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Para participar desta corrente, e pedir a colaboração dos demais colegas, republico aqui um conto de 19 de novembro de 2008, no qual citei o país caribenho.
Espírito Animal
Abrindo um pouco dos arquivos do TC.Por Romeu Martins
A primeira coisa que você nota quando finalmente o vê pela primeira vez são as botas brancas sujas de lama. Saltando do avião para a pista de pouso clandestina - em algum lugar entre o sul do Pará e o norte do Mato Grosso, ninguém perdeu tempo para lhe explicar os detalhes geográficos – o homem macula a brancura que usa dos pés à cabeça grisalha naquele chão irregular e enlameado.
Ainda a alguma distância você o ouve falar ao celular, em um modelo semelhante ao que lhe entregaram quando aceitou ser recrutado, semanas atrás. O trecho final da conversa chega a seus ouvidos sem a necessidade de muito esforço de sua parte:
- Sim, Mr. Ayak. Vai ser muito engraçado quando todos perceberem que venceu exatamente o nosso candidato. Muita gente vai se surpreender, com toda certeza. Mande um abraço a Mr. Akia.
O nervosismo bate. Você aperta ainda mais as mãos na expectativa de finalmente conhecer o homem por quem estava esperando há horas. Nervoso, tenta desviar o olho da figura que avança em sua direção e, só então, percebe o prefixo do jatinho que pousou poucos metros à sua frente. Você não é nem de longe um especialista no assunto, mas sempre notou que aviões no Brasil costumam ter a letra P iniciando o código de identificação pintado nas fuselagens. A mente divaga e vem a lembrança do avião que caiu com todos os integrantes de uma banda engraçadinha na metade dos anos 90, como era mesmo?, PT-LSD, sim, você se lembra claramente até das piadas que contou na época.
Porém, a aeronave que trouxe o homem que dá pernadas sobre poças de água para alcançá-lo não segue tal padrão. As letras no casco branco são azuis e não começam com P. Não, no lugar, duas outras letras que você tem percebido por todo o canto ultimamente, a ponto de quase o levar à obsessão com o tamanho e a insistência das coincidências. TC são as tais letras e depois do traço outras três: JCN. Passa pela sua cabeça se isso poderia ser um caso de personalização do prefixo, como algumas pessoas fazem com as placas do carro. Sobre o significado de TC você já tem várias pistas juntadas ao longo de meses de observação, de pesquisa e de entrevistas. E quanto às outras três letras? Seriam a iniciais do nome deste homem que se aproxima? Talvez, afinal a forma pela qual o identificaram é apenas um sobrenome, o mesmo que você balbucia enquanto ergue a mão para cumprimentá-lo.
- Sr. Neves? É um prazer finalmente conhecê-lo.
Ele retribui o gesto, apertando sua mão com mais força que seria o esperado para alguém com idade suficiente para ser seu avô. O sorriso parece genuíno.
- Ah, sim, o mais novo candidato a membro de nossa organização. Me disseram que você nos prestou bons serviços em um caso recente. Espero que tenha sido bem tratado enquanto esperava.
- Com certeza. Todos que me trouxeram até aqui foram muito cordiais, apesar de não poderem me dar tantas respostas quanto eu gostaria. Eles não sabiam me dizer exatamente quando o senhor voltaria de viagem, por exemplo.
- Ah, mas isso ninguém saberia dizer mesmo, rapaz. Estive muito ocupado com as atividades do Tulip Collectors, nos Estados Unidos, desde setembro.
- Colecionadores de tulipa? Não fazia a menor idéia que o senhor se interessava por botânica.
Ele dá uma gargalhada. Será que você falou alguma bobagem?
- Eu me interessar por flores? Isso é muito engraçado. O nome do grupo é uma homenagem a um caso que ocorreu há 400 anos, na Holanda. Foi a primeira crise especulativa registrada pela história da economia. Já ouviu falar?
- Não, pelo menos não que eu me lembre.
