19.1.10

Entrevista com Jeff VanderMeer

Boa parte do interesse mundial para com o steampunk foi despertada por uma coletânea organizada por Ann e Jeff VanderMeer reunindo autores estrelados como Michael Chabon, Michael Moorcock e Paul DiFilippo. A dupla - na verdade o casal -, também responsável por uma muito elogiada e comentada antologia New Weird, foi fundamental para esta segunda onda internacional que se vê relacionada ao gênero.

Pesquisando um pouco, descobri que no dia 18 de outubro do ano passado o blog Capacitor Fantástico - dedicado a ficção científica, fantasia, terror, mistério e fantástico - publicou a tradução de uma entrevista de Jeff VanderMeer a respeito desse livro. Originalmente veiculada em inglês no Flames Rising, o material é muito interessante para quem gostaria de entender mais a recente popularidade da cultura steamer no Brasil e no mundo. Vale ainda como incentivo para que alguma editora brasileira - Conrad, Record, Aleph - se mobilize para viabilizar a versão em português da obra.

Vou citar abaixo a introdução à conversa de autoria Jeremy Jones, perfeita para o objetivo deste blog. O restante da matéria pode ser lido aqui.



Então, o que é "steampunk"?

"Algo cool, com uma linguagem elaborada. Ciência inventada - reinventada" disse James Blaylock, um pioneiro do steampunk e autor do livro Lord Kevlin's Machine.

"Steampunk (um sub-gênero da ficção científica) oferece em quantidade, aquilo que é mais visualmente excêntrico e aventureiro, sobre a época vitoriana e suas especulações científicas."

A antologia Steampunk editada por Ann e Jeff VanderMeer, faz barulho e cliques com engenhocas, dirigíveis e robôs a vapor de doze metros de altura.

As treze histórias contidas nesta coleção são reforçadas por um prefácio, uma introdução e dois ensaios. Os editores não são novatos neste tipo de ficção. Ann VanderMeer é editora da Weird Tales e Jeff VanderMeer é vencedor do prêmio World Fantasy, autor de Shriek: bem como de uma coleção de histórias conectadas, situadas no mundo imaginário de Ambergris.

"Em Steampunk", escrevem os VanderMeers em seu prefácio, "nós tentamos fornecer uma mistura do tradicional e do idiossincrático, o novo e o velho, mantendo-se fiel à idéia de steampunk como uma diversão pseudo-vitoriana sombria. Você vai encontrar histórias sobre golens mecânicos, máquinas infernais, os personagens de Júlio Verne e é claro, dirigíveis."

A antologia resultante é tanto prazeirosa como um alívio, já que os VanderMeers encontraram uma maneira de reforçar o gênero sem sugerir (ou impor) um conjunto restrito de parâmetros.

"Steampunk", diz Magpie Killjoy, editor da SteamPunk Magazine, "é uma forma filosófica de reanalisar nossas interações com as máquinas. Para este fim, encontramos na era dos motores a vapor, as promessas, verdadeiras e falsas, que nos foram oferecidas por volta do século 19. Assim steampunk é uma estética, um gênero, uma subcultura, e uma filosofia que gira em torno deste entendimento. "

No coração do steampunk, como um ethos, diz Paul DiFilippo, autor dos romances Joe's Liver e Fuzzy Dice, existe o desejo de "voltar a uma época em que a tecnologia e o artesanal ainda não tinham sido separados, quando partes do nosso mundo permaneciam inexploradas, onde o heroísmo individual vinha antes de tudo, quando a linha entre o bem e o mal era clara, e você poderia vestir-se bem".

4 comentários:

Fabio Fernandes disse...

Acho que é mais fácil a gente publicar steampunk lá fora... ;-)

Romeu Martins disse...

Pois agora... E ainda tem a outra grande coletânea recente, a Extraordinary Engines... Se a COnrad estivesse nos cascos, acho que seria material ideal para ela publicar.

Fabio Fernandes disse...

E este vai ser o ano mais formidável de todos para a FC&F do Brasil: o ano em que praticamente TODOS os autores mais conhecidos do gênero publicarão livros! Isto vai ser muito, mas muito interessante...

Romeu Martins disse...

Pô, belíssima observação! Que outro gênero em toda literatura poderia dizer o mesmo?