28.4.11

Dicas de leitura para o fim de semana 3

Como estou de saída logo mais para o evento de lançamento de Mortal Engines, em São Paulo, vou adiantar aqui a sessão de recomendações de textos para os amigos steamers. Dessa forma, não deixo os leitores na mão enquanto não volto para atualizar o blog. Esta semana, temos a segunda parte de um conto e um material de background para um história em quadrinhos, tudo movido a vapor.

Ao conto, primeiro. Trata-se da continuação de "Harold Spencer, o homem que nunca chegou ao front", de Heitor Serpa, dentro do cenário de Steamage:


–Chegamos, finalmente – polido em sua seriedade, Wesley se empertigava antes de dar ordens ao grupo. Por dentro, impossível descrever seu alívio – Asher, esta missão é sua. Eu e o ministro Faber temos de explicar melhor os nossos motivos para a Casa...

A moça oculta pelo capuz ia avisar algo, mas foi barrada a meio caminho pelo corpo do secretário sênior:

–Que tal irmos aos seus superiores?  Meu novo soldado vai precisar de alta.


                                                    ***


No interior mais profundo do asilo, numa ala onde poucos desejariam caminhar, havia um quarto tingido de azul, composto de duas camas e nada mais. Quaisquer suportes ou aparelhos que pudessem afirmá-lo como um ambiente hospitalar inexistiam, exceto uma bandeja móvel na qual se observava uma refeição ainda não tocada. O local, como o resto de todo aquele setor, era apenas luz e silêncio. Luz, dos janelões escancarados e corredores abertos para jardins de flores brancas, e o silêncio dos que nada tinham a dizer. Luz e silêncio, para os moribundos que aguardavam a morte sem a chance de lutar.

Uma das camas foi desocupada na última semana, esperando seu novo cadáver em potencial com a sede estampada nos lençóis; a outra continuava a guardar um homem delirante, deformado de tão magro, cabelos desgrenhados em um tom sujo e com um odor putrefato exalando dos poros. Quem o visse naquele estado, de olhos fechados e sem respiração aparente, o julgaria como morto... No entanto, bastou a sombra de alguém entrando no quarto para despertá-lo. Do outro lado, encarando a figura decrépita de Harold Spencer, Asher suspirava de alívio. As coisas que vira no caminho o fizeram temer pelo pior...

Continua.

E o artigo de Alexandre Lancaster dá aos interessados uma ambientação relacionada ao tema de seu mangá Expresso!, em vias de produção para o almanaque Ação Magazine: o mundo dos jovens inventores, um autêntico subgênero dentro do steampunk:



Trens, rádios, iluminação artificial. Barcos a vapor, dirigíveis, carros. A tecnologia abriu novos caminhos ao ser humano durante a segunda metade do século dezenove – e mudaria não só a vida, mas o comportamento das pessoas que se deixaram envolver com ela. Uma máquina não era mais apenas uma geringonça. Era uma revolução na vida de todos os que a tinham ao seu alcance. Nada mais seria o mesmo. Em nenhum campo.

Para que ir à ópera se você pode trazer a ópera para dentro de casa? Para que fustigar um cavalo para uma viagem de dias quando os trens fazem o mesmo em poucas horas? Por que percorrer o oceano através de correntes marítimas quando se pode voar em linha reta? Isso tornou a ciência e tecnologia – e aqueles que as dominam – populares e de ponta. O casal Curie passaria a ser convidado para grandes eventos sociais graças à descoberta da Radioatividade. Santos Dumont era parte do grande círculo social da Paris na Belle Époque. As invenções pareciam se suceder em massa, da mais revolucionária à mais fútil, e todos os jornais pareciam documentar as novas criações que mudariam a vida da humanidade.

Inventores se tornaram figuras pop no imaginário do seu tempo, e não à toa, setores conservadores tentaram de todas as formas deter os avanços do pensamento racional e científico na forma em que as pessoas enxergavam o mundo. Um livro como A Origem das Espécies, de Charles Darwin, apresentando a vida como uma grande luta por evolução e sobrevivência, e desafiando os cânones religiosos, era exatamente aquilo que os mais conservadores não gostariam de ver como influência para os seus filhos. Mas foi isso o que ocorreu: essa postura atrairia a juventude com força, e lhes deu a certeza de que o futuro poderia ser feito por suas mãos. Era a evolução da humanidade, feita pelos que não aceitavam um discurso bovino de humildade – nas mãos de uma nova geração que tinha as armas para essa mudança e crescimento em suas mãos. Conhecimento. Técnica. Máquinas.

Os Jovens Inventores surgiram – e lançaram seu desafio para o mundo.

Continua.

E por enquanto é isso, volto assim que puder, ao meu PC - o popular HAL 1,99 - e ao meu blog. Boas leituras!

27.4.11

Cursed City em pré-venda

A loja Estronho acaba de colocar em pré-venda a coletânea weird west Cursed City - Onde as almas não têm valor. Quem for visitar o endereço pode adquirir o título por lá com um desconto de R$ 10 com direito a brindes e ainda acumular pontos para novas aquisições de livros da editora Estronho naquele site, onde também estão disponíveis títulos de suas parceiras, como a Draco, Tarja Editorial e UnderWorld. Para comemorar o início das vendas - e o centésimo post deste ano em meu blog -, segue o trecho inicial do meu conto naquela obra, "Domingo, Sangrento Domingo".




Os passos do casal ecoaram nas rochas cheias de limo e musgo eternamente protegidas da luz do sol. Ela pisou com cuidado o chão escorregadio, mal fez barulho, pois os pés estavam nus, sem os sapatos de salto alto que costumam cobri-los quando andam por terrenos mais firmes. Já o homem, usando botas de solado grosso, retumbou seu peso naquelas pedras acrescido pelo material de mineração que carregava. Os metais faíscavam cada vez que batiam nas paredes sombrias e estreitas.

– Tem certeza que foi daqui que saiu o bicho? – o homem falava com uma voz de tenor valorizada pela acústica da caverna. – Esses montes de pedregulho parece tudo igual.

– Claro que tenho, não falei? – já ela soava como uma soprano, esbaforida pelo esforço da caminhada. – O rato parecia querer que eu visse ele com toda calma. Ficou parado na entrada, bem ali, me olhando, até eu chegar a poucos passos dele. Só então voltou a correr pra dentro desse paredão aí, bem na tua frente. Mas antes disso, largou essa belezura que tava rolando com as patas da frente, refletindo no sol... foi o que me atraiu a vista. Mesmo precisando de dinheiro pra pagar a Marlene o meu quarto no bordel, nem tive corage de vender e chamar a atenção de meio mundo de que tem disso por aqui.

O homem soltou um assobio, ainda impressionado pela pedra que a sua acompanhante carregava.

– Mary, vou dizer, eu nunca ouvi falar de prata nessas terras, mas posso jurar que esse torrão aí é material de primeira! Oh, se é.

A mulher soltou uma risada; o homem largou os apetrechos ruidosamente no chão.

– Eu sei, eu sei. Nunca ninguém soube de prata nessa parte do deserto, tirei a dúvida perguntando prum cliente que trabalhou nas mina da região. Ele me disse que o antigo nome, o de verdade, de Cursed City até tinha alguma coisa que ver com ouro... De prata ele nunca enxergou nada e eu é que não mostrei isso prele, que burra eu não sou.

– Cê é a mulher mais danada de esperta que eu conheço, isso sim. Tanto que resolveu confiar o segredo que o rato te mostrou pra eu – a risada dele explodiu como se a caminhada e o peso da tralha não tivessem afetado em nada seu fôlego.

– Uma coisa é mostrar uma pedra dessas prum espertalhão cheio de contato com os rico da cidade. Outra é confiar em um escravo fugido feito tu, que sabe muito bem que aparecer numa mesa de carteado do Saloon do Billy, cheio de prata pra trocar por ficha, é pedir pra levar chumbo e chicote no lombo.

Um palito esfregado numa pedra qualquer chiou antes de acender o charuto que o negro começou a fumar.

