21.12.10

Adeus ano velho, feliz ano (do vapor?) novo

Saudações, cara Malta do Vapor.

Este é o post número 301 publicado em  2010 e o último deste ano que foi consagrado ao vapor. Minha ideia inicial era fazer um balanço em relação ao que estava previsto para ser lançado ao longo destes 12 meses - lembram-se do último post de 2009? - e o que de fato chegou às livrarias; somado a novidades que vieram sem esperar. Uma dessas novidades que me pegaram especialmente de surpresa ainda pretendo resenhar com calma: a versão Absolute do primeiro volume da Liga Extraordinária. Mas o Ano do Vapor chega. ao menos formalmente, ao fim de uma maneira que me pega bastante envolvido em outros projetos (um deles é escrever a tempo de cumprir o prazo um conto fantástico que se passa no dia 6 de junho de 1866). Talvez seja melhor aguardar a publicação de todo o material anteriormente anunciado para só então fazer tal balanço, concordam?


Mas para não deixar os leitores que tão fielmente acompanharam o blog em algum período desta jornada de quase dois anos, preparei algo especial para este post de encerramento das atividades do Cidade Phantástica. Uma colaboração da minha querida amiga Giseli Ramos resenhando o livro que me foi presenteado por Marcelo Augusto Galvão - alguém se lembra?, não acharam que eu ia deixar o ano acabar sem voltar ao assunto, certo? Esta é uma boa maneira de me despedir por ora de todos vocês, deixando-os com uma companhia bem melhor que a minha. Um abraço aos amigos e, com vocês, a Gi!


Inteligências vaporware


Por Giseli Ramos

O Romeu Martins teve a gentileza de me emprestar para leitura o livro "Whitechapel Gods", de S. M. Peters, que tinha na trama inteligências artificiais a vapor em pleno século 19. Claro que queria ler algo do tipo, só para imaginar algum cenário ainda que remotamente factível num universo onde a máquina diferencial de Babbage tivesse vingado e Ada Lovelace conseguisse executar seu primeiro programa.

A primeira coisa que me chamou atenção antes de mesmo abrir o livro foi a capa, muito bem feita e imaginativa, desenhada por Cliff Nielsen. Aliás, outros trabalhos do artista podem ser conferidos aqui (tem algumas ilustrações bem lindas mesmo): http://www.shannonassociates.com/artists/index.cfm?artist_name=cliffnielsen

A trama se passa em uma região da Inglaterra, meados do século 19, dominada por duas inteligências artificiais mecânicas, chamadas de "Mama Engine" e Vovô Relógio (nomes bem ameaçadores...). A história tem todo um jeito weird e steampunk. Os personagens humanos tentam se libertar do domínio desses deuses a vapor, tentando incitar uma revolução e lutando contra as forças armadas híbridas dos deuses mecânicos (compostas por humanos transformados parcialmente em máquinas, a maioria contra sua vontade).

O livro é interessante simplesmente por conseguir desenvolver a ideia, ainda que meio inverossímel, de IAs mecânicas na história. Mas peca por continuidade e fluxo, a primeira metade do livro é um pouco confusa, o leitor demora um pouco para se inteirar dos eventos que acontecem no livro. Mas as coisas começam a engrenar na segunda metade do livro, pelo menos salvando um pouco.

Posso chutar que o autor teve Matrix (e outras histórias parecidas) como inspiração, pois o tema de humanos tentando se livrar de uma realidade controlada por máquinas é certamente bem familiar na ficção. Mas não tem nada de clichê em uma Matrix vitoriana e é uma tentativa louvável ainda que não muito bem feita. O autor poderia ter explorado melhor o potencial do livro, como por exemplo, explicar melhor como ocorria a interface mecânica-vapor-humana e explicitar certos pontos históricos na trama, além de mostrar de maneira mais direta as motivações de alguns dos personagens.

Mesmo não sendo um livro profundo, vale a leitura, só pela imaginação de uma Matrix vitoriana.


2 comentários:

Deze Rezende disse...

Eu to apaixonada por essa capa. E deu vontade de ler o livro só por causa dela hehe.
Vai entrar pra minha wishlist :)

Romeu Martins disse...

Linda, né, Deze?

Eu estou tentando convencer o pessoal da editora Underworld a publicar o livro no Brasil. Ontem eles postaram o primeiro capítulo de uma tradução steampunk que vai sair logo por aqui: Boneshaker

http://wp.me/pXsZI-b5

Quem sabe, né? Brigadão pela leitura!