5.9.12

Lá no Mind Meld

A sincronicidade às vezes me espanta! Fui gentilmente convidado por Fábio Fernandes, coeditor de Underworld of Steampunk - para participar de uma das seções do prestigiado SF Signal, o Mind Meld, no qual uma pergunta é respondida por vários autores de FC simultaneamente. A questão da vez é a seguinte:

Você acha que as indicações para os Hugo Awards têm pouca representação de escritores não-anglo-americanos? Você acha que isso é importante? Se acha, o que poderia ser feito para mudar essa situação?
Pois bem, o material foi ao ar hoje e estou lá, ao lado de um time de escritores de diversos países, e adivinhem qual foi a ilustração que o editor escolheu para minha participação? Para nossa surpresa, de Fábio Fernandes e minha, a capa anunciada na véspera de nossa coletânea já estava lá, como podem conferir neste endereço.

Logo abaixo, vocês podem conferir o que respondi em português:

Acredito firmemente na importância da ficção científica como sendo o gênero literário que, por excelência, nos faz despertar o imaginário para além de todas as amarras que o cotidiano nos impõe. É no espaço privilegiado da FC que podemos transcender quaisquer limitações de tempo, espaço, gênero, nas; mais diversas probabilidades estatísticas envolvidas: das representações geográficas mais locais aos mais distantes pontos neste e em outros universos; do presente mais nowpunk a épocas aquém e além em calendários inimagináveis; do demasiado humano de homens, mulheres, gays, lésbicas, transgêneros a transhumanos. Exatamente por isso, a escolha do que de melhor e mais representativo existe em um gênero com tamanha gama de pontos de reflexão a oferecer não deveria ficar restrita a apenas uma visão cultura, por mais abrangente que essa cultura possa ser. Os prêmios que buscam dar distinção a enormidade da produção de FC, como o Hugo e o Nebula, deveriam ter a oportunidade de analisar o que de fato vem sendo pensado, escrito e editado em outros pontos do mundo que não têm o inglês como sua língua base.
Para que se ofereça aos votantes e juízes de tais prêmios uma oportunidade dessas, seria mesmo necessário que esforços fossem desenvolvidos pelas organizações de escritores e de editores dos mais diversos países não-anglófonos para oferecer traduções de sua produção de FC local. Somente dinâmicas unindo autores e tradutores profissionalmente capacitados para tanto é que se poderia promover a oferta, em igualdade de condições, de um conjunto de novas abordagens, novos pontos de vistas, novos modo de abordagem ao público que escolhe os textos que irão perdurar na história deste gênero literário.

Romeu Martins é jornalista brasileiro e escreve FC, fantasia e horror, com especial interesse em novas possibilidades envolvendo o século XIX. Já teve contos publicados em português em seu país natal com narrativas steampunk, de weird western e sobre Sherlock Holmes. Um trecho de sua noveleta "Phantastic City" foi publicado na Steampunk Bible, de Jeff VanderMeer e S. J. Chambers, traduzido para o inglês por Fábio Fernandes.

Sincronicidade não é mesmo uma coisa linda?

2 comentários:

Fabio Fernandes disse...

E ainda tem um detalhe, Romeu: o SF Signal acaba de ganhar o Hugo Award de Melhor Fanzine de 2012!

Romeu Martins disse...

UHU! Mais do que merecidamente ;-) Isso quer dizer que estou falando com um ganhador do Hugo, também, parabéns a você e a toda a equipe!