Fritz Leiber (criador da dupla Fafhrd e Gatuno) —, que combina aventura e criaturas sobrenaturais e fantásticas.
Na noveleta, Kastensmidt apresenta os personagens Van Oost, um aventureiro e viajante holandês, e Oludara, um guerreiro ioruba tomado como escravo. Eles se encontram em Salvador durante o Brasil Colônia, dispostos a, com muita astúcia e coragem, formar uma dupla de herois como nunca se viu.
21.2.11
Aula de steampunk
Raramente reproduzo post de outros blogs na íntegra, mas é o que vou fazer a seguir, o original é este:
E vem de Porto Alegre mais um super reforço ao time de professores. Dia 3 de maio, a pesquisadora Adri Amaral estreia no curso de Coolhunting da BERLIN na Lemon School falando sobre steampunk e retrofuturismo.
Nome: Adriana Amaral
Profissão: jornalista, professora universitária e pesquisadora de cultura digital
Tema da aula: Steampunk e retrofuturismo
Por que é imperdível? Porque você vai entender como um movimento literário de nicho vindo da ficção científica se tornou uma tendência estética quentíssima na moda e na tecnologia
O que há de mais cool no mundo hoje? A diversidade de estilos, tecnologias e visões de mundo
Site: www.adriamaral.com | Twitter: @adriaramaral
Profissão: jornalista, professora universitária e pesquisadora de cultura digital
Tema da aula: Steampunk e retrofuturismo
Por que é imperdível? Porque você vai entender como um movimento literário de nicho vindo da ficção científica se tornou uma tendência estética quentíssima na moda e na tecnologia
O que há de mais cool no mundo hoje? A diversidade de estilos, tecnologias e visões de mundo
Site: www.adriamaral.com | Twitter: @adriaramaral
Aulas incríveis, atuais e imperdíveis como a da Adri, só no nosso curso!
Inscreva-se já! (41) 3019-9663 | lemonschool@lemonschool.com.br
Mais info: www.lemonschool.com.br
Inscreva-se já! (41) 3019-9663 | lemonschool@lemonschool.com.br
Mais info: www.lemonschool.com.br
Upgrade: E ainda acrescento abaixo outro post, este da própria Adriana Amaral, que veio daqui:
Quer saber por que os corsets viraram hype na moda? Por que grupos de pessoas se reúnem para fazer picnics vitorianos em várias capitais do mundo? Ou por que raios a nostalgia do passado se infiltra nas tendências do mercado? Mas, afinal o que é steampunk? Pois no dia 03 de maio às 19h30 vou apontar algumas possíveis respostas a essas e outras perguntas. É quando vou estrear como professora convidada do curso de CoolHunting e Pesquisa de Tendências da agência Berlin na Lemon School em Curitiba. O curso já está na terceira edição e acredito que vai ser uma experiência bem bacana, pois falarei sobre um tema que venho estudando desde 2002, o retrofuturismo e a estética steampunk. Meu enfoque será mostrar como um subgênero da ficção científica sai da literatura e transborda para as mais diversas mídias, a cultura, a moda, etc e como ele entrou em voga em tempos de sites de redes sociais e tecnologias. Para quem quer entender o comportamento dessa subcultura e como ela saiu do underground ao mainstream, espero indicar alguns caminhos. As inscrições estão abertas. Para mais informações basta acessar cursocoolhunting.com ou berlincool.com.br
20.2.11
Guia de Moda para Reconstrucionistas
O título acima foi dado por Pauline Kisner, a Mme. Mean, a uma série de postagens em seu blog Diários Anacrônicos. A professora de História - e organizadora dos primeiros encontros de Florianópolis dedicados a reconstruir as mais diversas épocas de nosso passado - compilou nos últimos dias uma grande variedade de dicas a todos os interessados na pesquisa sobre vestuário do final do século XVIII até início do XX. Nem preciso dizer o quanto isso é interessante para apreciadores do steampunk, seja para melhor descrever as roupas em seus textos ou para reproduzir a moda do período escolhido em algum evento. Abaixo, vou reproduzir o primeiro post desta série para, em seguida, deixá-los com os links para a sequência do Guia.
Vamos aos links, com algumas das fotos escolhidas por Pauline:
Guia de Moda Reconstrucionista Feminina: 1790-1830
Guia de Moda Reconstrucionista Feminina: 1840-1900
Guia de Moda Reconstrucionista Feminina: 1900-1914
Guia de Moda Reconstrucionista Feminina: 1918-1930
Guia de Moda Reconstrucionista Masculina
A primeira participação num evento reconstrucionista acaba trazendo à tona uma certa preocupação com o traje a ser usado. Roupas e acessórios de época não são fáceis, nem muito baratos, de se comprar ou construir, além de requerer um certo estudo do período. Nos primeiros eventos reconstrucionistas, é natural que você não esteja disposto(a) a investir grandes somas num guarda-roupa historicamente correto. Para ser sincera, não aconselho ninguém a fazer isso logo no início; até que você tenha certeza de que gosta da coisa e vai se manter no reconstrucionismo por mais alguns anos, pode investir em peças mais simples e baratas, que possam até mesmo ser usadas no seu dia-a-dia.
Com um pouco de paciência e disposição, muita coisa útil e de boa qualidade (não necessariamente cara!) pode ser achada em brechós, lojas de fantasia, antiquários e entre os pertences dos seus avós. Já tive também boas surpresas no Mercado Livre, com chapéus, luvas e até mesmo relógios de bolso. No entanto, essas dicas não servem de nada se você não souber exatamente o que procurar. Sugiro que você comece dando uma boa lida no material disponibilizado em nossos fóruns, para se familiarizar com a silhueta e os estilos de cabelos, sapatos e acessórios de cada época.
Dos séculos que a Sociedade Histórica Desterrense (SHD) se propõe a reconstruir em seus eventos, o período de 1530-1790 é o que possui os trajes mais difíceis de serem reproduzidos, principalmente em função da falta de materiais adequados para confecciona-los e referências em português. O mesmo se estende aos acessórios desse período. Assim, para você que é um(a) iniciante nos eventos reconstrucionistas, sugiro aproveitar o período de 1790-1930. Você poderá conferir aqui no blog algumas dicas para damas e cavalheiros reconstrucionistas apresentarem-se com dignidade nos eventos, sem comprometer suas finanças.
Vamos aos links, com algumas das fotos escolhidas por Pauline:
Guia de Moda Reconstrucionista Feminina: 1790-1830
Guia de Moda Reconstrucionista Feminina: 1840-1900
Guia de Moda Reconstrucionista Feminina: 1900-1914
Guia de Moda Reconstrucionista Feminina: 1918-1930
Guia de Moda Reconstrucionista Masculina
Marcadores:
moda,
Notícia,
Sociedade Histórica Desterrense
18.2.11
Palpitando sobre cinema
Uma pausa para um reclame rápido. Está no ar, no blog Sala de Cinema, do grupo RBS, um vídeo com participação minha. Fui convidado, ao lado do meu colega de antigas malaquices Fabrício Rodrigues, pelo titular do programa, Felipe Alves, para comentar o filme recém-lançado em nossos cinemas O Ritual, com sir Anthony Hopkins e nossa compatriota Alice Braga. Para assistir nossa opinião sobre essa produção de horror psicológico baseada em fatos reais basta clicar aqui.
Circo dos Horrores
Le Monde Bizarre é o nome da companhia de entretenimento circense mais antiga, ainda em atividade, de que se tem notícias. Seu fundador, Monsieur Serge Tissot, criou um mundo particular onde habitavam os mais bizarros seres já vistos na terra. De homens de duas cabeças até criaturas inomináveis e quase indescritíveis. Curiosamente, o significado de seu nome é pastor. E era assim que ele também se denominava. Um pastor de criaturas esquecidas e abandonadas pela humanidade. Porém, um dia, cansado de viver em sua fazenda ao sul da França, cuidando dos pobres miseráveis aos quais dava abrigo, Serge fundou a companhia que daria voltas e mais voltas ao mundo, mostrando a todos a escória humana que as cidades insistiam em esconder. Vendeu sua fazenda e quase todos os seus pertences, investindo tudo em seu ousado projeto. Carruagens luxuosas para ele e os mais íntimos e outras carroças não muito confortáveis por dentro, mas excepcionalmente belas por fora. Chamar a atenção era seu principal objetivo ao chegar às cidades onde se instalava por alguns dias.
Até aqui, nada de excepcional. Apenas mais um circo de bizarrices que apresentava espécimes da degradação humana. Porém, existem causos e lendas sobre Le Monde Bizarre, que deixaram discretos rastros na história. Discretos porque o medo sempre dominou aqueles que eventualmente sobreviveram aos acontecimentos que até hoje correm a boca pequena, em um quase segredo de estado, em que até mesmo as autoridades preferem considerar apenas como lendas e nada mais.
Os leitores devem ter notado que citei anteriormente que o circo ainda está em atividade. Segundo os atuais componentes, a direção do espetáculo bizarro passou de geração para geração, após a morte de Serge Tissot, que teria se dado em condições misteriosas. Como seu primeiro sucessor, seu filho mais velho, que carregava na certidão o nome do pai, decretou no dia de sua posse, que, daquela data em diante, todos os futuros sucessores deveriam usar o seu nome como homenagem ao homem que ousou mostrar ao mundo as suas feridas, sendo eles parentes ou funcionários de confiança que por ventura viessem a herdar a responsabilidade de não deixar que o próprio circo morresse.
No entanto, senhoras e senhores, o que tenho a dizer pode parecer absurdo e inaceitável, mas digo com a convicção de quem carrega imagens e visões reveladoras que perturbam meus sonhos há décadas. Faço parte de um grupo de pessoas que está disposto a contar detalhes de episódios horripilantes que levam a assinatura de Monsieur Serge Tissot e sua trupe do Le Monde Bizarre. E, para abrir essa caixa de segredos, eu posso lhes dizer com toda convicção que Monsieur Serge Tissot não vive apenas através de uma tradicional homenagem que atravessa séculos. Ele não é apenas um nome. Serge Tissot é talvez o maior mistério de sua própria companhia, pois ele vive em carne e osso e comanda todo o espetáculo de atrocidades que acontece fora da lona de seu circo, nas cidades por onde eles passam. Os mais velhos podem reconhecer em seus olhos, o homem que muda de face a fim de esconder sua imortalidade.
Nosso grupo de escritores vai levá-los em uma viagem pelo mundo. Passaremos por vários países, visitando desde as pequenas vilas até as metrópoles que escondem em seus becos escuros, os crimes deixados para trás, pela trupe de Le Monde Bizarre.
