20.10.11

O dieselpunk é nosso 2

Algumas novidades em relação à resenha que publiquei aqui sobre a coletânea Dieselpunk da Editora Draco. A primeira é que meu caro conterrâneo Afonso Luiz Pereira, do blog Contos Fantásticos - que aliás foi o primeiro a me entrevistar a respeito de minha recente produção de ficção - republicou o texto em seu prestigiado espaço dedicado à literatura de gênero. Agora, "O dieselpunk é nosso" pode ser lido também por lá. A segunda novidade é que um dos contistas daquele livro, Sid Castro, escreveu e ilustrou uma nova crítica ao livro em sua página. Lá, ele linka minha resenha e faz uma revelação a respeito de um dos seus personagens que já havia comentado por aqui. Logo no início ele faz referência a uma sugestão que fiz para que sua noveleta "Cobra de Fogo" fosse adaptada para os quadrinhos, aproveitando também seus dotes de desenhista que podem ser conferidos abaixo:


Foi a sugestão do escritor Romeu Martins em seu blog “Cidade Phantastica” aqui , autor do conto de mesmo nome publicado em “Steampunk – Histórias de um Passado Extraordinário”, da editora Tarja. Aliás, revelei a ele uma curiosidade. Quase todos os personagens tem nomes referentes de uma maneira ou outra, como o mitológico Dâmocles, os Vultani (tirado do vilão do antigo seriado “O Homem Foguete”) e com consoantes dobradas, como nas HQs da Era Clássica. Já o mecânico JD (João Diesel), confessadamente inspirado no Sparky do Speed Racer, não conseguia um nome que me agradasse. Até que lembrei do antológico João Fumaça de Cidade Phantástica… e voilá

Devo dizer que é um baita orgulho ter servido de inspiração para batizar um dos personagens do meu conto favorito daquele livro. E é uma baita coincidência que isso tenha ocorrido, já que João Fumaça é apenas o apelido do personagem cujo nome completo é João Octavio Ribeiro. E esse nome se deve a uma homenagem que fiz a dois colegas de Sid Castro em Dieselpunk: Octavio Aragão, autor de “O dia em que Virgulino cortou o rabo da cobra sem fim com o chuço excomungado”, e o organizador Gerson Lodi-Ribeiro, escritor de "O país da aviação". Foi minha maneira de reconhecer a influência de livros daqueles dois cariocas na concepção de "Cidade Phantástica" - respectivamente A mão que cria e Outros Brasis. Saber que agora João Fumaça também serve de inspiração para um outro escritor é uma daquelas surpresas que só a cultura retrofuturista que anda tomando conta do Brasil nos últimos anos poderia me dar.

Para encerrar, posto aqui a resposta que dei a Sid Castro nos comentários da minha resenha quando soube da origem do nome de seu João Diesel:

Olha, muito legal saber a origem do nome do JD! Eu ia mesmo comentar que, além das locomotivas, gostaria de ver o personagem para saber se ele tinha algum parentesco com o JF hehe... Como curiosidade: eu não tive tempo de escrever o roteiro que imaginei para a Dieselpunk, mas cheguei mesmo a pensar numa trama e em personagens. O protagonista seria um negro parrudo apelidado de Chico Betume e que seria conhecido pelos engenheiros mecânicos alemães de uma certa Plataforma Lobato por... Franz Diesel ;-)
Sim, esbocei mentalmente como seria a noveleta dieselpunk que teria escrito caso não fosse atropelado por outros compromissos, "Plataforma Lobato". Seria uma história alternativa cujo ponto de divergência estaria no sucesso de Monteiro Lobato em convencer Getúlio Vargas a apoiar sua campanha "O petróleo é nosso". Como resultado, lá por 1943 já haveria uma plataforma petrolífera na costa fluminense, garantindo uma interesse ainda mais estratégico em se conseguir o apoio brasileiro na guerra que estaria se desenrolando na Europa. Mas o caudilho gaúcho se esforçaria por manter a neutralidade, já que os investimentos tecnológicos seriam garantido com recursos vindos dos países em conflito: EUA, Alemanha e Japão.

No dia 7 de Setembro daquele ano, o ditador iria fazer um gesto simbólico e decretar a nacionalização da plataforma, para surpresa dos engenheiros nipônicos e germânicos que lá trabalhavam. Para garantir a efetividade das ordens, o agente designado seria o tal Chico Betume, um gigante negro que, dizem os boatos na capital da república, era filho bastardo de um segurança de Vargas com a babá da casa de Lobato. Quem sabe um dia eu ainda escreva essa história.

8 comentários:

Cirilo S. Lemos disse...

É mesmo, Romeu, já anda mais que na hora do João Fumaça dar as caras de novo.

Romeu Martins disse...

Este ano ele apareceu na 1000Universos, numa nova versão e em português de um velho miniconto (que na verdade, quando saiu em inglês num blog californiano foi a primeira aparição do John Steam) e numa noveleta na Vapor Marginal. Dando tudo certo, em 2012 vai ter mais

Cirilo S. Lemos disse...

O da 1000Universos eu me lembro.

Romeu Martins disse...

O da vapor marginal dá para baixar em www.vapormarginal.com.br e tem umas participações especiais de personagens dos quadrinhos (e foi ilustrado por um colaborador veterano da Mad, o Tiburcio). Foi escrito em primeira pessoa, devo adaptar ano que vem para a terceira para um projeto ai...

sidemar disse...

Romeu, grato pelo incentivo, mas se a HQ do Cobra de Fogo rolar, acho q fico só no roteiro... pq o desenhista teria de ser um melhor do que eu. Quanto a Plataforma Lobato, já fiquei curioso em ler! Espero que ela e Chico Betume ganhem vida!

abs

Octavio Aragão disse...

Oi, Romeu.

Em primeiro lugar, muito obrigado pela referência.

Em segundo lugar, que baita plot você criou para O Petróleo É Nosso, hein?

Essa história tem de ser escrita sob pena de você ser assombrado pelo pelos personegans pelo resto da vida. :-D

Parabéns pelo excelente conceito.

Octavio Aragão disse...

Taí, vou criar uma raça alienígena transmorfa chamada “Os Personegans”...

Romeu Martins disse...

Queremos ver a continuidade do trabalho da Draco com os quadrinhos, Sid, que será inaugurado pelo Octavio. Vai mandando ver nesse roteiro que bons desenhistas não lhe faltarão! Quero ler esta graphic novel, meu caro!

Octavio, juro que quando peguei o livro fui logo procurando para ver ser não haveria um plot parecido com este que imaginei, pois, para mim, o governo Vargas tem tudo a ver com dieselpunk, assim como D. Pedro era um monarca steampunk. Vamos ver se o Chico Betume ainda ganha vida ;-)