31.5.11

As damas de steampink

A editora Estronho divulgou quais foram as escritoras selecionadas para a primeira coletânea steamer totalmente dedicada a elas, na qual serei o único intruso masculino a assinar, com muito prazer, o prefácio:


Olá steamers,
A nossa organizadora, Tatiana Ruiz (Sem mais finais felizes), chegou ao seu veredito final e apresentamos aqui as autoras selecionadas para a antologia Steampink, que será lançada no Fantasticon 2011, com prefácio de Romeu Martins e muito vapor.
Amanda Reznor (A dama dos corvos), Bia Machado (Diário de bordo de Lidia SaintClair),Dana Guedes (Homérica pirataria), Georgette Silen (O terceiro reinado), Leona Volpe(Sonha o corvo um sonho negro), Lídia Zuin (Ha-Zaman)Lidia Zuin (Ha-Mazan) Livia Pereira (A arma), Lyra Collodel (Escrito no tempo), Nikelen Witter (Pena e o imperador), Renata Galindo Neves(Encantamento engenhoso), This Gomes (O Poeta, a donzela insolente e o livro fo tempo) e Verônica Freitas (As irmãs Taylor).
É isso aí, meninas... Bons vapores!
M. D. Amado

30.5.11

O lado oeste de Floripa

E o Café Cultura virou mesmo um saloon neste sábado, durante o lançamento dos livros weird west das editoras Estronho e Argonautas. A pedido de Fábio Fernandes fiz um relato do evento do qual ele deve editar trechos para usar em uma matéria de sua autoria a respeito do fandom brasileiro para a revista lusitana Bang! Aproveito, então, para usar as informações que passei a ele na forma de post neste blog, mais tarde darei um upgrade, quando estiverem disponíveis algumas das fotos tiradas por lá.

O que tivemos em Florianópolis neste sábado foi um evento duplo, o lançamento simultâneo de duas coletâneas nacionais dedicadas ao gênero weird west, que, em um autêntico zeitgeist, foram produzidas simultaneamente nos estados do Rio Grande do Sul e de Minas Gerais. O livro gaúcho foi o segundo volume da coleção Sagas da editora Argonautas, dos sócios César Alcázar (organizador do livro) e Duda Falcão (um dos cinco autores): Estranho Oeste. O volume anterior foi a estreia da editora e dedicado à Espada & Magia.

Quanto à obra mineira, na qual eu tinha um dos vinte contos presentes, era da editora Estronho, de M.D. Amado: Cursed City - Onde as almas não têm valor, que conta com uma escritora portuguesa em suas páginas, Valentina Silva Ferreira, natural da Ilha da Madeira. M.D. Amado é o organizador desta última e tem conto em ambos os livros, pois, em uma coincidência notável, quando os gaúchos entraram em contato com ele para convidá-lo a escrever para a coletânea que preparavam, o mineiro já estava definindo as regras da que ele próprio viria a organizar para seu selo editorial. Longe de essa coincidência causar um desacordo ou atiçar sentimentos de concorrência, ela acabou gerando uma sinergia celebrada no meio do caminho, aqui em Santa Catarina.

Ambos os livros já haviam tido lançamentos oficiais no Rio Grande do Sul e em São Paulo, respectivamente no caso de Estranho Oeste e de Cursed City. Mas o que houve em Florianópolis, no dia 28 de maio, foi o encontro destas duas iniciativas em um evento em conjunto. Ajudei a organizar o encontro com o apoio da Sociedade Histórica Desterrense, um grupo reconstrucionista que tem o objetivo de apresentar formas lúdicas de conhecer a história de diversos períodos, com ênfase no séc XIX. Também contamos com o apoio dos organizadores da maior convenção de quadrinhos do estado, a HQCon, e da loja local do Conselho Steampunk. Além, é claro, da mobilização de ambas as editoras que estiveram presentes não apenas na forma dos livros mas na vinda dos sócios gaúchos, do mineiro e ainda da paranaense Celly Borges, revisora da coletânea Cursed City.

Ao todo, estivemos reunidos no Café Cultura, localizado bem no Centro de Florianópolis, aproximadamente 50 pessoas, lotando a parte superior do casarão colonial, que esteve à nossa disposição das 17h até além do horário normal de fechamento do lugar, às 20h. Foi uma oportunidade de confraternização de grupos que já haviam promovido eventos juntos, caso da SHD e do Conselho, e a oportunidade de fortalecer o contato com a equipe da HQCon, que em agosto abrirá espaço para apresentação de literatura steampunk em sua convenção anual. Depois do encerramento por lá, um grupo de 13 pessoas ainda esticou a conversa até o início da madrugada em uma cantina de vinhos próxima à Universidade Federal de Santa Catarina.

O apoio desses grupos ligados ao reconstrucionismo e à revisão retrofuturista do século retrasado se explica pelo gênero dos livros e pelo interesse da editora Estronho em apostar na cultura steamer. O weird west se passa naquele mesmo período histórico consagrado pela ficção steampunk, sendo normalmente ambientado na porção ocidental do território americano no século XIX. Como é uma união das consagradas narrativas de faroeste com o gênero fantástico (FC, fantasia e horror), guarda bastante semelhança e agrada os fãs do vitorianismo alternativo. E neste segmento mais especificamente, a editora de Minas vai lançar ainda este ano, durante a Fantasticon, duas antologias: Deus Ex Machina - Anjos e demónios na era do vapor e Steampink. A primeira, da qual sou o escritor convidado, mistura a temática dos anjos com ambientação steamer, sendo a pioneira em trazer autores e autoras dividindo as páginas de um mesmo livro do gênero, após o Brasil ter visto a publicação de duas coletâneas apenas com escritores do sexo masculino. Já a segunda, para a qual farei o prefácio, é exclusiva para contos de mulheres.

E é isto. De todos os comentários que me chegaram durante e após o encontro relatado acima, fiquei com a impressão de termos tido um autêntico sucesso. Reforço meus agradecimentos a todos os que ajudaram a tornar viável o lançamento e aos amigos que puderam comparecer à festa.

28.5.11

Um outro orgulho nerd é...

...ser citado por um dos melhores e mais reconhecidos tradutores do Brasil como um talentoso amigo a fazer parte de listas como a Science Fiction & Fantasy Translation Awards a partir da qual ele faz seus comentários. Aconteceu comigo neste post do blog do acadêmico e escritor (além de querido amigo) Fábio Fernandes, no qual ele comentava a tradição brasileira de consumir material internacional em traduções para o português, mas nem sempre seguida pela de fornecer material a ser traduzido para outras línguas:

Não há muitos livros brasileiros sendo traduzidos agora (eles são, mas não na mesma quantidade e velocidade com que livros estrangeiros são massivamente traduzidos para o português). Talvez esta seja a razão pela qual você não vai ver um romance ou um conto brasileiros na lista. Eu, por exemplo, tenho escrito minhas próprias histórias em inglês ultimamente. (Eu desisti totalmente de escrever ficção em português, por motivos pessoais, desde o início do ano - o que também é outra história - e estou escrevendo em inglês, então só espero que alguns dos meus bons e talentosos amigos brasileiros, como Romeu Martins, autor de um conto cujo trecho traduzi para The Steampunk Bible, nos honrem com sua presença na lista no futuro.)
Honrado estou eu por estas palavras, mal traduzidas por mim ai em cima. Assim como honrado eu fiquei de ter o trecho de "Cidade Phantástica" vertido para o inglês por um profissional que tem em em seu currículo a reconstrução de obras como Neuromancer, Laranja Mecânica, Snow Crash, A Fundação, O  Homem do Castelo Alto entre muitas outras. Como já disse em ocasiões diferente e em mídias diversas, este é um orgulho que ninguém pode me tirar: o de ter algo em comum com William Gibson, Alan Moore, PKD e outros mestres, pelo fato de termos um mesmo tradutor na figura de Fábio Fernandes. E tenho dito!