Le Monde Bizarre, o circo dos horrores está chegando. Já posso ouvir a música e as gargalhadas sinistras. O choro dos torturados e os gemidos sufocados de algumas pobres atrações. Ouço a voz poderosa de Monsieur Serge Tissot. Vejo muito sangue, vísceras e atrocidades sem limite.
Prepare-se você também, pois palhaços nada convencionais podem bater à sua porta, convidando seus familiares para o incrível e grandioso espetáculo da noite, no qual a atração final pode ser VOCÊ!
Editora Estronho
Organização: M. D. Amado
Prefácio: Medo B
Autores Convidados: Alexandre Heredia e Iam Gore Godoy
Gênero: Terror Gore
Informações e Regulamento
Até aqui, nada de excepcional. Apenas mais um circo de bizarrices que apresentava espécimes da degradação humana. Porém, existem causos e lendas sobre Le Monde Bizarre, que deixaram discretos rastros na história. Discretos porque o medo sempre dominou aqueles que eventualmente sobreviveram aos acontecimentos que até hoje correm a boca pequena, em um quase segredo de estado, em que até mesmo as autoridades preferem considerar apenas como lendas e nada mais.
Os leitores devem ter notado que citei anteriormente que o circo ainda está em atividade. Segundo os atuais componentes, a direção do espetáculo bizarro passou de geração para geração, após a morte de Serge Tissot, que teria se dado em condições misteriosas. Como seu primeiro sucessor, seu filho mais velho, que carregava na certidão o nome do pai, decretou no dia de sua posse, que, daquela data em diante, todos os futuros sucessores deveriam usar o seu nome como homenagem ao homem que ousou mostrar ao mundo as suas feridas, sendo eles parentes ou funcionários de confiança que por ventura viessem a herdar a responsabilidade de não deixar que o próprio circo morresse.
No entanto, senhoras e senhores, o que tenho a dizer pode parecer absurdo e inaceitável, mas digo com a convicção de quem carrega imagens e visões reveladoras que perturbam meus sonhos há décadas. Faço parte de um grupo de pessoas que está disposto a contar detalhes de episódios horripilantes que levam a assinatura de Monsieur Serge Tissot e sua trupe do Le Monde Bizarre. E, para abrir essa caixa de segredos, eu posso lhes dizer com toda convicção que Monsieur Serge Tissot não vive apenas através de uma tradicional homenagem que atravessa séculos. Ele não é apenas um nome. Serge Tissot é talvez o maior mistério de sua própria companhia, pois ele vive em carne e osso e comanda todo o espetáculo de atrocidades que acontece fora da lona de seu circo, nas cidades por onde eles passam. Os mais velhos podem reconhecer em seus olhos, o homem que muda de face a fim de esconder sua imortalidade.
Nosso grupo de escritores vai levá-los em uma viagem pelo mundo. Passaremos por vários países, visitando desde as pequenas vilas até as metrópoles que escondem em seus becos escuros, os crimes deixados para trás, pela trupe de Le Monde Bizarre.
Le Monde Bizarre, o circo dos horrores está chegando. Já posso ouvir a música e as gargalhadas sinistras. O choro dos torturados e os gemidos sufocados de algumas pobres atrações. Ouço a voz poderosa de Monsieur Serge Tissot. Vejo muito sangue, vísceras e atrocidades sem limite.
Prepare-se você também, pois palhaços nada convencionais podem bater à sua porta, convidando seus familiares para o incrível e grandioso espetáculo da noite, no qual a atração final pode ser VOCÊ!
Editora Estronho
Organização: M. D. Amado
Prefácio: Medo B
Autores Convidados: Alexandre Heredia e Iam Gore Godoy
Gênero: Terror Gore
Informações e Regulamento
17.2.11
Prefácio de Baronato de Shoah
Já havia anunciado anteriormente que fui convidado a escrever o prefácio do primeiro romance steampunk brasileiro a unir a estética steampunk com elementos de fantasia. O resultado do convite do autor José Roberto Vieira e do editor Erick Santos pode ser lido nas páginas iniciais de O Baronato de Shoah - A Canção do Silêncio, que já se encontra em pré-venda pela loja virtual do Estronho. Porém, como a dupla me liberou o material para divulgação, o texto que escrevi para apresentar a obra de estreia do escritor paulista será postado logo abaixo, depois da arte completa da capa, elaborada pelo talentoso dono da editora Draco. Boa leitura.
Caso você esteja se perguntando – e se eu estivesse em seu lugar, com o livro em mãos pela primeira vez, é o que eu estaria me fazendo neste exato instante – aquela na capa é uma espadasserra.
Tal arma e muitas outras tecnologias que o autor criou para equipar o exército mais poderoso de seu mundo, como armaduras fantásticas e imensos aeronavios, são as características que fazem desta obra um romance steampunk. O subgênero é marcado por uma fusão de elementos de alta tecnologia com a estética do passado, mais exatamente da Era do Vapor, algo que costuma ser chamado de retrofuturismo. Já houve no Brasil o lançamento de outros romances dentro do estilo: Bilac vê estrelas, de Ruy Castro, e A mão que cria, de Octavio Aragão, são ótimos exemplos. Porém, O Baronato de Shoah – A Canção do Silêncio é um livro precursor por ser o primeiro em que a base da história não está fundamentada na ficção científica e muito menos em acontecimentos reais de nosso planeta. Não, nada disso, José Roberto Vieira inovou nesta área ao escrever o primeiro romance steampunk nacional inteiramente voltado para a fantasia.
Existem, é bem verdade, o carvão e o vapor comuns no continente de Nordara, onde se passa a trama a seguir, bem como uma ainda incipiente rede de produção e distribuição de eletricidade e até mesmo motores de explosão. Mas aquilo que alimenta a espadasserra e outros apetrechos retrofuturistas igualmente chamativos é Nepl, ou simplesmente a Névoa, um combustível mágico com exóticas propriedades não apenas energéticas – para não deixar ninguém curioso, ela tem a capacidade de literalmente criar monstros. E pode acreditar que, antes de ser um mero detalhe, isso faz toda a diferença na abordagem dada pelo escritor ao subgênero da ficção fantástica que mais tem se desenvolvido em nosso país nestes últimos anos, alcançando até mesmo reconhecimento internacional. Desbravar tal território para além da FC e rumo à fantasia é uma grande, inestimável mesmo, contribuição que José Roberto e a editora Draco estão dando à cultura steamer brasileira. Que venham novas trilhas a serem abertas!
Exemplos do encontro entre fantasia e máquinas a vapor podem ser vistos em diversos trabalhos estrangeiros. Para citar alguns, fiquemos com os livros da trilogia Fronteiras do Universo, de Philip Pullman, ou ainda com a animação Avatar – A lenda de Aang, do canal Nickelodeon, ambos parcialmente transpostos para o cinema respectivamente com os filmes A Bússola de Ouro e O último Mestre do Ar. Como reconhecidamente a principal fonte de influência do autor são os jogos de interpretação, podemos lembrar ainda daqueles de mesa, como Castelo Falkenstein e, principalmente, dos eletrônicos, como a série Final Fantasy (esta última também acabou indo parar nas telas, porém os aficionados vão perceber semelhanças mesmo entre o livro e as versões mais recentes do game, de FF7 em diante). Aqui, vale um aviso a quem não gosta de ficção baseada em RPG: calma, não precisa se assustar. Mesmo influenciado por eles, o autor não joga aqueles dados multifacetados com seu universo; o assunto aqui é mesmo literatura. Esta é uma lista bem seleta e agora o Brasil passa a ter um romance para incluir nela com o livro que você está segurando.
Com justiça é este paulistano quem realizou tal feito. José Roberto começou a escrever sua obra antes da atual evidência do modo brasileiro de produzir steampunk chamar a atenção de autores como os americanos Bruce Sterling e Jeff VanderMeer. Só que logo ele passou a se integrar plenamente ao cenário e a se destacar neste meio, com sua participação em blogs, nos eventos organizados em sua cidade e pelas redes sociais. Tanto que certos personagens deste seu romance de estreia foram batizados com nomes de alguns dos mais conhecidos entusiastas da cultura steampunk da capital paulista. É o tipo de homenagem que passa desapercebida para a maioria do público, mas que deverá fazer sorrir quem conhece as pessoas por trás de Karl, Castellini e Raul. Da mesma forma, é igualmente justo que seja o selo da Draco a estampar esta publicação. Graças a seu proprietário, Erick Santos – que também assina a belíssima capa deste tomo, pode conferi-la de novo que vale a pena – a editora igualmente paulista vem se firmando como a que mais investe no trinômio da ficção fantástica nacional, com romances e coletâneas reunindo o que há de melhor em ficção científica, fantasia e horror produzidos por nossos conterrâneos e, às vezes, até mesmo por escritores portugueses. Caso evidente disso que estou mencionando é a antologia lusobrasileira Vaporpunk – Relatos steampunk publicados sob as ordens de Suas Majestades, aquela que foi a mais importante obra do gênero a chegar a nossas livrarias em 2010. E embalada em outra capa maravilhosa criada por Ericksama, aliás.
Todavia, se despertam o interesse da crítica e dos pesquisadores, pioneirismo e homenagens não seriam o suficiente para satisfazer o leitor comum – aquele que deve ser o principal destinatário de todo e qualquer livro – se tais elementos não forem apenas os alicerces para um bom conteúdo. Neste quesito, o que O Baronato de Shoah tem a oferecer é uma aventura na medida para agradar aos apreciadores de fantasia, seja ela movida ou não a vapor e a Nepl. Muito combate épico e sacrifício individual o esperam nos capítulos a seguir, eu garanto. É a história de Sehn Hadjakkis que você está sendo convidado a conhecer, um membro da aristocracia da mais importante nação de seu mundo, o baronato do título da obra. Como tal, o rapaz deve servir por toda a vida adulta às forças bélicas da Kabalah, a elite da tropa local (não se aflija, há um glossário ao final do livro com este e outros termos de inspiração hebraica espalhados pelas linhas vindouras). A divisão do exército a que o jovem deve se alistar após completar o duríssimo treinamento é a sheyvet criada por seus pais, por sua vez, a mesma que empresta a denominação do subtítulo deste romance. A explicação para o nome deste pelotão é poética e um dos melhores achados do livro: “O silêncio pelos amigos que se foram e a litania nos templos”.
