O Brasil e a ficção científica muitas vezes são descritos por um chavão em comum que os associa ao porvir: um seria o país do futuro; a outra, a literatura sobre o futuro. Quem conhece um pouco sobre ambos sabe que a realidade pode ser um tanto mais complexa, tanto para o país, com sua rica história, quanto para o gênero literário, que nunca foi só um mero exercício de futurismo. Não deixa de ser curioso que um confronto entre chavão e realidade esteja acontecendo na vertente da FC nacional que mais vem alcançando evidência, aqui e lá fora: o retrofuturismo do steampunk. Se a coletânea da Tarja Editorial
Steampunk – Histórias de um passado extraordinário, lançada em 2009, inovou pelo pioneirismo de dedicar todo um livro à temática, uma segunda obra vem consolidar essa posição, dessa vez pela editora Draco:
Vaporpunk – Relatos steampunk publicados sob as ordens de Sua Majestade. Mais do que uma continuação, a nova coletânea também inova ao trazer súditos não apenas brasileiros: foram convocados igualmente portugueses para escrever seus relatos, em uma união de forças transatlântica.
Acho impossível falar sobre esse livro sem começar pela capa, que tive o prazer de anunciar em primeira mão
neste blog. Conferir a arte ao vivo, e não mais pelo monitor do computador, dá uma nova dimensão a uma peça gráfica que, seguramente, vai marcar época. Reforçou a impressão que tive do acerto do responsável por ela, Erick Santos Cardoso, ou Ericksama, que também vem a ser proprietário da Draco, por todas as escolhas estéticas que fez ali. Usando diversos programas de modelagem 3d, ele transformou a embalagem do livro em uma autêntica traquitana steamer, com suas engrenagens, válvulas e mostradores se espalhando pela capa em si, pela contracapa, pela lombada e pelas orelhas, dando muita vontade de ver aquilo tudo brilhar e se mexer de verdade. Porém, houve muito acerto também na imagem principal da capa, que destaco abaixo.
Nela vemos uma paisagem que podemos intuir ser a do Rio de Janeiro, mesmo não destacando nada óbvio da exuberante paisagem natural de uma cidade que já foi capital de Império. Mas aquela ponte imensa, paralela ao horizonte e emoldurada por balões nos céus, navios no mar e um trem em terra, não seria uma versão retrofuturista da Rio-Niterói, obra da engenharia capaz de competir de igual para igual com morros e praias? Desta forma, o capista encontrou uma ótima tradução da intenção dos organizadores, registrada no prefácio da obra: “desejamos mostrar noveletas cujos enredos digam respeito, direta ou indiretamente, às culturas brasileira e/ou portuguesa, exibindo o impacto social do avanço tecnológico precoce nas histórias dessas culturas”. A assinatura do texto de apresentação dá uma boa mostra da qualidade que marcou também a escolha do conteúdo para além dos cuidados com a forma da coletânea: Gerson Lodi-Ribeiro, maior referência em História Alternativa do Brasil, já entrevistado
por aqui; e Luís Filipe Silva, coautor com João Barreiros de
Terrarium, apontado por inúmeros críticos como a grande obra de FC não só de Portugal, mas a melhor já escrita em português.
O selecionado binacional é formado por cinco brasileiros (incluindo Lodi-Ribeiro) e três lusitanos que preenchem as encorpadas 312 páginas do livro – com a alta gramatura do papel de ótima qualidade utilizado, fosco e amarelecido no ponto ideal, parecem até mais:
Vaporpunk é uma dessas raras obras de FC editadas por aqui que, literalmente, para em pé sozinha. Além da qualidade do material utilizado, o fato se deu por outra intenção manifestada naquele prefácio: “Em termos de ficção curta, ao contrário do que acontece na ficção científica, na história alternativa o conto não constitui a forma narrativa por excelência. Em seu lugar, temos a noveleta, uma peça mais extensa, de modo a possibilitar tanto o desenvolvimento do enredo e da trama quanto o delineamento do cenário histórico alternativo. Por este motivo, ao convocar autores para submeter trabalhos para a
Vaporpunk, deixamos claro nosso anseio de receber textos mais encorpados, em tamanho e conteúdo”.
