Os contos são muito bem escritos. Analisando puramente a história proposta (sem entrar no mérito de interagir intensamento com ela) eu gostei da forma como 'A Diabólica Comédia - A Conquista dos Mares' (Romeu Martins) foi contada, dando uma alternativa interessante numa batalha onde um anjo e um demônio se juntam para guerrear. A música 'The Battle of Everymore' foi uma ótima trilha sonora para início de capítulo. Feliz escolha do autor.Para participar do sorteio e ler a resenha completa, é só clicar neste link.
24.1.12
Resenha e sorteio de Deus Ex Machina
O blog Empório dos Livros está promovendo o sorteio de uma edição da coletânea steampunk Deus Ex Machina - Anjos e Demônios na Era do Vapor. A responsável pela página, Vivi Guarapari, fez uma resenha absolutamente honesta da obra, deixando claro que não sentiu afinidade pelo gênero, mas ressaltou a qualidade de alguns contos, entre eles o meu, como pode ser lido abaixo:
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Novos rascunhos de personagens
Há uma semana, no aniversário do blog, postei rascunhos de um projeto de quadrinhos que pretendo levar adiante este ano com o gaúcho radicado em São José Kayuá Waszak. Hoje tenho marcado um bate papo com ele e outro ilustrador muito talentoso que também está morando na minha cidade, o blumenauense Denis Pacher. Com este último estou recomeçando uma antiga ideia de adaptação de um conto, para o qual ele também já elaborou os esboços a seguir:
Vamos ver se numa happy hour regada à comia árabe saem novas ideias e confirmações de projetos. Fiquem na torcida.
Vamos ver se numa happy hour regada à comia árabe saem novas ideias e confirmações de projetos. Fiquem na torcida.
23.1.12
Elementar, não tem?!
O título acima, que mistura o bordão mais conhecido do Grande Detetive criado por Arthur Conan Doyle com o sotaque manezinho é o mesmo da principal nota de hoje na concorrida Contracapa do caderno de cultura do maior jornal do meu estado, o Diário Catarinense. Com ela, o jornalista Marcos Espíndola divulga a coletânea Sherlock Holmes - Aventuras Secretas, da editora Draco. Abaixo reproduzo na íntegra a nota que saiu com a ilustração dos contistas feita pelo editor Erick Sama.
A editora Draco encomendou a um grupo de oito notáveis autores nacionais, dentre eles o jornalista catarinense Romeu Martins, a primeira coletânea de contos brasileiros sobre o grande detetive inglês, intitulada Sherlock Holmes - Aventuras Secretas. O lançamento será no dia 4 de fevereiro, durante um balacobaco em São Paulo, mas a editora abriu pré-venda em seu site (www.editoradraco.com). A publicação coincide com a estreia nos cinemas da sequência do longa-metragem Sherlock Holmes, estrelado por Robert Downey Jr. e dirigido por Guy Ritchie. Mas qualquer semelhança com a adaptação cinematográfica do personagem de Arthur Conan Doyle para por aí. Romeu Martins colabora com o conto "O caso do Desconhecido Íntimo", sendo que a organização do volume foi de Carlos Orsi Martinho (ex-editor de Ciência e Tecnologia do Estadão) e Marcelo Augusto Galvão. A ilustração em destaque apresenta os cronistas convidados, no melhor estilo steampunk.
A editora Draco encomendou a um grupo de oito notáveis autores nacionais, dentre eles o jornalista catarinense Romeu Martins, a primeira coletânea de contos brasileiros sobre o grande detetive inglês, intitulada Sherlock Holmes - Aventuras Secretas. O lançamento será no dia 4 de fevereiro, durante um balacobaco em São Paulo, mas a editora abriu pré-venda em seu site (www.editoradraco.com). A publicação coincide com a estreia nos cinemas da sequência do longa-metragem Sherlock Holmes, estrelado por Robert Downey Jr. e dirigido por Guy Ritchie. Mas qualquer semelhança com a adaptação cinematográfica do personagem de Arthur Conan Doyle para por aí. Romeu Martins colabora com o conto "O caso do Desconhecido Íntimo", sendo que a organização do volume foi de Carlos Orsi Martinho (ex-editor de Ciência e Tecnologia do Estadão) e Marcelo Augusto Galvão. A ilustração em destaque apresenta os cronistas convidados, no melhor estilo steampunk.
Underworld of Steampunk – Os contistas
No último post de 2011, anunciei uma novidade que estava sendo planejada em segredo de estado: a primeira coletânea de contos da Editora Underworld, a casa editorial que vai trazer ainda este ano o romance steamer Boneshaker e a obra de referência Steampunk Bible. Faltava ainda um detalhe muito importante: anunciar quem serão os contistas presentes neste livro, escolhidos pelos meus colegas de organização, Fabiana Andrade, proprietária da editora e Fábio Fernandes, meu mestre e parceiro de outras páginas e de palestras.
Sem maiores suspenses, vamos aos nomes, começando pelos convidados internacionais. Em Underworld of Steampunk teremos nada menos que a dupla de autores responsáveis pela Bíblia do Vapor. Selena Jo Chambers assinará a apresentação da obra, um prefácio exclusivo, e Jeff VanderMeer cederá um de seus melhores contos para compor o título, sendo esta a primeira vez em que uma de suas ficções curtas sairá no Brasil. A terceira presença é intercontinental, o israelense Lavie Tidhar, responsável por um dos blogs de divulgação de ficção científica mais prestigiados que existem, The World SF, e autor de uma trinca de romances steampunks, sendo o último, The Great Game, recentemente publicado nos EUA. Vai ser a primeira vez que ele é traduzido para nosso idioma e começará bem, pois Fábio é quem verterá seu conto para o português.
E Fábio Fernandes também encabeça o time nacional na coletânea, com texto inédito. Outro brasileiro presente é o pernambucano Jacques Barcia, um dos três escritores do Brasil citados nas sagradas escrituras da Bíblia do Steampunk (o terceiro é Romeu Martins, este blogueiro que vos posta e co-organizador da antologia, que também terá uma noveleta publicada neste esforço multinacional). Luiz Brás, pseudônimo para textos fantásticos do reconhecido escritor Nelson de Oliveira, é outra contribuição de peso para a obra, organizador da coletânea Cidades Indizíveis com Fábio entre outros projetos que unem a FC com a literatura mainstream do país.
A lista de escritores presentes se completa com a estréia no gênero steampunk de três autores que já faziam parte do catálogo da Underworld. Comecemos com Nazareth Fonseca, criadora de alguns dos livros mais bem sucedidos da preferência nacional brasileira em termos de literatura fantástica – os vampiros – e que assinou contrato há pouco com a editora para uma nova série. Os outros dois, apesar de serem estreantes na literatura a vapor, já contam com obras de sucesso lançadas com o selo da Underworld. Nanuka Andrade, de Camundo – O desenho e a sombra, e Luiza Salazar, de Os Sete Selos e Bios, completam a lista de convidados para esta compilação que pretende trazer aos leitores uma nova experiência, com características inéditas, em relação ao steampunk. Aguardem Underworld of Steampunk para o segundo semestre deste ano tão steamer.
