21.4.10

Orgulho e preconceito contra zumbis

Sempre que possível, gosto de resenhar eu mesmo obras que sejam legitimamente steampunk ou ao menos relacionadas ao gênero lançadas no Brasil. Foi assim com os filmes Como treinar seu dragão e Sherlock Holmes; com as HQs Gotham City 1889 e "Mickey e o selo de Vladimir Zeta"; com os livros Conspiração Dumont, A solução final e Anno Dracula; e mesmo com contos como "Não mais/Ya no" e "Ernst Amedée B. Mouchez, espião de Sua Majestade Imperial". Seria também o caso do romance que é o tema desta postagem, mas uma obra ainda em andamento aqui em casa está simplesmente acabando com aqueles dois sinônimos - tempo e dinheiro - em minha vida ao longo deste primeiro semestre. Felizmente, se no momento não é possível nem comprar nem conseguir condições para ler o romance, posso contar com a autora daquele último conto listado acima para pincelar trechos da resenha dela no meu blog.

O livro em questão é Orgulho e preconceito e zumbis, uma releitura iconoclasta feita por Seth Grahme-Smith do clássico do início do século XIX Pride and prejudice, escrito por Jane Austen (1775-1817). E a resenhista é Ana Cristina Rodrigues que, em sua crítica, fez um levantamento muito interessante dos bastidores da criação desta nova obra, que deu origem à febre editorial dos mashups literários; do contexto tanto da época do romance original quanto o dos tempos atuais que permitiram tal dessacralização de um texto icônico para a literatura inglesa e mundial como aquele. Algumas das melhores partes da análise da escritora e agitadora cultural carioca são suas observações sobre a reação que a novidade provocou em certos intelectuais, e outros nem tanto, com uma série de acusações e ataques ao trabalho de Grahme-Smith. Essa visão já começa pelo título que ela deu à sua resenha, o qual mantive nesta postagem.

Segue abaixo apenas o início do artigo que pode - e deve - ser lido integralmente aqui.

Um dos maiores chavões que eu conheço – olha que são muitos – é o velho ‘a escola mata o gosto pela leitura ao obrigar os alunos a ler os clássicos’. Apesar de acreditar que muito disso se deve mais a obrigatoriedade do que aos clássicos em si, não podemos desconsiderar que em tempos de ‘Resident Evil’ e ‘God of War’, ‘O morro dos ventos uivantes’ e ‘A Odisseia’ saem perdendo no quesito atratividade.

Afinal, entre ler sobre monstros e matá-los para se tornar um deus qualquer pessoa com menos de 30 anos vai escolher o caminho mais divertido e sangrento. Oras, por vezes até eu mesma escolho. Então, fica difícil alguém conseguir manter a atenção nos intermináveis saraus e reuniões sociais de ‘A moreninha’ e ‘Senhora’ em tempos de ‘The Sims’, twitter e MSN.

E até onde posso perceber, o problema é universal. Ou melhor dizendo, mundial. As crianças vulcanas devem adorar ler os ensinamentos de Surak.

Mas aqui na 3ª pedra a partir do Sol, o negócio é bem mais complicado.

Até que um dia, lá fora – claro, o editor Jason Rekulak da Quirk Classics achou o ‘ovo de Colombo’ dessa história. Foi inspirado pelo exemplo de um livro de auto-ajuda para pessoas… ah, fofas em excesso assim como eu, que misturava os ensinamentos do Sun Tzu em ‘A arte da guerra’ com os conselhos que todo o fofinho já escutou de seu endócrino ou nutricionista que mudou os rumos da sua casa editorial.

Resolveu pegar clássicos da literatura que já tivessem caído em domínio publico e fazer uma mistura com elementos dos livros que a rapaziada curte: vampiros, fantasmas, lobisomens, andróides, zumbis, monstros marinhos, ninjas… Contatou o escritor pouco conhecido Seth Grahame-Smith, dizendo que tinha uma ideia, um título e só. O autor disse depois que este título ‘era a coisa mais genial que já tinha ouvido’: ‘Pride and Prejudice and Zombies‘.

Cá entre nós, se não é a coisa mais genial que EU já ouvi, está no top 100 com certeza.

O livro obviamente incomodou muitos acadêmicos. Mas como todos nós sabemos, o público em geral não dá muita bola para ranzinzices mofadas e adorou a ideia, fazendo do mashup do livro de Jane Austen um dos grande sucessos editoriais do ano passado. A Intrinseca, mostrando mais uma vez que é antenada com o que cheira a sucesso (é a editora das séries ‘Crepúsculo’ e ‘Percy Jackson’ no Brasil), lançou a versão brasileira do livro no começo de 2010.

Manteve-se fiel ao espírito da edição original: a capa é a mesma, o título é a tradução literal, as ilustrações – uma boa emulação dos originais da época de Austen – também estão lá. Inclusive a ‘ficha de leitura’, que tira um grande sarro das perguntas dos livros paradidáticos, aparece no final.

4 comentários:

bibs disse...

eu ainda tô meio relutante em ler esse livro, mãs, depois dessa resenha tô inclinada a lê-lo
vou continuar a leitura na pag da ana

Romeu Martins disse...

Essa é a ideia, começar por aqui e terminar por lá ;-)

Eu andei meio enfastiado de zumbis depois de uma overdose de quadrinhos ruins sobre o assunto, mas esse livro me deixou bem curioso... Um dia ainda dou uma conferida.

bibs disse...

é verdade, os zumbis tão bombando
mas eu nem tô muito ligada em quadrinhos ultimamente, triste
queria voltar a ler mais

Romeu Martins disse...

Bem, no meu caso foi uma overdose de Zumbis Marvel, na revista Marvel Max, que tá pra ser cancelada. Começou como uma boa piada e foi perdendo a graça a cada nova hq lançada... e foi uma meia dúzia de minisséries, mais ou menos :-(