- Amsterdã era uma cidade rica nos anos de 1600, capital de um império que, no auge do período das navegações, consumia produtos vindos de toda parte do mundo. Um desses produtos chegava do oriente e virou mania entre os milionários holandeses. Sei que parece ficção, mas a verdade é que um único bulbo de tulipa chegou a valer o mesmo que 24 toneladas de trigo naquela época. Existe o relato, feito no século XIX, sobre um marinheiro bêbado que comeu um desses bulbos. Pensou que era uma cebola, pobre coitado. O homem ficou seis meses na prisão por isso.
- Mas é inacreditável. Como pode uma flor, mesmo sendo, sei lá, exótica , valer tanto dinheiro?
- Keynes chamou a isso, usando uma expressão emprestada de Descartes, de “Espírito animal”, a euforia que faz investidores partirem em busca do lucro. É uma característica positiva, mas quando assume ares de irracionalidade vira a versão do mercado financeiro para a febre do ouro. O resultado é que, quando alguém finalmente percebe o tamanho do buraco em que se meteu, o encanto se acaba e o efeito manada leva a uma crise generalizada. Foi assim com as tulipas holandesas do século XVII, com a crise de 1929, com o estouro da bolha da Internet...
- Ou com o mercado de quadrinhos dos anos 90!
Sua intervenção parece ter pegado o homem mais velho de surpresa.
- Quadrinhos?
- Hã, sim. Na década passada colecionadores de revistas de super-heróis, tipo Marvel e DC, sabe?, pareciam acreditar que qualquer gibi com o número 1 na capa iria valer uma fortuna em poucos anos, como aconteceu com a Action Comics, a revista em que surgiu o Super-Homem antes da II Guerra e que hoje está avaliada em uns... 800 mil dólares por exemplar bem conservado.
Você percebe pelo rosto de seu interlocutor que todos os nomes listados não fazem muito sentido para ele, então só acrescenta mais uma frase, em voz baixa, meio envergonhado:
– Mas logo aquilo mostrou ser um erro, quem comprou várias edições de um mesmo gibi dos X-Men ou do Batman, mesmo sem nunca ter tirado do plástico, percebeu que jogou dinheiro fora.
- Bem, neste caso eu sou inocente. Nunca me meti com o ramo dos quadrinhos, apesar de já ter feito serviços para a indústria de cinema dos Estados Unidos, tempos atrás. E agora, com a queda de Wall Street, eu e meus associados fizemos tanto dinheiro quanto havíamos feito com a queda do outro muro, o dos anos 80. Mas vamos entrar na base e tirar os pés deste atoleiro. Nunca vi terra pra chover tanto, é impossível se erguer um país civilizado com este clima.
Basta um aceno do homem para que as portas do complexo se abram. Durante todas as horas em que esteve esperando por seu anfitrião, não o deixaram entrar no local, protegido por uma camuflagem de selva que o torna virtualmente invisível do alto, seja de observadores em aviões seja dos olhos eletrônicos dos satélites. Você só pôde esperar em um alojamento comunitário, uma área residencial para a equipe permanente daquilo que Neves chamou de “a base”.
Não dá para dizer que impressiona muito as instalações por trás da alta e provavelmente pesada porta que se destranca à sua frente. As instalações lembram alguns laboratórios dos cursos de engenharia lá na sua antiga universidade. Um saguão amplo e uma série de escadas e passarelas de metal chumbadas em paredes de tijolo à vista são tudo o que você percebe. No chão de cimento pintado de branco vocês dois deixam pegadas de lama enquanto avançam para o interior do prédio, tão iluminado quanto uma fábrica, com iluminárias de lâmpadas fluorescentes, divididas de quatro em quatro. Poucas pessoas percorrem o lugar, algumas entram e saem pelas portas dos andares superiores. Mas todas as que notam a presença do senhor Neves, a seu lado, imediatamente trocam com ele algum cumprimento. O líder daquela equipe retribuí com simpatia, chamando boa parte dos homens e mulheres pelos respectivos nomes.