27.5.11

Fica, vai ter bala

Amigos, é amanhã o dia. Espero encontrar muitos de vocês no Café Cultura, a partir das 17h e até depois do sol se por, para o lançamento dos livros Sagas 2 - Estranho Oeste e Cursed City - Onde as almas não têm valor. Quero registrar o agradecimento à diretoria da Sociedade Histórica Desterrense, Pauline e Maurice Kisner, Carolina Silva e Jessé Fialho Martins, pela inestimável ajuda na preparação do evento. Às editoras Argonautas e Estronho pela disposição de vir à Ilha e com isso por Florianópolis no mapa da literatura fantástica nacional. Aos blogs e sites que abriram espaço para divulgar a data - Perdi Essa Aula, Sono da Razão, Museu do Terror e Rádio Digital Rio - bem como aos jornalistas Marcos Espíndola, do Diário Catarinense, e Carol Macário, do Notícias do Dia, além do tradutor Julio Schneider da revista Mágico Vento, que também publicaram notas sobre o assunto. Sem falar nas muitas arrobas que retwittaram cada novo aviso deste encontro. Todos vocês já fizeram este empreendimento ser um sucesso antes mesmo de começar. Inestimáveis agradecimentos a cada um de vocês.

25.5.11

Orgulho nerd é...

...ser citado pelos amigos no maior site de cultura pop do Brasil, no dia 25 de maio.


HOW TO DRAW STEAMPUNK SUPERSIZE TPSe você é tão fã de steampunk quanto o Romeu Martins, deve curtir este guia organizado por Ben Dunn. Saiba desenhar todas as engrenagens, todo o vidro, madeira e renda para seus personagens de tecnologia vitoriana. Vai que este guia coloque carvão na sua caldeira criativa.
Antarctic Press | US$ 24,99 



Este é um trecho da coluna "A Semana Lá Fora" do Omelete deste Dia da Toalha, editada pelo meu chapa Marcelo Soares. Valeu a citação!

Não entrem em pânico, steamers

Hoje, 25 de maio, é o dia do Orgulho Nerd, também conhecido como Dia da Toalha. Para comemorar a data, encontrei o item abaixo neste fórum:

23.5.11

Western Walk

Nova nota sobre o evento do próximo sábado, promovido em parceria entre a Sociedade Histórica Desterrense e as editoras Estronho e Argonautas. Desta vez no maior jornal de Santa Catarina, o Diário Catarinense, do grupo RBS. A chamada com o mesmo título deste post foi publicada na bem-humorada coluna Contracapa, do jornalista Marcos Espíndola:

Alô, galera de cowboy! No sábado, no Café Cultura (Centro da Capital) haverá o lançamento um tanto inusitado de dois livros interessantes: Cursed City – Onde as Almas Não Têm Valor (editora Estronho, MG) e Sagas 2 – Estranho Oeste (editora Artonautas, RS). Daquelas ficções bacanas, que misturam western com ficção fantástica. Mas e o inusitado? É que uma turma esperta aproveitará a oportunidade para promover um encontro weird west, onde os participantes se vestirão de acordo com o tema e, quem sabe, darão um rolé pelas ruas do Centro da Capital. O mesmo fez algo similar no aniversário de Floripa, só que trajando roupas de época. O encontro de sábado está marcado para às 17h e quem aparecer devidamente fantasiado ganhará alguns “mimos” (descontos e brindes). Fácil, o xadrez está em alta.

Cantores neo-sertanejos estão convidados, mas não poderão cantar!

É isso aí, Luan Santana, só em silêncio!

21.5.11

A arte dos encontros

Esta é a chamada do caderno Plural do jornal Notícias do Dia deste sábado. A publicação do grupo Record dedicou as principais páginas do seu suplemento cultural para uma reportagem sobre diversas confrarias que reúnem pessoas com interesses comuns na capital de Santa Catarina. Entre os exemplos citados pela jornalista Carol Macário está a Sociedade Histórica Desterrense, que no próximo dia 28 se reunirá durante o evento de lançamento dos livros Cursed City - Onde as almas não têm valor e Sagas 2 - Estranho oeste, no Café Cultura. Abaixo, reproduzo a nota da repórter, que foi ilustrada com uma foto de Maurice Kisner onde se vê Carolina Silva, Jessé Fialho Martins, Douglas Vieira, este blogueiro e Pauline Kisner:

Não se espante se no próximo dia 28 de maio você se deparar com personagens em carne e osso dos tempos do Velho Oeste no Centro de Florianópolis. São pessoas apaixonadas por história integrantes da SHD (Sociedade Histórica Desterrense), um grupo reconstrucionista de Florianópolis, criado pela historiadora Pauline  Kisner com o objetivo de estudar a história de uma forma lúdica.

Além de um fórum de discussões na internet, a SHD promove eventos temáticos com o objetivo de reviver o passado. Isso se traduz em vestir trajes de época, estudar a decoração, música e dança, literatura e culinária de época.

18.5.11

Os neotemplários

Nesta quarta-feira passei por uma experiência inédita: fui ver um filme que adapta quadrinhos que nunca li. No caso, a produção O Padre, baseada em Priest,  manhwa escrito e desenhado por Hyung Min-Woo (os quadrinhos sul-coreanos, muito semelhantes aos mangás japoneses mas com sentido de leitura igual ao do ocidente). Não posso falar nada, portanto, da capacidade do diretor Scott Charles Stewart em se manter ou não fiel à obra original, mas acho que vale a pena comentar alguma coisa aqui no blog, afinal, o filme remete inteiramente ao faroeste fantástico, com direito a motos supervelozes fazendo às vezes de cavalos percorrendo as pradarias e com vampiros monstruosos no lugar dos pele-vermelhas. A produção segue aquele mesmo padrão que comentei na resenha de Mortal Engines, a de um futuro retrô, no qual a sociedade acaba retomando a estética e as soluções tecnológicas de algum período histórico. Neste caso, a escolha fez de O Padre mais um lançamento weird west em nossos cinemas.

O cenário básico deste mundo é explicado logo no início com uma breve animação que faz lembrar a primeira parte de Kill Bill, de Quentin Tarantino. A humanidade sempre travou violentos combates contra os vampiros, até que em algum momento os ataques dos monstros passaram a ser tão bem sucedidos que algo precisava ser feito. Boa parte da população sobrevivente passou a se abrigar em cidades-fortificadas que, em última análise, não passavam enormes igrejas. A força policial estava nas mãos de padres guerreiros, que não usam nada com pólvora, mas contam com um arsenal de armas brancas com motivos de crucifixos: espadas, facas,  sais, shurikens... Após muita luta, aparentemente se chegou a um equilíbrio de forças, com vampiros vivendo em suas colméias em áreas isoladas e a maioria das pessoas nas tais cidades-igrejas. De uma hora para outra, como ocorreu com os Cavaleiros Templários dos tempos das Cruzadas, o Clero passou a considerar a casta de guerreiros como um embaraço a ser revisto. Com a perda de privilégios, os antigos caçadores de vampiros agora ocupam uma posição de párias em suas comunidades, marcados com tatuagens de cruz do alto da testa até o meio do nariz.