Sem maiores suspenses, vamos aos nomes, começando pelos convidados internacionais. Em Underworld of Steampunk teremos nada menos que a dupla de autores responsáveis pela Bíblia do Vapor. Selena Jo Chambers assinará a apresentação da obra, um prefácio exclusivo, e Jeff VanderMeer cederá um de seus melhores contos para compor o título, sendo esta a primeira vez em que uma de suas ficções curtas sairá no Brasil. A terceira presença é intercontinental, o israelense Lavie Tidhar, responsável por um dos blogs de divulgação de ficção científica mais prestigiados que existem, The World SF, e autor de uma trinca de romances steampunks, sendo o último, The Great Game, recentemente publicado nos EUA. Vai ser a primeira vez que ele é traduzido para nosso idioma e começará bem, pois Fábio é quem verterá seu conto para o português.
E Fábio Fernandes também encabeça o time nacional na coletânea, com texto inédito. Outro brasileiro presente é o pernambucano Jacques Barcia, um dos três escritores do Brasil citados nas sagradas escrituras da Bíblia do Steampunk (o terceiro é Romeu Martins, este blogueiro que vos posta e co-organizador da antologia, que também terá uma noveleta publicada neste esforço multinacional). Luiz Brás, pseudônimo para textos fantásticos do reconhecido escritor Nelson de Oliveira, é outra contribuição de peso para a obra, organizador da coletânea Cidades Indizíveis com Fábio entre outros projetos que unem a FC com a literatura mainstream do país.
A lista de escritores presentes se completa com a estréia no gênero steampunk de três autores que já faziam parte do catálogo da Underworld. Comecemos com Nazareth Fonseca, criadora de alguns dos livros mais bem sucedidos da preferência nacional brasileira em termos de literatura fantástica – os vampiros – e que assinou contrato há pouco com a editora para uma nova série. Os outros dois, apesar de serem estreantes na literatura a vapor, já contam com obras de sucesso lançadas com o selo da Underworld. Nanuka Andrade, de Camundo – O desenho e a sombra, e Luiza Salazar, de Os Sete Selos e Bios, completam a lista de convidados para esta compilação que pretende trazer aos leitores uma nova experiência, com características inéditas, em relação ao steampunk. Aguardem Underworld of Steampunk para o segundo semestre deste ano tão steamer.
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20.1.12
Capa e trecho inicial de A Máquina Diferencial
Foi em 2009 pela primeira vez que a Editora Aleph anunciou que publicaria no Brasil o livro que é considerado o primeiro romance verdadeiramente planejado como uma obra steampunk. Depois do longo processo de preparação editorial e adaptação, finalmente a editora revelou como será a capa e deixou disponível 38 páginas do texto de A Máquina Diferencial, livro escrito a quatro mãos por William Gibson e Bruce Sterling, publicando originalmente em 1991. Abaixo, deixo registrada a capa que o livro terá no Brasil e o post do blog da editora que remete ao arquivo com as primeiras páginas desta obra fundamental para a cultura steamer.
Se você gosta de steampunk, com certeza já ouviu falar do clássico A Máquina Diferencial(The Difference Engine) escrito por dois grandes autores da ficção científica moderna – William Gibson e Bruce Sterling. O livro poderá ser encontrado nas livrarias na primeira semana de fevereiro. No site da Aleph, estará disponível no dia 31 deste mês.
A história - Graças ao gênio de Charles Babbage e à sua máquina diferencial — capaz de realizar avançados cálculos matemáticos com um simples girar de engrenagens —, a Inglaterra vitoriana consolida-se como potência mundial. Entretanto, uma sinistra conspiração ameaça as bases do governo, colocando em risco todas as conquistas do Partido Radical.
Às voltas com misteriosos cartões perfurados, envolvem-se na intriga a filha de um notório agitador ludita, um proeminente paleontólogo, a filha de Lorde Byron, então Primeiro-ministro, além de um jornalista misterioso. Unidos por elos invisíveis, estes e outros personagens lutarão por seus planos, suas carreiras e por suas próprias vidas contra inimigos ocultos e perigos assustadoramente reais.
A edição que será publicada pela Aleph conta com extenso material de apoio à leitura: umguia de personagens e glossário de termos específicos, arcaicos ou simplesmente inventados pelos autores, desenvolvidos especialmente para o público brasileiro, além de um posfácio escrito pelos autores vinte anos após a publicação original, oferecendo uma releitura interessante da obra.
*Se você não faz nem ideia do que seja steampunk, respira fundo e clica aqui.Enquanto o livro não chega, que tal ler um trecho?
A obra de Lovecraft como paródia do cristianismo
Para encerrar a série de posts sobre um dos maiores e mais influentes escritores de terror de todos os tempos, republico nesta página um artigo de autoria de Carlos Orsi Martinho que apareceu on line pela primeira vez em outro blog que eu mantinha, o Terroristas da Conspiração.
Um ser dotado de poder ilimitado promete trazer a realidade como a conhecemos ao fim, em meio a uma série de pragas e sofrimentos, e criar outro mundo em seu lugar, onde esse ser reinará absoluto, e seus adoradores fiéis, principalmente os que sofreram agruras e perseguições em seu nome, terão uma vida eterna de delícias. Já seus adversários serão condenados a um sofrimento indescritível e infindável.
Responda rápido: estou falando de Jesus Cristo ou do Grande Cthulhu?
A vida e o trabalho do escritor americano H(oward) P(hilips) Lovecraft, criador do supracitado Cthulhu – monstro alienígena que dá nome ao conto O Chamado de Cthulhu – , foram analisados sob as mais diversas chaves, desde a psicanalítica (onde o desapreço do autor por frutos do mar, explícito na concepção de monstros sob a forma de lulas, peixes e crustáceos, já foi interpretada como sinal de repugnância pela genitália feminina) à política (onde os críticos costumam chamar atenção para o posicionamento racista e elitista que transparece em várias obras lovecraftianas). Menos conhecidas, no entanto, são as análises filosóficas e teológicas do trabalho de Lovecraft – e que, no entanto, existem.
As melhores dentre essas análises, principalmente por parte do biógrafo ST Joshi e do escritor, editor, crítico (e teólogo protestante!) Robert M. Price, apontam para um forte senso de humor subjacente ao trabalho desse escritor, que foi uma das vigas mestras da literatura de horror em língua inglesa no século passado.
Até hoje a indústria cultural, por meio de cinema, quadrinhos e livros, não se cansa de reciclar os temas e clichês que estabelecidos por ele, como a ideia de que a mitologia humana não passa de uma distorção da ciência de alienígenas que visitaram a Terra no passado distante (não, isso não foi invenção de Erich Von Däniken).