Evidentemente, as coisas não serão fáceis para nosso protagonista; se fossem, não valeria o preço do ingresso, convenhamos. Tal rito de passagem, logo no início da trama, já significa separá-lo, aos 17 anos, da amada. Apesar de ela ser de uma família rica, não faz parte da nobreza militar e social a que Sehn pertence, como integrante do renomado clã dos Hadjakkis. O impasse romântico pode até não sair de sua cabeça, mas pelos próximos anos ele será apenas uma pequena parte das preocupações do recruta. A maior dessas preocupações, obviamente, é tentar sobreviver aos rigores espartanos da vida em uma caserna do Quinto Império. Conseguindo algo assim básico, o próximo passo é descobrir qual sua inclinação nata entre os diversos, vamos simplificar a nomenclatura, regimentos da Kabalah. O rapaz pode vir a se descobrir como um amaldiçoado ou um escolhido, como o pai, que acumula as duas vocações; um membro da guarda palaciana; um inventor, um sacerdote, como a mãe; ou mesmo um profeta ou um espião. Que o destino o estava contemplando com todas essas possibilidades naquela intricada e rígida sociedade, disso ele já sabia. O que não poderia imaginar é como as coisas ficariam bem mais complicadas em sua vida, nem o modo dramático com que ele viria a descobrir a verdade sobre o seu passado e sobre tudo o mais que o cerca.
No meio disso tudo, combates aéreos, confrontos com robôs, com guerreiros, com monstros... Por isso não precisa disfarçar, vire logo a página, eu sei que você está mesmo é interessado em ver como o tal Sehn Hadjakkis usa aquela espadasserra nos inimigos e do quê – ou seria de quem? – são aquelas penas.
Divirta-se.
Caso você esteja se perguntando – e se eu estivesse em seu lugar, com o livro em mãos pela primeira vez, é o que eu estaria me fazendo neste exato instante – aquela na capa é uma espadasserra.
Tal arma e muitas outras tecnologias que o autor criou para equipar o exército mais poderoso de seu mundo, como armaduras fantásticas e imensos aeronavios, são as características que fazem desta obra um romance steampunk. O subgênero é marcado por uma fusão de elementos de alta tecnologia com a estética do passado, mais exatamente da Era do Vapor, algo que costuma ser chamado de retrofuturismo. Já houve no Brasil o lançamento de outros romances dentro do estilo: Bilac vê estrelas, de Ruy Castro, e A mão que cria, de Octavio Aragão, são ótimos exemplos. Porém, O Baronato de Shoah – A Canção do Silêncio é um livro precursor por ser o primeiro em que a base da história não está fundamentada na ficção científica e muito menos em acontecimentos reais de nosso planeta. Não, nada disso, José Roberto Vieira inovou nesta área ao escrever o primeiro romance steampunk nacional inteiramente voltado para a fantasia.
Existem, é bem verdade, o carvão e o vapor comuns no continente de Nordara, onde se passa a trama a seguir, bem como uma ainda incipiente rede de produção e distribuição de eletricidade e até mesmo motores de explosão. Mas aquilo que alimenta a espadasserra e outros apetrechos retrofuturistas igualmente chamativos é Nepl, ou simplesmente a Névoa, um combustível mágico com exóticas propriedades não apenas energéticas – para não deixar ninguém curioso, ela tem a capacidade de literalmente criar monstros. E pode acreditar que, antes de ser um mero detalhe, isso faz toda a diferença na abordagem dada pelo escritor ao subgênero da ficção fantástica que mais tem se desenvolvido em nosso país nestes últimos anos, alcançando até mesmo reconhecimento internacional. Desbravar tal território para além da FC e rumo à fantasia é uma grande, inestimável mesmo, contribuição que José Roberto e a editora Draco estão dando à cultura steamer brasileira. Que venham novas trilhas a serem abertas!
Exemplos do encontro entre fantasia e máquinas a vapor podem ser vistos em diversos trabalhos estrangeiros. Para citar alguns, fiquemos com os livros da trilogia Fronteiras do Universo, de Philip Pullman, ou ainda com a animação Avatar – A lenda de Aang, do canal Nickelodeon, ambos parcialmente transpostos para o cinema respectivamente com os filmes A Bússola de Ouro e O último Mestre do Ar. Como reconhecidamente a principal fonte de influência do autor são os jogos de interpretação, podemos lembrar ainda daqueles de mesa, como Castelo Falkenstein e, principalmente, dos eletrônicos, como a série Final Fantasy (esta última também acabou indo parar nas telas, porém os aficionados vão perceber semelhanças mesmo entre o livro e as versões mais recentes do game, de FF7 em diante). Aqui, vale um aviso a quem não gosta de ficção baseada em RPG: calma, não precisa se assustar. Mesmo influenciado por eles, o autor não joga aqueles dados multifacetados com seu universo; o assunto aqui é mesmo literatura. Esta é uma lista bem seleta e agora o Brasil passa a ter um romance para incluir nela com o livro que você está segurando.
Com justiça é este paulistano quem realizou tal feito. José Roberto começou a escrever sua obra antes da atual evidência do modo brasileiro de produzir steampunk chamar a atenção de autores como os americanos Bruce Sterling e Jeff VanderMeer. Só que logo ele passou a se integrar plenamente ao cenário e a se destacar neste meio, com sua participação em blogs, nos eventos organizados em sua cidade e pelas redes sociais. Tanto que certos personagens deste seu romance de estreia foram batizados com nomes de alguns dos mais conhecidos entusiastas da cultura steampunk da capital paulista. É o tipo de homenagem que passa desapercebida para a maioria do público, mas que deverá fazer sorrir quem conhece as pessoas por trás de Karl, Castellini e Raul. Da mesma forma, é igualmente justo que seja o selo da Draco a estampar esta publicação. Graças a seu proprietário, Erick Santos – que também assina a belíssima capa deste tomo, pode conferi-la de novo que vale a pena – a editora igualmente paulista vem se firmando como a que mais investe no trinômio da ficção fantástica nacional, com romances e coletâneas reunindo o que há de melhor em ficção científica, fantasia e horror produzidos por nossos conterrâneos e, às vezes, até mesmo por escritores portugueses. Caso evidente disso que estou mencionando é a antologia lusobrasileira Vaporpunk – Relatos steampunk publicados sob as ordens de Suas Majestades, aquela que foi a mais importante obra do gênero a chegar a nossas livrarias em 2010. E embalada em outra capa maravilhosa criada por Ericksama, aliás.
Todavia, se despertam o interesse da crítica e dos pesquisadores, pioneirismo e homenagens não seriam o suficiente para satisfazer o leitor comum – aquele que deve ser o principal destinatário de todo e qualquer livro – se tais elementos não forem apenas os alicerces para um bom conteúdo. Neste quesito, o que O Baronato de Shoah tem a oferecer é uma aventura na medida para agradar aos apreciadores de fantasia, seja ela movida ou não a vapor e a Nepl. Muito combate épico e sacrifício individual o esperam nos capítulos a seguir, eu garanto. É a história de Sehn Hadjakkis que você está sendo convidado a conhecer, um membro da aristocracia da mais importante nação de seu mundo, o baronato do título da obra. Como tal, o rapaz deve servir por toda a vida adulta às forças bélicas da Kabalah, a elite da tropa local (não se aflija, há um glossário ao final do livro com este e outros termos de inspiração hebraica espalhados pelas linhas vindouras). A divisão do exército a que o jovem deve se alistar após completar o duríssimo treinamento é a sheyvet criada por seus pais, por sua vez, a mesma que empresta a denominação do subtítulo deste romance. A explicação para o nome deste pelotão é poética e um dos melhores achados do livro: “O silêncio pelos amigos que se foram e a litania nos templos”.
Evidentemente, as coisas não serão fáceis para nosso protagonista; se fossem, não valeria o preço do ingresso, convenhamos. Tal rito de passagem, logo no início da trama, já significa separá-lo, aos 17 anos, da amada. Apesar de ela ser de uma família rica, não faz parte da nobreza militar e social a que Sehn pertence, como integrante do renomado clã dos Hadjakkis. O impasse romântico pode até não sair de sua cabeça, mas pelos próximos anos ele será apenas uma pequena parte das preocupações do recruta. A maior dessas preocupações, obviamente, é tentar sobreviver aos rigores espartanos da vida em uma caserna do Quinto Império. Conseguindo algo assim básico, o próximo passo é descobrir qual sua inclinação nata entre os diversos, vamos simplificar a nomenclatura, regimentos da Kabalah. O rapaz pode vir a se descobrir como um amaldiçoado ou um escolhido, como o pai, que acumula as duas vocações; um membro da guarda palaciana; um inventor, um sacerdote, como a mãe; ou mesmo um profeta ou um espião. Que o destino o estava contemplando com todas essas possibilidades naquela intricada e rígida sociedade, disso ele já sabia. O que não poderia imaginar é como as coisas ficariam bem mais complicadas em sua vida, nem o modo dramático com que ele viria a descobrir a verdade sobre o seu passado e sobre tudo o mais que o cerca.
No meio disso tudo, combates aéreos, confrontos com robôs, com guerreiros, com monstros... Por isso não precisa disfarçar, vire logo a página, eu sei que você está mesmo é interessado em ver como o tal Sehn Hadjakkis usa aquela espadasserra nos inimigos e do quê – ou seria de quem? – são aquelas penas.
Divirta-se.
Marcadores:
livro,
Notícia,
steampunk feito no Brasil
O retorno do Monarca
Tiburcio, o ilustrador do meu conto "Modelo B", publicado na edição de estreia de Vapor Marginal, voltou a atualizar sua webtira "Meu Monarca Favorito" após algumas semanas de pausa. Em seu outro blog, o desenhista explicou o motivo da parada que preocupou leitores:
Abaixo, podemos ver os vestidos de gala criados por Tiburcio para as damas que vão comparecer ao baile promovido pelo Monarca - e programado para a tira #44, como o autor esclareceu nos comentários. Para ver os trajes masculinos, é só clicar aqui:
A webcomic Meu Monarca Favorito esteve em standby nesse final de 2010 e início de 2011. E tudo se deu por causa do excesso de trabalho aqui do estúdio. Agora depois de quase dois meses retomamos a publicação das tirinhas.
Alguns leitores reclamaram, mas o fato é que o monarca volta em grande estilo, com o Baile dos Amendoins. Quem quiser conferir essa história basta ir lá em Meu Monarca Favorito e acompanhar a história desde o início.
Esta tira se passa no final do sec XIX, era vitoriana no fictício “Império” onde o Monarca é quem manda. Mas ele, modesto e gentil, dá a vez aos protagonistas diversos da trama que são vários e de todos os tipos, os protagonistas da tira dessa semana , o Episódio #41 são o casal Platelminto que se endividou até os cabelos para não fazer feio no baile do Imperador.