Então, acaba o desenho e somos apresentados a atores não tão animados assim. O inglês Paul Bettany é o protagonista do título; o americano Cam Gigandet, um xerife de povoado que vem lhe avisar que sua sobrinha foi raptada após um inesperado ataque dos monstros;  a americana com jeito de asiática (ela é do Hawaii) Maggie Q interpreta uma sensual... hã, como traduzir Priestess? Padreza? Madre? Este é o trio que troca tiros (no caso do xerife) e golpes de kung fu (da parte dos religiosos lutadores) contra as criaturas de CGI comandadas pelo neo-zelandês Karl Urban, que faz um vilão bem pouco aproveitado. É uma boa obra de ação, descontado alguns clichês e interpretações canastronas, que deixa antever um cenário ainda mais interessante que o filme em si. Me deu vontade de conhecer os quadrinhos e de torcer para que as possíveis continuações sejam melhores.



Caça aos sobreviventes de Cursed City

Olhem só o cartaz que nossos parceiros da Universo Colecionáveis, a primeira e a melhor loja especializada em colecionáveis de Santa Catarina, penduraram na vitrine:



Começou a temporada de caça aos marginais da Cidade Maldita. E o tiroteio vai ser no dia 28, a partir das 17h, no Café Cultura, lá na Praça XV. Venha, mas venha armado.

Cursed City em Mágico Vento

Sabem aquele negócio de timing? Pois não poderia ter sido mais preciso no caso de uma mensagem que enviei para um dos meus fumetti favoritos, editado no Brasil pela editora Mythos. O email acaba de ser publicado na edição 107 de Mágico Vento na coluna "O Correio de Poe" mantida pelo tradutor da série, Júlio Schneider, conforme reproduzo a seguir:


"Antes de mais nada quero deixar os parabéns pelo excelente trabalho de vocês, principalmente em meus títulos favoritos das bancas, Júlia e Mágico Vento. Trabalho primoroso, adaptações que respeitam e valorizam o material italiano. Quanto ao personagem criado pelo excepcional escritor que é Gianfranco Manfredi, escrevi sobre ele no meu blog dedicado ao subgênero da FC chamado steampunk, ou a reimaginação retrofuturista do século XIX. O post foi em uma série rápida a respeito do Weird West, aquela mistura de faroeste com ficção fantástica (tanto pode ser FC, fantasia ou terror), da qual Mágico Vento é um belíssimo representante: http://cidadephantastica.blogspot.com/2011/02/weird-west-nos-quadrinhos-magico-vento.html Novamente, parabenizo a todos pelo trabalho. Abraço." Recebemos essa mensagem de Romeu Martins, que mora em São José-SC, cidade da região metropolitana de Florianópolis, e que será um dos autores presentes no primeiro livro de contos dedicado ao gênero weird west, cujo título é Cursed City - Onde as almas não têm valor. Na página de arquivos de janeiro de 2011 do seu blogue há uma matéria sobre isso com o título Sou um sobrevivente de Cursed City. Segundo o autor, entre as suas influências está "o inesquecível Ken Parker, cujas edições da Mythos tenho todas guardadas na minha coleção de quadrinhos".

Afirmo que o timing é perfeito porque esta revista começou a chegar às bancas no dia 13 de maio, véspera do lançamento oficial de Cursed City, neste último sábado, em São Paulo. Em Florianópolis, como já divulgado aqui e em outras páginas o livro virá ao público no próximo dia 28, último sábado do mês, em um evento promovido em parceria com as editoras Estronho, Argonautas e a Sociedade Histórica Desterrense. Mas o timing também foi perfeito pela temática da história de Mágico Vento 107: nesta edição o escritor Gianfranco Manfredi faz seu personagem enfrentar criaturas semelhantes à que usei no conto "Domingo, Sangrento Domingo", presente naquela coletânea. A diferença está na nacionalidade. Se o meu monstro vem da região da Catalunha, mais exatamente de Barcelona, o quadrinista italiano criou uma trama com os ch'iang shih, ou seja, com os vampiros do folclore chinês.

Ned Ellis, o shaman branco dos índios sioux, está sozinho na cidade de São Francisco, onde se mete em um conflito das gangues chineses que dominam a região, as chamadas tongs. O líder de um desses grupos é que pensa em usar as criaturas místicas nessa guerra: mortos vivos com características bem diferentes daqueles que costumamos ver em obras ocidentais. Em uma inversão muito interessante do cotidiano dessa série de quadrinhos, vemos Mágico Vento tão perdido nos elementos sobrenaturais da trama quanto o leitor, pois todos estamos explorando um território desconhecido aqui. Em outra seção da revista, "Blizzard Gazette", o próprio autor escreve um artigo contando mais sobre os ch'iang shih, sobre o material de pesquisa que consultou e sobre as liberdades autorais que tomou, para evitar que o roteiro caísse em situações cômicas para os olhos não acostumados com a mitologia da China.

Esta é uma edição excelente para os interessados tomarem contato pela primeira vez com a revista mensal, por ser uma trama fechada que intercala arcos maiores com os personagens. Mágico Vento veio de duas longas sequências de histórias, a primeira envolvendo toda a negociação de compra das Montanhas Negras por parte do governo americano que acabou derivando na guerra aberta contra os índios na qual morreu o general Custer (1839-1876). Seguiu-se a essa sequência de histórias um outro ciclo, de forte influência na literatura de terror de H.P. Lovecraft (1890-1937), concluído no número anterior. E a partir da próxima edição, Manfredi vai voltar a explorar acontecimentos da história real, contando em um novo arco a história do exílio de Touro Sentado (1831-1890) e de seus guerreiros sioux no Canadá. Portanto, a HQ "Vampiros chineses", que nas palavras do próprio autor é "um apêndice de terror bastante suculento", acaba sendo uma oportunidade ótima para conhecer o universo da melhor série weird west a marcar presença em nossas bancas. E serve de preparação para quem for ler mais material do gênero nos livros das editoras Estronho e Argonautas. Mitakuye Oyasin!

17.5.11

Ponto de partida

No início parecia que ia ser apenas um modismo passageiro, mas a verdade é que a cultura steamer dá mostras de ter se firmado de vez no Brasil. Tanto que a cada novo evento, a cada novo encontro vitoriano, a cada novo lançamento de livro, seja nacional ou uma tradução de material de outro país, novos interessados começam a se perguntar o que afinal de contas é esse tal de steampunk. Felizmente, surgem também novos espaços para dar as informações básicas a quem busca informações e dicas de como aproveitar melhor o que se produz no gênero, seja na forma de livros, filmes, quadrinhos ou qualquer outra manifestação cultural. Fico feliz de poder recomendar um trabalho que é um excelente ponto de partida para esses novos steamers: o especial em duas partes escrito pela historiadora Juliana Poggi em seu blog Caramilholas de JP.



Dividido em duas partes, Juliana apresentou primeiramente uma rápida introdução a esta forma de retrofuturismo em seu post do dia 6 de maio.

Uma pitada de engrenagens
Misture um pouco de vapor para fazê-las funcionar
Insira tudo isso no séc. XIX, de preferência na Inglaterra vitoriana (que vai de 1837 a 1901), mas se preferir usar a criatividade pode levar para qualquer lugar do mundo.
Não esqueça seu cientista maluco (responsável por todas as criações mirabolantes) e claro para sua segurança coloque seus óculos de proteção! ou se preferir os de aviação!


