O livro em questão é Orgulho e preconceito e zumbis, uma releitura iconoclasta feita por Seth Grahme-Smith do clássico do início do século XIX Pride and prejudice, escrito por Jane Austen (1775-1817). E a resenhista é Ana Cristina Rodrigues que, em sua crítica, fez um levantamento muito interessante dos bastidores da criação desta nova obra, que deu origem à febre editorial dos mashups literários; do contexto tanto da época do romance original quanto o dos tempos atuais que permitiram tal dessacralização de um texto icônico para a literatura inglesa e mundial como aquele. Algumas das melhores partes da análise da escritora e agitadora cultural carioca são suas observações sobre a reação que a novidade provocou em certos intelectuais, e outros nem tanto, com uma série de acusações e ataques ao trabalho de Grahme-Smith. Essa visão já começa pelo título que ela deu à sua resenha, o qual mantive nesta postagem.
Segue abaixo apenas o início do artigo que pode - e deve - ser lido integralmente aqui.
Um dos maiores chavões que eu conheço – olha que são muitos – é o velho ‘a escola mata o gosto pela leitura ao obrigar os alunos a ler os clássicos’. Apesar de acreditar que muito disso se deve mais a obrigatoriedade do que aos clássicos em si, não podemos desconsiderar que em tempos de ‘Resident Evil’ e ‘God of War’, ‘O morro dos ventos uivantes’ e ‘A Odisseia’ saem perdendo no quesito atratividade.
Afinal, entre ler sobre monstros e matá-los para se tornar um deus qualquer pessoa com menos de 30 anos vai escolher o caminho mais divertido e sangrento. Oras, por vezes até eu mesma escolho. Então, fica difícil alguém conseguir manter a atenção nos intermináveis saraus e reuniões sociais de ‘A moreninha’ e ‘Senhora’ em tempos de ‘The Sims’, twitter e MSN.
E até onde posso perceber, o problema é universal. Ou melhor dizendo, mundial. As crianças vulcanas devem adorar ler os ensinamentos de Surak.
Mas aqui na 3ª pedra a partir do Sol, o negócio é bem mais complicado.
Até que um dia, lá fora – claro, o editor Jason Rekulak da Quirk Classics achou o ‘ovo de Colombo’ dessa história. Foi inspirado pelo exemplo de um livro de auto-ajuda para pessoas… ah, fofas em excesso assim como eu, que misturava os ensinamentos do Sun Tzu em ‘A arte da guerra’ com os conselhos que todo o fofinho já escutou de seu endócrino ou nutricionista que mudou os rumos da sua casa editorial.
Resolveu pegar clássicos da literatura que já tivessem caído em domínio publico e fazer uma mistura com elementos dos livros que a rapaziada curte: vampiros, fantasmas, lobisomens, andróides, zumbis, monstros marinhos, ninjas… Contatou o escritor pouco conhecido Seth Grahame-Smith, dizendo que tinha uma ideia, um título e só. O autor disse depois que este título ‘era a coisa mais genial que já tinha ouvido’: ‘Pride and Prejudice and Zombies‘.
Cá entre nós, se não é a coisa mais genial que EU já ouvi, está no top 100 com certeza.
O livro obviamente incomodou muitos acadêmicos. Mas como todos nós sabemos, o público em geral não dá muita bola para ranzinzices mofadas e adorou a ideia, fazendo do mashup do livro de Jane Austen um dos grande sucessos editoriais do ano passado. A Intrinseca, mostrando mais uma vez que é antenada com o que cheira a sucesso (é a editora das séries ‘Crepúsculo’ e ‘Percy Jackson’ no Brasil), lançou a versão brasileira do livro no começo de 2010.
Manteve-se fiel ao espírito da edição original: a capa é a mesma, o título é a tradução literal, as ilustrações – uma boa emulação dos originais da época de Austen – também estão lá. Inclusive a ‘ficha de leitura’, que tira um grande sarro das perguntas dos livros paradidáticos, aparece no final.
4 comentários:
eu ainda tô meio relutante em ler esse livro, mãs, depois dessa resenha tô inclinada a lê-lo
vou continuar a leitura na pag da ana
Essa é a ideia, começar por aqui e terminar por lá ;-)
Eu andei meio enfastiado de zumbis depois de uma overdose de quadrinhos ruins sobre o assunto, mas esse livro me deixou bem curioso... Um dia ainda dou uma conferida.
é verdade, os zumbis tão bombando
mas eu nem tô muito ligada em quadrinhos ultimamente, triste
queria voltar a ler mais
Bem, no meu caso foi uma overdose de Zumbis Marvel, na revista Marvel Max, que tá pra ser cancelada. Começou como uma boa piada e foi perdendo a graça a cada nova hq lançada... e foi uma meia dúzia de minisséries, mais ou menos :-(
Postar um comentário