– Escravo fugido? Sei não, Mary, ouço os home dizer que a confusão entre os Confederado e as tropa da União chegou ao fim e que o presidente da capital libertou todo mundo... – uma tragada forte seguiu-se de uma baforada lenta. – É o que ouvi dizer.

– Essas coisas entre o Norte e o Sul são em outro mundo, rapaz. Aqui é o Oeste e nenhuma lei que descontente os que têm dinheiro vai valer só porque o finado Abraham Lincoln, que Deus o tenha, assim queria. Agora larga esse troço fedido e começa a fazer força, não foi pra fumar que tu veio. Pode quebrá bem ali, onde o rato se entocou.

25.4.11

Pé na estrada

O post desta volta de feriadão é bem oportuno, pois até o final da semana terei quase mil quilômetros pela frente, em uma viagem que parece uma conferência de santos: saio de São José, Santa Catarina, e chego em São Caetano do Sul, São Paulo, no dia 29 pela manhã. Oportunamente, Pauline Kisner preparou em seu blog um guia visual sobre os diferentes tipos de carruagens que serviam aos cidadões do século XIX. Uma delas, citada logo no início de um conto que escrevi neste ano:

Foi com ar melancólico que dispensei o cabriolé alugado, diante do hospital onde iria encontrar um homem que, esta era minha impressão naquele momento, poderia ter sido o amigo mais íntimo que jamais tive. A melancolia não dizia respeito à proximidade das festas natalinas, que se misturava ao frio enregelante do fim de tarde. Não eram as cobranças familiares, nem as movimentações das compras de fim de ano que me ocupavam a mente naquele dia. Também não era a pobreza ao meu redor, no bairro mais mal afamado de Londres. Nada disso. As sombras que me caíam sobre a cabeça nada tinham a ver com preocupações cotidianas da grande maioria das pessoas que eu conhecia.

Ainda não posso falar sobre o conto citado acima,  mas graças à Pauline, posso visualizar com vocês o tal cabriolé e muitos outros modelos de transporte daqueles tempos:



Salut
Devoradores de romances históricos e livros de época sabem que uma das dificuldades desse tipo de leitura está nos objetos que são descritos, muitos dos quais simplesmente não existem mais. Você já parou para observar os diferentes tipos de carruagens que aparecem? São coches, coupés, faetontes… Hoje temos um pequeno guia, bastante visual, dos principais modelos de carruagem no Ocidente.

O COUPÉ (CUPÊ)

Muito frequente de ser citado nas tramas de Machado de Assis, o cupê é uma carruagem de origem francesa, surgida no século XIX. Possui quatro rodas e a área do passageiro é fechada, ficando o passageiro virado para a frente do seu trajeto. O condutor fica do lado de fora, sem proteção. Geralmente o cupê carrega um único passageiro.


O CABRIOLÉ

O cabriolé é uma carruagem de duas rodas, sem portas, com toldo e feita para transportar duas pessoas, uma das quais serve como condutora. Por ser leve e rápida, puxada por apenas um cavalo, era muito usada como carro de aluguel tanto em Londres quanto em Paris. É praticamente um conversível oitocentista:



Para ver mais, clique aqui.

22.4.11

Atomicpunk no tabuleiro



A primeira vez que falei no assunto por aqui, foi num feriadão, o do Dia das Crianças passado, quando relembrei um jogo que fez as minhas tardes nos anos 80 bem mais divertidas e me fascinou em relação ao século XIX: Scotland Yard (o que levou um leitor a me deixar uma dica que gerou o segundo post sobre tais jogos). O tema retorna aqui pela terceira vez, novamente em um feriado, por conta de uma dica que li no blog do escritor Marcelo Augusto Galvão, que por conta disso, fiquei sabendo ser também um aficionado por essa fascinante atividade:


Quem acha que jogos de tabuleiro se resumem aos veteranos Banco Imobiliário – na realidade, uma cópia do americano Monopoly, criado na década de 30 – ou War – outra cópia, desta vez do Risk, inventado nos anos 50 -, pode ficar surpreso em conhecer a variedade que existe na Europa e EUA, com jogos usando as mais diversas mecânicas e temas – horror, fantasia, cenários históricos etc. O mais legal é que agora o Brasil começa a  lançar jogos criados por brasileiros e usando a ficção científica como temática. Os exemplos a seguir são da Riachuelo Games:


Guerreiros de Ferro – Era Atômica é um jogo de guerra que tem como cenário uma Segunda Guerra Mundial que se prolonga até a década de 50. Além disso, a Terra foi invadida por alienígenas, transformando o planeta em um lugar apocalíptico.

Para ler a segunda dica do Galvão, você deve ir ao blog dele. No que interessa a esta página,  a descrição de Guerreiros de Ferro enquadra o jogo naquela forma de retrofuturismo conhecida como Atomicpunk. Seria interessante conferir como Antonio Marcelo e Flávio Jandorno, os responsáveis pelo projeto, levaram essa proposta aos tabuleiros.

20.4.11

Retrofuturismo oriental 3

A oferta de material steampunk nacional já está superando a capacidade deste blogueiro acompanhar tantas novidades em tantas frentes diferentes, desde as análises que se faz sobre a cultura em si ou mesmo ficção e arte influenciadas pelo gênero. O ideal seria expandir a equipe de um só deste blog para tentar dar conta de tudo o que vem surgindo pelo país ou mesmo daquilo que os brasileiros fazem e repercute lá fora... Enquanto algo assim não é possível, vou tentando tirar o atraso de algumas chamadas que já deveria ter feito nesta página. Caso do artigo de Alexandre Lancaster em seu blog sobre quadrinhos e animações japonesas Maximum Cosmo. Acompanho a série sobre steampunk que ele faz lá desde o início, com duas chamadas já feitas por aqui - a primeira e a segunda UPGRADE: o próprio Lancaster me lembrou que houve um outro texto anterior e que também recebeu chamada aqui -, não poderia deixar de registrar a mais recente, mesmo com quase dez dias de atraso.

Nesta terceira quarta empreitada, Lancaster fala da animação Patapata Hikousen no Bouken, realizada pelo estúdio Telecom Animation Film e exibida em 2002 no canal por assinatura japonês WOWOW. Material bastante influenciado por animes clássicos feitos décadas antes para o World Masterpiece Theatre, essa produção adapta muito livremente duas obras de um favorito deste blog, Jules Verne: Em frente à bandeira (Face Au Drapeau) e A espantosa aventura da Missão Barsac (L'etonnante Aventure de la Mission Barsac). Vamos ao resumo que o articulista fez do anime:

Bem, a história é ambientada na Inglaterra do final do século XIX. A menina Jane Buxton, na infância, vive em um lar aristocrático aparentemente feliz, mas em verdade conturbado pela rivalidade entre os irmãos mais velhos George e William, que só não explode por causa da estima que ambos nutrem por ela. Quando o patriarca da família escolhe seu herdeiro, no entanto, tudo desmorona: William vai embora sem dar mais notícias. George parte numa expedição para o oriente médio e de repente os Buxton recebem uma carta do governo declarando que o rapaz foi executado por traição. O que resta da família cai em desgraça por conta de um crime associado ao seu patriarca (cometido na verdade por misteriosos piratas aéreos que aparentemente têm uma grande ligação com o passado dos Buxton), acaba falindo e, no começo da adolescência, a agora jovem Jane, que se tornou uma inventora auto-didata a partir do estudo dos livros de George, recebe uma mensagem do oriente médio com uma substância azul flutuante no envelope. Sem saber direito o que está acontecendo, mas com a certeza de que seu irmão está vivo, ela parte – ao lado do mordomo da família – em uma longa jornada que envolverá encouraçados gigantes que navegam nas areias do deserto, saqueadores que pilotam estranhos carros, máquinas voadoras e, claro, um grande segredo por trás disso tudo a ser revelado.

Patapata Hikousen no Bouken


Leiam a íntegra da análise, com muito mais imagens e informações, aqui.