Já no dia 14, após um atrasado involuntário, provocado pelos mesmos problemas com o blogger que fizeram o Cidade Phantástica diminuir o ritmo semana passada, ela voltou ao tema, agora em um verdadeiro mergulho no steampunk. Entre as várias dicas de obras mencionadas, a blogueira não deixou de comentar o material nacional que vem sendo publicado por aqui desde 2009:


Mas Além das traduções que agora tem maior espaço no mercado, autores brasileiros têm produzido muita coisa no gênero.
esquadrão brasileiro conta com diversos autores entre eles Romeu Martins (que comentou no post passado!) Antonio Luiz M. C.ClaudioVilla e Fábio Fernandes e claro com o apoio de editoras como a DracoEstronhoTarja Editorial.



Entre as publicações nacionais temos as coletâneas/antologias de contos Steampunk: Histórias de um passado extraordinário da Tarja Editorial (Skoob/RESENHA porAntonio Luiz M. C.que reune diversos autores entre eles os citados acima e Vaporpunk: Relatos Steampunk publicados sob as ordens de Suas Majestades pela Draco.(Skoob/RESENHA Por Lucien, o Bibliotecário).

Steampunk: Histórias de um passado extraordinário foi a primeira obra brasileira do gênero (2009) organizada por Gianpaolo Celli, trás as mais diversas temáticas, como Sociedades Secretas, Santos Dummont, faroeste, tudo é claro com muito vapor, dirigíveis, ciência e etc. A cada conto uma história inesperada e surpreendente.
Vaporpunk: Relatos Steampunk publicados sob as ordens de Suas Majestades(2010) aproveitando a inspiração Steamer no séc. XIX, os organizadores Gerson Lodi-Ribeiro e Luis Filipe Silva apresentam oito noveletas steampunk sob a ótica brasileira (Império) e portuguesa do assunto.

Agradeço a Juliana pelas palavras elogiosas ao longo do post e indico este seu especial como uma ótima introdução a quem começa a se aventurar por esse mundo do vapor.

16.5.11

Apareçam, vivos ou mortos

Amigos, tenho o prazer de convidá-los para o lançamento dos livros Cursed City, onde as almas não têm valor, da editora Estronho e Sagas - Estranho Oeste, da Argonautas, em Florianópolis, no sábado dia 28 de maio. Esta é a primeira vez em que vou poder estar presente no lançamento de uma obra com um conto meu, já que perdi a oportunidade nos livros anteriores, Paradigmas vol I e Steampunk - Histórias de um passado extraordinário. Por isso mesmo, ficarei muito feliz com a presença de todos neste evento, que conta com o inestimável apoio da Sociedade Histórica Desterrense, sendo Pauline Kisner, a criadora do grupo, a responsável pelo cartaz abaixo, com todas as informações sobre o encontro:



Quem confirmar no fórum da SHD a presença no lançamento, concorre automaticamente a um livro. As pessoas que forem no dia trajando roupas de caubóis, índios, soldados confederados ou o que mais a imaginação permitir dentro do tema weird west receberão descontos na compra dos livros e ainda concorrerão a prêmios concedidos pelas editoras. Portanto, apareçam, amigos, vivos ou mortos. Vamos bater papo, tomar umas cervejas - ou uísque sem gelo para quem preferir - até depois do por-do-sol.

15.5.11

Aranha noturna

Para quem já acha Peter Parker o mais azarado dos super-heróis, acaba de ser publicada no Brasil uma versão alternativa do personagem capaz de provar que tudo poderia ser ainda na pior na vida dele. Homem-Aranha Noir é uma edição especial da Panini que reúne em um único volume a minissérie em quatro partes originalmente lançada nos EUA em 2009. No lugar do adolescente nerd e vítima de bullying na escola, desenvolvido nos anos 60 por Stan Lee e Steve Ditko, a recriação dos roteiristas David Hine e Fabrice Sapolsky e do desenhista Carmine Di Giandomenico imagina o rapaz trinta anos antes, vivendo na Era da Depressão americana. Naquela Nova Iorque suja e cínica retratada nos filmes de detetive, cujo gênero tem o mesmo nome deste projeto de quadrinhos, não sobra muito espaço para as piadas infames e para a roupa colorida do Amigão da Vizinhança. Jogando-se entre prédios de um skyline muito mais baixo do que nos acostumamos a ver, temos uma figura bem mais angustiada, trajada de negro e, por vezes, até mesmo armada com um impensável revólver.



A mudança de tom, do solar Cabeça de Teia rubro-celeste que conhecemos para essa criatura noturna com óculos de aviador que pode ser vista na capa acima, explica-se pela diferença de cenário. Este Peter Parker, também órfão, foi criado por tios de inclinação socialista, em uma cidade que naquele ano de 1933 é dominada por gangues e por políticos corruptos. Aqui, o futuro herói não carrega a culpa de ter deixado escapar o bandido que mais tarde mataria seu tio Ben. A revolta do rapaz vem de bem antes e não é tão focada, mas dirigida a todo um sistema viciado. A frase ensinamento deixada por aquele tutor, nesta realidade, um ex-piloto da Grande Guerra, não é mais o velho bordão "com grandes poderes vêm grandes responsabilidades". "Se aqueles que detêm o poder não são dignos de confiança, é dever do povo destitui-los" é o mote que anima o Homem-Aranha Noir.

A nova abordagem não é sentida apenas no protagonista e em seus parentes. Os demais coadjuvantes também foram afetados pelo clima soturno da década de trinta. O mais notável é Ben Urich, jornalista competente e idealista do Clarim Diário nas histórias do Aranha e do Demolidor que conhecemos tradicionalmente, nesta versão ele aparece rejuvenescido em idade - Di Giandomenico o desenha de modo bastante semelhante à figura do ator Benício Del Toro - porém endurecido pela vida: ele é um repórter e fotógrafo viciado em drogas que acaba acolhendo o garoto como seu ajudante. Os vilões também são apresentados em retratações muito mais cruéis, tanto Norman Osborn, o gangster que aparentemente ninguém sabe o porquê de ser apelidado de Duende, quanto seus capangas recrutados em circos de aberrações. Destaco a nova personalidade do Abutre, bem mais chocante que a do velhote alado das histórias normais.

Homem-Aranha Noir é uma bela surpresa e vale muito a pena para quem aprecia esses anacronismos que de tempos em tempos Marvel e DC produzem com seus personagens.  A qualidade atingida pelo trio responsável, mais ligado ao mercado europeu, é inegável. Hine e Sapolsky, que começaram suas carreiras respectivamente na Inglaterra e na França, entregaram uma história ótima, cheia de reviravoltas, cujos cliffhangers nos últimos quadrinhos de cada edição original da minissérie estão perfeitos. Prendem o leitor de modo memorável a cada vinte páginas. E quanto ao italiano Di Giandomenico, ele já está se tornando um especialista em HQs apresentando o passado da Marvel. Já falei dele aqui a respeito de uma história imaginando o Capitão América na Guerra Civil Americana; e também foi o desenhista de uma das melhores e mais importantes histórias recentes daquela editora, Magneto: Testamento (imperdível, quem não leu, faça-se este favor). Quanto à Panini, merece os parabéns por editar o material com tanta qualidade (capa dura, papel nobre, extras) a menos de R$ 20. De deslizes, apenas o fato de não ter informado aos leitores que Spiderman Noir surgiu antes em um videogame e por ter feito confusão nos arquivos que apresentam as capas variantes da minissérie (publicaram duas vezes uma mesma e deixaram de mostrar outra). Espero que repitam a qualidade e o preço quando editarem a continuação da série - Homem Aranha Noir: Olhos sem face.

