Roberto de Sousa Causo, contista da coletânea Steampunk - Histórias de um passado extraordinário e colunista daquele site, foi quem realizou o feito de unir em uma mesma narrativa uma ideia original do inglês H. G. Wells (1866-1946) com o estilo do brasileiro Machado de Assis (1839-1908). Em "A vitória dos minúsculos", Causo ambientou no Brasil, na então capital do país, a cidade do Rio de Janeiro, a trama do livro A guerra dos mundos, de 1898. Agora narrada por um - não sem motivos - assustado Machado de Assis, a invasão alienígena foi revista tendo como cenário as ruas cariocas. Na introdução que republico aqui, o autor paulista esclarece as motivações e inspirações para aquela sua ficção alternativa e cita um outro brasileiro, o carioca Henrique Alvim Côrrea (1876-1910), que é conhecido nos meios da ficção científica justamente por ter sido o ilustrador de uma edição belga de 1906 daquele livro escrito por um dos pais do gênero. É dele a imagem que segue.
A Guerra dos Mundos ainda repercute no universo da ficção científica. A história de repercussões que se apropriam da história é antiga, começando com editores americanos lançando, ainda no século 19, dime novels em que Thomas Alva Edison inventa foguetes que levam soldados a Marte para dar o troco aos invasores. Em 1938, na véspera do Dias das Bruxas, Orson Welles levou ao ar uma versão radiofônica da invasão, transferida para a Costa Leste americana. Em 2005, David Cian, no romance Megawar, propõe que Wells teria disfarçado fatos reais como ficção, com um segundo round agora no século 21. Mas foi a antologia The War of the Worlds: Global Dispatches, de 1996, editada por Kevin J. Anderson, que me motivou a escrever esta minha versão da invasão marciana - apesar de ter a palavra "global" no título, todos os contos da antologia foram escritos por anglo-americanos. No meu conto, o Rio de Janeiro é palco da guerra dos mundos. As ilustrações são de Henrique Alvim-Corrêa, o primeiro artista brasileiro de FC, que ilustrou o romance numa edição de 1906. Continua
4 comentários:
Obrigado por se lembrar do meu "A Vitória dos Minúsculos", Romeu. Eu chamo esse conto de "ficção científica recursiva", um termo alternativo para "ficção alternativa". Nunca foi a intenção emular exatamente o estilo de Machado, e por isso, eu suponho, a história passa longe da onda "mash-up".
Opa, Causo.
Na chamada eu classifiquei como ficção alternativa (mas FC recursiva também é uma ótima classificação). Só mencionei a onda dos mashups para ter um gancho e relembrar este conto do qual gosto muito.
Como eu disse em algum post anterior, acredito que se alguma editora relançasse por aqui "O outro diário de Phileas Fogg" aproveitaria para rebatizar aquela FA clássica como "Volta ao mundo em 80 dias com alienígenas"
Abraço!
Qualquer gancho é um bom gancho, Romeu...
Quanto ao livro de Farmer, seria legal revê-lo publicado de novo por aqui, até pra ver como se faziam homenagens literárias antigamente.
Abração.
Eu queria mesmo era ver as biografias que o cara fez pro Tarzan e pro Doc Savage publicadas no Brasil.
Passou da hora de alguma editora trazer isso, hein?
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