19.4.11

Nova figura steampunk

Conversando com o escultor Leandro Chaves, citado no post anterior, me dei conta de que fazia tempo que não visitava o fórum de customizadores de figuras de ação Escala 1 Sexto. Citei várias vezes por aqui um dos mais ativos frequentadores daquele espaço, o Águia 1, especialista em figuras femininas e que dá uma atenção especial a projetos steamers e retrofuturistas. Para ser exato, ele foi assunto aqui quatro vezes: a primeira, a segunda, a terceira e a quarta. Por uma dessas coincidências, foi só eu voltar àquele espaço para perceber que o paulista desenvolveu mais uma customização explicitamente steampunk: a personagem inclusive leva o nome da rainha que batizou a era histórica favorita dessa cultura.


Aqui embaixo, vemos Victoria preparada para matar:


Parabéns ao Águia 1 por mais essa criação.

Os aldeões de Leandro Chaves

Conheci o trabalho do escultor, ilustador e diretor de arte Leandro Chaves na primeira edição da HQCon, destacado nas fotos que postei por aqui:




Uma das sensacionais esculturas em argila de Leandro Chaves

Ontem pude conferir novamente o trabalho desse artista em uma exposição que abriu próximo à minha casa, em São José, Santa Catarina. No Shopping Itaguaçu, no corredor entre o Burguer King e as salas de cinema, a série de esculturas "Aldeia" estará exposta até o dia 30 de abril. A presença de Chaves está confirmada para todos os dias, para conversar com o público, a partir das 20h. Oportunidade perfeita para se conferir um trabalho que usa a argila, matéria prima clássica dos artesãos josefenses nas olarias. Mas a proposta do escultor da cidade vizinha, Palhoça, é bem mais carregada de cultura pop, com figuras humanóides que parecem ter saído dos desenhos de fantasia de um Moebius, vivendo em uma aldeia atemporal. Visitem primeiro virtualmente o site de Leandro Chaves e, se vierem pessoalmente ao Itaguaçu, me deem um toque, talvez a gente se tope por lá. A seguir, o release e o convite da mostra.


  • Exposição "ALDEIA" de Leandro Chaves
    Local: Shopping Itaguaçu Florianópolis SC, (em frente ao cinema).
    Data: 18 a 30 de abril.


    Há 5 anos Leandro Chaves vem resgatando uma brincadeira de sua infância, modelar a argila, brincadeira que hoje ele leva muito a sério.

    Leandro criou a série "ALDEIA" Inspirado no ritmo de vida da vila de pescadores da Guarda do Embaú - SC, onde tem seu atelier.

    Essa série de esculturas em cerâmica nos leva a um universo criado para expressar a vida em comunidade, onde todos convivem com suas diferenças, seus medos, suas crenças, obrigações etc. Tudo com muita harmonia e uma forte ligação com a natureza.

    "Passo algumas horas por dia vivendo na ADEIA", afirma Leandro, "assim consigo imaginar os movimentos, expressões e suas texturas"


    Catarinense nascido e criado em Palhoça, com seu atelier na Guarda do Embaú. Diretor de arte premiado internacionalmente com mais de 20 anos de experiência no mercado publicitário local. Suas obras desfilam sobre as mais variadas técnicas inspiradas em personagens regionais.


    Para mais informações:
    www.behance.net/leandro/frame
    guardasurf@hotmail.com
    48 9951 1008 / 99015802

18.4.11

Mais vapor na Virada 2

Febor Vitoriano, membro do Conselho Steampunk de São Paulo e autor do primeiro blog brasileiro dedicado ao kilt - a tradicional veste escocesa -, fez uma compilação de fotos da partcipação steamer na Virada Cultural, que ocorreu neste final de semana na capital paulista. Seguem alguns dos daguerreótipos:









Para ver mais flagrantes da festa, clique aqui.

16.4.11

Dicas de leitura para o fim de semana 2

Como havia feito no sábado passado, deixo os leitores desta página com a recomendação de novos contos steampunk disponíveis para leitura on line. Ambos os textos têm em comum o fato de terem sido enviados originalmente para a apreciação da coletânea Deus Ex Machina - Anjos e Demônios na Era do Vapor, da editora Estronho. Portanto, a temática das duas dicas de hoje também tem tudo a ver com outra recomendação colhida no twitter do aomirante e que estou ouvindo enquanto faço este post: uma ótima versão de "Sympathy for the Devil", dos Stones.

O primeiro conto é de autoria de Guto Fernandes, "Bruma e Chamas", que ele postou parcialmente em seu blog, A Few of Dark, remetendo os interessados a um arquivo para download. O texto será a primeira parte de uma minissérie. Trecho a seguir:


Fazia tempo desde a última vez que havíamos nos encontrado. Fora ainda naquele período da história em que os humanos teimam em chamar de Idade Média; Idade das Trevas sempre combinou mais para mim, e creio que para ele também.

Era o ano de 1500 e estávamos na Espanha no desabrochar de sua Inquisição, em meio a conflitos sangrentos motivados pela intolerância religiosa e racial implantada pelo Caído e ampliada por padres, bispos e cardeais egoístas e pervertidos. Ele se fartava com aquilo, também pudera a própria Igreja de Cristo naqueles anos se preocupava mais com a sua figura do que com a do Salvador. O Todo-Poderoso, então, me enviou para aquele pardieiro que era Sevilha a fim de destronar meu irmão sombrio, outrora guardião da Luz.

Nossa batalha foi ferrenha. Ele lançava sobre mim hordas e mais hordas de demônios menores, assim como humanos que utilizava como peões em seu intricado jogo de xadrez com Deus. Naquele instante, eu era a torre que deveria por fim àquele avanço e assim o fiz. Não sem dificuldades, mas o fiz.

Infelizmente, não fui forte o bastante para destruí-lo como era minha obrigação e, mais uma vez, ele fugiu e se escondeu. Samael, contudo, havia sido bom o bastante para conseguir engendrar seus planos e a Inquisição durou mais alguns séculos, mesmo com o Todo-Poderoso sussurrando, dia e noite, nos ouvidos de cada Papa que se sentava no Vaticano, que aquilo era errado Maldito livre-arbítrio.
O mundo ficou por cerca de trezentos e poucos anos em suas mesquinharias, com seres infernais de pouco importância brotando aqui e ali; potências econômicas e militares surgindo e sangue sendo derramado como se fosse água no novo mundo. Mas nada da participação dele em qualquer atividade humana.

Assim veio a Revolução Industrial ou a Era do Vapor, como a chamamos na Cidadela de Prata. O povo saiu dos campos e foi infestar as cidades como moscas varejeiras sobre corpos mortos e também os demônios retornaram com força e números. Ao menos agora o local do confronto não era nada mal: Londres, Inglaterra.

Continua.


A segunda recomendação literária do fim de semana parte de Afonso Luiz Pereira, responsável pelo obrigatório blog dedicado à ficção especulativa Contos Fantásticos, para o qual já tive o prazer de ser convidado para uma entrevista. Ele conta que "Os estranhos da noite" teve uma primeira versão escrita há dois anos como uma narrativa de terror e ganhou esta segunda encarnação somada a elementos steamers recentemente. As primeiras linas estão abaixo:



Abril de 1889.

Estava com medo! Muito medo! Não conseguia afastar os olhos esbugalhados de uma das frestas da cortina que cobria a janela frontal de sua velha morada. Alois, o marido, um bem sucedido guarda de alfândegas, não se encontrava em casa, mas tivera o bom senso de não deixá-la totalmente desprotegida. Através da influência de seu posto, conseguira confiscar um dos autômatos humanóides vindos da Inglaterra para fortalecer o exército do Império. A criatura cilíndrica metálica, que mais parecia um enorme pepino com braços e pernas, se locomovia feito gente e ocultava nas suas laterais armas de fogo retráteis de poder devastador. Apesar da forte oposição que fizera contra a ideia de se manter aquela coisa como cão de guarda da casa, dava graças a Deus, naquela fatídica noite, à arrogância e à teimosia do marido.

