8.7.10

Steampunk feito no Brasil 6

Uma pesquisada rápida no oráculo me ajudou a localizar mais um brasileiro se aventurando a escrever ficção steampunk - e ficção steampunk escrita e ambientada na Amazônia. Cláudio Carqueija é o nome do escritor - upgrade: na verdade é o pseudônimo, o nome real é Vinicius Alves do Amaral - e Afoturismos o do blog onde ele posta seus textos. O neologismo é um belo achado, em sua contração de aforismos e futurismo, e diz respeito a textos curtos, flash fiction, publicados por ele como pequenas visões do futuro, como uma ONG para canibais e a valorização das fontes de água. Mas o futuro não é o alvo deste blog, então vamos ver o que Carqueija escreve sobre o passado. Ele apresentou desta forma o projeto que está elaborando:

Esse conto faz parte de um projeto maior sobre a Amazônia. Na realidade comecei a criá-lo antes mesmo de vir para Manaus. Foi na metade do ano passado. A inspiração veio de diferentes lugares e tempos: em primeiro lugar, o curso de História da América Latina - estávamos discutindo então a idéia de civilização e bárbarie, enquanto estudávamos as independências latino-americanas, mais especificamente o caso argentino e brasileiro. Uniu-se á esse tema que muito me interessa os filmes Flyboys (adoro combates áereos e esse filme me pareceu o mais fiel até agora ao estilo) e Up-Altas Aventuras (achei interessantísimo a criatividade do filme e como ele aproveita esse ideal do aventureiro). E, finalmente, temos meu próprio ideal de Amazônia, que começou a ser revisto depois de entrar em contato com um pouco da história de região - principalmente no que tange á Ajuricaba, as icamiabas, O Mundo Perdido de Conan Doyle e etc.

Mas em que consiste o projeto? Como eu não quero estragar a surpresa, digamos que seja uma história sobre aventureiros (principalmente aviadores)na indomável Amazônia em um passado meio steamer contra piratas, zepelins, monstros e muito mais.

E vamos ver agora o trecho inicial do citado conto, que tem o título "Entre dois mal ou a segunda viagem dos Acuntsu":

Apinaã era bravo guerreiro, homem forte e de atitude. Mas desde que voltara do cativeiro, Apinaã mudou muito. Não olhava mais com o mesmo olhar os outros índios da taba. Era um olhar diferente. Ninguém sabia porque.

Os Acuntsu estavam passando por um momento delicado. Depois que conheceram os caraíbas tudo mudou. Esses caraíbas não eram como os anteriores, com quem eles negociavam quinquilharias. Esses caraíbas eram piores: queriam que sua tribo se ajoelha-se para eles, que a tribo usasse as roupas deles, que a tribo obedecesse ao chefe deles, o demônio caraíba.

Os Acuntsu eram grandes guerreiros no passado, lutaram bravamente contra a confederação dos barés anos antes. Eram uma das únicas tribos que se recusava a se unir á confederação. No entanto, os caraíbas tem armas muito potentes. Seus barcos feitos de metal, cuspindo fumaça, não sentem o peso das flechas e dos tiros de carabinas. Suas armas possuem mais balas que as carabinas e espingardas. Nas batalhas anteriores tanto os Acuntsu como os seus "irmãos", os Kadiwéu, foram massacrados.

Apinaã foi um dos que lutaram ao lado dos "irmãos" perto da foz do rio Jari. Ele matou muitos caraíbas, mas foi capturado. Ficou preso em uma jaula por dias. Da jaula ele podia ver os caraíbas surrarem seus amigos e "irmãos", quase todos os dias. Apinaã ficou com vergonha. Fico com vergonha de seu povo, por ser tão fraco, por não responder á altura.

Depois de duas semanas Apinaã foi solto. Os caraíbas pediram para que ele dissese á sua tribo que eles chegariam na aldeia em cinco dias. Era para eles escolherem: ou se rendem ou lutam. Apinaã agora estava mais envergonhado ainda: o destino dos grandes guerreiros é ser morto em combate, ele, por outro lado, foi preso e agora solto como um simples menino de recados. Apinaã sentia o peso da vergonha nas costas, por isso andava envergado agora. Continua.

8 comentários:

bibs disse...

e que achado!!!
adoro essas descobertas que o oráculo mostra
muito interessante esse projeto dele!
vou acompanhar com certeza

entrou em contato com ele já?!

Romeu Martins disse...

Já deixei um comentário lá!

Não é um barato essas descobertas acidentais? ;-) E já dá para o conselho ir organizando uma Loja Amazônica, hehe

Marconi Brasil disse...

Legal, pena que o blog Afoturismos ruim de ler, com aquele design.

Romeu Martins disse...

Pois é, Marconi, eu não gostei muito do novo esquema de design do blogger, prefiros os templates antigos, como o que eu uso aqui.

Cláudio Carqueija disse...

Obrigado, gente, pelo apoio e pela divulgação.
No começo foi um projeto muito despretensioso, mas agora, diante da idéia de uma Loja Amazônica fico até meio tentado a iniciar uma cruzada pela steampunk aqui, á la Brancaleone, rs.

Romeu Martins disse...

Branca, Branca, Branca... Leon, Leon, Leon...

Bem-vindo, Cláudio! Desejo sucesso ao projeto e espero que o Oiapoque também se una ao Conselho, que já domina o Chuí ;-)

bibs disse...

eu pensei imediatamente numa Loja amazônica, mas não quis falar nada 8D
mas, agora que o Cláudio se animou... tenho certeza que todo mundo do Conselho ficaria feliz por demais da conta com isso ;)

Romeu Martins disse...

Faz a proposta pro Bruno, Bibs, ele é quem pode entrar em contato com o Cláudio e formalizar a parceria ;-)