14.9.10

Clássicos do século XIX revisitados

Esta semana começou com matérias publicadas no jornal O Globo e no site da Livraria da Folha que agitaram o fandom de literatura fantástica nacional e que, mais uma vez demonstram, o quanto o século XIX está em evidência em termos literários. Já foi assunto por aqui uma das grandes tendências do mercado internacional que é o chamado mashup literário, quando comentamos a obra que inaugurou o filão Orgulho e Preconceito e Zumbis. Naquele livro, Seth Grahme-Smith misturou o clássico do início do século XIX Pride and prejudice, escrito por Jane Austen, com as criaturas desmortas. Não demorou tanto para que a moda ganhasse versões nacionais, também revisitando material daquele século, até por uma questão muito prática: tais obras estão em domínio público e podem ser recriadas à vontade por novos escritores.

E esta é a aposta da editora multinacional Leya que por seu selo Lua de Papel prepara nada menos do que quatro lançamentos para este mês de setembro. São eles, pela ordem das capas que aparecem abaixo: Senhora, a bruxa, de José de Alencar e Angélica Lopes; Dom Casmurro e os discos voadores, de Machado de Assis e Lúcio Manfredi; A escrava Isaura e o vampiro, de Bernardo Guimarães e Jovane Nunes; e O Alienista, caçador de mutantes, de Machado de Assis e Natalia Klein.



As duas matérias também destacaram outro lançamento, este já comentado por aqui, o de Memórias desmortas de Brás Cubas, pela Tarja Editorial, mesma editora de Steampunk - Histórias de um passado extraordinário. Além de demonstrar que Machado de Assis é o favorito nessas recriações, este livro, de autoria de Pedro Vieira, segue um caminho diferente por não se utilizar de trechos do texto original mesclados com elementos fantásticos. Os personagens machadianos são inseridos em uma nova obra, o que me lembra mais o trabalho de Philip José Farmer O diário de bordo de Phileas Fogg que àquela criação de Seth Grahme-Smith. Mas isso é algo a se conferir no futuro. O certo é que nunca se viu tanto interesse editorial por se redescobrir a literatura do século retrasado. O que é um belo motivo para se comemorar, creio eu.

7 comentários:

Alexandre Lancaster disse...

O divertido foram os defensores da literatura tradicional urrando contra a iniciativa nas seções de comentários desses jornais online. XD

Anônimo disse...

I enjoyed reading your blog. Keep it that way. kwhercfgagnhslzi

Romeu Martins disse...

Ah, sim, Lancaster, os puristas, os puristas. Para eles eu recomendo cachaça sem limão e acúcar, e estamos conversados ;-)

Afonso Luiz Pereira disse...

Olha, não vou dizer que aprecio este novo tipo de filão literário, mas fiquei curioso para esbarrar como uma destas obras, em particular "Orgulho e Preconceito", de Jane Austen. Apenas curiosidade! (rs, rs, rs).

Tenho as minhas razões, é claro!

Fico tentando imaginar a cara do meu professor de literatura, na época da faculdade, que me aterrorizou para que eu escrevesse uma resenha crítica sobre o Livro "Orgulho e Preconceito". Sofri o diabo na mão do homem, que me exigiu coisas que ele nem tinha explicado.

Tento visualizar aquele jeitão dele, sabe? Assim, um tanto esnobe, vitoriano, expressando aquela falsa cultura e perdido na fumaça do cachimbo. É isso aí, o cara gostava tanto da literatura do século passado que encarnava algum personagem da época. Ele era patético!

Se ele ainda estiver vivo, fico pensando, aqui com os meus botões, como foi ele recebeu o lançamento da obra remixada mais venerada por ele. (rs, rs,rs)

Romeu Martins disse...

Opa, Afonso. Acho que tanto para este quanto para qualquer outro nicho literário vale a velha lei de Sturgeon (90% de qualquer coisa é lixo).

Eu tenho mais do que simpatia por esses mashups e nem poderia ser diferente: em "Cidade Phantástica", a noveleta, além de personagens de Verne e Doyle, usei elementos de dois desses livros remixados pelo pessoal da Leya.

O que podemos dizer para seu ex-professor, se vivo ele for, é que os originais vão continuar lá, preservados. Na pior das hipóteses, um novo público vai ter contato com pelo menos parte do material. Talvez até se interessar em ler a íntegra dos clássicos, certo? Abraço!

Lúcio disse...

Valeu pela divulgação, Romeu!
Abs.
L.

Romeu Martins disse...

Sucesso com o novo livro.