Os quatro estranhos lá fora queriam a criança que estava na sua barriga! Eu sei. Eu sinto. Eles querem o meu bebê! Não sabia determinar bem qual a razão, mas desconfiou assim que os viu parados em atitude muito suspeita dentro dos limites do seu quintal. Então, sem saber como proceder, desligara os refletores portáteis instalados no umbral da porta e deixara os invasores envoltos sob a luz de uma acanhada lamparina a óleo, aparelho ainda em uso dos costumes antigos das regiões mais afastadas dos grandes centros urbanos; era uma luz fraca, mortiça, que teimosamente impunha sua luminescência medíocre contra uma das noites mais escuras do século. O vento forte açoitava a pequena lâmpada dependurada na frente do sobrado fazendo-a tremeluzir para todos os lados, imprimindo efeitos grotescos de luz nas fisionomias indiferentes dos quatro homens. A ventania castigava as árvores, assoviava alto, levantava as folhas secas do chão em miúdos redemoinhos e penetrava audaciosamente às frestas das portas e janelas. Dava-lhe a impressão de que o vento impetuoso queria trazer a morte para dentro de casa!

— Johann. Vá até ao quarto dos fundos e veja se as crianças estão dormindo. – Ordenou ao autômato, pela primeira vez, em tom afável. Trazia consigo sérias restrições de convívio com aquela criatura metálica, a começar pelo esquema dos comandos de voz, porque detestava a brincadeira de mal gosto do marido ao atribuir o nome do velho Johann, seu pai, àquela máquina.

O robô prontamente atendeu a ordem, indo averiguar as condições físicas de seus enteados, filhos de Alois com a primeira esposa já falecida. A situação era realmente preocupante. Não havia mais ninguém ali além dela, das duas crianças miúdas e daquele protótipo gigante de legume mecanizado. Sempre se preocupara pelo fato da casa ficar afastada da vila. Achava que não era certo, indecente até, uma mulher passar a noite sozinha com os pequenos, ainda mais considerando a sua delicada situação: grávida de oito meses!

Continua.

Acabei pouco depois da música. Boas leituras e bom final de semana a todos!

15.4.11

Presente de Baco

Já que falei no escritor e editor Gerson Lodi-Ribeiro no post anterior, aqui vai mais uma dica para os autores se soltarem e para que encontrem inspiração para participar da antologia de erotismo fantástico que ele organiza para a editora Draco. Não há bebida mais relacionada ao tema que o vinho, correto? Ou melhor, aos temas, já que ele não só é um combustível para romances como também, vaticina a mitologia, teria sido um presente divino concedido à humanidade. Dionísio para os gregos, Baco para os romanos, teria sido o Prometeu das delícias etílicas & sexuais - as festas dedicadas a ele, vale lembrar, eram os bacanais. Acontece que Lodi-Ribeiro também é enólogo e diplomado. Sua monografia para a conclusão do curso de pós-graduação em Vinho & Cultura que fez na Universidade Cândido Mendes, em convênio com a Universidade de Dijon, na Borgonha, leva o nome de "Vinho no Mundo Romano". Pode ser um incentivo e tanto a quem quiser se arriscar, por exemplo, em um conto sandalpunk erótico.

Vão abaixo, uma escultura clássica de Baco e o resumo que o próprio autor fez de sua monografia que pode ser baixada aqui. Boa leitura e saúde!




Ao longo de um milênio, a civilização romana propagou o cultivo da videira e o consumo do vinho por toda sua vasta área de influência. A importância do papel do vinho para as culturas ocidentais que evoluíram a partir das antigas províncias romanas advém, principalmente, da labuta dos viticultores e vinicultores romanos que disseminaram as técnicas de cultivo da videira e de vinificação por toda a Europa, o norte da África e a Ásia Menor. Portanto, por questão de legitimação das respectivas identidades nacionais, os povos das nações da Europa Ocidental habituaram-se a comparar os hábitos de consumo de vinho das nações atuais, sobretudo aquelas com fortes tradições de consumo de vinho, aos hábitos e tradições enológicos dos antigos romanos. O objetivo principal desta monografia é consolidar num texto único os conhecimentos sobre a história do vinho romano. Como objetivo secundário, a partir do exame das literaturas enológicas romana e atual, iniciar uma discussão em defesa da tese de que a comparação referida não é válida, em virtude da relevância do vinho para Roma e do papel ímpar que o vinho desempenhou no Mundo Romano.

14.4.11

Steampunk e erotismo

Uma nova oportunidade aguarda os escritores que planejam desbravar um subgênero a vapor ainda virginal no Brasil, apesar do avanço da cultura steamer em nosso país: o steamypunk, ou seja, a união do steampunk com o erotismo. A oportunidade perfeita para isso está na antologia organizada por Gerson Lodi-Ribeiro para a editora Draco (parceria que já resultou na coletêna Vaporpunk e que em breve trará a pioneira - em escala mundial - Dieselpunk). Ainda com o título provisório de Uma Alienígena Gostosa na Minha Cama (que remeteria a outra obra de contos, Como era gostosa minha alienígena, organizada pelo mesmo Lodi-Ribeiro, nos anos 90, para a editora Ano-Luz, da qual ele foi um dos sócios) teve as regras de submissão de textos divulgada recentemente.

Gostaríamos de convidá-los a submeter textos originais de ficção curta para uma antologia de contos eróticos de ficção científica, horror e fantasia que pretendemos fechar no segundo semestre de 2011 e lançar no primeiro semestre de 2012. O título provisório é Uma Alienígena Gostosa na Minha Cama.

    Estamos interessados em receber trabalhos inéditos de até 8.000 (oito mil) palavras sob forma de arquivos em formato RTF. Por inédito, entendemos trabalhos ainda não publicados em papel. Em caráter excepcional, a nosso critério, poderemos eventualmente aceitar trabalhos já publicados há vários anos, desde que não estejam mais disponíveis ao público-alvo a que nosso produto se destina.

Com o objetivo de tentar inspirar os nossos neovitorianos a participar da empreitada, deixo os leitores com um link para meu Post Proibido para Puritanos e com a imagem a seguir, de Ms. Nicotine, a musa do steamypunk. Boas inspirações!


    

13.4.11

Mais vapor na Virada - Com upgrade ao final

Pelo segundo ano seguido, a comunidade steampunk paulista é convidada pela Prefeitura da cidade de São Paulo para participar de um dos maiores eventos culturais do país. Entre os dias 16 e 17 de abril, a Virada Cultural vai contar com a presença dos punks a vapor, conforme podemos ver na programação que consta no site da Loja São Paulo do Conselho. Ela segue abaixo, juntamente com o cartaz preparado para o evento, com a musa do gênero steamer, Lidia Zuin.



Programação do Conselho Steampunk
 
Durante toda a virada o Conselho fará exposição e venda de obras de arte, obras literárias, vestimentas (espartilhos, corsets, chapéus e jóias) e objetos cênicos correlatos ao gênero. Exibição de trechos de filmes inspirados no gênero.

Sábado a partir das 21 as 21:20: Breve encenação baseada na literatura steampunk. Duração de Vinte minutos. Com repetição no domingo a partir das 17 as 17:20.

Sábado a partir das 21:30 as 21:50: Apresentação de dança tribal com caracterização Steampunk. Duração de Vinte minutos. Com repetição no domingo a partir das 17:30 as 17:50.


Domingo a partir das 13:30 as 16: Seção de autógrafos com autores de obras Steampunk’s nacionais (Steampunk – Tarja Editorial, Vaporpunk – Editora Draco, Baronato de Shoah – Editora Draco) e também obras de literatura fantástica nacional (Editoras: Estronho, Draco e Tarja).

Sábado a partir 16 as 16:20: Desfile performático Steampunk.

UPGRADE: E adivinhem só onde foi parar a imagem acima? No blog de Bruce Sterling, com o singelo título de "Não há steampunk como o steampunk brasileiro".