Acompanhe essa webcomic. Muita gente gosta e voce vai gostar também, é quadrinho para toda a famíla!
Abaixo, podemos ver os vestidos de gala criados por Tiburcio para as damas que vão comparecer ao baile promovido pelo Monarca - e programado para a tira #44, como o autor esclareceu nos comentários. Para ver os trajes masculinos, é só clicar aqui:
16.2.11
Ação, almanaque de mangá nacional
Mais uma notícia envolvendo quadrinhos de interesse para quem curte retrofuturismo. Alex Lancaster está à frente de um projeto que pretende trazer ao Brasil o mesmo modelo usado no Japão para apresentar séries de mangás, um almanaque cuja rotatividade dos títulos dependerá da popularidade de cada obra. Serão os leitores, interagindo com os editores e autores, que determinarão qual série de Ação Magazine terá continuidade em suas páginas. Uma amostra do material que está disponível para apreciação dos leitores pode ser acessado neste endereço, no qual se encontra o número zero da revista, cuja capa é esta abaixo, que segue bem de perto o padrão nipônico:
Entre os mangás presentes nestes previews podemos ver Expresso!, uma obra steamer com a qual Lancaster trabalhou no formato de conto na coletânea Steampunk - Histórias de um passado extraordinário. Os demais títulos foram apresentados também no endereço do twitter da publicação, são eles:
RAPSÓDIA, de @XILFX e @CarlosSneak é uma saga de fantasia aonde um bardo de um povo pequenino caça os gigantes que atormentam seu mundo.
MADENKA, de Will Walber, é uma série de luta em um mundo repleto de criaturas de nosso folclore, mas que não são nem um pouco inofensivos...
JAIRO, de Michele Lys, Renato Csar e Altair Messias, é um quadrinho de boxe aonde o personagem-título busca a medalha olímpica na Rio 2016.
ARCABUZ, de @marciomazur e @RobertaPares é uma aventura capa-e-espada durante a era da União Ibérica. Romance, tesouros, piratas e duelos.
TUNADO, de @mauriliodna e Victor Strang, é uma série de rachas automobilísticos nos moldes de Velozes e Furiosos. Tuning e muita adrenalina.
Entre os mangás presentes nestes previews podemos ver Expresso!, uma obra steamer com a qual Lancaster trabalhou no formato de conto na coletânea Steampunk - Histórias de um passado extraordinário. Os demais títulos foram apresentados também no endereço do twitter da publicação, são eles:
RAPSÓDIA, de @XILFX e @CarlosSneak é uma saga de fantasia aonde um bardo de um povo pequenino caça os gigantes que atormentam seu mundo.
MADENKA, de Will Walber, é uma série de luta em um mundo repleto de criaturas de nosso folclore, mas que não são nem um pouco inofensivos...
JAIRO, de Michele Lys, Renato Csar e Altair Messias, é um quadrinho de boxe aonde o personagem-título busca a medalha olímpica na Rio 2016.
ARCABUZ, de @marciomazur e @RobertaPares é uma aventura capa-e-espada durante a era da União Ibérica. Romance, tesouros, piratas e duelos.
TUNADO, de @mauriliodna e Victor Strang, é uma série de rachas automobilísticos nos moldes de Velozes e Furiosos. Tuning e muita adrenalina.
15.2.11
Prelúdio em quadrinhos de Bravura Indômita
A dica veio pelo Twitter, onde aquela série sobre Weird West em quadrinhos publicada por aqui vem gerando um ótimo debate sobre os fumetti, principalmente o modo italiano de retratar o Velho Oeste. Mas a dica em si é sobre material americano mesmo e partiu de Cirilo Lemos, com quem vou ter o prazer de dividir as páginas da coletânea Cursed City - Onde as almas não têm valor. Foi ele quem avisou que está disponível um prelúdio em forma de HQ do filme Bravura Indômita (True Grit), readaptação dos irmãos Joel e Ethan Coen a partir do livro de Charles Portis escrito em 1968 (anteriormente ele já foi levado aos cinemas, no ano seguinte, em uma produção premiada e protagonizada pelo mitológico John Wayne). A capa da revista virtual, em um arquivo de 27 páginas, sendo 24 de quadrinhos, é a que vai abaixo.
O texto foi adaptado do romance e do roteiro, com arte assinada por Christian Wildgoose. O desenhista cuidou de dar a imagem do novo protagonista da história nos cinemas para sua contraparte nos quadrinhos: o xerife Reuben J. Cogburn, do Arkansas, agora tem a fisionomia de Jeff Bridges (além do tapa-olho cobrindo o lado direito e não mais o esquerdo, como no filme original, em uma nova alegoria política dos Coen). Li Bravura Indômita - Um negócio pesado esta manhã como preparação para finalmente ver o filme, o que deveria ter acontecido semana passada em uma cabine de imprensa cuja data acabei perdendo. Se eu não voltar a fazer bobagem, amanhã será o dia em que vou conferir essa rara oportunidade de assistir a um faroeste nos cinemas - tive que força a memória para lembrar qual havia sido o último que vi, no caso Os Indomáveis (3:10 to Yuma), com Christian Bale e Russel Crowe, de 2007. Então, repasso a dica do Cirilo: leia a HQ, veja o filme.
O texto foi adaptado do romance e do roteiro, com arte assinada por Christian Wildgoose. O desenhista cuidou de dar a imagem do novo protagonista da história nos cinemas para sua contraparte nos quadrinhos: o xerife Reuben J. Cogburn, do Arkansas, agora tem a fisionomia de Jeff Bridges (além do tapa-olho cobrindo o lado direito e não mais o esquerdo, como no filme original, em uma nova alegoria política dos Coen). Li Bravura Indômita - Um negócio pesado esta manhã como preparação para finalmente ver o filme, o que deveria ter acontecido semana passada em uma cabine de imprensa cuja data acabei perdendo. Se eu não voltar a fazer bobagem, amanhã será o dia em que vou conferir essa rara oportunidade de assistir a um faroeste nos cinemas - tive que força a memória para lembrar qual havia sido o último que vi, no caso Os Indomáveis (3:10 to Yuma), com Christian Bale e Russel Crowe, de 2007. Então, repasso a dica do Cirilo: leia a HQ, veja o filme.
14.2.11
Literatura fantástica fora do armário
Quero reforçar aqui a divulgação de uma iniciativa que considero uma das mais importantes já elaboradas na ficção especulativa nacional - e que está aberta para a participação de steamers, como vamos ver. Fui testemunha de como a ideia inicial surgiu, em uma conversa com diversos participantes pelo twitter - em certos momentos, era impossível linkar todas as arrobas envolvidas no momento de dar um reply, tamanha a agitação com o assunto - no final do acalorado clima das últimas eleições presidenciais. O assunto era como estavam sendo tratados temas como tolerância religiosa e sexual pelos candidatos à Presidência e por seus militantes, além da questão da homofobia no país, com vários casos de agressão registrados naqueles dias. Como o debate via twitter estava acontecendo entre escritores de ficção científica e fantasia, majoritariamente, a consequência lógica foi o questionamento: por que não organizar uma coletânea de literatura fantástica que trate deste momento no Brasil?
A resposta àquela pergunta surgiu no dia 2 de fevereiro, quando o site da Tarja Editorial lançou a chamada para A fantástica literatura Queer, um livro que será organizado pelos escritores Cristina Lasaitis e Rober Pinheiro. Esta é uma belíssima oportunidade para a comunidade ligada a este gênero literário no país se envolver em um assunto que já é tema de estudos e produção artística em outros mercados. Como eu disse, gostaria aqui de reforçar essa divulgação e faria mesmo se o projeto não estivesse ligado à cultura steampunk. Porém, o fato é que ele está, uma vez que a chamada - destaco que é de longe a mais bem escrita e instigante que já li em relação a coletâneas de FC,F&T - relaciona explicitamente que está aberta para contribuições retrofuturistas:
Então, deixo a dica aos interessados: prestem atenção quanto ao prazo, limites do texto e adequação à temática. E boa sorte.
A resposta àquela pergunta surgiu no dia 2 de fevereiro, quando o site da Tarja Editorial lançou a chamada para A fantástica literatura Queer, um livro que será organizado pelos escritores Cristina Lasaitis e Rober Pinheiro. Esta é uma belíssima oportunidade para a comunidade ligada a este gênero literário no país se envolver em um assunto que já é tema de estudos e produção artística em outros mercados. Como eu disse, gostaria aqui de reforçar essa divulgação e faria mesmo se o projeto não estivesse ligado à cultura steampunk. Porém, o fato é que ele está, uma vez que a chamada - destaco que é de longe a mais bem escrita e instigante que já li em relação a coletâneas de FC,F&T - relaciona explicitamente que está aberta para contribuições retrofuturistas:
Os contos deverão se enquadrar dentro da literatura fantástica em sua ampla definição: ficção científica, fantasia e terror (e seus inúmeros subgêneros: ficção científica hard, ficção científica soft, space opera, utopia/distopia, cyberpunk, steampunk, weird fiction, new weird, pós-humanidade, slipstream, história alternativa, ficção alternativa/mashup, horror, terror, fantasia mitológica, fantasia medieval, fantasia urbana, dark fantasy, etc). Sem restrições quanto ao conteúdo erótico.
Então, deixo a dica aos interessados: prestem atenção quanto ao prazo, limites do texto e adequação à temática. E boa sorte.
12.2.11
Segundo SteamCast, ainda mais internacional
Enquanto eu estava dedicando esta semana aos posts sobre Weird West nos quadrinhos, a Malta do Vapor continuou a agitar o cenário steampunk no Brasil. Na quarta-feira, dia 9 de fevereiro, o Conselho Steampunk pos no ar a segunda edição do SteamCast, o programa de vídeo apresentado, produzido e roteirizado por Bruno Accioly a respeito da cultura steamer nacional e além. Este episódio atualizou os steamers sobre as novidades locais, como a futura coletânea Steampink e a revista Vapor Marginal, mas também apresentou a muitos brasileiros o trabalho de um artista chinês do qual já falei em um post anterior: o desenhista James Ng, de Hong Kong. O resultado desse trabalho já havia sido visto na sexta-feira por mais de 1.500 pessoas em 11 países, segundo anunciado no twitter do grupo. O material pode ser acessado aqui, abaixo seguem a lista completa dos assuntos tratados e um exemplo da arte do entrevistado da vez:
Segundo episódio do vidcast produzido pelo Conselho SteamPunk. Trata-se de um projeto ambicioso voltado para os Steamers de todo o mundo, sendo legendado em inglês quando a língua falada é o português e legendado em português quando a língua falada é o inglês.