13.5.11

Pulp fiction à brasileira

Houve um tempo em que brasileiros fãs de ficção científica poderiam ir às bancas de revistas comprar um exemplar da edição nacional da Isaac Asimov Magazine, garantia de ótimos contos do gênero, entregues periodicamente perto de suas casas. Desde o cancelamento daquela iniciativa da editora Record, há um vazio e tanto no mercado nacional que pode ser parcialmente preenchido por diversas coleções de antologias mistas. Praticamente todas as pequenas editoras que surgiram nos últimos anos e que se dedicam à literatura fantástica têm a sua: a paulista Tarja Editorial lançou a coleção Paradigmas; sua conterrânea Draco, a Imaginários; a mineira Estronho, Extraneus; e a gaúcha Não-Editora é a responsável pela coletânea seriada que vou comentar nesta resenha. Ficção de Polpa é o nome da série que revela sua origem já pelo nome, uma ambientação abrasileirada para aquelas saudosas revistas pulp fiction da primeira metade do século passado. E a edição mais recente desta publicação, inteiramente dedicada à histórias de crime e suspense, traz material de muito interesse para quem gosta de revisitações ao século XIX entre os sete contos que traz (sendo um deles uma faixa bônus), organizados pelo editor Samir Machado de Machado.

Ficção de Polpa: Crime! é o quarto volume desta editora que se apresenta à Magrite com a fase “Isto não é uma editora”. Até seu logo é um cachimbo, como no quadro famoso do pintor belga, mas que também pode servir para evocar o mais famoso dos detetives, presente nesta edição. O carioca Octavio Aragão é um dos três não-gaúchos do staff – coincidentemente, os mesmo autores que escreveram textos tanto para este livro quanto para a coletânea steamer Vaporpunk, da Draco – e é ele quem traz Sherlock Holmes de volta à nossa convivência, em papel e tinta, no conto “A aventura do americano audaz”. Ele, que é designer e também ilustrou a própria narrativa, parte de um subterfúgio paratextual: aquele seria um caso resgatado das próprias memórias de John Watson, a que Aragão teve acesso em uma pesquisa a respeito do sobrenome de sua família. Notas de rodapé espalhadas pelo texto reforçam esse caráter documental e ampliam a experiência de um mergulho no ambiente do Oitocentos, aliada a uma competente recriação do estilo de Arthur Conan Doyle e uma sólida pesquisa do material canônico criado por aquele autor britânico. Tudo isso para envolver o leitor em um encontro de Holmes com outra imortal criação literária daqueles tempos, mas com uma inusitada pegada realista que acaba sendo ao mesmo tempo bem-vinda e surpreendente. Um conto que merece entrar para a lista dos trabalhos que deram continuidade não-oficial à carreira do detetive de Baker Street, ao lado de obras de contemporâneos nossos como Neil Gaiman e Michael Chabon.

Outro escritor que fez jornada dupla em Ficção de Polpa e Vaporpunk é o paulista Carlos Orsi, que aqui assina “As muralhas verdes”, conto ilustrado por Fernando Gil. Uma narrativa no estilo clássico do detetive que deve descobrir quem cometeu o crime, cuja inovação está no local onde se deu tal crime. O investigador, do tipo cínico e que narra suas descobertas com frases curtas e de efeito, tem a missão de desvendar o mistério de uma morte cometida na frente das câmeras, a vista de todo o Brasil, em um episódio de um reality show concorrente do mais famoso de todos em nosso país (aliás, sabemos que estamos no futuro porque a edição em tela do Big Brother segundo o narrador é a XXIII, sendo que em 2012, a Globo deverá exibir a décima-segunda). Como no caso do concorrente, baseado em 1984, de George Orwell, o programa fictício de Orsi também se inspira em uma distopia literária, no caso Nós, escrita em 1921 pelo russo Ievguêni Zamyatin. Em a Casa de Vidro, os participantes ficam expostos à atenção da audiência vivendo entre paredes transparentes mas isolados do mundo por um muro verde. Mesmo com tamanho escrutínio de suas intimidades, aparentemente um concorrente conseguiu eliminar, de fato, o outro, e talvez tente fazer isso novamente, o que a produção do programa busca evitar contratando o protagonista da história. Deixo a sugestão para Orsi: ele poderia ganhar um bom dinheiro bolando atrações do tipo para a Endemol, a dona da marca Big Brother. Poderíamos ter novo milionário aqui.

Para fechar a trinca, o português, filho de belgas, Yves Robert, que em seu conto “A conspiração dos relógios” – ilustração de Bernardo Assis Brasil – retoma personagem já apresentado em edição anterior de Ficção de Polpa e que chegou a ser adaptado para um curtametragem premiado, no Rio Grande do Sul. No caso, um investigador especializado em casos estranhos que é, ele mesmo, um caso estranho a ser investigado. Esquizofrênico, o lusitano tem como amigo um coelho falante, azul e antropomorfizado de nome Tobias. Nesta sua segunda aventura, desvenda o caso de Celeste Martins, uma atendente de caixa de supermercado que parece ser vítima de um surto paranóide: ela desconfia da tal conspiração do título ao perceber que sempre olha para relógios digitais no momento em que os algarismos apresentam alguma ordenamento misterioso: sejam seqüências diretas como 12:34; números iguais, 2:22; ou alguma outra aparente coincidência do tipo. Um conto simples e ao mesmo tempo fantástico, sustentado por personagens bastante carismáticos e ótima narrativa – imperdível a sequência em um shopping na qual o detetive observa as horas sem um padrão definido no relógio de parede até o exato instante que sua cliente se vira e...

O trio seguinte é formado por conterrâneos da editora, entre eles Rafael Bán Jacobsen que também situou seu texto em um ano propositalmente não-identificado do século XIX. “A carne é fraca”, com ilustração de Elvis Moura, foi bem resumido na introdução escrita por Samir Machado de Machado, “O Capitão Mostarda, na biblioteca, com a chave inglesa”: “O escritor Rafael Bán Jacobsen retoma a tradição dos crimes envolvendo açougueiros de fim de século – de Sweeney Todd aos crimes da Rua do Arvoredo em Porto Alegre – para compor um intricado triângulo de suspeitas entre os personagens de A carne é fraca, reveladas aos leitor apenas através de cartas e diários – e onde somente ao leitor é dado o privilégio de conhecer todos os detalhes”. Para não desnortear demais o citado leitor, cada alteração de ponto de vista narrativo é bem marcado por mudança gráficas: uso de versalete no caderno de anotação do açougueiro, itálico no diário de seu ajudante, fonte normal no depoimento de sua esposa à polícia. Um conto bem narrado e bem executado.

Outra narrativa de múltiplos pontos de vista é de autoria da única escritora daquelas páginas, Carol Bensimon: “Agulha de calcário”, com um grande desenho de Maurício N. Santos. O cenário é dos mais interessantes, um hotel temático localizado em uma pequena cidade francesa, que dedica seus quartos a grandes detetives da ficção, como Holmes e Dupin. Por ele passam os diferentes narradores que se alteram, hóspedes e funcionários que acabam por testemunhar um crime naquela paisagem turística. Trata-se do texto mais ousado em termos formais deste volume, propondo uma participação ainda maior do leitor que os demais. Por isso mesmo, talvez não agrade a todos os gostos.