A Cidade Maldita manda lembranças

Na verdade, os brindes são de autoria do editor da coletânea Cursed City - Onde as almas não têm valor. Na página especial dedcada ao livro, M.D. Amado deixou amostras de alguns extras que os leitores da obra  poderão levar para casa: marcadores de páginas e bottons com a temática weird west do projeto. Ele anunciou ainda que, nos lançamentos que correrão o Brasil, quem for vestido a caráter, como caubói, índio, dançarina de saloon ou o que mais a imaginação permitir, receberá um desconto de 10% na compra além do que normalmente a editora já concede nesses eventos. Para ver além dos brindes a capa completa da antologia, clique aqui.

12.4.11

Dia 30 de abril, em São Paulo

Já faz bastante tempo que não vou à capital paulista, desde que participei de A Fantástica Jornada Noite Adentro, do finalzinho de 2009, dedicada ao steampunk. No final desde mês, devo voltar àquela cidade para conferir outro evento imperdível, organizado em uma parceria do Conselho Steampunk com a Novo Século Editora: o lançamento do romance Mortal Engines, do inglês Philip Reeve, na Livraria Saraiva, do Shopping Morumbi. Espero reencontrar muitos amigos por lá, que já não vejo a mais de um ano, e conhecer pessoalmente outros tantos que só vejo por avatares em redes sociais. A seguir, o release do evento, retirado do site do Conselho:




Em 30 de Abril de 2011 algo de muito especial vai acontecer…


Estarão presentes na Livraria Saraiva do Morumbi Shopping, às 16 horas, entusiastas dos gêneros SteamPunk, DieselPunk, CyberPunk, amantes da Ficção Científica e de Fantasia em geral, atendendo ao lançamento de “Mortal Engines” (Site Oficial), de Philip Reeve.

Será uma tarde de diversidade cultural na Literatura Fantástica, ao redor de uma obra passada em um planeta Terra pós-apocalíptico, onde, toda a tecnologia humana fora perdida e, graças a instabilidade geológica decorrente de um holocausto nuclear, cidades se tornaram colossais veículos carregando dezenas de milhares de habitantes – eternamente em busca de outras cidades para caçar, consumir e pilhar.

A mistura de sofisticação e improviso, das tecnologias remanescentes e técnicas redescobertas… a amálgama embaralhada da História humana se transformou em uma caricatura de um passado distante que se infiltrou para o que chamávamos de presente dando origem a um futuro improvável, retrofuturista e anacrônico.

Em “Mortal Engines” o futuro é coisa do passado e esta diversidade vai se fazer sentir na presença do Conselho SteamPunk, de Goths, Head Bangers, Nerds, Geeks e de todos os amantes da boa literatura com a intenção de passarem juntos pelo portal temporal que vai nos levar ao universo alternativo criado por Philip Reeve.

Um verdadeiro mercado de artefatos, acessórios e vestimentas baseados na estética SteamPunk, DieselPunk, CyberPunk, Vitoriana e de diversas outras procedências, estarão disponíveis para compras no local além de outras fascinantes obras de Ficção Científica e Fantasia lançadas pela Novo Século Editora.

Para tanto, o evento contará com a presença de membros da Liga de Artífices SteamPunk, como Naná Hayne, Susie Hervatin, a marca Secret Garden e Lili Angelika, que vão expor suas peças e promover um desfile de trajes Vitorianos em meio aos presentes.

Os fundadores do Conselho SteamPunk aproveitarão a ocasião para formar uma mesa redonda sobre os sub-gêneros retrofuturistas, sobre a expressão multi-dimensional destes sub-gêneros e sobre a relevância da Literatura Fantástica para anunciar seu mais novo projeto.

2011: A Revolução RetroFuturista
Compareça ao evento e leve sua família!

Evento

Livraria Saraiva – Shopping Morumbi
Av. Roque Petroni Jr,1.089 – Morumbi
São Paulo – SP – Cep: 04707-000
Tel: (11) 5181.7574
Horário: 16:00

RPG steampunk no Rádio

Lord Fire, do Conselho Steampunk de São Paulo, avisou pelo twitter que está participando de uma experiência bastante interessante para os fãs dos jogos de interpretação. Na RPG Rádio, um podcast dedicado à campanhas do gênero, ele começou a participar de uma sessão dedicada ao seriado Dorctor Who. Abaixo, segue a descrição que a equipe preparou para a campanha "Terror no Céu", cujo primeiro capítulo pode ser ouvida aqui:


Começa aqui mais uma campanha do RPG de Doctor Who, praticamente um spin off da outra campanha que já está acontecendo. Vocês já ouviram um pouco da criação de personagens e agora vocês acompanham a primeira aventura com o Lord Fire e Gino, o ladrão. A idéia é de colocar bastante elementos Steampunk e de Doctor Who clássico.

Ouça e comente!

Um Time Lord recém formado na Academia de Gallifrey e um ladrão unem forças para salvar um enorme Zeppelin dos terríveis Vortisaurs.

Música de abertura e encerramento: Abnormalice – Clockmaker

11.4.11

Olhares sobre a história - Um relato

Por falar em eventos, saiu um relato sobre a saída fotográfica promovida pela Sociedade Histórica Desterrense no fotolog de Carollina Silva, uma das diretoras do grupo. Para ler a descrição que ela fez do encontro, basta clicar aqui. Abaixo, seguem o início do texto e a foto tirada por Maristela Giassi.



Para celebrar o aniversário de Florianópolis, o grupo Sociedade Histórica Desterrense (http://sociedadehistoricadesterrense.com) promoveu no último dia 23/03/2011, a saída fotográfica "Olhares sobre a História".

Além da homenagem aos 285 anos do local, o intuito do evento foi reviver costumes antigos, e reunir participantes devidamente trajados, com dresscode entre o Renascimento e a Primeira Guerra Mundial, no Centro Histórico da cidade.

Hana Matsuri com vapor

No sábado, dia 9 de abril, a Associação Nipo-Catarinense de Florianópolis organizou na cidade a comemoração anual do Hana Matsuri, ao pé da letra, "Festival das Flores", na verdade uma celebração em memória do nascimento do primeiro Buda, há mais de 2.500 anos. A Sociedade Histórica Desterrense aproveitou o momento para confraternizar com os amigos descendentes de - ou legitimamente - japoneses e também fez uma reunião no mesmo local, a praça Getúlio Vargas, mais conhecida como a dos Bombeiros. Aproveito as fotos tiradas pelo casal Saulo Popov Zambiasi e Patrícia Pinheiro para mostrar um pouco sobre como foi a festa nipônica, que incluiu pelo menos uma atração bem steampunk.



Aqui estou com o colega Julio Kammers, da SHD, e com a estudante de moda Luiza Cipriano, que planeja um evento steamer na cidade, com o apoio da Sociedade e do Conselho Steampunk local.



Festa na praça.



Bem Steampunk: o modo tradicional de se confeccionar katanas, as espadas japonesas.

9.4.11

Dicas de leitura para o fim de semana

Vou deixar os leitores neste sábado com três dicas de contos que têm em comum lançar um olhar fantástico em direção ao passado. Dois deles são, assumidamente, focados no steampunk. Primeiramente, um conto que faz parte de um cenário já comentado por aqui, aquele que está sendo trabalhado a seis mãos no blog Steamage. "Harold Spencer, o homem que nunca chegou ao front" é de autoria de Heitor Serpa, que dividiu sua história de estreia em duas partes. Abaixo, o início da narrativa:

Aiden era uma aldeia na região de Alesja – ou Aliesch nos tempos em que ainda era um país, antes de se juntar a outros cinco para formar a União Federativa. Longe dos maiores centros urbanos, numa região de bosques pouco tocados pelo homem, podia ser considerado um lugar de paz. Um canal escavado no rio que dava o nome ao vilarejo era o suficiente para abastecer o mesmo, de arquitetura simples e complementada por pontes e rodas d’água. Estas últimas, mais a fumaça vertendo das casas em estilo colonial, bastavam como tecnologia. Não era de se espantar que um lugar assim guardasse um asilo; a Casa de Repouso de Aiden, assentada no coração da floresta, constituía um dos maiores destaques de Alesja, sendo inclusive pioneira no tratamento de diversos males do corpo e da mente. Ao contrário da reputação não muito boa desse tipo de lugar, os ex-pacientes afirmavam o asilo como uma nascente de absoluta tranqüilidade, sem receber nenhum tipo de maltrato como choques térmicos, camisas de força e overdoses de morte em vida. Os motivos de ser tão eficiente sem as teorias da medicina atual, embora parecessem óbvios, continuavam um mistério incapaz de ser reproduzido fora dali. Sua sobrevivência vinha de doações, tantas que parte do investimento era aplicado na própria aldeia.