Você procura ansiosamente algo para dizer e com isso disfarçar o nervosismo com a situação. É quando nota uma placa de bronze parafusada em uma parede com aparência bem mais sólida e antiga que a do restante da base. Não dá para resistir a curiosidade em relação ao que está escrito e sua voz sai mais alta do que o planejado quando consegue ler o alto-relevo.
- TC, 1810, Príncipe Regente D. João VI...
- Surpreso com alguma coisa?
- Bem, desculpe se estou sendo indiscreto, mas não esperava uma citação tão antiga a..., bem, à nossa organização. E muito menos que ela estivesse relacionada com um antigo rei português.
Neves pára diante do retângulo metálico com certa reverência, mãos para trás, na postura de um acadêmico que estuda detalhes de alguma pintura clássica. Ele não tem pressa em falar.
- É verdade. Esta placa é um dos registros mais antigos da pré-história de nosso grupo. Ela representa o agradecimento de D. João a quem o salvou de um atentado planejado por Napoleão Bonaparte para matá-lo em solo brasileiro.
Sua cara de espanto é o suficiente para divertir o homem mais velho e o incentivar a continuar a história.
- É isso mesmo. Sei que você nunca leu sobre isso nos livros de história, mas quando a família real portuguesa conseguiu escapar do cerco francês, escoltada pelos navios ingleses, Napoleão secretamente decretou a morte de D. João e de Carlota Joaquina. Para executar a ordem, o imperador recrutou o serviço de agentes que imaginava serem leais a ele. Não contava que haveria um traidor no grupo.
- Um homem de nossa organização?
- Eu falei que esse caso dizia respeito à nossa pré-história. E essa história, como a outra que lhe contei, também diz respeito a uma flor. O fato é que umas das pessoas envolvidas na missão de matar os portugueses era diretamente ligado a um antigo inimigo dos republicanos que fizeram a revolução na França. Um homem que, disfarçando sua identidade, salvou muitos nobres da morte certa na guilhotina e que enfrentou Robespierre e seu bando de decapitadores. Este nosso amigo, assim que aportou no Brasil, conseguiu impedir os planos regicidas de Napoleão. Com isso, ganhou o reconhecimento da família real portuguesa e dos aliados ingleses e espanhóis. Aquele evento foi a origem de um pacto entre representantes dessas casas reais, cujos integrantes se faziam reconhecer por aquela sigla gravada na placa.
- T e C? – Você se arrisca a falar, quase para tirar o narrador de um transe.
- Isso, isso mesmo. Aquelas letras representavam expressões que faziam sentido na língua tanto dos aliados quanto na do inimigo de então. T e C significavam Três Coroas para os brasileiros e portugueses; Three Crowns, para os ingleses; Tres Coronas, para os espanhóis; e Trois Couronnes, para os franceses. Juntas, em selos, marcas d’água, brasões, sinetes, anéis e toda série de subterfúgios as duas letras abriam portas, serviam como senha e passe livre além de distinguir os membros de uma das mais secretas e poderosas sociedades internacionais que já existiram.
Ambos ficam devotando atenção àquela sigla centenária feita de metal. Não com menos ênfase que uma dupla de maçons dedicaria a um monumento com o G emoldurado pela régua e pelo compasso. Você mal pode acreditar que algo assim lhe foi contado com tamanha facilidade, não depois de semanas e semanas de mistérios, de tentativas dissimuladas para ganhar confiança que pareciam não dar em nada... Todo aquele trabalho estava sendo recompensado com uma conversa em tom casual revelando nada menos que duzentos anos da história secreta do seu país. E além!
Você se sente tirando a sorte grande. Tem medo de pôr tudo a perder se for muito intrometido, mas medo ainda maior é o de não arriscar. Continuar com as perguntas é sua obrigação.
- Quer dizer então que tudo começou como uma sociedade secreta monarquista?
O transe foi oficialmente interrompido. Neves tira os olhos da placa histórica e se volta para você, girando não o pescoço, mas todo o corpo. Cintura primeiro, calcanhares depois, ainda com as mãos cruzadas nas costas. Ele parece voltar a se dar conta de sua presença ali, mesmo que a expressão do rosto seja indecifrável.