Encerrando a participação gaúcha no livro, uma noveleta que usa a Porto Alegre dos dias de hoje em uma ambientação bastante realista. O jornalista e escritor Carlos André Moreira criou em “Um dos nossos” (ilustrado por Diego Moreira) um perito da Polícia Civil do Rio Grande do Sul chamado Roszynski que em breve deve protagonizar livro próprio. Neste caso de estreia, o descendente de poloneses investiga um crime envolvendo não apenas um, mas vários dos “nossos”, ou seja, membros da polícia daquele estado, entre mortos e suspeitos. Esta é a inevitável narrativa hard-boiled da edição, aquele estilo das histórias de detetive mais centrado na violência crua, na troca de socos e de balas, que na investigação de detalhes criminais. Mas justiça seja feita ao novato Roszynski: apesar de ser bom para responder aos tiros, ele também sabe usar a cabeça para juntar as pistas. Um personagem bastante promissor, espero que tenha carreira longa em novos livros.

Quanto à comentada faixa bônus, uma tradição de Ficção de Polpa que em todo volume sempre resgata algum escritor do tempo das pulp fiction originais, temos nesta edição um pioneiro das histórias policiais que é um verdadeiro achado por parte do organizador do livro. Ernest Bramah é um escritor inglês contemporâneo de Arthur Conan Doyle que, em seu tempo, alcançava ainda maior retorno financeiro com as histórias que vendia para publicações como a Strand Magazine que o obtido pelos casos de Holmes. As razões para ele ter caído em esquecimento é um desses mistérios para os quais ainda não se criou detetive capaz de solucionar. “A moeda de Dionísio”, ilustrado por Rodjer Goulart, é a origem de seu personagem mais célebre, um investigador cego conhecido pelo pseudônimo de Max Carrados. Lendo a história daquele homem que perdeu a visão em um acidente e mesmo assim se dedicou a combater o crime não pude deixar de fazer a associação com outro personagem de histórico parecido criado por Stan Lee no século seguinte. Tanto que fui pesquisar possíveis conexões para descobrir que o pessoal do Wold Newton Universe já havia notado tais coincidências e tratou de inventar uma origem comum ao personagem de Bramah e ao Demolidor.

Para encerrar, não dá para deixar de falar do excepcional tratamento gráfico da série Ficção de Polpa e deste volume em particular. Tudo é muito bem trabalhado para remeter às publicações do passado, desde o formato de bolso até o efeito de desgaste da contracapa. Vale destacar os vários anúncios antigos reproduzidos no interior da coletânea, os mesmo que quando surgem nas páginas dos contos têm conexão direta com os temas ali tratados. Uma sacada excelente e que, mesmo assim, desejo que tenha vida breve, sendo substituída algum dia por anúncios reais que gerem receita à editora. Outros detalhes também devem ser mencionados, como os textos de apresentação de cada escritor e as duas páginas que servem de bastidores para a criação da arte da capa, com desenho de Jader Corrêa e pintura à mão de Matias Strebb. O resultado ainda que assumidamente inspirado no cinema, me lembrou mesmo das HQs de Spirit, do americano Will Eisner. Não sei se na reprodução que acompanha esta resenha vai ser possível notar, mas recomendo quem tiver o livro à disposição que observe atentamente o efeito que a dupla Corrêa e Strebb conseguiu obter na mão trêmula do moribundo baleado pela femme fatale. Uma apresentação à altura de um bela coletânea.

9.5.11

Mobilidade urbana

Daqui a milhares de anos, Londres ainda estará de pé, viva e, literalmente, se mexendo. Pelo menos é isso o que vemos na série de quatro romances escritos pelo inglês Philip Reeve, cujo primeiro volume, escrito em 2001, será adaptado brevemente para os cinemas pelo cineasta Peter Jackson e que, não por coincidência, acaba de ser lançado no Brasil pela editora paulista Novo Século. Em Mortal Engines, título original que faz uma referência shakespeareana e foi conservado na edição nacional, não é somente a cidade que conhecemos hoje como a capital inglesa a merecer o nome de máquinas mortais. Outras localidades de um mundo devastado eras antes pela chamada Guerra dos Sessenta Minutos adotaram uma estratégia radical para garantir a sobrevivência e a perpetuação de seus habitantes: elas se tornaram gigantescos engenhos móveis, rodando em cima de esteiras, lagartas, rodas, como tanques de guerra pelo solo calcinado e pelo que antes eram leitos oceânicos. Em um primeiro momento, a ideia era mover prédios e ruas, praças e monumentos para lhes permitir fugir dos terremotos e do avanço das geleiras, subprodutos do apocalipse nuclear causado pelo homem. Porém, com o passar de muitos e muitos anos, a estratégia se modificou, e da defesa a mobilidade das chamadas Cidades Tracionadas se tornou uma arma de ataque. Naquilo que ficou conhecido como Darwinismo Muncipal, habitações maiores passaram a caçar e a devorar as menores, dando origem ao próximo estágio evolutivo na luta entre presas e predadores sobre a Terra.



E Londres não só é a cidade pioneira nesta nova forma de luta pela sobrevivência (foi um de seus moradores, o mitológico Nikolas Quirke quem desenvolveu o projeto) como também é a mais eficiente máquina de matar daqueles tempos. O lugar se tornou uma estrutura de seiscentos metros de altura, divididos em sete níveis como em um bolo de casamento, na comparação feita pelo próprio autor nas páginas iniciais de sua obra. Quanto mais alto, mais longe do inferno superaquecido e ruidoso que são os motores a garantir o tão necessário movimento daquela versão pós-apocalíptica de Londres. O topo mesmo é dedicado às principais construções da cidade: no centro a Catedral de São Paulo, reconstruída muitos séculos antes do momento em que se passa a história do livro pelo próprio Quirke; o Palácio das Guildas, onde se reúnem as diversas castas profiissionais da cidade, como os Engenheiros, os Historiadores, os Navegadores e os Comerciantes; e ainda o Engineerium, a sede do poder municipal. O herói involuntário que coube a esta narrativa pode ser encontrado um pouco mais abaixo, trabalhando em um museu: o aprendiz de terceira classe da Guilda dos Historiadores, Tom Natsworthy.

Pelos olhos deste jovem órfão é que desde as primeiras páginas vamos conhecer o cenário criado por Reeve. A princípio, este protagonista se mostra tão empolgado com as conquistas londrinas quanto qualquer outro de seus conterrâneos: assistindo ao espetáculo por telões, ele torce para que sua cidade, deslocando-se a 120 km/h, consiga devorar um pequeno e assustado vilarejo de mineradores de sal, conquistando assim equipamentos necessários para a manutenção daquela estrutura envelhecida. Consumir uma outra localidade também é a chance de encontrar vestígios deixados pelas antigas civilizações, aquilo que chamam de Old-Tech. Parte das atribuições de Tom era justamente revirar os achados vindos dos lugarejos abatidos e, no dia em que tudo mudou em sua vida, o rapaz faria isso ao lado do herói local, Thomas Valentine, um Historiador responsável por inúmeras descobertas que seguiam garantindo o lugar de Londres no alto da cadeia alimentar. Tom parecia ter uma chance única de subir ainda mais na escala de valores de sua sociedade quando ele salva a vida daquele veterano do ataque de Hester Shaw, uma assassina encapuzada nas entranhas da Cidade Tracionada. Só que isso é apenas o começo da reviravolta de sua vida e da visão que o rapaz tem do tal Darwinismo Municipal.