Esse senso de humor se faz presente, por exemplo, no jogo estabelecido entre Lovecraft e outros escritores do mesmo período, como Robert E. Howard (criador do bárbaro Conan), no qual um autor citava criações do outro – monstros, livros, personagens – dentro de sua obra, dando a impressão de que ambos estavam a se referir a uma fonte comum – uma mitologia obscura, ou algum tipo de iniciação mística.
O melhor exemplo desse jogo é o Necronomicon, livro fictício que conteria a verdadeira história do planeta Terra e de suas interações com raças de outros mundos e de outras dimensões.
Inventado por Lovecraft e logo adotado pelos demais autores de seu círculo – que submetiam a terríveis torturas personagens que ousassem ler o tomo proibido – o livro que nunca existiu acabou sendo levado a sério por ocultistas os mais diversos, e não são poucas as supostas “traduções” do original que circulam no mercado. Ateu, materialista e racionalista, Lovecraft certamente acharia graça disso.
A defesa de uma releitura ampla da obra lovecraftiana sob a chave da paródia não cabe aqui (e eu certamente não tenho a competência para fazê-la: quem se interessar em perseguir o assunto pode começar pelo volume The Weird Tale, de ST Joshi, e então partir para as edições da obra de Lovecraft anotadas pelo mesmo autor), mas o paralelo entre sua mitologia e o cristianismo é forte demais para não ser notado – embora, de fato, não tenha sido, durante muito tempo.
Isso talvez se deva à roupagem popularesca em que as histórias apareceram originalmente (impressas em pulp magazines) e à influência posterior de August Derleth. Principal popularizador da mitologia lovecraftiana, Derleth era católico e, talvez inconscientemente, retrabalhou muito do “mito artificial” deixado por Lovecraft num molde mais palatável de um duelo milenar entre anjos e demônios.
Mas, como escreve Robert M. Price, “os leitores de The Dunwich Horror não demoraram em notar a paródia da narrativa do Evangelho nesse conto”. Na história, uma virgem norte-americana é sexualmente possuída por uma “divindade” e dá à luz um filho que é morto pelas autoridades, depois de manifestar poderes sobrenaturais e pretensões “messiânicas”.
No conto, no entanto, os eventos são narrados fora da ordem clara apresentada nesta sinopse, e toda a trama aparece sob a forma da investigação do roubo de um exemplar do Necronomicon. Isso permite encarar a narrativa como uma simples aventura de terror e investigação, na linha que seria explorada, décadas depois, por séries como Arquivo X (ou, mais recentemente, Fringe).
Mas quando o mote principal da trama é explicitado, o paralelo com os Evangelhos é inegável, e a sugestão de que o “horror de Dunwich” representa a Segunda Vinda torna-se inescapável.
Já em O Chamado de Cthulhu, um monstro alienígena que dorme sob os oceanos reúne, por meio de mensagens telepáticas que surgem sob a forma de sonhos, um culto dedicado a adorá-lo e a preparar o mundo para o seu despertar – depois do qual a Terra será destruída e recriada.
O paralelo com a escatologia cristã – com as aparições do Cristo Ressuscitado, como a que animou Saulo de Tarso a vestir o manto do apostolado, substituídas pelos sonhos de Cthulhu, a igreja cristã pelo culto do monstro, a Nova Jerusalém do Apocalipse substituída pelo Reino de Cthulhu – também é claro.
Uma última curiosidade: The Dunwich Horror foi filmado em 1970, com o papel da virgem condenada a dar à luz o filho do alienígena a cargo de... Sandra Dee.
Responda rápido: estou falando de Jesus Cristo ou do Grande Cthulhu?
A vida e o trabalho do escritor americano H(oward) P(hilips) Lovecraft, criador do supracitado Cthulhu – monstro alienígena que dá nome ao conto O Chamado de Cthulhu – , foram analisados sob as mais diversas chaves, desde a psicanalítica (onde o desapreço do autor por frutos do mar, explícito na concepção de monstros sob a forma de lulas, peixes e crustáceos, já foi interpretada como sinal de repugnância pela genitália feminina) à política (onde os críticos costumam chamar atenção para o posicionamento racista e elitista que transparece em várias obras lovecraftianas). Menos conhecidas, no entanto, são as análises filosóficas e teológicas do trabalho de Lovecraft – e que, no entanto, existem.
As melhores dentre essas análises, principalmente por parte do biógrafo ST Joshi e do escritor, editor, crítico (e teólogo protestante!) Robert M. Price, apontam para um forte senso de humor subjacente ao trabalho desse escritor, que foi uma das vigas mestras da literatura de horror em língua inglesa no século passado.
Até hoje a indústria cultural, por meio de cinema, quadrinhos e livros, não se cansa de reciclar os temas e clichês que estabelecidos por ele, como a ideia de que a mitologia humana não passa de uma distorção da ciência de alienígenas que visitaram a Terra no passado distante (não, isso não foi invenção de Erich Von Däniken).
Esse senso de humor se faz presente, por exemplo, no jogo estabelecido entre Lovecraft e outros escritores do mesmo período, como Robert E. Howard (criador do bárbaro Conan), no qual um autor citava criações do outro – monstros, livros, personagens – dentro de sua obra, dando a impressão de que ambos estavam a se referir a uma fonte comum – uma mitologia obscura, ou algum tipo de iniciação mística.
O melhor exemplo desse jogo é o Necronomicon, livro fictício que conteria a verdadeira história do planeta Terra e de suas interações com raças de outros mundos e de outras dimensões.
Inventado por Lovecraft e logo adotado pelos demais autores de seu círculo – que submetiam a terríveis torturas personagens que ousassem ler o tomo proibido – o livro que nunca existiu acabou sendo levado a sério por ocultistas os mais diversos, e não são poucas as supostas “traduções” do original que circulam no mercado. Ateu, materialista e racionalista, Lovecraft certamente acharia graça disso.
A defesa de uma releitura ampla da obra lovecraftiana sob a chave da paródia não cabe aqui (e eu certamente não tenho a competência para fazê-la: quem se interessar em perseguir o assunto pode começar pelo volume The Weird Tale, de ST Joshi, e então partir para as edições da obra de Lovecraft anotadas pelo mesmo autor), mas o paralelo entre sua mitologia e o cristianismo é forte demais para não ser notado – embora, de fato, não tenha sido, durante muito tempo.
Isso talvez se deva à roupagem popularesca em que as histórias apareceram originalmente (impressas em pulp magazines) e à influência posterior de August Derleth. Principal popularizador da mitologia lovecraftiana, Derleth era católico e, talvez inconscientemente, retrabalhou muito do “mito artificial” deixado por Lovecraft num molde mais palatável de um duelo milenar entre anjos e demônios.