O SteamCast tem como meta divulgar notícias, personalidades e obras relacionada a Cultura SteamPunk e a Ficção Especulativa, promovendo artistas nacionais fora do país e artistas de fora do país para os Brasileiros.
Nesta primeira edição Bruno Accioly fala muito brevemente sobre o SteamCast, sobre a Virtual SteamCon 2010, sobre a Rede Social de Literatura Fantástica aoLimiar.com.br, SteamPink e sobre a revista Vapor Marginal.
Ao fim do episódio segue uma entrevista com o ilustrador James Ng, responsável pelo que vem sendo denominado SteamPunk Chinês.
Apresentação, Edição, Redação, Tradução e Direção:
Bruno Accioly
Agradecimentos:
Carol Fortuna
Cândido Ruiz
Carlos Felippe
Uma produção conjunta:
dotweb.com.br
Conselho SteamPunk
aoLimiar . Rede de Literatura Fantástica
OutraCoisa.com.br
11.2.11
Weird West nos quadrinhos - Santo dos Assassinos
Diz a lenda que há uma maldição em relação a obra autoral mais famosa de Garth Ennis no Brasil. Desde meados dos anos 90, uma infinidade de editoras nacionais começaram a publicar Preacher em nosso país, sem nunca conseguir chegar à conclusão da série, sendo que algumas delas chegaram mesmo a deixar de existir como empresas. Já ficaram pelo caminho Metal Pesado, Brainstore, Pixel, Devir... A bola da vez está com a Panini, que vem tentando dar continuidade ao trabalho das suas antecessoras com uma série de edições encadernadas compilando a trama criada pelo roteirista irlandês e desenhada pelo britânico Steve Dillon para o selo Vertigo, da DC. A história trata do pregador texano Jesse Custer, um homem que perdeu a fé, em sua busca por Deus (e que tem John Wayne vertido de caubói como amigo invisível). Mas as intenções por trás desta procura não são muito epifánicas, ele quer mesmo é por o Criador contra a parede. Além dessas dúvidas existenciais, o rapaz incorporou uma poderosa entidade chamada Gênesis, fruto do cruzamento de um anjo e de um demônio, o que lhe confere o poder da Palavra de Deus: tudo aquilo que Custer fala deve ser obedecido. A série regular teve 66 edições, sempre desenhadas por Dillon; mas para fazer uma piada com o famoso número da besta, Ennis produziu outras seis edições especiais, em coautoria com desenhistas diversos. É sobre uma delas, publicada na forma de minissérie em quatro partes, que vou comentar aqui. Segue a capa do primeiro volume:
Sim, há o logo da editora Abril lá em cima. Até mesmo a casa dos Civita se aventurou em publicar esse título aparentemente amaldiçoado. Porém, ela escolheu para tanto um material fechado que poderia ser lido mesmo por quem não acompanhava a saga principal: Santo dos Assassinos narrou a origem de um dos muitos inimigos que surgiram no caminho do Pregador para tentar impedi-lo de executar sua missão. Na minissérie, ilustada por Steve Pugh, ficamos sabendo quem é na verdade essa criatura, uma espécie de pistoleiro a serviço de Deus. Seu passado remete ao século XIX, quando ele ainda era humano, um caçador de recompensas arrependido e aposentado. O problema é que ele não conseguiu evitar o massacre de toda sua família, mulher e filhos, nem escapar da própria morte. Indo parar no Inferno, sua alma é tão fria a ponto de congelar tudo por lá e dar uma bela dor de cabeça para o Diabo. Para evitar maiores confusões, o ex-caubói ganha suas novas atribuições divinas e se torna o Santo Padroeiro dos Assassinos. Minha intenção com esta série, que se encerra nesta postagem, era trazer apenas material à disposição dos brasileiros. Só que encontrar essas quatro revistas, lançadas em 1997, não chega a ser tarefa das mais fáceis, mesmo para quem vasculha os sebos. Espero que a Panini, tão disposta a vencer a maldição de Preacher em nossas terras, reedite essa minissérie Weird West de primeira.
Sim, há o logo da editora Abril lá em cima. Até mesmo a casa dos Civita se aventurou em publicar esse título aparentemente amaldiçoado. Porém, ela escolheu para tanto um material fechado que poderia ser lido mesmo por quem não acompanhava a saga principal: Santo dos Assassinos narrou a origem de um dos muitos inimigos que surgiram no caminho do Pregador para tentar impedi-lo de executar sua missão. Na minissérie, ilustada por Steve Pugh, ficamos sabendo quem é na verdade essa criatura, uma espécie de pistoleiro a serviço de Deus. Seu passado remete ao século XIX, quando ele ainda era humano, um caçador de recompensas arrependido e aposentado. O problema é que ele não conseguiu evitar o massacre de toda sua família, mulher e filhos, nem escapar da própria morte. Indo parar no Inferno, sua alma é tão fria a ponto de congelar tudo por lá e dar uma bela dor de cabeça para o Diabo. Para evitar maiores confusões, o ex-caubói ganha suas novas atribuições divinas e se torna o Santo Padroeiro dos Assassinos. Minha intenção com esta série, que se encerra nesta postagem, era trazer apenas material à disposição dos brasileiros. Só que encontrar essas quatro revistas, lançadas em 1997, não chega a ser tarefa das mais fáceis, mesmo para quem vasculha os sebos. Espero que a Panini, tão disposta a vencer a maldição de Preacher em nossas terras, reedite essa minissérie Weird West de primeira.
10.2.11
Weird West nos quadrinhos - Mágico Vento
Nem mesmo os americanos parecem ser tão fascinados com a história da conquista da parte Oeste de seu território quanto são os italianos. Tamanho é o apreço e a dedicação que artistas italianos prestaram ao tema, como é o caso do diretor Sergio Leone citado no post anterior, que foi criada a expressão Western Spaghetti para definir o material produzido naquele país dentro do gênero. A definição é sempre utilizada para o cinema, mas pode muito bem se aplicar também à mídia sobre a qual é falamos nesta série, pois foi criada uma verdadeira indústria dos fumetti - o nome das HQs por lá - para produzir faroeste à italiana. O estúdio Bonelli Comics é a casa editorial da maior parte dessa produção e Tex seu símbolo máximo. Apesar de volta e meia o ranger se envolver com situações típicas do Weird West não é sobre ele este post. Nem sobre Zagor, outro personagem bonelliano ainda mais voltado aos temas fantásticos naquele mesmo espaço geográfico. Prefiro comentar a respeito de uma criação mais artesanal, com menos ares industriais, cujas aventuras alcançam, com uma regularidade significativamente maior que seus colegas de editora, um grau de excelência tanto na arte quando nos roteiros poucas vezes vistos na nona arte. Mágico Vento é o nome do personagem cuja revista mensal é publicada no Brasil pela editora Mythos e que em outubro passado chegou ao número 100. A capa dessa edição - ineditamente toda colorida em suas 100 páginas para comemorar o feito - é a que vai abaixo.
O verdadeiro nome do personagem é Ned Ellis, um homem branco que, graças a um pedaço de metal alojado em seu cérebro, perdeu parte da memória e passa a ter enigmáticas visões sobre o futuro. Tal habilidade o permitiu se tornar xamã dos lakotas - a mesma etnia citada por aqui quando comentei "Escalpo", da Vertigo - e se dedicar a impedir o massacre dos povos indígenas na marcha do progresso americano. Ou pelo menos, morrer tentando impedir tais massacres. Criado pelo romancista, roteirista de cinema e quadrinista Gianfranco Manfredi, a revista teve 131 edições publicadas na Itália (apenas duas não foram escritas ou ao menos argumentadas por ele), baseada em uma pesquisa histórica sólida sobre os EUA de meados do século XIX e sobre as lendas e mitos correntes naqueles tempos. O resultado é impressionante, uma união de realidade e fantasia (ou, devo dizer, terror?) que representa exemplarmente o gênero. Na edição destacada acima, desenhada pelo croata Goran Parlov, temos na mesma aventura o assassinato de Wild Bill Hickock, em Deadwood; o início da vingança do exército americano contra os índios Sioux pela morte do General Custer, ocorrida pouco antes; e uma amostra das visões xamânicas do protagonista em relação ao chefe guerreiro Cavalo Louco. Mas é apenas um exemplo. Recomendo com ênfase a leitura da série como um todo, uma das melhores demonstrações que conheço do potencial do Weird West e uma façanha e tanto de Manfredi, com tradução primorosa e dedicada de Julio Schneider. Mitakuye Oyasin!
Nota: no primeiro post desta série sobre Weird West, anunciei a intenção de finalizar com uma resenha do remake de Bravura Indômita. Só que por um erro meu, acabei trocando a data da cabine de imprensa e perdi a exibição. Fica para uma próxima oportunidade. Ah, em tempo: chegou ontem o contrato para autorizar a publicação do meu conto "Domingo, Sangrento Domingo", na coletânea Cursed City, a primeira dedicada ao gênero no Brasil.
O verdadeiro nome do personagem é Ned Ellis, um homem branco que, graças a um pedaço de metal alojado em seu cérebro, perdeu parte da memória e passa a ter enigmáticas visões sobre o futuro. Tal habilidade o permitiu se tornar xamã dos lakotas - a mesma etnia citada por aqui quando comentei "Escalpo", da Vertigo - e se dedicar a impedir o massacre dos povos indígenas na marcha do progresso americano. Ou pelo menos, morrer tentando impedir tais massacres. Criado pelo romancista, roteirista de cinema e quadrinista Gianfranco Manfredi, a revista teve 131 edições publicadas na Itália (apenas duas não foram escritas ou ao menos argumentadas por ele), baseada em uma pesquisa histórica sólida sobre os EUA de meados do século XIX e sobre as lendas e mitos correntes naqueles tempos. O resultado é impressionante, uma união de realidade e fantasia (ou, devo dizer, terror?) que representa exemplarmente o gênero. Na edição destacada acima, desenhada pelo croata Goran Parlov, temos na mesma aventura o assassinato de Wild Bill Hickock, em Deadwood; o início da vingança do exército americano contra os índios Sioux pela morte do General Custer, ocorrida pouco antes; e uma amostra das visões xamânicas do protagonista em relação ao chefe guerreiro Cavalo Louco. Mas é apenas um exemplo. Recomendo com ênfase a leitura da série como um todo, uma das melhores demonstrações que conheço do potencial do Weird West e uma façanha e tanto de Manfredi, com tradução primorosa e dedicada de Julio Schneider. Mitakuye Oyasin!