O único relato presente no livro que não seguiu esse padrão de noveletas é o conto que justamente abre a coletânea: “A fazenda-relógio”. Curiosamente, ele é do carioca Octavio Aragão, autor de um dos raros trabalhos com o
fôlego de romance a usar elementos steampunk já escritos no Brasil. Com apenas 13 páginas, a história acabou não desenvolvendo tão bem personagens com potencial para exibir mais do que foi mostrado ali, caso do Dr. Bento, político de origem proletária infiltrado na corte do Império brasileiro em fins da década de 1880. Porém, se o conto não chega a ser encorpado no tamanho ele é em conteúdo. Uma fazenda na região de Jundiaí – talvez não por coincidência, terra de Carlos Orsi, outro participante da antologia – inaugura um projeto inovador de Irineu Evangelista de Souza (1813-1889), àquela altura já Visconde de Mauá e com muito mais prestígio que manteve em nossa realidade naquele período de tempo. A intenção é implantar a total mecanização da propriedade, fazendo uso de mecanoides no lugar da mão-de-obra escrava. A questão é que tal iniciativa, independentemente das ambíguas intenções por trás dela, acaba por provocar uma onda de insatisfação entre os negros jogados à própria sorte. O caos gerado é ainda pior que o dos luditas do início da Revolução Industrial britânica.
A seguir, a primeira noveleta propriamente dita do livro e a primeira contribuição de um autor português: “Os oito nomes do deus sem nome”, do matemático, programador e publicitário Yves Robert. Situado na África, em 1884, o início da trama lembra o clássico do pré-steampunk
The Anubis Gate, de Tim Powers. Contudo, com o desenrolar dos eventos, e um salto de 14 anos no tempo, vamos presenciando aos poucos um original e excelente cenário, sem dúvida um dos pontos altos do livro. No mundo proposto, há três impérios dividindo o poder: a Inglaterra por dominar a tecnologia movida a vapor; a França, país que desencadeou uma revolução nos estudos dos poderes mentais propostos pelo austríaco Franz Anton Mesmer (1734-1815) e... Portugal. Este último, aparentemente dotado de alguma arma secreta, ou, no mínimo, de uma sorte inacreditável, alcança tamanho sucesso em tão pouco tempo que provoca a aliança das duas outras potências contra si. O resultado é uma história ágil, de intrigas políticas, conspirações e agentes duplos, com equipamentos de espionagem de invejável criatividade. Merece um romance ou, pelo menos, mais inserções neste cenário. Torço para que Robert pense o mesmo.
Um agente duplo inglês é o narrador da próxima história: “Os primeiros astecas na Lua”, a única a fugir do foco lusobrasileiro. O autor é o mineiro Flávio Medeiros Jr., único escritor a estar presente em ambas as coletâneas dedicadas ao steampunk do Brasil. No livro da Tarja, ele publicou “Por um fio”, por certo o melhor texto do livro, com uma ambientação que ele vem chamando de Guerra Fria Vitoriana. Parte história alternativa, parte ficção alternativa, naquele mundo Inglaterra e França são as potências dominantes sendo habitadas por personagens criados por H. G. Wells (1866-1946) e Jules Verne (1828-1905). Não apenas pelos personagens, mas também por seus criadores: os dois escritores ocupam posições políticas de relevo em suas respectivas nações. Em
Vaporpunk ele dá continuidade àquele cenário, esquentando bastante o conflito. Porém, mesmo quem não tenha lido o texto anterior não vai ter dificuldade em entender essa nova história, bastante independente da primeira.
Para quem leu, no entanto, é possível fazer comparações. “Por um fio” foi uma noveleta bastante focada na lógica da guerra, bem contida em termos da quantidade de personagens e do espaço geográfico utilizado. Medeiros usou muito bem os poucos recursos que se propôs a tomar de empréstimo dos pais da FC e deu um ar mais cientificamente correto a algumas das invenções imaginadas no século XIX, uma excelente proposta executada com maestria pelo escritor que tem dois romances publicados. Já em “Os primeiros astecas na Lua”, ele retoma algumas dessas premissas, explorando de maneira genial, por exemplo, as opiniões que Verne (em uma breve e impactante aparição) realmente tinha em relação à obra de Wells. O ponto é que, com um maior número de páginas à disposição – foram 17 na primeira coletânea e pouco mais de 40 agora - a complexidade aumentou, o número de personagens é bem maior, assim como a quantidade de ambientes explorados, na Inglaterra. Tudo isso é ótimo e enriquece um dos melhores cenários steamers do imaginário nacional. Mas em determinado momento, sem querer soltar spoilers, o autor faz uso de uma retrotecnologia que abala um pouco a coerência interna de ficção científica hard que ele vinha até então utilizando e que retoma mais tarde; fato que, pelo menos para mim, causou um pouco de estranheza. Por outro lado, aumentou a curiosidade de ver Flávio Medeiros continuar a explorar ainda mais esse universo em novos textos.