Continua

O segundo exemplo foi postado por Thiago Ururahy em seu Tumblr. Como o próprio nome do conto indica, "Secessão Celestial" se passa em uma versão alternativa da Guerra Civil americana. Seguem as primeiras linhas:


A sala da caldeira balançava a cada passo que o Juggernaut dava, avançando para dentro do Rio Hudson, em direção à margem norte. A gigantesca máquina de batalha dos Confederados surgira de dentro das águas e, na calada da madrugada, iniciara um ataque maciço ao depósito dos trens-bombardeiros do exército da União.

Por fora, o Juggernaut parecia ter sido moldado em um único bloco de cobre, tamanha a qualidade do trabalho executado pelos soldadores de New Orleans. A cabeça era cravejada de dezenas de grandes janelas arredondadas cercadas por tubos que expeliam o vapor. Dentro de cada uma, um grupo de engenheiros trabalhava incessantemente no calor das máquinas. A aparência era a de uma imensa colmeia pulsante e enevoada.

No entanto, por dentro do corpo, a maior arma de guerra da história dos Estados Unidos era um emaranhado de salas, corredores e complexos de controle que davam vida a um arsenal capaz de varrer Nova Iorque do mapa. Nada menos do que trezentos homens eram necessários para que ele funcionasse em sua plenitude destrutiva. Porém, na madrugada de 12 de abril de 1887, havia dois homens a mais dentro dela. E eles não eram Confederados.

Dentro da sala da caldeira principal, o soldado Sawyer era jogado de um lado para outro enquanto esmurrava um pesado comunicador no chão. O calor infernal lhe roubava as forças e o vapor enchia o aposento, dificultando a respiração e embaçando a visão. Diante da única porta da saleta, o soldado Finn atirava de maneira desenfreada com uma robusta metralhadora contra um grupo de guardas:

- Tom! Não vou aguentar por muito tempo! A munição está no fim! Tom?! Está me ouvindo?!

Continua

Por fim, um conto que não é exatamente steamer, de um escritor já citado aqui algumas  vezes. Marcelo Augusto Galvão republicou em seu blog "Augúrio", um texto com influência lovecraftiana que se passa na Roma Antiga e originalmente foi impresso no fanzine Scarium nº 21. Trecho inicial:



Fausto Aurélio Belisário, comandante da Segunda Legião Augusta, sorriu com a notícia que acabara de ouvir. O homem ao seu lado continuou a falar:

- Os revoltosos vivem em Drwgg, uma cidade a dois dias de marcha, senhor – Cornélio Félix relatou o informe de um dos espiões infiltrados no oeste da Bretanha. Momentos antes, Félix havia comunicado ao seu superior hierárquico que os silures, uma tribo nativa da região, preparavam uma nova rebelião contra o Império Romano.

De uma varanda coberta, Belisário observava dezenas de legionários exercitando-se no pátio exterior do forte de Glevum. Uma chuva torrencial caía, algo bem conhecido dos romanos desde que as tropas do então imperador Cláudio invadiram aquela ilha úmida, vinte e quatro anos atrás. A frequência era quase diária, principalmente no começo do verão.

Como comandante da legião, Belisário podia suportar intempéries diversas. O que ele não tolerava eram homens incapazes de governar.

Era o caso do atual procônsul da província da Bretanha. Sem experiência militar anterior, Marco Trebélio Máximo decidira continuar o trabalho dos seus antecessores, consolidando o poder sobre as tribos já conquistadas e fazendo uma ou outra concessão para agradar aos nativos, ao invés de batalhar por novos territórios. Transformara a ilha em um lugar seguro para o império.

E em um completo tédio para os legionários. Sem combates, não havia butim dos inimigos para complementar os salários das legiões. O descontentamento entre soldados e oficiais era cada vez maior; uma insurreição poderia estourar a qualquer momento entre as fileiras romanas.

Felizmente, havia os silures, habitantes das montanhas que tomavam conta da maior parte da paisagem. Aquele povo, de pele mais escura que a dos outros nativos, era famoso por sua beligerância; ao longo de quase três décadas de ocupação, os romanos nunca conseguiram derrotá-los por completo. Na opinião de Belisário, faltava alguém de pulso firme para lidar com os revoltosos. O comandante que eliminasse aquela resistência seria recompensado à altura por Nero, o sucessor de Cláudio.

Um relâmpago cortou o céu acinzentado, dividindo o firmamento em dois por um breve momento. Belisário sorriu.

- Isto é um bom sinal, Félix – ele disse para o segundo em comando – Marte ouviu nossas preces.

Continua

Boa leitura a todos!

7.4.11

SteamCast sobre Mortal Engines

Mais recente iniciativa do Conselho Steampunk, a série de programas em vídeo apresentada por Bruno Accioly está se firmando como a principal fonte de entrevistas de autores internacionais de literatura especulativa. A terceira edição do SteamCast entrou recentemente no ar e foi inteiramente dedicada ao escritor e ilustrador inglês Philip Reeve, autor da tetralogia futurista com conceitos steamers Mortal Engines, já comentada por aqui e que ainda este mês deve ter seu primeiro romance publicado no Brasil pela editora Novo Século. Aliás, a editora abriu um site muito bacana para divulgar a obra, explicando algumas das referências retrofuturistas, sejam steampunk ou diselpunk, entre outras atrações. O SteamCast pode ser acessado de lá ou ainda do site criado especialmente para o projeto, onde se lê a apresentação abaixo:


Terceiro episódio do vidcast produzido pelo Conselho SteamPunk. Trata-se de um projeto ambicioso voltado para os Steamers de todo o mundo, sendo legendado em inglês quando a língua falada é o português e legendado em português quando a língua falada é o inglês.

O SteamCast tem como meta divulgar notícias, personalidades e obras relacionada a Cultura SteamPunk e a Ficção Especulativa, promovendo artistas nacionais fora do país e artistas de fora do país para os Brasileiros.
Nesta terceira edição Bruno Accioly entrevista com o escritor e ilustrador Philip Reeve, cuja obra Mortal Engines está sendo lançada no Brasil pela Novo Século Editora.

Apresentação, Edição, Redação, Tradução e Direção:
Bruno Accioly
Agradecimentos:
Carol Fortuna
Cândido Ruiz
Carlos Felippe
Carla Gonzaga Rabetti
Uma produção conjunta:
dotweb.com.br
Novo Século Editora
Conselho SteamPunk
aoLimiar . Rede de Literatura Fantástica
OutraCoisa.com.br

6.4.11

Steam for sale

E já que falei no Sillof, noto que há uma nova seção no blog do rei da customização. Nela, o artista põe a venda algumas de suas criações exclusivas, algo raro, uma vez que sua peças normalmente são para participar de eventos como a CustomCon e para coleção particular. Entre os modelos à venda, diversos têm inspiração steampunk.



A Justice League by Gaslight é a linha mais famosa dele, chegou a gerar mais de um milhão de acessos à sua página quando foi divulgada. Baseada em uma graphic novel ilustrada por Mike Mignola e já resenhada por aqui, o preço sugerido para os oito personagens incluídos é de US $ 1,900.



Victorian Avengers também leva o mesmo conceito steamer a heróis da Marvel, chamados no Brasil de Vingadores.  Também com oito figuras, está custando US $ 1,700 levar para casa essas maravilhas.



Os três próximos itens contam com inspiração Weird West. O primeiro deles, é a versão trabalhador de ferrovias de Thor. Por US $ 150.