Nota: no primeiro post desta série sobre Weird West, anunciei a intenção de finalizar com uma resenha do remake de Bravura Indômita. Só que por um erro meu, acabei trocando a data da cabine de imprensa e perdi a exibição. Fica para uma próxima oportunidade. Ah, em tempo: chegou ontem o contrato para autorizar a publicação do meu conto "Domingo, Sangrento Domingo", na coletânea Cursed City, a primeira dedicada ao gênero no Brasil.
9.2.11
Weird West nos quadrinhos - Jonah Hex
A terceira dica desta série também é da DC Comics e vem sendo publicada no Brasil pela Panini. Graças ao recente filme que adaptou suas HQs (e que foi parar diretamente nas locadoras, sem passar pelas salas de cinema e sem que eu tenha me animado a assisti-lo), Jonah Hex acabou ganhando uma nova chance nas bancas nacionais, desta vez em edições encadernadas, sem luxo, mas com preço honesto e em produção competente. Desde meados do ano passado, já foram três volumes lançados em bancas compilando o gibi americano que o personagem passou a protagonizar em 2005: são eles Jonah Hex - Marcado pela violência, Jonah Hex - As armas da vingança e Jonah Hex - Origens. Os ilustradores variam, mas os roteiros são sempre assinados pela dupla Jimmy Palmiotti e Justin Gray que enfatiza o lado ultraviolento da criação de John Francis Albano e Tony DeZuniga para a revista All-Star Western - mais tarde o título mudou para... Weird Western Tale. Uma amostra do potencial esquisito do caçador de recompensas eternamente trajado com o uniforme cinzento dos Confederados veio a acontecer naquele segundo encadernado, cuja capa segue abaixo.
Nas histórias "Espantando assombrações", ilustrada pelo cocriador do personagem, e "A árvore dos enforcados", com arte de David Michael Beck, temos alguma dose de misticismo e de ambientação de terror. São ideais para quem realmente aprecia o lado bizarro do Velho Oeste. Mas recomendo mesmo todas as três edições já publicadas pela Panini. Na primeira, por exemplo, é muito interessante apreciar os desenhos do brasileiro Luke Ross, que presta homenagem a vários atores nacionais emprestando o rostos deles a coadjuvantes das HQs. Já na mais recente, como bem sugere aquele Origens do título, é a chance de ver o passado de Hex, de como ele foi vendido pelo próprio pai aos apaches e como ganhou sua icônica cicatriz no lado direito da cara, em uma história em três partes com arte de Jordi Bernet. No geral, apesar da pouca presença de elementos fantásticos é uma excelente pedida esse material, principalmente para quem aprecia os filmes de Sergio Leone interpretados por Clint Eastwood. Aliás, foi o ator americano quem serviu de modelo para o rosto do anti-herói dos quadrinhos. Pelo menos para a parte esquerda dele.
Nas histórias "Espantando assombrações", ilustrada pelo cocriador do personagem, e "A árvore dos enforcados", com arte de David Michael Beck, temos alguma dose de misticismo e de ambientação de terror. São ideais para quem realmente aprecia o lado bizarro do Velho Oeste. Mas recomendo mesmo todas as três edições já publicadas pela Panini. Na primeira, por exemplo, é muito interessante apreciar os desenhos do brasileiro Luke Ross, que presta homenagem a vários atores nacionais emprestando o rostos deles a coadjuvantes das HQs. Já na mais recente, como bem sugere aquele Origens do título, é a chance de ver o passado de Hex, de como ele foi vendido pelo próprio pai aos apaches e como ganhou sua icônica cicatriz no lado direito da cara, em uma história em três partes com arte de Jordi Bernet. No geral, apesar da pouca presença de elementos fantásticos é uma excelente pedida esse material, principalmente para quem aprecia os filmes de Sergio Leone interpretados por Clint Eastwood. Aliás, foi o ator americano quem serviu de modelo para o rosto do anti-herói dos quadrinhos. Pelo menos para a parte esquerda dele.
8.2.11
Weird West nos quadrinhos - Vampiro Americano
Continuando a breve série sobre quadrinhos que misturam faroeste com ficção fantástica, vamos a um outro título que, como o comentando no post anterior, também conta com a participação do multitarefa Stephen King. "Vampiro Americano" é uma série regular do selo de HQs adultas da DC Comics publicada no Brasil a partir da décima edição da revista Vertigo, da Panini (e está no número 14 enquanto escrevo esta nota). Além de contar com a participação do romancista americano nos roteiros, as histórias são ilustradas por nosso conterrâneo Rafael Albuquerque (um dos autores do álbum Mondo Urbano, editado pela Devir), com um traço estilizado que casa bem com o ambiente de terror histórico da publicação. A trama começa dividida em duas sequências paralelas: em meados da década de vinte do século passado, em Los Angeles, antes da Depressão e no início da indútria cinematográfica americana por um lado e do outro o ano de 1880 no Oeste daquele país. O que une as duas pontas é o surgimento de uma nova raça de chupadores de sangue, mais adaptada às condições de vida deste lado do planeta.
O brasileiro desenha as duas ambientações da trama, mas enquanto Scott Snyder cuida do cenário do século XX, é Stephen King quem roteiriza a parte Weird West de "American Vampire". Foi ele quem mostrou como o bandido Skinner Sweet tornou-se o personagem do título, ao ser transformado por um representante da antiga estirpe europeia em algo novo, uma evolução do mito. O próprio sujeito mais tarde explicou a uma herdeira de seus poderes essa diferença: "Só precisa entender que você é o telefone e eles, o telégrafo. Você é o fuzil e eles, o mosquete". Acompanhar os embates que surgem a partir dessa nova ramificação vampírica é um dos pontos altos da revista mensal da Panini. Outro é uma versão atualizada das histórias de indíos, na série "Escalpo", que narra a vida de Dashiell Cavalo Ruim, um lakota infiltrado como agente do FBI na reserva de seu povo. Mas aqui, a ambientação é contemporânea e realista, uma trama policial com ritmo de seriado da HBO produzida por Jason Aaron e R.M. Guéra. São as duas melhores atrações da revista, que é completada no mix por "Hellblazer", "Casa dos Mistérios" e "Vikings". Sangue por todo lado e para todos os gostos.
O brasileiro desenha as duas ambientações da trama, mas enquanto Scott Snyder cuida do cenário do século XX, é Stephen King quem roteiriza a parte Weird West de "American Vampire". Foi ele quem mostrou como o bandido Skinner Sweet tornou-se o personagem do título, ao ser transformado por um representante da antiga estirpe europeia em algo novo, uma evolução do mito. O próprio sujeito mais tarde explicou a uma herdeira de seus poderes essa diferença: "Só precisa entender que você é o telefone e eles, o telégrafo. Você é o fuzil e eles, o mosquete". Acompanhar os embates que surgem a partir dessa nova ramificação vampírica é um dos pontos altos da revista mensal da Panini. Outro é uma versão atualizada das histórias de indíos, na série "Escalpo", que narra a vida de Dashiell Cavalo Ruim, um lakota infiltrado como agente do FBI na reserva de seu povo. Mas aqui, a ambientação é contemporânea e realista, uma trama policial com ritmo de seriado da HBO produzida por Jason Aaron e R.M. Guéra. São as duas melhores atrações da revista, que é completada no mix por "Hellblazer", "Casa dos Mistérios" e "Vikings". Sangue por todo lado e para todos os gostos.
7.2.11
Weird West nos quadrinhos - Torre Negra, nasce o Pistoleiro
Esta semana, pensei em fazer uma série a respeito do que o leitor brasileiro de histórias em quadrinhos pode encontrar nas bancas e livrarias com a temática Weird West, aquela mistura de bangue-bangue e ficção fantástica. As inspirações para isso são duas, uma da literatura, outra do cinema. Primeiro, é claro, Cursed City - Onde as almas não têm valor, da editora Estronho, coletânea pioneira neste gênero no país, da qual terei a honra de participar com o conto "Domingo, Sangrento Domingo". A segunda motivação é ter sido convidado para a cabine de imprensa da refilmagem que os irmãos Coen fizeram do faroeste clássico Bravura Indômita (eu sei que não se trata de uma obra Weird, mas é tão raro termos a chance de assistir a um genuíno faroeste no cinema que merecia a comemoração). O filme deverá ser resenhado por aqui, quanto aos quadrinhos, serão apenas algumas dicas breves, nada muito aprofundado. É somente uma lista de sugestões para quem quiser ir se acostumando ao tema enquanto aguarda o lançamento da Cidade Amaldiçoada do século XIX.
A primeira dica é a edição encadernada dos quadrinhos derivados da longa série de romances Torre Negra, de Stephen King. Torre Negra - Nasce o Pistoleiro saiu no Brasil primeiramente em edições separadas pela Panini, em bancas, mas o material foi totalmente compilado, com as sete edições e mais alguns extras luxuosos, pela Suma de Letras em um álbum de capa dura que pode ser encontrado em livrarias. Tendo o romancista como diretor criativo e diretor executivo do projeto, o spin-of foi produzido por um trio de respeito das HQs: Peter David nos roteiros e a arte dividida por Jae Lee e Richard Isanove. Como revela o subtítulo, a ideia foi voltar no tempo e revelar a origem do protagonista dos livros de King: Roland Deschain, filho de Steven, da linhagem de Eld. Sendo assim, temos a chance de ver o treinamento do futuro Pistoleiro, os primeiros aliados e inimigos e seu batismo de fogo naquele cenário no qual tecnologia e feitiçaria convivem com caubóis armados e damas em perigo. A edição nacional é bem caprichada, com boa tradução, de Eduardo Tanaka; uma impagável carta aberta do próprio Stephen King (na qual ele revela outros projetos de HQs dos quais gostaria de participar); as capas originais da minissérie e também suas versões alternativas desenhadas por vários artistas convidados; e ainda os mapas dos Baronatos de Nova Canaã e de Mejis. A editora anuncia para breve a continuação do projeto: A Torre Negra volume 2 - O longo caminho para casa. Quem não ler, esqueceu o rosto do próprio pai.