Mas, como escreve Robert M. Price, “os leitores de The Dunwich Horror não demoraram em notar a paródia da narrativa do Evangelho nesse conto”. Na história, uma virgem norte-americana é sexualmente possuída por uma “divindade” e dá à luz um filho que é morto pelas autoridades, depois de manifestar poderes sobrenaturais e pretensões “messiânicas”.
No conto, no entanto, os eventos são narrados fora da ordem clara apresentada nesta sinopse, e toda a trama aparece sob a forma da investigação do roubo de um exemplar do Necronomicon. Isso permite encarar a narrativa como uma simples aventura de terror e investigação, na linha que seria explorada, décadas depois, por séries como Arquivo X (ou, mais recentemente, Fringe).
Mas quando o mote principal da trama é explicitado, o paralelo com os Evangelhos é inegável, e a sugestão de que o “horror de Dunwich” representa a Segunda Vinda torna-se inescapável.
Já em O Chamado de Cthulhu, um monstro alienígena que dorme sob os oceanos reúne, por meio de mensagens telepáticas que surgem sob a forma de sonhos, um culto dedicado a adorá-lo e a preparar o mundo para o seu despertar – depois do qual a Terra será destruída e recriada.
O paralelo com a escatologia cristã – com as aparições do Cristo Ressuscitado, como a que animou Saulo de Tarso a vestir o manto do apostolado, substituídas pelos sonhos de Cthulhu, a igreja cristã pelo culto do monstro, a Nova Jerusalém do Apocalipse substituída pelo Reino de Cthulhu – também é claro.
Uma última curiosidade: The Dunwich Horror foi filmado em 1970, com o papel da virgem condenada a dar à luz o filho do alienígena a cargo de... Sandra Dee.
19.1.12
Providence, de H.P. Lovecraft
A seguir, nesta semana dedicada ao escritor americano, uma poesia de sua autoria que é parte integrante do livro divulgado aqui ontem, O Mundo Fantástico de Lovecraft. "Providence" leva o nome do lugar em que Howard Philips Lovecraft nasceu, em agosto de 1890, onde ele morou por praticamente toda sua vida e em cujo cemitério está enterrado. A cidade é capital do pequeno estado católico de Rhode Island, na Costa Leste dos Estados Unidos. A tradução dos versos é de Mário Jorge Lailla Vargas.
Providence
Onde a baía e o rio se misturam tranquilos,
Subindo as frondosas encostas,
Os pináculos de Providence
Ascendem contra o céu ancestral.
Neste lugar secular, cúpulas de ouro brilhante
Saúdam a alvorada,
Enquanto obliquas arestas, curiosas e antigas,
Dispersas aqui e ali.
E nos estreitos caminhos sinuosos
Que levam a outras encostas e picos,
A magia de dias esquecidos
Pode encontrar a quietude para descansar.
Um lampejo na claraboia, golpe no batente,
Um vislumbre de tijolo georgiano,
As visões e sons do passado,
Onde a fantasia se acumula e se adensa.
Um lance de ferrovia,
Um campanário assomando no alto,
Uma torre de igreja esculpida e desbotada,
Uma parede de jardim infestada de musgo.
O misterioso desabamento de um cemitério comprova
A mortalidade humana,
Um cais em ruínas onde telhados gambrel
Vigiavam o mar.
Praça e passeio dos quais as paredes sobressaíam
Completando quinze décadas
Nos paralelepípedos das alamedas cobertos por folhagens,
E desprezados pela multidão.
Pontes de pedra atravessando languidos riachos,
Casas empoleiradas na colina,
E pátios onde mistérios e sonhos
Completam o espírito meditativo.
Vielas íngremes ao lado de videiras escondidas,
Onde vidraças brilham nas janelas
No crepúsculo de algum momento no campo
Tudo passou.
Minha Providence! Que etéreos anfitriões
Ainda giram teus dourados cataventos;
Quais fôlegos de elfo que, com fantasmas cinzentos,
Povoam tuas antigas veredas!
Os carrilhões vespertinos, como antigamente
Soam sobre teus vales,
Enquanto teus austeros pais limpam o bolor
Abençoam tua terra sagrada.
Teus sonhos ao lado daquelas águas,
Não foram afetados pelos anos brutais;
Um estímulo a uma era melhor
Que brilha em nossas lágrimas.
Em cada noite vejo brilhar
Aquele instante no espaço e no tempo;
Pois tu, destreza de minha alma,
Estás sempre a meu lado!
18.1.12
Mundo fantástico de Lovecraft
Recebi por indicação de Carlos Orsi o material abaixo, que divulga um livro a respeito de um escritor americano fundamental para o gênero do terror. Ao longo desta semana outros posts serão dedicados a H.P. Lovecraft, incluindo uma poesia dele traduzida para o português e a republicação de um artigo do próprio Orsi, a respeito das possíveis leituras satíricas da obra do mestre.
O www.sitelovecraft.com é um site que há 8 anos divulga no Brasil a vida e obra do famoso escritor americano de contos de horror H.P. Lovecraft (1890-1937). Suas obras são marcadas pelo subconsciente e pelo simbolismo, nos seus livros há muito do sobrenatural e o foco é no terror psicológico, onde há ausência de sustos, longe da ficção barata de hoje em dia. Recomendamos a todos os amantes de ficção de horror ou simpatizantes do gênero que conheçam este sítio e seu mais novo projeto que é um livro com novas traduções da obra (hoje em domínio público), deste fantástico escritor que foi Lovecraft.
Este livro nasceu para ser um livro diferente, com o objetivo de dar ao leitor no momento de sua leitura a imersão adequada neste mundo de fantasia mitológica e mistério que Lovecraft criou. A obra terá entre outras coisas mais de 400 páginas – algo inédito num livro assim no Brasil, uma capa muito bem elaborada pensada para ser diferente das até então lançadas, fino acabamento e papel de primeira qualidade em formato grande, fotos, longa biografia do autor atingindo mais de 400% em informação do que qualquer outra já traduzida para nosso idioma, contos clássicos e outros inéditos e novas traduções muito bem revisadas além de notas que darão uma nova releitura, mesmo para quem já leu algum de seus escritos, assim foi pensado esta livro.