A partir da jornada de Tom e de Hester pelas terras arrasadas e por diversas outras cidades móveis daquele mundo, paralelamente à busca de respostas que Katherine - a filha do heróico Valentinte - faz em Londres, o escritor inglês vai construindo uma história de ação e de aventura mais indicada para o público infanto-juvenil. Tanto é assim que Reeve ganhou com seu livro alguns prêmios dedicados a obras destinadas a esta faixa de idade. Mas as metáforas e a ironia que envolvem sua trama podem muito bem agradar outras audiências também, com mais bagagem para compreender certas ironias tão inerentes ao humor britânico. As situações que nos fazem comparar aquela versão futurista com a capital da Inglaterra de hoje são bons exemplos. Mesmo passado tanto tempo, e em um mundo tão modificado, algumas idiossincrasias londrinas ainda estão preservadas, como a proibição de armas na cidade e o ar esnobe de alguns de seus moradores, mais preocupados com o formato de sanduíches do que em saber qual o ingrediente oculto naquele exótico recheio que lhes é servido.

E entre o público que pode se interessar pelo livro estão aquelas pessoas que buscam novidades ligadas à ficção retrofuturista, da qual a cultura steampunk é a principal mas longe de ser a única representante. Na costura de tecnologias que os personagens de Mortal Engines fazem, temos muitos elementos reconhecíveis de outros períodos históricos. Um exemplo são os quase onipresentes zepelins que cruzam as cidades, levando comerciantes e piratas de um lado a outro (pois de algum maneira inexplicável, nunca mais se conseguiu reproduzir a invenção de naves mais pesadas que o ar, mesmo decorridos milhares de anos), máquinas aladas tão típicas do dieselpunk. Ou ainda os vários fuscas usados pela elite londrina para se locomover dentro da cidade. Sem querer fazer um jogo de palavras, eu diria que essa mistura não faz do livro uma obra retrofuturista, mas sim uma em que nos apresenta um futuro retrô. Explico: no primeiro caso teríamos alguma tecnologia que surge antes do tempo no passado; no segundo, vemos um futuro que, por falta de opções, acaba recuperando antigas soluções tecnológicas. Mesmo assim, a proximidade é tamanha que o Conselho Steampunk foi contatado pela editora Novo Século para organizar o evento de lançamento em São Paulo e foi a empresa de um dos fundadores, o carioca Bruno Accioly, a responsável pelo ótimo site dedicado ao livro. Nada mais justo que parcerias como estas se fortaleçam e se repitam.

A editora Novo Século parece disposta a continuar apostando nesta série, como bem comprovam as últimas das 280 páginas deste lançamento. Nelas encontramos "O norte congelado", primeiro capítulo de Ouro do predador, o já anunciado segundo volume da série Mortal Engines. Uma excelete notícia que para ficar ainda melhor viria com a confirmação de que veremos ainda mais cuidado editorial na preparação do texto do que vimos nesta primeira parte. A tradução, a cargo de Eduardo Barcelona Alves, deixou passar algumas inconsistências em termos que aparecem ora em português, ora em inglês: Caçador/Stalker, Palácio das Guildas/Guildhall. Fora isso, alguns erros que poderiam ter sido evitados com uma revisão mais apurada, como a "calda" de um animal que aparece no lugar de "cauda" na pág. 24. Se esses cuidados forem memos seguidos, fãs de uma boa ficção científica terão muito a comemorar com esta ótima tetralogia completa em suas estantes.

7.5.11

Na revista do Overmundo

O meu primeiro contato com alguns dos melhores escritores de ficção científica do Brasil foi como resenhista e entrevistador de um projeto que chamei de Ponto de Convergência. Foi uma série programada para focar em dez livros, de dez autores diferentes, publicados por dez editoras distintas nos dez primeiros anos do século XXI. O material foi integralmente publicado no portal cultural e colaborativo Overmundo, onde ainda está disponível em meu perfil por lá. Uma das entrevistas feitas para aquele projeto vai estar presente em um novo produto derivado daquele portal: uma revista eletrônica gratuita que poderá ser lida a cada dois meses em diferentes mídias. O editor desta nova inciativa, Viktor Chagas, entrou em contato comigo para publicar nestas páginas virtuais a conversa que tive com Fábio Fernandes, por ocasião da minha resenha de seu ebook Interface com o vampiro. Abaixo, seguem o convite e o release do lançamento da revista, que vai acontecer na cidade do Rio de Janeiro, na próxima semana.



Revista Digital Overmundo
A espera foi recompensada. Na próxima segunda-feira, 9 de maio, às 19h, na Sala Multiuso do Espaço SESC Copacabana (Rio de Janeiro, RJ), o Overmundo lança enfim sua revista em versão digital, em dois formatos iniciais: como um aplicativo para iPad/iPhone/iTouch e em PDF para outros leitores eletrônicos. Resultado do Prêmio Sesc Rio de Fomento à Cultura, na categoria novas mídias 2010, a Revista Overmundo terá distribuição gratuita, e periodicidade bimensal. Esperamos você lá!

Comendador, com muito orgulho 3

Meu quase xará Rommel Werneck postou em seu blog dedicado à poesia a melhor cobertura do evento que me levou a São Paulo no último final de semana. Em um mesmo post, além de fotos - das quais irei me apropriar de algumas - ele também publicou dois vídeos com a gravação do bate papo que Bruno Accioly, Raul Cândido Ruiz e eu fizemos sobre retrofuturismo no shopping Morumbi há exatamente uma semana. No primeiro, eu comento um pouco a respeito daquela que considero uma das principais contribuições que a ficção retrofuturista trouxe à ficção científica: a liberdade para que autores possam dedicar sua atenção não apenas ao porvir, mas também  se dedicar ao inesgotável manancial das eras passadas. No segundo vídeo, aquele que sem dúvida é o momento mais gratificante desde que comecei a escrever ficção: o flagrante de quando recebi a comenda conferida pelo Conselho Steampunk.

Os vídeos postados por Werneck, também conhecido como Febo Vitoriano, foram gravados pela ruiva abaixo a esquerda, Débora Puppet, na foto, ao lado de outra modelo de Lili Angélika, que apresentou suas criações em um desfile no evento:


E aqui, eis Rommel Werneck ao lado de Leona Volpe, uma das musas da FC nacional que estava fazendo uma releitura steamer de Chapeuzinho Vermelho naquele sábado, traje e arma de criação própria:


Mais Leona Volpe, agora com cores:


Reforço o convite para que vejam mais fotos e os vídeos no blog Poesia Retrô.

5.5.11

O décimo-primeiro Terrorista

Acredito que nem todo mundo que frequenta este blog conheça uma outra página que criei para postar contos de literatura fantástica, meus e de outros autores. Foi em Terroristas da Conspiração  que publiquei meu primeiro texto ficcional, mais tarde republicado no volume I da coleção Paradigmas, da Tarja Editorial. Com o tempo, outros contos naquele universo ficcional foram escritos por mim e por outros colegas de texto. Ao todo, estão disponíveis lá dez textos do grupo comandado pelo Sr. Neves, feitos por quatro autores diferentes. Ontem recebi a notícia de que um décimo-primeiro texto vai sair no papel, nas páginas de outra coleção dedicada ao triunvirato fantástico da ficção científica, fantasia e horror.