A seguir, um Tony Stark com armadura do Homem de Ferro removível, igualmente por  US $ 150



Por último, o espião Nick Fury em trajes de soldado da União, por apenas  US $ 100. Mas no blog de Sillof há outras peças com outras propostas estéticas.

Weird West Wars

Tenho falado muito de Weird West neste blog, mas tinha deixado passar uma beleza de novidade que, felizmente, me foi chamada a atenção pelo pessoal da Universo Colecionáveis  (além de serem a melhor loja de figuras de ação de Floripa, foi deles que vieram o Zod e a Ursa que ganhei na primeira edição da HQCon). O customizador Sillof, um artista das figuras de ação que é presença constante por aqui, recriou os personagens da franquia de Gerorge Lucas como se eles fossem caubóis. West Wars é o nome dessa linha que segue uma tendência do criador já comentada por aqui, quando ele jogou Luke Skywalker e companhia no Japão Feudal.

West Wars é uma linha de figuras customizadas que continua minha experiência de pegar muitos elementos de Star Wars e enfatizá-los individualmente. A trilogia original, principalmente Uma nova esperança (Episódio IV), foi influenciada pelos westerns. O empoeirado das pequenas cidades da fronteira, a cantina decadente, os tiroteios para ver quem saca mais rápido etc. Esta linha destina-se a ser totalmente western, sem outros elementos. Para maior autenticidade, todos os nomes são combinações com verdadeiros homens da lei e bandidos do oeste americano. Esta linha está em produção há bastante tempo. Muitas das figuras foram iniciadas após Steam Wars e quando as da Segunda Guerra Mundial e de samurais sequer haviam sido começadas.

Foi dessa forma que o próprio customizador apresentou seu trabalho no blog que mantém, o Sillof's Workshop. Então, sem mais delongas, vamos ver algumas dessas belezas que o cara preparou.



Este é o xerife Akan "Death" Vardas que trabalha "com os barões ladrões e os magnatas das estradas de ferro do território". O cara usa o típico chapéu preto dos vilões e por baixo a máscara remete ao respirador de Darth Vader.



Os ajudantes do xerife, a versão faroeste dos Stormtroopers. Aqui com uns toques de cinza no visual e mais uma vez com a máscara de lenço fazendo uma citação às máscaras dos originais.



O mocinho, Luke S. Walker, criado por tios agricultores pobres na fronteira.



O amigo do mocinho, Hank "Solo" Solomon. Como diz o próprio Sillof, Han Solo sempre foi o personagem mais western da saga de Lucas. Aqui, ele está completamente em casa.



O amigo do amigo do mocinho. Chewing Bear é o meu favorito. A ideia do artista foi a de não usar robôs nem outros elementos fantásticos, então, para a sua versão de Chewbacca ele usou um intimidador guerreiro indígena coberto com uma pele de urso. Simples e genial. Veja outros personagens no blog de Sillof, vale muito a pena.

5.4.11

Boas novas internacionais

Estive o dia inteiro fora nesta terça-feira (entre outras coisas, assistindo a um filme que não tem a ver diretamente com o assunto deste blog, mas que devo resenhar por aqui ainda esta semana, a animação Rio, dirigida pelo brasileiro Carlos Saldanha para 20th Century Fox), e quando volto para casa, vejo duas ótimas notícias que me aguardavam no mundo virtual. A primeira delas, um emai de S.J. Chambers, co-editora, ao lado de Jeff VanderMeer, da Steampunk Bible (que tem uma tag por aqui). O contato foi para pedir meu endereço para me enviarem dentro de algumas semanas uma edição de colaborador daquela publicação. Como disse antes, haverá naquele livro um trecho da noveleta "Cidade Phantástica", traduzida para o inglês por Fábio Fernandes.

E a segunda novidade também diz respeito ao escritor e tradutor carioca. Dando uma olhada rápida no que me foi twittado hoje enquanto eu estava fora, li que ele acabou de vender uma nova história para o exterior, mais exatamente para a primeira edição de uma revista que trata de retrofuturismo. Ops, na verdade, ele acabou de me atualizar nos comentários: Fábio Fernandes vendeu uma história hoje, de fato, para outra publicação e, no mesmo dia, foi anunciada a publicação da revista de retrofuturismo, que já estava acertada anteriormente e sobre a qual vou falar a seguir. Vou fazer uma tradução rápida do post que anunciou o lançamento da Paleofuture Magazine:

A primeira edição de Paleofuture Magazine está disponível para compra! A versão impressa custa $11.99 e inclui download gratuito de um arquivo PDF  que ficará ótimo em sua futurística máquina computacional. Ou você pode escolher fazer apenas o download da versão em PDF por apenas $1.99.

A primeira edição de Paleofuture Magazine é inteiramente sobre comida, com 42 páginas de artigos, resenhas e imagens raras, a maioria dos quais nunca vistos anteriormente no blog  Paleofuture. A lista de colaboradores inclui Bob SassoneJosh Calder, Ryan V. Lower, Fábio Fernandes, e Mike Frodsham. Peça seu exemplar hoje!

Enfim, comecei o dia bem com a notícia dos meus colegas na coletânea Deus Ex Machina, vi um ótimo filme, encontrei muitas pessoas bacanas e ainda encerro a jornada com essas duas boas novas. Uma bela terça-feira, esta.

Os autores e os contos de Deus Ex Machina

A próxima coletânea nacional dedicada ao steampunk já tem sua lista de autores e de contos definida. Com a inusitada mistura de elementos steamers e temática envolvendo a luta entre seres do Céu e do Inferno, Deus Ex Machina - Anjos e Demônios na Era do Vapor vai trazer o cabalístico número de 13 histórias em suas páginas, escolhidas entre as quase meia centena de textos enviados para apreciação dos editores, o casal steamer Cândido e Tatiana Ruiz além de M.D. Amado, da editora Estronho. Como já havia antecipado aqui, tive a honra de ser chamado para ser o escritor convidado desta edição, e agora fico feliz em conhecer os doze colegas que estarão presente no livro comigo. No segundo aniversário deste blog, divulguei os parágrafos iniciais do meu conto "A conquista dos mares", uma fantasia dentro do universo do miniconto "A diabólica comédia", estejam convidados a conhecê-lo ou até mesmo reler esse tiragosto.

A segui, republico a mensagem da Editora Estronho aos escritores que participaram do projeto, também deixando meu agradecimento a todos, autores, editores e leitores que deram sua contribuião para essa ideia seguir em frente:


Olá, estronhos,


Chegamos ao final da seleção de Deus Ex Machina, Anjos e Demônios na Era do Vapor, com 42 contos inscritos, válidos e mais 3 fora do regulamento.

Para acompanhar nosso autor convidado Romeu Martins (Conquista dos Mares), temos os anjos e demônios a seguir: Alex Nery (Os relógios pensantes de Sua Majestade), Alliah (O Sheol de Abadoon), Carlos Alberto Machado (Nefelin), Daniel Itruvides Dutra (A máquina dos sonhos), Davi M. Gonzales (O Dia do Grande Uirá), Fergusson (A Obscura História da Sterling Railways), Georgette Silen (Avatar de Anjo), Leonilson Lopes (O Pai das Mentiras), Norberto Silva (Anhanguera), Paulo Fodra (A Seita do Ferrabraz), Rebeca Bacin (Cálico: entre o céu e o inferno) e Yuri Wittlich Cortez (Zeitgeist - Brigada Anti-Incêndio)

Muito obrigado a todos pela participação (selecionados ou não),

Atenciosamente,
Tatiana Ruiz, Cândido Ruiz e M. D. Amado

4.4.11

O lado mais punk do steam

Vou citar um post aqui que chegou até mim por uma dica do divulgador de ciência Daniel Bezerra via twitter. O assunto vem bem a calhar após o incidente nuclear que atingiu o Japão após o terremoto seguido de tsunami no mês passado. Vale como reflexão a respeito de como não existem respostas fáceis quando o assunto é atender a necessidade humana de geração de energia. Em tempo, como comentei com Bezerra, este assunto me lembrou um conto envolvendo Sherlock Holmes sobre o qual comentei em outro blog: "O caso do ácido carbônico" ("The carbon papers"), escrito pelo inglês John Gribbin, publicado no Brasil pela saudosa Isaac Asimov Magazine (o exemplar pode ser baixado aqui, e eu considero esta uma autência aventura steampunk do famoso detetive criado por Conan Doyle).