- Desde o início os fundadores de nossa organização tiveram o objetivo claro de moldar a realidade de acordo com nossos interesses. Não somos nós quem devemos nos adaptar ao mundo, é ele que deve se curvar a nós. Se no primeiro momento era útil contar com a aliança de cabeças coroadas, mais tarde chegou a vez dos republicanos. Prova disso é que tanto Deodoro quanto Bolívar estiveram acompanhados nos seus momentos decisivos por agentes com o emblema TC . E assim foi ao longo das décadas, trabalhamos tanto com ditadores de direita quanto com revolucionários de esquerda; estamos ao lado de teocracias fundamentalistas e de estados ateus. Derrubamos mercados liberais do mesmo modo que arruinamos economias planificadas. No final, nossa vontade é o que conta.
É até difícil engolir em seco. A medida em que a voz dele ia se tornando mais firme e o tom se elevava, sua garganta parecia se contrair. O medo que você está sentindo deve ser tão visível ou tão sensível ao olfato de seu interlocutor que ele muda de atitude. Abandona o ar de sermão e se aproxima para dar um tapa em suas costas e voltar a guiá-lo na caminhada pelas instalações.
- Mas você está certo em sua observação. Foi nossa origem pró-monarquia que garantiu nosso futuro. D. João nomeou seu salvador como barão e concedeu muitas vantagens ao grupo que estava sendo criado naqueles dias. Entre elas, a posse de terras como o pedaço de selva em que está construída esta base. Ela começou como uma simples casamata e foi crescendo de acordo com nossas necessidades operacionais.
Neves aponta para funcionários carregando equipamentos de telecomunicação, partes de antenas de transmissão, centenas de metros de fios dourados, placas de circuito integrado. Mas ele o conduz por uma porta da ala antiga da base, longe da maior parte da agitação provocada pelo entra e sai dos técnicos.
- E deve ter sido uma coincidência e tanto vocês estarem instalados em um local com tantos acontecimentos históricos. Afinal, aqui perto fica aquela base militar onde tentaram desenvolver uma bomba atômica nacional, não é mesmo? Sem falar naquele acidente aéreo terrível...
Antes de completar a frase você se dá conta sozinho do tamanho de sua ingenuidade, algo só reforçado pelo som da risada de seu anfitrião.
- Ora, coincidência é o nome que pessoas desinformadas dão a nosso trabalho.
O local está bem mais escuro que o restante das instalações. Neves indica com um gesto que você deve continuar em frente enquanto ele se aproxima da parede oposta, onde estão localizados os interruptores. Mesmo na penumbra, pelo som de suas passadas, você percebe que a partir de certo trecho o chão não é mais de cimento. Só não consegue identificar exatamente o que seja.
- Estranho, essa parte aqui parece ser feita de um metal... mas não é de ferro, né?
Um ligeiro clique e as luzes se acendem.
- Não, não é de ferro...
Um novo som, mais seco e muito mais alto, e o chão a seus pés desaparece.
- ... é feito de chumbo, na verdade.
De chumbo ou de ferro, para sua própria e máxima surpresa, apesar dos anos de ócio improdutivo, você consegue se agarrar à borda do buraco que surge como um alçapão de desenho animado.
Mesmo com o impacto da barriga e dos joelhos contra as paredes metálicas, o desespero empresta forças suficientes para você não largar o apoio, isso às custas das unhas fincadas, arranhando ruidosamente o piso. Arfando e bufando, você tenta se manter a salvo e escalar a saída. Só que o revestimento das paredes é liso demais para seus pés conseguirem impulsioná-lo, a borracha do tênis patina, patina e não encontra aderência o suficiente. No outro extremo, os braços sozinhos não dão conta de puxar seu corpo para fora.
Neste momento, você parece brotar do chão, da altura do peito, com os braços esticados para frente e olhos esbugalhados de espanto.