Fechando a primeira metade do livro, é a vez da contribuição do coorganizador Gerson Lodi-Ribeiro com sua noveleta “Consciência de Ébano”. Assim como a anterior, esta também é um desenvolvimento de histórias prévias do autor, o que particularmente considero uma excelente iniciativa. Concordo com Lodi-Ribeiro quando ele diz que a FC – ao contrário de outros gêneros da literatura fantástica como a fantasia, por exemplo, com suas enelogias de romances – costuma ser mais bem explorada em narrativas curtas, como o conto ou a noveleta. Porém, alguns dos cenários que surgem são tão bons que seria um desperdício não os ver tendo continuidade. Caso deste aqui, uma derivação de “O Vampiro de Nova Holanda”, originalmente escrito pelo carioca em 1998, publicado primeiramente em Portugal e, mais tarde, em 2006, no Brasil, na antologia de autor
Outros Brasis. O ponto de divergência desta linha temporal é um belo achado: holandeses se unem aos quilombolas de Palmares para evitar sua expulsão do Nordeste brasileiro no século XVII. Isso dá origem a uma tríplice divisão do território nacional, uma parte para cada um desses aliados e o restante para os portugueses, motivo pelo qual o escritor chama este seu universo de Três Brasis.
Desde então, nestes doze anos, Lodi-Ribeiro vem explorando continuamente sua criação; já naquele livro de 2006, por exemplo, havia outra noveleta no mesmo cenário: “Assessor para Assuntos Fúnebres”. Se não me engano, “Pátria de chuteiras”, na coletânea
Outras copas, outros mundos, foi a única continuação (ou para quem preferir outro termo,
spin-off) que não contou com a presença de um certo protagonista fantástico: Dentes Longos, um vampiro – sem misticismos – que acaba por se tornar imprescindível aliado da potência que os antigos escravos negros criam em Palmares. Em “Consciência de Ébano”, vemos novamente esse predador imortal, mais de cem anos após seu surgimento entre os palmarinos, já no início do século XIX, envolvido em progressos tecnológicos notáveis e provocando reações adversas em um agente secreto que tem a missão de protegê-lo e de mantê-lo incógnito. Não tenho a menor dúvida de que é um excelente texto este, dos melhores do livro, porém acredito que ele deva ser mais bem aproveitado por quem já conhece o material anterior criado neste cenário. Talvez, algumas notas editoriais contextualizando essa HA façam falta a novos leitores.
Jorge Candeias, escritor e tradutor lusitano, é responsável por outro dos melhores momentos de
Vaporpunk. “Unidade em chamas” conceitualmente me lembrou o citado conto “Por um fio” da coletânea da Tarja, por também apresentar uma visão crítica e intimista de um conflito bélico e pelo uso mais embasado na realidade de uma retrotecnologia alada. A diferença é que, como eu disse antes, o brasileiro Flávio Medeiros Jr. havia escrito uma ficção alternativa com toques de HA, já Candeias faz uso – e muito bem – apenas desta última vertente. No caso, nesta linha temporal alternativa, o diferencial é o sucesso havido na tentativa do padre brasileiro Bartolomeu de Gusmão (1685-1724) em produzir em Portugal seu invento voador, a Passarola. Tanto sucesso que, décadas depois, em meio a uma tentativa de invasão por parte dos franeses, aquele reino já conta com um Corpo Aéreo estabelecido, formado pelos chamados passarolistas. Para servir de tripulação daqueles exóticos balões, minuciosamente descritos pelo autor, com saborosos detalhes da técnica empregada para manobrá-los, tais soldados são como jóqueis dos céus. Ou seja, eles são escolhidos não pela posse de terras ou por títulos de nobreza, mas sim pela estatura baixa e pelo pouco peso de cada um.
Acontece que com os rumos incertos da guerra, o rei de Portugal convoca para lutar pela metrópole passarolistas vindos de suas várias colônias. A cor escura da pele dos novatos que chegam das Américas e da Índia desentoca preconceitos raciais entre os lusos, provocando uma série de animosidade entre pessoas para quem a confiança mútua no campo de batalha é questão vital. Apesar de narrado em terceira pessoa, o ponto de vista da noveleta é do passarolista branco Sidónio. De uma hora para outra, ele vê antigas e incontestadas certezas serem desafiadas quando é obrigado a compartilhar seu posto entre a tripulação da nave Unidade, que dá título à história, com pessoas antes consideradas inferiores. Sem descuidar do lado tecnológico e dos demais elementos steamers, Candeias produziu literatura de primeira.
O nível da coletânea continua em alta com meu texto favorito entre o dos brasileiros, “A extinção das espécies”, do já mencionado Carlos Orsi. Se o colega carioca Octavio Aragão situou seu conto no município natal dele, este jornalista jundiaiense inicia sua noveleta na cidade daquele designer carioca. E começa na região de Botafogo, com uma narrativa em primeira pessoa feita por uma figura histórica que aos poucos o leitor vai desconfiando de quem seja, com várias pistas, como sua nacionalidade, o nome do barco em que viaja... Bem como pode desconfiar de qual é o ponto de divergência nesta ficção alternativa escondido por trás do várias vezes citado método Waldman-Ingolstadt, tecnologia a animar uma série de autômatos que surgem pela história a fora. Seguindo a viagem que o narrador faz pela América Latina, na década de 1830, a maior parte da trama ocorre mesmo nos pampas argentinos, onde ele encontra um gênio local envolvido em uma sanguinária luta com indígenas: Luís Adolfo Morel (aqui há citação a dois escritores conterrâneos dele e à principal obra de um, prefaciada pelo outro). Falar muito desta noveleta sem entregar surpresas é um desafio complicado demais, vou reforçar apenas o quanto a achei excelente e dizer que ela faz um par e tanto com “Uma breve história da Maquinidade”, de Fábio Fernandes, de
Steampunk – Histórias de um passado extraordinário.