Mas vamos ao citado post, escrito por Kentaro Mori do blog 100 Nexos:


smog-policeman-with-mask

Como você deve saber, há neste momento uma usina de energia no oriente lançando partículas nocivas na atmosfera, incluindo elementos radioativos, que podem causar doenças e mortes. O que todos deveriam saber é que em conjunto estas usinas já matam centenas de milhares de pessoas todo o ano. E o que todos deveriam realmente saber é que estamos falando de usinas movidas por inofensivos pedaços de carvão.

Surpreendentemente usinas movidas a carvão chegam a lançar mais radioatividade ao ambiente que usinas nucleares pela mesma quantidade de energia produzida. Inofensivos pedaços de carvão mineral contêm quantidades naturais e usualmente desprezíveis de elementos radioativos como urânio e tório. Queime o carvão transformando-o em uma fina fuligem, e a concentração destes elementos radioativos pode aumentar em até dez vezes. Multiplique isto pelas quantidades gigantescas de carvão que devem ser queimadas para produzir energia – apenas a China consumiu 3,2 bilhões de toneladas no ano passado – e ao final as doses estimadas de radiação recebidas por pessoas vivendo nas proximidades de usinas movidas a carvão são iguais ou maiores do que aquelas que vivem ao lado de usinas nucleares.

E ainda assim, tais doses são essencialmente inofensivas. O que sim mata são poluentes muito mais tradicionais.

Em 1952, uma espessa cortina de fumaça cobriu a cidade de Londres e matou 4.000 pessoas em quatro dias. Outras 8.000 vítimas morreriam nas semanas e meses seguintes. A causa não foi uma violenta catástrofe natural sem precedentes. A causa foi a fortuita confluência de eventos meteorológicos – como as familiares camadas de inversão – que fizeram com que poluentes atmosféricos fossem concentrados sobre a cidade.
Enquanto milhares de pessoas morriam, não houve pânico. A cidade que conheceu primeiro tantos dos problemas de megalópoles modernas já havia sofrido com “smogs” anteriores, ainda que este fosse particularmente intenso e incômodo. As vítimas fatais foram indivíduos já fragilizados, como bebês e idosos, ou pacientes que já possuíam problemas respiratórios. Foi apenas ao compilar estatísticas que esta tragédia silenciosa tornou-se clara, motivando legislações como os Clean Air Acts em 1956 que restringiriam a poluição atmosférica.

Tragédias similares deixaram de ocorrer em Londres, mas a poluição atmosférica ainda é uma das principais causas de morte no mundo. Estima-se que tenha sido a causa de morte de meio milhão de pessoas na China apenas no ano passado.

Enquanto milhões morrem, não há pânico.
É assim que o mundo acaba. Não com uma explosão, mas com um suspiro”TS Elliot

Esboços de mangá steampunk nacional

Comentei sobre o projeto de um almanaque brasileiro de quadrinhos em estilo japonês por aqui, com as seguintes palavras:

Mais uma notícia envolvendo quadrinhos de interesse para quem curte retrofuturismo. Alex Lancaster está à frente de um projeto que pretende trazer ao Brasil o mesmo modelo usado no Japão para apresentar séries de mangás, um almanaque cuja rotatividade dos títulos dependerá da popularidade de cada obra. Serão os leitores, interagindo com os editores e autores, que determinarão qual série de Ação Magazine terá continuidade em suas páginas. Uma amostra do material que está disponível para apreciação dos leitores pode ser acessado neste endereço, no qual se encontra o número zero da revista, cuja capa é esta abaixo, que segue bem de perto o padrão nipônico:



O mesmo Alexandre Lancaster inaugurou no site da Ação Magazine um blog no qual não só deve concentrar seus textos a respeito do steampunk como também divulgou alguns esboços e estudos de personagens da série que vai publicar naquela revista. "Expresso!" é uma história em quadrinhos sobre um jovem inventor brasileiro que já apareceu na forma do conto "A música das esferas" na coletânea Steampunk - Histórias de um passado extraordinário. Segue abaixo uma das imagens do caderno de esboços do quadrinista e o início de seu texto de apresentação do material:



Algumas pessoas viram esta imagem acima no meu Twitpic pessoal. Ela foi extraída do meu caderninho de esboços – um Moleskine genérico de capa vermelha, que acompanhou boa parte do desenvolvimento de meus personagens em sua forma atual. A verdade é que Expresso!, apesar de ser baseado em conceitos que eu tinha guardados desde os doze anos de idade, foi só tomar sua forma definitiva na virada dos anos 90 para os 2000, quando eu comecei a pôr em ordem todo esse universo sob o eixo do conceito do Edisonade. Esse caderninho na realidade reflete as dúvidas e indefinições que acompanharam a definição final dos personagens de suas formas preliminares ao que são hoje – isso porque olhando bem, as versões originais eram bem menos shonen (ou, pelo menos, menos shonen em termos de hoje em dia): eram muito ligadas a aquele espírito dos velhos materiais da World Masterpiece Theatre, que me influenciou um bocado. Não vou reclamar desse processo de "shonenização" da série porque isso deu algum tipo de personalidade à forma final; ela poderia, hoje, estar parecendo um item de nostalgia, com ecos do Miyazaki pré-Ghibli. Não acho que isso fosse algo saudável. Temos que respeitar o passado e tratá-lo com a reverência que se deve, mas temos que criar algo novo, romper com as amarras e seguir em frente.

Continua

3.4.11

Uma amostra da cidade amaldiçoada

Que beleza acordar num domingo ensolarado e com uma boa notícia esperando na timeline do twitter! Nesta madrugada, M.D. Amado preparou uma bela amostra da próxima coletânea de sua editora, a Estronho, na qual estarei presente com meu exemplar weird west "Domingo, Sangrento Domingo". Não apenas um, mas dois contos de Cursed City - Onde as almas não têm vez estão disponíveis para que os leitores possam baixá-los em um arquivo pdf. São eles "O gigante, a curandeira e a lutadora de Kung-Fu", de Alfer Medeiros  e "Just like Jesse James", de Alliah. O primeiro narra uma história de vingança nas ruas assombradas daquela cidade, na qual, além dos três personagens do título, ainda surgem lobisomens, uma especialidade do autor. O segunda conto, tem início no saloon local, de Billy Monstrengo, e segue com um vislumbre de um autêntico trem-fantasma. O arquivo pode ser baixado aqui, entre outros cinco livros da editora também com trechos livres para degustação, e segue a diagramação e projeto gráfico da versão imprensa, que brevemente deve sair da gráfica para as vendas na loja Estronho. Boa leitura e bom domingo!

2.4.11

Lordes do Vapor

Comentei por aqui pelo menos em duas oportunidades (a primeira e a segunda) sobre uma iniciativa do Conselho Steampunk em parceria com OutraCoisa e dotWeb: o site Steamgirls, que promove um concurso de trajes steampunk entre o público feminino que aprecia este gênero. Um projeto paralelo mais recente faz o mesmo com a parcela masculina dos entusiastas da cultura steamer. O nome não poderia ser outro que não fosse Steamboys. Até o momento, são dois os neovitorianos apresentados pelo site, vamos a uma amostra das fotos e das descrições contidas naquela página:



Diego de Sousa é um dos responsáveis pela Loja Pernambuco do Conselho SteamPunk e ao praticar o SteamPlay enverga a persona de Amadeus Brown, um anti-herói SteamPunk.





 Carlos Alberto, da , mais conhecido como Captão Escarlate: Viajante do Tempo da era vitoriana. Recebeu um presente de grego de uma raça alien. Ele era um ser imortal que, ao começar suas viagens pelo tempo, descobre que perde anos de sua vida.