Meu conto "Algo baixou em Niterói" vai ser publicado no livro VII Demônios - Soberba, uma série de coletâneas da editora Estronho com cada obra dedicada a um pecado capital e a uma espécie de demônio padroeiro. O deste volume em particular, é Lúcifer. Vejam a seguir o anúncio feito pela editora com o nome dos autores selecionados e de suas obras:


Olá, pecadores!


Chegamos ao resultado final do volume Lúcifer - Soberba, da Série VII Demônios com 45 contos inscritos. Listamos abaixo os selecionados que farão companhia ao nosso convidado:

VII Demônios - Lúcifer - Soberba

Autor Convidado: Rober Pinheiro (François)
Selecionados: A. Z. Cordenonsi (O Conto do Criador), Alda M. J. Duarte (A Dama do Lixo), André Walker (O Ilusionista), Carlos Genauch (Eu Sou Sr. Russel. Curve-se!), Celly Monteiro (A Queda), Felipe Leonard (Arquiteto do Caos), Ghad Arddhu (Axis Mundi, A Herança de Simha), Jota Marques (Justa Causa), Lemos Milani (Diário da Noite), Nano Fregonese (O Mais Grandioso), Raphael Montes (O Negro Caolho), Romeu Martins (Algo Baixou em Niterói), Tatiana Alves (Xeque-mate) e Valentina Silva Ferreira (Bestas)

Muito obrigado a todos que participaram, selecionados ou não.

Um grande abraço,
Celly Borges e M. D. Amado

 Este conto dos Terroristas da Conspiração serve como uma homenagem ao escritor que mais colaborou com aquele meu universo, o escritor e advogado fluminense Rafael "Lupo" Monteiro, autor de "O Herói" e de "Furo de reportagem", duas desventuras dos Terroristas da Conspiração. Em "Algo baixou em Niterói" o protagonista foi pego emprestado por mim da série Detetive do Sobrenatural, que Lupo criou para o site de fanfics Hyperfan. Outra homenagem é ao universo Intempol, de autoria de Octavio Aragão, que já havia sido citado por mim em um conto anterior, "Apagão no tempo". Há ainda uma referência a um outro universo ficcional meu, mas este é melhor deixar para o leitor perceber apenas ao final da leitura, quando o livro estiver nas lojas. Mas para quem quiser matar a curiosidade, segue o trecho inicial desta minha histórica cômica. Boa leitura!


Anãs contorcionistas no gel.

A frase que escrevi no Google pode confundi-los. Talvez vocês me confundam com algum tipo de tarado com interesse acima do normal por baixinhas flexíveis lutando nuas em piscinas cheias de material melequento. Mas a verdade é que na minha profissão o conhecimento sobre anatomia humana é muito valioso. Encaro a busca como parte das tarefas de um detetive particular.

Quando não tinha Internet no meu escritório, sala comercial e dormitório na Praça Tiradentes, ficava privado de coisas assim. Nem computador eu tinha, pra falar a verdade, até que aceitei este – chamado carinhosamente de HAL 1,99 – como pagamento por um caso. Faltava arrumar uma conexão, já que meus recursos mal davam pro telefone.

Só que além de detetive sou um imã de malucos. Mais exatamente, de malucos mortos e afins. Eu vejo fantasmas. E lobisomens. E sacis. E zumbis. E vampiros. Vejo, falo com eles e eles respondem. Mas não sou maluco. Foi uma coisa que aconteceu de repente. E o fantasma que eu mais vejo por aqui é Lélio, um cara que foi cientista quando vivo, engenheiro de uma empresa fodona qualquer. Prometi resolver o mistério da morte dele, mas como fantasma não tem grana, a contrapartida tem que ser outra. Comigo não tem o papo de cliente morto não paga.

Enquanto não dou conta do caso dele, o defunto vai sendo útil aqui e ali, quebrando uns galhos. O gato que ele ensinou a fazer na conexão do vizinho, por exemplo. Furei a parede, empurrei um fio pelo buraco, com um clipe de papel e chiclete mascado na ponta e pronto! Me conectei com o mundo. O chato da Internet é esse lixo que chega quando estamos... pesquisando.

Olha o quadrado que pulou na frente da bunda da anã ruiva: “Você sabe do que é feita a mortadela? Clique e descubra. TC”. Tentei fechar esse anúncio que tava me atrapalhando, só que devo ter clicado no lugar errado – é difícil mexer nessas coisas quando se está com uma das mãos ocupadas – e agora travou tudo.

Já ia dando o segundo tapão na máquina quando o telefone tocou.


– Detetive do Sobrenatural, qual seu caso?


4.5.11

Comendador, com muito orgulho 2

Mais fotos do evento de sábado, em São Paulo, desta vez diretamente da câmera da moça abaixo, a querida amiga Giseli Ramos, minha beta reader preferida.


A seguir, os grandes responsáveis pelo dia festivo, o casal Ruiz e seu herdeiro, Cândido, Tatiana, o pequeno Dimitri e Bruno Accioly.


E mais uma geral dos steamers no palco.

Comendador, com muito orgulho

Naquela caixinha azul que estou segurando na foto abaixo, há uma placa com as seguintes palavras:

Ordem da Caldeira

Por serviços de inestimável importância ao Movimento RetroFuturista no Brasil a Sociedade Retrofuturista e o Conselho SteamPunk conferem esta comenda em hora ao mérito do confrade Romeu Martins


Raios triplos me partam se esta não foi a maior alegria que já tive relacionada à ficção científica desde que resolvi escrever o primeiro conto, lá em 2008. A homenagem foi feita neste último final de semana, em São Paulo, durante o evento de lançameto do livro Mortal Engines, de Philip Reeve. Não vou mentir que foi uma total surpresa, pois já sabia pelas conversas com Bruno Accioly, Cândido e Tatiana Ruiz, todos do Conselho Steampunk, que alguma eles estavam me aprontando. Mas mesmo antecipada, a comenda foi recebida com doses fartas de alegria e de orgulho por este blogueiro, jornalista e escritor aqui.



Aliás, depois desse evento, posso citar também palestrante na minha lista de atribuições. E essa, sim, foi uma surpresa, pois acabei preenchendo uma cadeira vaga, ao lado de Cândido e Bruno, como pode ser visto na foto acima, para uma conversa a respeito de retrofuturismo dirigida a uma plateia superlotada. Exato, o espaço deixado à disposição pela Saraiva do shopping Morumbi para o evento da editora Novo Século, foi totalmente ocupado pelo público e algumas pessoas ficaram de pé para nos ouvir. Um sucesso, sem dúvida, devido aos organizadores e às atrações, como o desfile de roupas steamers de Lili Angélika e suas lindas modelos e as joias da Liga de Artífices Steampunk. Tenho que deixar aqui meus agradecimentos de público a todos, principalmente aos citados Bruno Accioly e ao casal Ruiz (na casa do qual, em São Caetano do Sul, fiquei hospedado neste final de semana excelente), pela homenagem, e a todas as dezenas de participantes pela acolhida.

Voltei de São Paulo com alguns efeitos colaterais daquilo que calculei como mais de quarenta horas somadas de exposição ao ar-condicionado em três dias: um tanto de irritação na garganta e febre. Mas assim que estiver melhor, volto a comentar sobre o evento e resenho o livro lançado nele, pois tive tempo de ler Mortal Engines na volta para casa e adianto que gostei muito. Fotos deste encontro que reuniu o quem-é-quem da comunidade steampunk brasileira podem ser conferidas no flickr do Conselho, de onde tirei as duas imagens deste post, feitas com a câmera de meu quase xará Rommel Werneck.