A primeira dica é a edição encadernada dos quadrinhos derivados da longa série de romances Torre Negra, de Stephen King. Torre Negra - Nasce o Pistoleiro saiu no Brasil primeiramente em edições separadas pela Panini, em bancas, mas o material foi totalmente compilado, com as sete edições e mais alguns extras luxuosos, pela Suma de Letras em um álbum de capa dura que pode ser encontrado em livrarias. Tendo o romancista como diretor criativo e diretor executivo do projeto, o spin-of foi produzido por um trio de respeito das HQs: Peter David nos roteiros e a arte dividida por Jae Lee e Richard Isanove. Como revela o subtítulo, a ideia foi voltar no tempo e revelar a origem do protagonista dos livros de King: Roland Deschain, filho de Steven, da linhagem de Eld. Sendo assim, temos a chance de ver o treinamento do futuro Pistoleiro, os primeiros aliados e inimigos e seu batismo de fogo naquele cenário no qual tecnologia e feitiçaria convivem com caubóis armados e damas em perigo. A edição nacional é bem caprichada, com boa tradução, de Eduardo Tanaka; uma impagável carta aberta do próprio Stephen King (na qual ele revela outros projetos de HQs dos quais gostaria de participar); as capas originais da minissérie e também suas versões alternativas desenhadas por vários artistas convidados; e ainda os mapas dos Baronatos de Nova Canaã e de Mejis. A editora anuncia para breve a continuação do projeto: A Torre Negra volume 2 - O longo caminho para casa. Quem não ler, esqueceu o rosto do próprio pai.
5.2.11
Superpotência emergente do steampunk
A expressão do título é a opinião manifesta por Bruce Sterling em seu blog na Wired a respeito do Conselho Steampunk. O texano recebeu do cofundador do grupo brasileiro, o carioca Bruno Accioly, as últimas atualizações a respeito das atividades do conselho, todas elas já tratadas por aqui. Pela ordem:
Sobre como o SteamCast foi visto por mais de 50 mil pessoas em todo o mundo, com sua edição bilingue inglês/português e os bastidores da relização do segundo encontro virtual SteamCon, ambos mencionados no mesmo post por aqui;
O lançamento da Vapor Marginal (anunciado aqui) que, informa Accioly, em breve receberá uma versão disponível em RSS para que seus artigos, matérias, entrevistas e contos possam ser lidos de forma traduzida pelo Google Translator. Aliás, ao anunciar a lista de colaboradores da revista, o brasileiro nomeou a jornalista e modelo da capa Lidia Zuin, que recebeu um oi do escritor americano, que a conheceu em sua recente vinda ao Brasil.
Bruno Accioly encerrou a mensagem publicada por Bruce Sterling anunciando que em breve deverá mandar o link para o segundo SteamCast produzido pelo Conselho Steampunk. Como bem disse o homem que ajudou a desenvolver o subgênero "They’re like the steampunk emergent superpower". E se Mr. Sterling disse, está dito. Parabéns a Bruno e a todos os confrades por mais este justíssimo reconhecimento internacional!
Sobre como o SteamCast foi visto por mais de 50 mil pessoas em todo o mundo, com sua edição bilingue inglês/português e os bastidores da relização do segundo encontro virtual SteamCon, ambos mencionados no mesmo post por aqui;
O lançamento da Vapor Marginal (anunciado aqui) que, informa Accioly, em breve receberá uma versão disponível em RSS para que seus artigos, matérias, entrevistas e contos possam ser lidos de forma traduzida pelo Google Translator. Aliás, ao anunciar a lista de colaboradores da revista, o brasileiro nomeou a jornalista e modelo da capa Lidia Zuin, que recebeu um oi do escritor americano, que a conheceu em sua recente vinda ao Brasil.
Bruno Accioly encerrou a mensagem publicada por Bruce Sterling anunciando que em breve deverá mandar o link para o segundo SteamCast produzido pelo Conselho Steampunk. Como bem disse o homem que ajudou a desenvolver o subgênero "They’re like the steampunk emergent superpower". E se Mr. Sterling disse, está dito. Parabéns a Bruno e a todos os confrades por mais este justíssimo reconhecimento internacional!
Marcadores:
Bruce Sterling,
Conselho Steampunk,
Vapor Marginal
4.2.11
Damas e Cavalheiros: a Vapor Marginal - Artigo
Então, mesmo passando por um dos costumeiros apagões da Net em minha cidade, quero concluir a apresentação das minhas contribuições na revista oficial do Conselho Steampunk. A pedido do editor, Bruno Accioly, escrevi um artigo que tenta analisar o interesse dos brasileiros pelo século XIX e ao mesmo tempo o interesse dos estrangeiros pelo século XIX no Brasil. Claro que também fiz um link para o que a ficção fantástica tem a ver com isso, especialmente o subgênero steampunk. Segue o início do texto:
Usando apenas quatro algarismos nos títulos de seus livros, o escritor e jornalista Laurentino Gomes vem se consolidando como um produtor de best sellers em série sobre a História brasileira. Primeiro veio 1808, a respeito da vinda da família real portuguesa para esta sua colônia ultramarina na mais ousada fuga provocada pelas Guerras Napoleônicas. O sucesso atual é o de 1822, que conta os bastidores da Independência do Brasil do ponto de vista de múltiplos personagens. Para fechar a trilogia de momentos que definiram a identidade de nosso país, haverá ainda um 1889 a ser lançado em futuro breve com a narrativa da Proclamação da República. Há muito que se pensar por aí, nestas obras de divulgação que se tornam fenômeno de vendas atraindo o interesse de dezenas e dezenas de milhares de brasileiros sobre assuntos que eles viram em algum momento de suas vidas escolares.Continua na Vapor Marginal.
Ajuda a ter uma ideia ainda mais clara do quanto o tema é relevante para tantas pessoas se pensarmos além do que faz sucesso hoje. Por exemplo, qual foi o filme que marcou a retomada do cinema nacional, tornando-se um sucesso de público como há muito não era visto no país em meados dos anos 90? Carlota Joaquina, Princesa do Brasil, de Carla Camurati, uma visão burlesca daquele mesmo tema do primeiro livro de Laurentino Gomes. E qual foi o primeiro produto de exportação em massa de nossa produção audiovisual, uma telenovela que atingiu mais de uma centena de países tornando-se campeã de audiência em vários deles? A Escrava Isaura, de 1976, adaptação que Gilberto Braga fez para a rede Globo do livro de Bernardo Guimarães (1825-1884), que já podia ser considerado um sucesso na época do seu lançamento em 1875.
Como podemos perceber, o fascínio pela época não é de hoje e não se restringe apenas à realidade como foi registrada oficialmente. Algo no século XIX atrai leitores, espectadores, público em geral para dedicar atenção a livros de divulgação, a romances, a programas de TV e a filmes ambientados nele com um interesse acima da média. A mistura de um Império nos Trópicos, das lutas abolicionistas, dos grandes personagens daquele tempo, de um período que foi definidor para o presente em que vivemos parece ser irresistível a muito de nossos compatriotas. E não apenas a eles, como comprovou o consagrador sucesso que a citada novela Escrava Isaura alcançou em lugares de formação tão diferente da nossa quanto a Rússia e a China. Naqueles locais, a protagonista da trama, vivida pela atriz Lucélia Santos, se estabeleceu durante um bom tempo como embaixadora não-oficial de nossa televisão em particular e de nossa cultura em geral; e o vilão Leôncio Almeida, interpretado pelo saudoso Rubens de Falco (1931-2008), tornou-se uma encarnação do Mal. Palavras como senzala entraram para o vocabulário de pessoas que talvez nunca tenham visto pessoalmente um descendente de africanos.
E nada mais natural que as apropriações do Oitocentos não se restringissem apenas àquelas exercidas por historiadores, divulgadores e autores de ficção realista. Era de se esperar que em algum momento os escritores dedicados à ficção fantástica nacional fossem se voltar também para aquele período do tempo, usando tal século como matéria prima para suas criações de ficção científica, terror ou fantasia. E a liberdade para se especular com o passado, imaginar novas possibilidades históricas, reinterpretar personagens reais ou mesmo os ficcionais que o tempo encarregou de tornar sob domínio público é o caminho natural dessa tribo que atende pelo nome de steampunkers. Quando o casamento do fantástico local com o século XIX foi oficialmente celebrado em 2009, por ocasião do lançamento da primeira coletânea nacional dedicada ao tema, a história voltou a se repetir, dentro das devidas proporções que o nicho da literatura especulativa ocupa em nosso país.
3.2.11
Damas e cavalheiros: a Vapor Marginal - Entrevista
Como eu já havia postado antes por aqui o trecho do conto "Modelo B" que foi publicado na revista Vapor Marginal, farei o mesmo neste e no próximo post com minhas duas outras participações na revista do Conselho Steampunk. Começando com a entrevista que Cândido Ruiz fez comigo, via Gtalk, sobre este blog, a noveleta homônima e diversos outros assuntos. Abaixo, seguem alguns trechos, a íntegra pode ser lida na revista:
Vapor Marginal: Bem, falemos um pouco então sobre "Cidade Phantástica". A Noveleta e o universo que a permeia. Inspiração?
Romeu Martins: Foi tudo planejado a partir do convite para escrever na coletânea. Eu nunca tinha pensado a sério em escrever algo no gênero, apesar de que em um conto dos terroristas, "Espírito animal", já dava uma brecha para algo assim. Na época do convite, feito por Gian Celli, estava comprando uma série de revistas de uma coleção da História Viva sobre as estradas de ferro no Brasil. Numa das edições, a primeira, eles relembravam que o Barão de Mauá era citado no livro Da Terra à Lua de Jules Verne. Esse foi o embrião de tudo. (...)
Vapor Marginal: Este resgate da cultura brasileira por meio de personagens históricos e oriundos de telenovelas foi planejado? Acredita que este seja um papel importante da literatura nacional?
Romeu Martins: Eu não gosto de levantar bandeiras, nem de pregar algo tão controverso quanto o nacionalismo. Mas não vou negar que a ideia de fazer um resgate do tipo me agrada. Veja, as inspirações iniciais daquele texto foram o romance de um francês, Jules Verne, e o conto de um inglês, Artur Conan Doyle.
Mas eu queria que a história tivesse algo de nacional, para não simplesmente se passar no Brasil. Então, pensei num personagem, em domínio público, como os outros, que é também o mais famoso vilão da ficção brasileira. Achei isso simplesmente irresistível usá-lo na noveleta. O romance de onde ele veio foi escrito no século XIX e também foi adaptado em telenovelas de muito sucesso. A telenovela é nosso folhetim, nossa literatura pulp em forma eletrônica. Acho que é uma homenagem justa algo assim estar ao lado de Verne e de Doyle. Mas há mais um pouco de literatura brasileira em “Cidade Phantástica”. Ela se encerra com uma citação a Machado de Assis, mas usada numa brincadeira com histórias em quadrinhos. Esse é um dos grandes baratos do steampunk. Podemos nos apropriar de coisas que marcaram a vida de gerações anteriores e usar para algo nosso. E uma das coisas mais complicadas da noveleta foi mexer com tantos elementos díspares.