ABAIXO O SUMÁRIO DO LIVRO E EM SEGUIDA A FORMA DE ADQURIR O MESMO
Prefácio: O Início de Tudo
Introdução e Agradecimentos: A Nossa Ideia de um Livro
Biografia de H.P. Lovecraft: O Homem que Escrevia Sonhos
O Chamado de Cthulhu
O Festival
A História do Necronomicon
A Cor Vinda do Espaço
A Cidade sem Nome
O Descendente
A Rosa da Inglaterra
Sonhos na Casa da Bruxa
Desespero
O Horror de Dunwich
Nêmesis
A Busca de Iranon
Os Gatos
O Forasteiro
O Jardim
Celephaïs
Providence
Horror em Martin´s Beach
Uma Elegia ao Dr. Franklin Chase Clark
O Inominável
A Sombra sobre Innsmouth
O Sabujo
Um Sussurro na Escuridão
O Depoimento de Randolph Carter
A Armadilha
A Música de Erich Zann
O Assombro das Trevas
Os Fungos de Yuggoth
Apêndice
Notas sobre Escrever Ficção Fantástica
Carta de HPL a Reinhard Kleiner
Carta de HPL a Robert Bloch
Carta de HPL a Robert E. Howard
Pensamentos de HP Lovecraft
No momento o livro está em sua reta final de desenvolvimento, e ele depende de pré-venda para se tornar realidade uma vez que é baseado no trabalho voluntário e não temos condições financeiras para bancar o livro. Nossa garantia para tal é a credibilidade de 8 anos com o www.sitelovecraft.com além de lhes passar endereço e fone pessoal para sanar quaisquer dúvidas se desejarem. Caso o projeto não desse certo (possibilidade que já não existe) deixamos bem claro que todo valor seria devolvido em conta a sua escolha.
INSTRUÇÕES PARA PAGAMENTO
Deposite o valor de R$66,00 (acrescido de alguns centavos a teu critério, para identificação do depósito. Exemplos:R$66,13; R$66,07, etc...). Neste valor já está incluído os custos do envio.
Após efetuar o depósito guarde o comprovante que é tua garantia e mande um email para de3103@yahoo.com.br , informando sem falta:
1) dia e valor exato depositado e em qual dos bancos.
2) endereço completo para entrega.
3) seu nome completo e email fixo.
COMPRA DE VÁRIOS LIVROS
OBS. 1: em caso de mais de um livro, apenas multiplique os R$66 pelo nº de livros que deseja e acrescentes os centavos a teu critério para identificação. Exs:
2 livros: $132 (66x2) + centavos ; 3 livros: $198 (66x3) + centavos
CONTAS PARA DEPÓSITO OU TRANSFERÊNCIAS:
BANCO DO BRASIL
Agência: 6519-6
Conta Poupança: 30.548-0 variação: 01
Favorecido: Aparecida Rondina Carareto
CPF: 544.443.148-34
CAIXA ECONÔMICA FEDERAL OU LOTÉRICAS
Agência: 2209
Código operação: 013 (poupança)
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Favorecido: Aparecida Rondina Carareto
CPF: 544.443.148-34
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Este livro nasceu para ser um livro diferente, com o objetivo de dar ao leitor no momento de sua leitura a imersão adequada neste mundo de fantasia mitológica e mistério que Lovecraft criou. A obra terá entre outras coisas mais de 400 páginas – algo inédito num livro assim no Brasil, uma capa muito bem elaborada pensada para ser diferente das até então lançadas, fino acabamento e papel de primeira qualidade em formato grande, fotos, longa biografia do autor atingindo mais de 400% em informação do que qualquer outra já traduzida para nosso idioma, contos clássicos e outros inéditos e novas traduções muito bem revisadas além de notas que darão uma nova releitura, mesmo para quem já leu algum de seus escritos, assim foi pensado esta livro.
ABAIXO O SUMÁRIO DO LIVRO E EM SEGUIDA A FORMA DE ADQURIR O MESMO
Prefácio: O Início de Tudo
Introdução e Agradecimentos: A Nossa Ideia de um Livro
Biografia de H.P. Lovecraft: O Homem que Escrevia Sonhos
O Chamado de Cthulhu
O Festival
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A Cor Vinda do Espaço
A Cidade sem Nome
O Descendente
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Sonhos na Casa da Bruxa
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O Horror de Dunwich
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A Busca de Iranon
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Uma Elegia ao Dr. Franklin Chase Clark
O Inominável
A Sombra sobre Innsmouth
O Sabujo
Um Sussurro na Escuridão
O Depoimento de Randolph Carter
A Armadilha
A Música de Erich Zann
O Assombro das Trevas
Os Fungos de Yuggoth
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Notas sobre Escrever Ficção Fantástica
Carta de HPL a Reinhard Kleiner
Carta de HPL a Robert Bloch
Carta de HPL a Robert E. Howard
Pensamentos de HP Lovecraft
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INSTRUÇÕES PARA PAGAMENTO
Deposite o valor de R$66,00 (acrescido de alguns centavos a teu critério, para identificação do depósito. Exemplos:R$66,13; R$66,07, etc...). Neste valor já está incluído os custos do envio.
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17.1.12
Este é o Barão Noir
No post 666 deste blog, publiquei um trecho inédito de um conto que pretendo ver ganhar forma de uma graphic novel (ou, quem sabe, de uma série delas) em parceria com meu brother Kayuá Waszak. Eis que, bem no dia do aniversário desta página, o cara que atende por @TheWiFi no twitter liberou duas imagens do protagonista da história, uma trama de fantasia hardboiled. Como vocês notarão, com visual inspirado no ator baiano Lázaro Ramos, apresento aos leitores do Cidade Phantástica os primeiros esboços do Barão Noir.
Boneshaker com o selo Underworld
Foi divulgada pela editora Underworld a capa que o romance steampunk Boneshaker terá no Brasil. Com tradução de Fábio Fernandes, o premiado livro de Cherie Priest chega às livrarias nacionais em fevereiro.
Feliz aniversário, envelheço na cidade 3
Dia 17 de janeiro já é uma das pequenas tradições desta página fazer um post especial celebrando o aniversário de criação do blog. O de hoje, em comemoração do terceiro ano de atividade do Cidade Phantástica, vou dedicar ao próximo livro que vai trazer um conto meu, um projeto que me senti realmente privilegiado em poder participar. Sherlock Holmes - Aventuras secretas é a primeira coletânea nacional a trazer contos inspirados na criação mais importante de Arthur Conan Doyle, o personagem que fundamentou nosso imaginário da Era Vitoriana e que é um pioneiro nas fórmulas consagradas até hoje na indústria do entretenimento. Editada pela Draco, com capa e projeto gráfico de Erick Sama e organizada por Carlos Orsi Martinho e Marcelo Augusto Galvão, a obra traz contos de Alexandre Mandarino, Cirilo Lemos, Lúcio Manfredi, Octavio Aragão, Rosana Rios e deste blogueiro. O lançamento vai ser no dia 4 de fevereiro, na Livraria Martins Fontes, em São Paulo, mas a coletânea já se encontra em pré-venda e com um belo desconto aos interessados. Reproduzo para marcar esta data, que é bem especial para mim, o trecho inicial do meu conto "O Caso do Desconhecido Íntimo", que já havia aparecido por aqui anteriormente, mas agora surge em uma versão um pouco maior. Boa leitura, obrigado pela companhia nestes três anos de blogagem.
Foi com ar melancólico que dispensei o cabriolé alugado, diante do hospital onde iria encontrar um homem que, esta era minha impressão naquele momento, poderia ter sido o amigo mais íntimo que jamais tive. A melancolia não dizia respeito à proximidade das festas natalinas, que se misturava ao frio enregelante do fim de tarde. Não eram as cobranças familiares, nem as movimentações das compras de fim de ano que me ocupavam a mente naquele dia. Também não era a pobreza ao meu redor, no bairro mais mal afamado de Londres. Nada disso. As sombras que me caíam sobre a cabeça nada tinham a ver com preocupações cotidianas da grande maioria das pessoas que eu conhecia.
