3.1.10

Expresso! o blog

Alexandre Lancaster Soares além de ser dono do mais completo blog nacional dedicado à cultura quadrinística e de animação japonesa que eu conheço, é um dos autores presentes na coletânea Steampunk - Histórias de um passado extraordinário, com um texto carregado de um teor pop que muita falta faz à produção brasileira de ficção científica. Sua noveleta, "A música das esferas", na verdade, faz parte de um projeto particular mais extenso e multimídia, chamado Expresso!, pensado originalmente para o formato de HQs, e não qualquer tipo de quadrinhos, mas aquele de inspiração nipônica, o mangá.

Agora, após sua estreia oficial nas páginas da primeira coletânea steampunk nacional, as aventuras do jovem inventor Adriano Monserrat devem surgir em breve na plataforma em que foram planejadas. Poderemos acompanhar o autor neste processo de criação graças a um novo blog que ele acaba de criar, usando as ferramentas criadas pelo Conselho Steampunk na rede social Steambook. Expresso!, o blog, já consta na minha lista aqui ao lado e em sua primeira postagem, o endereço nos oferece uma aula sobre o subgênero no qual ele está inserido, além de algumas das imagens criadas por Lancaster para este projeto que, assim faço votos, será mais uma atração do Ano do Vapor:



Edisonade é um subgênero de aventura infanto-juvenil que surgiu no século XIX através do romance The Steam Man of Prairies, de Edward S. Ellis. Essa história jamais teve continuações oficiais, mas criou um personagem definitivo: Johnny Brainerd. Um jovem inventor de 11 anos, simultaneamente anão e corcunda, que constrói um robô movido a vapor para auxiliá-lo na busca de um tesouro que salvará sua família de problemas financeiros – e não será uma tarefa fácil.

Essa idéia acabou se tornando aquilo que no jargão hollywoodiano é conhecido como alto-conceito e se encaixou direitinho no subgênero de aventura que surgia e que seria conhecido como boy heroes, que consistia efetivamente de colocar um garoto fazendo o papel que cabia a um adulto. Surgiram assim garotos soldados, garotos detetives (os mais perenes até hoje), garotos exploradores… não é preciso dizer que o garoto inventor se juntou a esse bando com facilidade, e o maior sucesso em território americano foi sem dúvida a série de dime novels (revistas baratas com novelas ligeiras; tinham esse nome por custar um dime – ou seja, dez centavos de dólar; na inglaterra, esse tipo de material era conhecido como penny dreadful) Frank Reade, criada por Harry Enton e que, após seu esgotamento de público, foi assumida pelo escritor cubano radicado norte-americano Luis Senarens, que em um dos primeiros casos de reboot de uma franquia em nossa cultura pop, deu um salto de décadas, introduziu um filho de Reade rigorosamente igual ao pai e ainda criou um título concorrente dentro da editora – o jovem inventor Jack Wright (nada a ver com os irmãos Wright, na verdade; ele foi criado em 1891).

A popularidade do gênero cairia com a Primeira Guerra Mundial, muito por causa da ressaca causada pelo conflito, que jogou no lixo as esperanças depositadas sobre a tectnologia; os garotos detetives tomaram sua frente (apesar de um dos últimos garotos inventores a surgir dentro desse contexto, o Tom Swift de Victor Appleton – criado em 1910 – ter sobrevivido à primeira guerra e gerado, como se tornou convenção do gênero, uma linhagem de filhos e netos; sempre que o personagem se esgotava, bastava fazer o pai pendurar as chuteiras, dar um salto de anos e iniciar uma nova série mostrando as aventuras do filho, e por aí vai).

6 comentários:

Alexandre Lancaster disse...

Opa, valeu pela notinha. :)

Romeu Martins disse...

De nada :-) E quero ler essa HQ.

Cândido Ruiz disse...

Também estou no aguardo!

Romeu Martins disse...

Olha a torcida, Lancaster :-)

Alexandre Lancaster disse...

Fico feliz – e vamos ver se ela cresce. :)

Romeu Martins disse...

Tô sentindo que tá virando uma corrente da comunidade steamer :-D