17.1.09

Coração do meu Brasil

O post abaixo deste é a primeira parte de uma noveleta steampunk que estou escrevendo, gênero caracterizado pela existência de tecnologias imaginárias na Era Vitoriana (1837-1901), o auge da Revolução Industrial.

Normalmente, um texto do tipo parte do pressuposto de algum ponto de divergência entre a nossa história e a do universo ficcional em questão. Um exemplo é o livro The difference engine, de 1990, escrito a quatro mãos pelos criadores do movimento cyberpunk Willian Gibson e Bruce Sterling. Na obra, a hipótese de partida é que o cientista e matemático inglês Charles Babbage (1791-1871) teria construído uma máquina (que chegou mesmo a projetar) : o primeiro computador do mundo, baseado apenas em peças mecânicas.

Em "Cidade Phantástica" o ponto de mudança imaginado ocorre nas decisões tomadas por D. Pedro II (1825-91). Aconselhado por um consórcio de empresários, liderado por Irineu Evangelista de Souza, o Barão de Mauá (1813-89), o Imperador dos Trópicos assume um governo muito mais pragmático e liberal que o de nossa realidade, costurando acordos de paz com os países vizinhos, principalmente o Paraguai, que se torna nosso maior aliado no continente, evitando a Guerra da Tríplice Aliança (1864-70). Além disso, neste mundo, a abolição da escravatura ocorreu bem antes, por volta de 1850, quando em nossa linha do tempo de fato ocorreu apenas a proibição do tráfico de negros vindos da África, graças a lei Eusébio de Queirós.

Os reflexos dessas medidas podem ser sentidos em um país muito mais industrializado que o nosso, com estradas de ferro ligando todos os extremos do território nacional. Investimentos de companhias internacionais e massas de imigrantes também foram atraídos de maneira muito mais aguda, uma vez que tanto a Europa quanto os Estados Unidos permaneceram envolvidos em conflitos armados naquele período (um exemplo é a Guerra da Secessão dos EUA, que durou de 1861 a 1865). Boa parte da ação se passa na capital do Império, São Sebastião do Rio de Janeiro, a Cidade Phantástica do título, local que se tornou a maior metrópole do continente.

Além de alterações em episódios históricos, a noveleta também conta com a participação de vários personagens de obras nacionais e estrangeiras que caíram em domínio público. Conforme o texto for avançando, devo postar mais alguns detalhes por aqui.

Obrigado pela leitura.

10 comentários:

Giseli Ramos disse...

Opa, vai ser interessante ler seu repositório de idéias sobre o conto!
Aiai, fiquei imaginando aqui o quão o Brasil seria desenvolvido se não ocorresse a guerra do Paraguai...

Romeu Martins disse...

Não precisa imaginar, é só ler o meu conto :-P

Brincadeiras à parte, acho que vai ser legal falar um poucos das ideias por trás da história, se bem que ainda não sei como fazer isso sem entregar spoilers, hehe

Anônimo disse...

Ótima notícia! Sempre pensei que o Brasil do século XIX tem todos os ingredientes para uma boa história steampunk. E sabendo como você escreve bem, Romeu, é bastante promissor!

Gi,
O que eu fico pensando é como o Paraguai seria desenvolvido se não fosse a tal guerra. De certo modo, nós transformamos o Paraguai nisso que ele é.

Romeu Martins disse...

Obrigado pela confiança, Cris.

Vale lembrar que o Paraguai estava numa rota muito perigosa naqueles tempos. A dinastia Lópes não era exatamente o tipo de flor que eu gosto de cheirar.

Mas de fato um pouco de diplomacia provavelmente traria benefícios a todo nosso continente e evitaria dezenas de milhares de mortes, para dizer o mínimo.

Anônimo disse...

Romeu,
Como será o Brasil steampunk? Melhor ou pior que o nosso?
Taí um projeto que promete, rapaz. Considerando o capricho e a criatividade que podemos esperar de você, certamente não ficará só na promessa.
Mas eu quero ler o negócio INTEIRO, pô... não pedacinho por pedacinho! Rs!
"Teje" linkado.
Grande beijo.

Romeu Martins disse...

Oi, Mila.

Brigadão pelo link, pelas palavras e pelo apoio.

Como você sabe, a ideia é publicar tudo numa tacada só. Mas aceito beta readers como cobaias :-)

Beijão

Giseli Ramos disse...

Eu acho que o Paraguai não gosta da gente, no fundo... pois como você falou, Cris, afundamos o país de uma maneira irrecuperável.
Se a guerra não tivesse ocorrido, talvez o Paraguai fosse uma potência tão ou igualmente forte ao Brasil. Ufs, como o passado dá margens a muitas especulações de "e se"!

Romeu Martins disse...

Ah, sim. Asa de borboleta, peça de dominó, escolha sua metáfora favorita...

Camila Fernandes disse...

Classificados: cobaia se oferece para experimentos de "steampunk beta reading".

Romeu Martins disse...

Opa, assim que eu voltar ao meu saudoso HD, mando a versão preliminar procê ;-)