Pouco a pouco, caminhando calmamente, Neves aparece em seu campo de visão. Ele se reclina um pouco para falar com você, como faria um adulto para conversar com uma criança pequena.
- Parabéns, não esperava que um bostinha feito você conseguisse evitar a queda, jornalista.
O esforço na luta contra a gravidade provoca um chiado em seus ouvidos, é como se sua cabeça tivesse se tornado um enorme balão que deixa o gás escapar por um furo microscópico. Mesmo assim, dá para ouvir claramente que aquele homem descobriu sua identidade.
- É, seu idiota, sabemos quem é você. Sabemos que você estava tentando escrever uma matéria sobre nós para aquela revistinha patética que publica seus, como é mesmo?, seus frilas. Sabe, foram vários os motivos para termos comprado nossa própria empresa de telefonia celular. Espalhar antenas por todo o Brasil foi um deles; garantir meios para que ninguém consiga grampear nossos aparelhos foi outro.
Neste momento ele se abaixa ainda mais e fala quase cuspindo diretamente em sua direção.
- Ninguém escuta nossas conversas sem nossa permissão, seu bos-ti-nha. E nós sempre – sempre – sabemos quem está tentando nos bisbilhotar.
Seus dedos começam a sangrar, as unhas parece que vão ser arrancadas pela tensão que são obrigadas a suportar. Entre suor e baba você consegue falar em um tom audível, mas não tão alto quanto os sons guturais que lhe escapam da boca e do nariz.
- Muita gente sabe que onde eu estou... se eu não voltar vão haver buscas...
A risada do outro lado é sonora.
- Você é mesmo um tolo, rapaz! O monomotor que o trouxe aqui - isso já está em todos os telejornais - sofreu um acidente e caiu no fundo do mar, com seu corpo e o do piloto. Vocês nunca serão encontrados, é claro. Neste momento, todos os arquivos de seu computador pessoal já estão conosco. Invadimos seu hotel, sua casa, o computador que você usa naquela redação... As pessoas que falaram com você, que deram entrevistas e passaram informações, serão procuradas. Você serviu direitinho para o que queríamos, jornalista. Foi nossa isca perfeita para nos mostrar elos fracos em nosso grupo.
A vontade é de largar tudo e se deixar cair. Só o instinto, na forma de um iceberg gelado na barriga e no de pêlos ouriçados na nuca, é que o impede de se entregar ao precipício.
- Mas depois de todo esse esforço, você merece ao menos a confirmação da história que veio buscar. Sim, o que você leu naquele documento militar confidencial que lhe entregaram estava certo, é tudo verdade. Havia mais um projeto secreto financiado com dinheiro das contas Delta durante a última ditadura. Não era só o exército que queria construir seu artefato nuclear; a marinha com o submarino atômico; e a aeronáutica com o míssil balístico. Existia um quarto projeto, coordenado por um grupo independente, o nosso grupo. Mas sabe qual era a diferença entre nós e eles, os militares?
Neste momento ele volta a se levantar, apenas mantém o olhar fixo em você e cutuca o polegar direito contra o próprio peito enquanto fala em voz mais alta.
- Nós tivemos o espírito animal que faltou àqueles incompetentes. Hoje, o resultado de nossa pesquisa está usando um capacete azul no Haiti.
Neves avalia durante alguns segundos o efeito que as palavras tiveram sobre você. Porém seu estado não é muito promissor para continuar a conversa. A dor, o cansaço e a gravidade vão vencer a luta a qualquer momento.
- Posso ajudá-lo em mais alguma coisa para a sua matéria, jornalista? Quem sabe quer mais alguma declaração minha ou uma foto para a capa da revista? Já sei, que tal uma imagem do futuro para você? Tome!
A última coisa que você vê é a bota enlameada vindo em sua direção. Ela esmaga seu nariz e o empurra em uma queda de dezenas de metros até o fundo de um túnel com uma inquietante fosforescência radioativa. O brilho tênue vai se apagando aos poucos diante de seus olhos.
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