Eu uso nela personagens de Verne entre uma página e outra de um mesmo livro. No caso do conto do Doyle, a história se passa anos antes de quando os personagens em questão foram criados, quando eles ainda eram jovens. E no caso do livro brasileiro, a noveleta é situada quase dez anos depois do período em que ela se passa. Harmonizar tudo isso foi um desafio muito legal, teve uma boa dose de pesquisa ali.
Vapor Marginal: Dois elementos bastante peculiares na noveleta que gostaria que comentasse, são a presença do Gun Club e existência de uma Malta tão peculiar.
Romeu Martins: O Gun Club é uma criação maravilhosa de Verne. Engenheiros bélicos americanos querendo um uso pacífico para seus conhecimentos. A gênese da NASA!
Claro que o sonho de Impey Barbicane não poderia agradar a todos e foi um prazer caçar um descontente no meio daquele grupo ;) A Malta foi uma interação muito legal com meus beta readers. No início eu queria brincar com as expressões que Alan Moore usa em sua série Liga Extraordinária. O nome da gangue de assaltantes de trens seria Vagabundos Vaporosos. Uma beta gostou, outros dois odiaram. Daí mudei pra Malta do Vapor. Veja que a ideia era brincar com a questão da tradução mal feita, como fizemos naquele site, O Malaco.
Na mesma frequência de usar personagens brasileiros no meio de criações estrangeiras. Pelo mesmo motivo que João Fumaça vira John Steam quando os americanos falam com ele.
Então Malta do Vapor é igual a Vagabundos Vaporosos que é igual a... SteamPunk ;)
Vapor Marginal: O Web-site surgiu para divulgar a noveleta e acabou se transformando em um folhetim steampunk bastante popular. Como foi esta transformação?
Romeu Martins: Pois é, aquele era pra ser um blog totalmente descartável. A ideia era apresentar o universo e interagir com os comentaristas, para me ajudar a fazer algo que nunca tinha feito: um texto ficcional maior que um conto.
Mas eu gosto de, sempre que possível, tentar agregar mais gente, interagir mais com mais autores. Então, ao longo dos meses, a coisa passou a ser um blog sobre o projeto de outras pessoas também.
Acho que começou com uma resenha de uma flash fiction que o Fábio Fernandes publicou no site Everyday Weirdness. Que na época eu nem sabia, mas, foi a base do conto que ele publicou também na coletânea SteamPunk, da Tarja.
Dai pra frente, comecei a ver o que estava acontecendo no país em termos de produção nacional no gênero e tudo o que fiquei sabendo fui publicando por lá. Começou como uma ferramenta auxiliar pra noveleta, passou a ser o espaço da clipagem das resenhas do livro e uma fonte de informação sobre o steampunk no Brasil.
Marcadores:
Conselho Steampunk,
entrevista,
Notícia,
Vapor Marginal
2.2.11
Damas e Cavalheiros: a Vapor Marginal
Agora, sim! Eu estava louco para comentar, mas esperei um pouco para que fosse possível arrumar um pequeno problema na edição do meu conto. Mas agora, com tudo solucionado, tenho o prazer de anunciar a primeira publicação oficial do Conselho Steampunk: a revista virtual Vapor Marginal. Clicando no link ao lado, os leitores terão duas opções, a de baixar o arquivo pdf com a íntegra da revista ou ainda folhear eletronicamente as impecáveis 40 páginas do material. Tenho a honra de estar presente nesta edição de lançamento de maneira tripla.
Primeiramente, através da publicação do meu citado conto, "Modelo B", que se passa no mesmo universo da noveleta "Cidade Phantástica" e que foi ilustrado pelo cartunista veterano da Mad Tiburcio. Depois, por meio de um artigo no qual tento analisar rapidamente o interesse de nós, brasileiros, pelo século XIX. E finalmente, também fui um dos entrevistados neste número inaugural, oportunidade que tive para responder perguntas do meu camarada Cândido Ruiz sobre esta página que vocês estão lendo, entre outros assuntos. Mas minha participação é apenas uma pequena parte de tudo o que a Vapor Marginal tem a oferecer aos leitores, entusiastas da cultura steamer. Por isso mesmo, vou deixá-los com o manifesto/editorial de Bruno Accioly que apresenta mais esta inestimável contribuição à ficção fantástica brasileira.
Primeiramente, através da publicação do meu citado conto, "Modelo B", que se passa no mesmo universo da noveleta "Cidade Phantástica" e que foi ilustrado pelo cartunista veterano da Mad Tiburcio. Depois, por meio de um artigo no qual tento analisar rapidamente o interesse de nós, brasileiros, pelo século XIX. E finalmente, também fui um dos entrevistados neste número inaugural, oportunidade que tive para responder perguntas do meu camarada Cândido Ruiz sobre esta página que vocês estão lendo, entre outros assuntos. Mas minha participação é apenas uma pequena parte de tudo o que a Vapor Marginal tem a oferecer aos leitores, entusiastas da cultura steamer. Por isso mesmo, vou deixá-los com o manifesto/editorial de Bruno Accioly que apresenta mais esta inestimável contribuição à ficção fantástica brasileira.
2011: A Revolução do Vapor
Seja bem vindo ao Futuro do Pretérito
Uma Máquina a Vapor à Margem do Tempo
É preciso dizer que este periódico é o veículo através do qual mais se poderá compreender cada um daqueles que retiraram o SteamPunk do papel e do acetato para transformá-lo em no Movimento SteamPunk.
Mesmo com todos os recursos oferecidos pelos podcasts, vidcasts, e tudo mais de que viemos lançando mão nos últimos dois anos para alcançar entusiastas como você, é aqui que cada um que colaborou com a confecção deste periódico pode se expressar com profundidade.
É aqui que os membros participantes do Conselho SteamPunk encontram espaço e tempo para se colocar à margem do momento histórico em que vivem de fato para embarcar em uma viagem crononáutica em direção à uma Era do Vapor que jamais aconteceu.
Vapor Marginal é mais que uma revista sobre um gênero literário ou sobre um movimento nele baseado, mas a manifestação orgânica, caótica e fervilhante do imaginário daqueles que aqui se expressam, em um periódico aberta e intrinsecamente anárquico, mas norteado pelo porpourri de valores nobres, éticos e morais que talvez tenham existido mais na ficção que na dura realidade e que vão nortear a Revolução do Vapor em 2011.
Marcadores:
Conselho Steampunk,
Conto,
Modelo B,
Notícia,
Vapor Marginal
Dica de anime steamer: Last Exile
Eu confesso que animes e mangás estão longe de serem minha especialidade, por isso gosto de receber boas indicações desses produtos japoneses, principalmente se forem ligados ao tema deste blog. Foi o caso da inspiração deste post, mais uma vez vinda via twitter de Débora Aquino. Ela topou com a resenha no Dicas do Duda, do blogueiro ArnalDuda Siqueira. Parece ser uma interessante animação nipônica já exibida no Brasil em 2005 mas que eu desconhecia: Last Exile. Segue um trecho e o link para ler na íntegra, com direito a vídeo:
Continua
O termo Steampunk foi cunhado no fim da década de 1980 pra definir histórias passadas no século XIX, mas com aparatos tecnológicos com base em vapor (daí o “steam”) e avançados demais pra época.
Toda uma estética foi desenvolvida a partir de então e outras histórias que não se passavam no século XIX e muito menos na Terra puderam ser consideradas Steampunk por terem características do estilo. O animê (desenho animado japonês) Last Exile é uma delas.
Num mundo onde a água pura é escassa, a humanidade se abriga em cumes de montanhas e navios de guerra voadores são comuns, Claus Valca e Lavie Head são pilotos de Vanships ou Couriers (pequenos e velozes aviões de 2 lugares) que vivem de entregar mensagens e de participar de corridas na cidade onde vivem.
Numa dessas corridas, um Courier abatido aparece de repente e o piloto, mortalmente ferido, pede que o casal assuma sua missão: levar a menina Alvis, alguns anos mais nova que os dois, até os cuidados de Alex Row, capitão do navio de guerra mais temido dos ares, o Silvana. A menina carrega consigo um grande mistério relacionado ao lendário Exílio, algo que existe dentro da região do planeta conhecida como Grande Fluxo, onde furacões e ciclones nunca cessam.
Apesar de não estar subordinado a nenhuma hierarquia militar, Alex Row navega com o Silvana em missão secreta para o imperador do reino de Anatoray, que há muito tempo está numa guerra com o reino vizinho Disith.
Sua missão é tentar alcançar o Exílio para obter o segredo da tecnologia avançada da temida Guilda, uma sociedade a parte que vive em naves acima das nuvens agindo como juiz, júri e até executor para os reinos abaixo.
Essa é a sinopse mais resumida que consegui fazer pra dar apenas uma idéia da trama que permeia os 26 episódios do animê dirigido por Koichi Chigira e produzido pelo estúdio Gonzo (responsável por séries como Gantz, AfroSamurai, Full Metal Panic, Samurai Girl e outros), que foi exibido em 2003 na TV japonesa e pouquíssimo tempo depois comprado pela TV americana.
Continua
Novas musas do steampunk
Falei do agitador cultural cyberpunk Wandeclayt M. neste blog quando comentei a minha mais recente participação no excepcional zine que ele edita, o Overclock. Agora tenho o prazer de voltar a falar dele em sua faceta mais conhecida, a de fotógrafo de lindas mulheres, e com o bônus adicional da inspiração do punk a vapor. O homem rendeu-se ao steampunk, como podemos ver em sua conta no Flickr onde flagramos cenas assim:
A modelo Morgana F., candidatíssima ao posto de musa steamer. E conhecendo o trabalho fotográfico de mestre Wandeclayt, em seu estúdio Bunkermedia, é muito provável que logo vejamos as primeiras fotos brasileiras daquele subgênero conhecido lá fora como steamypunk - com o y no meio mesmo -, o lado erótico da cultura steampunk.
A modelo Morgana F., candidatíssima ao posto de musa steamer. E conhecendo o trabalho fotográfico de mestre Wandeclayt, em seu estúdio Bunkermedia, é muito provável que logo vejamos as primeiras fotos brasileiras daquele subgênero conhecido lá fora como steamypunk - com o y no meio mesmo -, o lado erótico da cultura steampunk.
Assinar:
Postagens (Atom)