2.8.10

Steampunk e a "Síndrome de Watchmen"

"O zeitgeist é (ainda é e provavelmente continuará a ser durante algum tempo) steampunk". Esta frase de Fábio Fernandes destacada no post anterior serve de deixa para um artigo de 2009 que descobri neste final de semana graças ao Oráculo. "Cyber especulações" é uma longa análise do blogueiro que se identifica como Andrezinho "A Mochila" a respeito da situação atual da cultura cyberpunk. O autor parte dos primórdios da ficção científica, das influências reconhecidas pelos criadores daquele gênero, Willian Gibson e Bruce Sterling, até chegar a derivações e novos subgêneros influenciados por eles. Caso, evidentemente, do steampunk. O artigo é bastante complexo, tem algumas partes polêmicas, mas quero reforçar aqui um trecho em especial.


Quase ao final do texto, Andrezinho toca num ponto que deu origem a uma reflexão interessante. Para explicar o atual sucesso de material que escolhe explorar o passado no lugar do futuro, ele usa a obra-prima de Alan Moore, citada no título deste post.






Minha humilde teoria quanto ao insucesso do Cyberpunk e o cada vez mais exorbitante viés para o passado, é chamada de "síndrome de Watchmen". Na aclamada graphic novel de Alan Moore e Dave Gibbons, lançada entre 1986 r 1987 em um mundo alternativo em que super-heróis existem de fato, a mitologia super-heróica estaria longe dos quadrinhos, tema já saturado pela imprensa e temores populares, o tema da mídia popular desviaria-se para outros mitos, estes longe do cotidiano, como por exemplo, histórias de piratas.

Assumindo que estamos caminhando por vielas ornadas com tecnologias de facíl acesso, pavimentadas sobre a dignidade humana,  cujos cacos desta são pisados pelas botas do corporativismo ou mesmo por nações, a balsa de fuga que a maioria necessita está sob águas longínquas, as perguntas “e agora? o que vem depois?” podem ter cansado. O cyberpunk nasceu como a profecia de um “futuro terrível, porém provável”, coisa que, FM-2030 não nos avisou, após ter nos tirado o benefício da novidade e adentramos em sua época sem surpresas e receios, não há por que buscarmos dar asas aos futuros que já perderam este status de "futuro". Quem sabe tenha chegado a hora de engendrar perscrutações maiores aos passado que poderiam ter sido, largar o presente como alegoria, ou ficar especulando continuamente em sensatos e empolgantes exercícios de futurologia, afinal, só o passado é certo, ao tempo que o futuro, e estas palavras, são apenas mais especulação. Mas tenho esperança de que a anarquia seja certa. 

Para ler o texto completo, acesse aqui.

2 comentários:

bibs disse...

achei interessante esse ponto de vista dele.
só sei que depois que entrei no curso de história percebi que nem o passado é tão "concreto" assim huhauauah

Romeu Martins disse...

Ah, basta comparar o currículo de história do meu tempo com o que é dado hoje que já dá pra perceber a falta de concretude ;-)