A angústia que sentia, enquanto me encolhia dentro de meu casacão e caminhava por uma trilha até a portaria do prédio centenário, não dizia respeito ao mundo em que eu vivia, mas sim a outro, que poderia ter havido.
Passei pelo pórtico e quase fui pisoteado pelos médicos e enfermeiras que davam plantão no Hospital de Londres, em uma correria aparentemente desorganizada para atender uma ainda maior multidão de pacientes. Ali, na zona sul de Whitechapel Road, entre as explosões de violência que acometem prostitutas e marinheiros bêbados, o que não faltavam eram pessoas a serem remendadas. Já havia tido minha experiência em hospitais, mas nada que se comparasse àquilo. Por isso mesmo, tratei de ficar o mais longe possível do trajeto dos profissionais e, ao mesmo tempo, erguia a cabeça à procura de um rosto vagamente conhecido.
Preciso fazer justiça: o médico esperado não demorou a aparecer. Ele reconheceu meu sem-jeito de longe e veio em minha direção com o braço erguido, o que me fez pular do canto onde estava para saudá-lo, como faria a alguém que me trouxesse uma corda em caso de afogamento:
– Doutor Stamford, há quanto tempo não nos víamos? Desde meus dias estudando, por conta própria, nos laboratórios do primeiro hospital em que o senhor trabalhava, não?
Ele parou diante de mim antes de me responder à saudação. Por certo, estava examinando minha aparência, determinando o quanto eu havia mudado nos quase sete anos que separavam o momento da última vez em que havíamos nos encontrado. Certamente já não era mais tão magro quanto ele se lembrava de mim, minha barriga havia crescido desde que contraí matrimônio, sei bem disso.
– Muito tempo, meu caro. Pode me chamar de Phil, por favor. Como deve imaginar, passei as últimas semanas relembrando em detalhes a derradeira vez em que nos vimos.
Apertamos as mãos com força. Stamford não havia mudado tanto quanto eu, notei.
– Percebo o porquê, claro. Também não tenho pensado em outra coisa nestes dias, desde que recebi sua correspondência, Phil. Curiosamente, aquela ocasião em que nos vimos já era especial para mim de qualquer maneira, antes mesmo de eu ficar sabendo dos inesperados eventos que nosso encontro rápido provocou em seu paciente.
O doutor pareceu não entender do que eu falava à primeira vista, mas logo a compreensão surgiu em seu olhar.
O caso do desconhecido íntimo
Foi com ar melancólico que dispensei o cabriolé alugado, diante do hospital onde iria encontrar um homem que, esta era minha impressão naquele momento, poderia ter sido o amigo mais íntimo que jamais tive. A melancolia não dizia respeito à proximidade das festas natalinas, que se misturava ao frio enregelante do fim de tarde. Não eram as cobranças familiares, nem as movimentações das compras de fim de ano que me ocupavam a mente naquele dia. Também não era a pobreza ao meu redor, no bairro mais mal afamado de Londres. Nada disso. As sombras que me caíam sobre a cabeça nada tinham a ver com preocupações cotidianas da grande maioria das pessoas que eu conhecia.
A angústia que sentia, enquanto me encolhia dentro de meu casacão e caminhava por uma trilha até a portaria do prédio centenário, não dizia respeito ao mundo em que eu vivia, mas sim a outro, que poderia ter havido.
Passei pelo pórtico e quase fui pisoteado pelos médicos e enfermeiras que davam plantão no Hospital de Londres, em uma correria aparentemente desorganizada para atender uma ainda maior multidão de pacientes. Ali, na zona sul de Whitechapel Road, entre as explosões de violência que acometem prostitutas e marinheiros bêbados, o que não faltavam eram pessoas a serem remendadas. Já havia tido minha experiência em hospitais, mas nada que se comparasse àquilo. Por isso mesmo, tratei de ficar o mais longe possível do trajeto dos profissionais e, ao mesmo tempo, erguia a cabeça à procura de um rosto vagamente conhecido.
Preciso fazer justiça: o médico esperado não demorou a aparecer. Ele reconheceu meu sem-jeito de longe e veio em minha direção com o braço erguido, o que me fez pular do canto onde estava para saudá-lo, como faria a alguém que me trouxesse uma corda em caso de afogamento:
– Doutor Stamford, há quanto tempo não nos víamos? Desde meus dias estudando, por conta própria, nos laboratórios do primeiro hospital em que o senhor trabalhava, não?
Ele parou diante de mim antes de me responder à saudação. Por certo, estava examinando minha aparência, determinando o quanto eu havia mudado nos quase sete anos que separavam o momento da última vez em que havíamos nos encontrado. Certamente já não era mais tão magro quanto ele se lembrava de mim, minha barriga havia crescido desde que contraí matrimônio, sei bem disso.
– Muito tempo, meu caro. Pode me chamar de Phil, por favor. Como deve imaginar, passei as últimas semanas relembrando em detalhes a derradeira vez em que nos vimos.
Apertamos as mãos com força. Stamford não havia mudado tanto quanto eu, notei.
– Percebo o porquê, claro. Também não tenho pensado em outra coisa nestes dias, desde que recebi sua correspondência, Phil. Curiosamente, aquela ocasião em que nos vimos já era especial para mim de qualquer maneira, antes mesmo de eu ficar sabendo dos inesperados eventos que nosso encontro rápido provocou em seu paciente.
O doutor pareceu não entender do que eu falava à primeira vista, mas logo a compreensão surgiu em seu olhar.
14.1.12
O maior dos problemas
O ano em que mais vai se lançar material steampunk no Brasil não poderia começar melhor do que com a exibição da segunda aventura sherlockeana dirigida por Guy Ritchie; Se na época do primeiro filme, resenhado aqui, houve quem pusesse em dúvida se se tratava mesmo de um filme do gênero (ignorando, essas pessoas, a clara retrotecnologia que aparecia na obra), nesta segunda produção os personagens principais, vividos por Robert Downey Jr. e Jude Law, até mesmo usam em certo momento googles, aqueles óculos protetores que são verdadeiros ícones do estilo. Sherlock Holmes - O jogo de sombras apresenta ainda mais invenções tecnológicas a frente do tempo em que se passa a história (1891), ao mostrar a tentativa do Grande Detetive vitoriano de desbaratar os planos de seu nêmesis, o Napoleão do Crime, para antecipar a Primeira Guerra Mundial em uma geração.
