15.11.10

O luto na Era Vitoriana

Você gosta da estética steampunk mas acha que tem marrom demais para todo lado? Acharia mais interessante se as roupas e acessórios investissem mais no preto? Pois uma boa oportunidade para compor um personagem com trajes escuros - principalmente para as damas - está dada pelas dicas elaboradas por Pauline Kisner, a Mme. Mean, em seu blog Sombria Elegância. A professora de História e maior batalhadora pelo Reconstitucionismo do século XIX - e aquém - em Santa Catarina, fez uma abrangente pesquisa sobre o luto na sociedade vitoriana. Segue um trecho do artigo e uma das ilustrações, mas a íntegra você lê aqui.


Os trajes de luto vitorianos eram dirigidos mormente às mulheres, viúvas em particular. A moda era uma maneira de isolá-las em seu momento de tristeza, como a Rainha Victoria fizera. No primeiro ano, uma mulher de luto não tinha permissão para sair de casa sem um traje completamente negro e um véu da mesma cor (weeping veil). Suas atividades se restringiam, inicialmente, à igreja. No entanto, o traje de luto era também um mecanismo de demonstrar a riqueza e a respeitabilidade de uma mulher. Algumas chegavam até a vestir os criados de luto quando o chefe da família morria. As mulheres de classe média e baixa empreenderiam grandes gastos para se adequar a esta moda. Tingir as roupas de preto e depois clareá-las novamente era algo comum. A indústria do luto se tornou tão vital para os alfaiates, que boatos eram espalhados sobre a má sorte que essa reciclagem de trajes poderia trazer. A “arte capilar” também se desenvolveu na Era Vitoriana, principalmente para permitir que os membros da família pudessem manter mementos (recordações) de seus entes queridos. Os trajes de luto eram uma parte indissociável da vida no século XIX.

Os Estágios do Luto
Na Inglaterra Vitoriana, esperava-se da viúva que permanecesse de luto por pelo menos dois anos. Essas regras eram um pouco mais flexíveis nos Estados Unidos. O luto feminino possuía uma série de estágios progressivos.

Full Morning/Luto Fechado
Durava exatamente um ano e um dia, período durante o qual a mulher usaria um traje completamente preto, liso e sem ornamentos. O ícone desse estágio era o weeping veil feito de crepe negro. Se a mulher não possuía renda própria e tinha crianças pequenas, era permitido que se casasse após esse período. Há relatos de mulheres que retomaram o preto logo no dia seguinte ao segundo casamento.

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6 comentários:

Giseli disse...

Putz, que treco complexo mas interessante O_o Com todo o respeito aos mortos, mas que exagero... De qualquer modo, cada um encara de um jeito né? Só não pode ser do jeito imposto pelos outros, ainda bem que hoje cada um tem a liberdade de ter seu luto ^^

Romeu Martins disse...

Hehe, a sociedade muda, os costumes mudam... ainda bem, hein? Era uma morte em vida para as mulheres (e olha os gastos, tendo que bancar o luto da criadagem também ;-))

Mme. Mean disse...

Essa questão da "liberdade" de hoje é muito relativa. Há alguns bons psicólogos e outros especialistas que enxergam nisso um problema: a sociedade contemporânea, tão apegada ao imediatismo, baniu da vista humana os dois momentos mais importantes dela - nascimento e morte. Essa questão da morte é a mais complicada; nós tememos a morte tanto quanto tememos a velhice e não possuímos mais rituais socialmente aceitos, com códigos próprios, para lidar com a morte. Com isso, ela se torna cada vez mais sombria e assustadora. Mas, claro, eu concordo com a Giseli acerca de todos os problemas envolvidos na "obrigatoriedade" do luto. Mas, vejamos pelo outro lado: quanta estranheza causaria alguém que, hoje, tentasse expressar seu luto à "moda clássica"? Acaba sendo uma imposição social de valores de qualquer maneira...

***

Obrigada por republicar e pelo link no twitter. Fiquei surpresa com os RTs. Acho que vou escrever mais sobre a sociedade vitoriana...

Romeu Martins disse...

Escreva, Pauline. Como você percebeu, há um público ávido por isso ;-)

fabita . disse...

muito bacana! estou seguindo o blog. um beijo.

Romeu Martins disse...

Beijo, Fabita ;-*