O penúltimo texto da coletânea era o único que eu já havia tido o prazer de ler antes da publicação no livro – na verdade, até já havia brindado os leitores do blog com
um trecho de “Os dias da besta”. Seu autor, o carioca radicado em São Paulo Eric Novello, é a principal autoridade em termos de fantasia urbana do país, assim como Gerson Lodi-Ribeiro é quanto a história alternativa. Nada mais lógico então que sua colaboração juntasse elementos de FU com a temática steampunk. A capital de uma versão mais tecnologicamente desenvolvida do Império brasileiro – mas nada muito exagerado, inventos áreos, por exemplo, ainda são incipientes, o que abre espaço para alguns inusitados piratas dos céus – foi onde o escritor calhou de ambientar uma espécie de lobisomem vitoriano. Com farta dose de intriga internacional e muitas cenas de violência, esta noveleta faz um curioso triunvirato de temas clássicos do terror com os textos de Lodi-Ribeiro e Carlos Orsi. Um ótimo atrativo extra do livro que amplia o repertório e o imaginário steamer para além da FC.
Por fim, a noveleta que encerra o livro: “O sol é que alegra o dia...”, do escritor português João Ventura. Com a informação de que o protagonista é uma pessoa que realmente existiu, no caso o padre inventor Manuel António Gomes (1868-1933), chamado de Himalaya pelos colegas, devido à sua grande altura, à primeira vista poderia parecer se tratar de um tipo bem incomum de história altenativa. Falo daquela focada na vida de apenas um pequeno grupo de pessoas, como “Doris Bangs”, de Bruce Sterling, publicado no Brasil no segundo número da
Isaac Asimov Magazine. Não é bem o caso, pois o ponto de divergência aqui, mesmo sendo pessoal, acaba influenciando muito mais gente ao dar início a uma revolução tecnológica, como seria de se esperar em um trabalho steampunk. Na vida real, aquele padre foi a atração de uma feira mundial de ciência realizada nos EUA em 1904 com o seu pirelióforo – ou
Pyrheliophero na grafia da época, empregada no texto –, uma invenção pioneira na utilização da energia solar, com vários espelhos e cerca de 80 metros quadrados de área ocupada. Por falta de investimentos e de interesse, após aquela apresentação o padre nunca chegou a dar uma aplicação prática à sua máquina.
Tudo muda na linha temporal alternativa proposta por seu conterrâneo. Pois na ficção de Ventura, uma série de acontecimentos passa a dar certo para o padre Himalaya e suas invenções. O resultado é um resgate interessante e muito bem-vindo de uma figura praticamente desconhecida da história das ciências. O problema está no formato com que o texto foi escrito, que acabou por privilegiar aspectos mais burocráticos do processo – como o patenteamento das invenções e a forma de obter capital de investimento – que lances mais aventurosos, como o da corrida de automóveis comuns contra os movidos a energia solar, descrita de forma rápida e com pouco entusiasmo. É compreensível o escritor ter dado importância a fatos que realmente poderiam ter feito a diferença na história do inventor, mas não havia necessidade de se relegar a segundo plano alguma dose de entretenimento. Quando, perto do fim, ele recria um discurso em que o padre rememora os feitos que acabamos de ler em detalhes, eu me perguntei por que os editores não podaram algumas das 37 páginas da noveleta em benefício dela própria. Se o excesso de gordura tivesse sido transferido para encorpar a primeira história, a coletânea teria sido ainda mais equilibrada do que se mostrou.
Mesmo assim, preciso dizer que é exatamente isso o que
Vaporpunk – Relatos steampunk publicados sob as ordens de Sua Majestade é: a mais equilibrada coletânea de ficção científica brasileira – e também portuguesa – que já li. A média dos textos é a mais alta que já vi ser alcançada em uma coleção de textos de autores tão diferentes, reunidos apenas por um tema em comum. Aliada ao cuidado gráfico exemplar – que não se resumiu ao detalhes que descrevi sobre a capa, ela se espalha por todo o projeto interno – esta obra é um marco, sem a mínima dúvida, para a cultura steamer de nossos países, bem como para a literatura fantástica e de gênero de Brasil e de Portugal. Motivo de orgulho para as majestades dos dois reinos que obtiveram relatos à altura de suas ordens.