O filme nada mais é que uma versão estendida e muito mais explosiva daquele conto que deveria ser o último que Arthur Conan Doyle escreveria sobre seu maior personagem. "O problema final" ao mesmo tempo introduzia o professor Moriarty como o único vilão a se ombrear com Holmes nos dotes intelectuais e mostrava a morte da dupla de opositores, despencando do alto de uma catarata suíça, para livrar o escritor do ônus de ser eclipsado por sua criação. Como todos sabemos, a reação do público e dos editores foi tamanha que não restou alternativa a não ser promover a volta do detetive consultor às páginas das revistas de contos e dos livros. Esta é a base da narrativa escolhida pelo diretor britânico para voltar a se aventurar em sua recriação do maior dos mitos da Era Vitoriana nas telas de cinema.
A escolha do antagonista, que aparecia apenas parcialmente no primeiro filme, depois de muita especulação acabou recaindo em Jarred Harris, ator conhecido por seu papel no seriado de TV Mad Men, e que consegue ficar à altura de contracenar com Downey Jr. inspirado como sempre. A interação da dupla só não é mesmo maior que a existente entre o protagonista e seu coadjuvante de luxo. Jude Law revive seu John H. Watson (agora homem casado e com o enigmático significado da inicial do meio revelado) com a química perfeita com seu colega de cena. Nas cenas que se passam em um trem metralhado, a quantidade de alusões homoeróticas entre os dois parceiros é tão grande quanto as que haviam entre Batman e Robin nos gibis pré-Era de Prata do Morcego, no típico humor escrachado das produções de Guy Ritchie.
Aquele recurso unindo flashbacks e flashfowards que tenta reproduzir a velocidade das deduções de Holmes - e agora também de Moriarty - a que chamei de thought time na resenha anterior, está de volta em grande estilo. Assim como uma versão atualizada de seu ancestral, o bullet time visto pela primeira vez na trilogia Matrix. Na sequência em que Holmes, Watson e seus informantes ciganos são alvejados em uma floresta, a equipe do filme empregou novas câmeras capazes de captar movimentos com uma precisão de experimento científico. O resultado é bem operístico, assim como o filme como um todo. Um filme ainda melhor que o primeiro e que já prenuncia um terceiro que deverá formar a melhor trilogia steamer a chegar aos cinemas.
O filme nada mais é que uma versão estendida e muito mais explosiva daquele conto que deveria ser o último que Arthur Conan Doyle escreveria sobre seu maior personagem. "O problema final" ao mesmo tempo introduzia o professor Moriarty como o único vilão a se ombrear com Holmes nos dotes intelectuais e mostrava a morte da dupla de opositores, despencando do alto de uma catarata suíça, para livrar o escritor do ônus de ser eclipsado por sua criação. Como todos sabemos, a reação do público e dos editores foi tamanha que não restou alternativa a não ser promover a volta do detetive consultor às páginas das revistas de contos e dos livros. Esta é a base da narrativa escolhida pelo diretor britânico para voltar a se aventurar em sua recriação do maior dos mitos da Era Vitoriana nas telas de cinema.
A escolha do antagonista, que aparecia apenas parcialmente no primeiro filme, depois de muita especulação acabou recaindo em Jarred Harris, ator conhecido por seu papel no seriado de TV Mad Men, e que consegue ficar à altura de contracenar com Downey Jr. inspirado como sempre. A interação da dupla só não é mesmo maior que a existente entre o protagonista e seu coadjuvante de luxo. Jude Law revive seu John H. Watson (agora homem casado e com o enigmático significado da inicial do meio revelado) com a química perfeita com seu colega de cena. Nas cenas que se passam em um trem metralhado, a quantidade de alusões homoeróticas entre os dois parceiros é tão grande quanto as que haviam entre Batman e Robin nos gibis pré-Era de Prata do Morcego, no típico humor escrachado das produções de Guy Ritchie.
Aquele recurso unindo flashbacks e flashfowards que tenta reproduzir a velocidade das deduções de Holmes - e agora também de Moriarty - a que chamei de thought time na resenha anterior, está de volta em grande estilo. Assim como uma versão atualizada de seu ancestral, o bullet time visto pela primeira vez na trilogia Matrix. Na sequência em que Holmes, Watson e seus informantes ciganos são alvejados em uma floresta, a equipe do filme empregou novas câmeras capazes de captar movimentos com uma precisão de experimento científico. O resultado é bem operístico, assim como o filme como um todo. Um filme ainda melhor que o primeiro e que já prenuncia um terceiro que deverá formar a melhor trilogia steamer a chegar aos cinemas.
10.1.12
Leviathan no Brasil
O ano de 2012 já iria entrar para a história do steampunk em nosso país pela quantidade e qualidade de títulos do gênero anunciados por nossas editoras, que vão da Steampunk Bible e de Boneshaker, pela Editora Underworld, até A Máquina Diferencial, pela Aleph. Agora, a Record, através de seu selo Galera voltado à literatura Young Adult, confirma que também vai entrar para a lista ao apostar na obra de um autor já lançado por ela, Scott Westerfeld. Do mesmo criador da FC Feios, Leviathan já foi anunciado oficialmente no site da editora:
LEVIATÃ NA GALERAComo os leitores podem perceber, não apenas o título será publicado como ele é noticiado oficialmente como sendo um representante do gênero steampunk, ao contrário do que a Galera Record fez anteriormente com o livro Aviador, de Eoin Colfer. Desta vez a editora faz questão de destacar que seu futuro lançamento faz parte do gênero que mais cresce e se destaca em nosso país, pelo que merece as devidas parabenizações. E os leitores em breve terão em mãos uma obra que conta com ilustrações soberbas como a que segue.
Boas notícias para os Westerfeld-maníacos.
Em julho teremos o primeiro volume da série Leviatã, já ouviram falar? A história é de um gênero conhecido como steampunk, onde as invenções tecnológicas que existem no mundo de hoje aparecem em tempos beeem mais antigos, mas também diferente do nosso passado.
No caso de Leviatã, temos uma reinvenção de um cenário bem conhecido: a Primeira Guerra Mundial. Quem estudou um pouquinho de História sabe ao menos que tínhamos o império austro húngaro e a Alemanha versus a Inglaterra. No mundo de Westerfeld, eles dividem-se entre os makinistas e os darwinistas.
Os primeiros, vão lutar com gigantescas máquinas a vapor, cheias de armas e munição. Já os outros, têm um exército inteiro animais selvagens que foram treinados para a guerra. Já deu pra ver que essa briga não vai ser mamão com açúcar, né?
Nesse link dá pra ver o booktrailer IRADO da série. Vê se não dá um medinho...
http://www.youtube.com/watch?v=PYiw5vkQFPw&feature=player_embedded
5.1.12
Nova resenha de 'As Cidades Indizíveis'
Então, pessoas.
Quando assumi o cargo de co-blogueira (o qual, faço mea-culpa, não tenho levado a cabo com o impeto que o blog merece), combinei com o Romeu que começaríamos a abrir um pouco o leque de gêneros, sem deixar de atentar para a característica principal do blog, o retrofuturismo. Um dos novos gêneros (ou subgêneros) a ser incorporado seria o da Fantasia Urbana, que vem começando a chamar a atenção no Brasil com o boom do seu irmão mais açucarado, o Romance Sobrenatural.
Bom, eu tenho o orgulho de ser a editora da primeira coleção de histórias de Fantasia Urbana do nosso mercado editorial, além de participar com um conto. Certo, é perigoso falar em primazias e etc, mas nunca antes se pensou em uma coletânea de Fantasia Urbana de forma consciente e dirigida. As histórias reunidas por Nelson de Oliveira e Fábio Fernandes em 'As Cidades Indizíveis' fogem um pouco ao que vemos nos romances de F.U. que nos chegam do exterior como Frente de Tempestade ou a série Instrumentos Mortais. Provavelmente porque somos brasileiros e isso se mostra no que escrevemos sem ter que pintar a capa de verde-amarelo...
Mais você lê aqui.
Quando assumi o cargo de co-blogueira (o qual, faço mea-culpa, não tenho levado a cabo com o impeto que o blog merece), combinei com o Romeu que começaríamos a abrir um pouco o leque de gêneros, sem deixar de atentar para a característica principal do blog, o retrofuturismo. Um dos novos gêneros (ou subgêneros) a ser incorporado seria o da Fantasia Urbana, que vem começando a chamar a atenção no Brasil com o boom do seu irmão mais açucarado, o Romance Sobrenatural.
Bom, eu tenho o orgulho de ser a editora da primeira coleção de histórias de Fantasia Urbana do nosso mercado editorial, além de participar com um conto. Certo, é perigoso falar em primazias e etc, mas nunca antes se pensou em uma coletânea de Fantasia Urbana de forma consciente e dirigida. As histórias reunidas por Nelson de Oliveira e Fábio Fernandes em 'As Cidades Indizíveis' fogem um pouco ao que vemos nos romances de F.U. que nos chegam do exterior como Frente de Tempestade ou a série Instrumentos Mortais. Provavelmente porque somos brasileiros e isso se mostra no que escrevemos sem ter que pintar a capa de verde-amarelo...
Mas tergiverso.
Parte do combinado foi que faríamos uma torre de vigia similar à que o Romeu tem mantido para a coletânea 'Steampunk'. Infelizmente, quando acertei isso com ele já tinham saído duas excelentes resenhas do Lucas Rocha e do Josué de Oliveira. Então começamos a contar a partir de agora, certo?
O blogueiro P.M Zancan do Noites Malditas fez um belo comentário conto a conto do livro, sem spoilers e com uns insights bem bacanas sobre os contos. Como de costume, o apanhado geral e o que ele falou do meu conto.
"As Cidades Indizíveis" (antologia organizada por Fábio Fernandes e Nelson de Oliveira) é um livro que li com atenção especial, não só por ter sido presente de uma pessoa muito especial (um suvenir trazido para mim em meio às aventuras dela na XV Bienal do Livro do Rio), mas por englobar dois de meus assuntos preferidos: ficção-científica (Sci-Fi) e fantasia. É um livro com narrativas muito variadas, das mais simples às mais complexas, da linguagem mais trabalhada a mais coloquial, onde o único elemento em comum é a importância da cidade. Devido à sua variedade, pode ser difícil para um leitor se identificar com toda esta obra, mas, para aqueles que, como eu, gostam de Sci-Fi e/ou fantasia, é uma opção de leitura agradável.
(...)
O LONGO CAMINHO DE VOLTA
de Ana Cristina Rodrigues
Neste conto, Clio retorna de seu exílio para Biblos, a cidade biblioteca. Esta é uma cidade única devido à sua função de armazenamento central do conhecimento humano, à magia utilizada para proteger seus preciosos livros e às leis que regem seus habitantes. A autora trata muito bem do conflito entre os paradigmas tradicionais e idéias revolucionárias, principalmente com relação à crueldade decorrente dos medos da mudança e do desconhecido.
Mais você lê aqui.
De resto, só posso agradecer ao resenhista pelo belo comentário e pelo elogio ao meu conto, pois era justamente o que eu queria passar!
3.1.12
Steampunk tipo exportação
Um dos melhores textos steamers nacionais é finalista em um concurso que premiará o melhor conto de ficção científica brasileiro recente com uma tradução profissional para o inglês e a publicação em um site internacional. A escritora e advogada Ana Carolina Silveira, uma das juizas do concurso Hydra anunciou em seu blog Leitura Escrita a escolha dos três finalistas:
A blogueira, também de Minas, fez uma apresentação bastante precisa do conto concorrente:
Fica aqui a torcida do Cidade Phantástica, sem desmerecer os outros participantes, a este representante do Braziliam Steampunk.
“(História com desenho e diálogo)” por Brontops Baruq, publicado na revista Portal Fundação do Projeto Portal"Por um fio" é a representante steampunk nesta reta final do concurso, conto do mineiro Flávio Medeiros Jr. publicado na primeira coletânea nacional dedicada ao gênero, Steampunk - Histórias de um passado extraordinário. Como eu já disse em diversas oportunidades, é também meu conto favorito naquele livro, o que torna, a meu juízo, uma excelente notícia a de que ele tem boas chances de se sair o vencedor na escolha final, que será feita pelo consagrado - e polêmico - escritor americano Orson Scott Card, proprietário do site onde o melhor texto será postado.
· “Eu, a Sogra” por Giulia Moon, publicado na antologia Imaginários, vol. 1 da Editora Draco
· “Por um Fio” de Flávio Medeiros Junior, publicado na antologia Steampunk da Tarja Editorial
A blogueira, também de Minas, fez uma apresentação bastante precisa do conto concorrente:
Ana Carolina Silveira, juíza do concurso escreve: “’Por Um Fio’ é uma mistura de estilos e temáticas: steampunk, ficção alternativa e história alternativa. É a história de uma batalha naval cujos participantes são velhos conhecidos dos amantes de livros, no meio de uma guerra mundial vitoriana. O clima de aventura e perseguição está presente do início ao fim, culminando em um final surpreendente e eletrizante”.
Fica aqui a torcida do Cidade Phantástica, sem desmerecer os outros participantes, a este representante do Braziliam Steampunk.
2.1.12
Os Cronistas Sherlockianos
Para começar bem o ano, Erick Sama, da editora Draco, liberou um extra que estará presente na edição de Sherlock Holmes - Aventuras Secretas. Feitas pelo próprio editor, são ilustrações de cada um dos oito escritores presentes na coletânea, incluindo os organizadores Carlos Orsi e Marcelo Augusto Galvão. Estou ali, usando o meu chapéu importado de Forquilhinhas.
Legal, hein? O livro terá lançamento em São Paulo no dia 4 de fevereiro. Não percam, meus caros.
Legal, hein? O livro terá lançamento em São Paulo no dia 4 de fevereiro. Não percam, meus caros.
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