17.10.10

Torre de Vigia 34

Falei sobre o seminário Science'N'Fiction em um post anterior, destacando o debate que se fará nele a respeito do tema deste blog. Antecipando o debate, a página do evento entrevistou o representante da cultura steamer naquela iniciativa,  Carlos Eduardo Pereira Felippe, mais conhecido pelos apreciadores de seus artigos no site da Loja São Paulo do Conselho Steampunk - entre os quais eu me incluo - como Karl Felippe. Na conversa, o futuro debatedor fez uma análise interessante dos motivos do sucesso do gênero em nosso país e citou entre suas leituras as coletâneas nacionais lançadas respectivamente pela Tarja e pela Draco, Steampunk - Histórias de um passado extraordinário e Vaporpunk. Abaixo, segue uma seleção da entrevista que pode ser lida na íntegra aqui.


Por que você acha que o Steampunk deu tão certo no Brasil?
Ressonância morfogenética (risos). Certo, falando sério: acho que o motivo foi simplesmente timming. Fora do Brasil, a “cena” steampunk, por assim dizer, já estava crescendo exponencialmente (a chamada segunda onda steampunk), mas agora não apenas nos livros, mas também como subcultura, se espalhando para outras formas de arte -  pintura, escultura, modelagem, moda, constumização, musica e assim por diante. Era natural que algo assim chegasse aqui, calhou apenas de não ser com um atraso muito grande.
Talvez a identificação com o steampunk deva-se ao fato de que, aqui no Brasil, não houve uma grande explosão tecnológica no século XIX, como em outro países, mas houve uma grande produção cultural (literária). Isso pode-se perceber na ênfase dada às obras produzidas aqui e, mesmo na vitalidade diferente das histórias steampunk produzidas no Brasil, que costumam se desviar um pouco do otimismo “a ciência nos salvará!” de outras histórias, assumindo uma postura mais para “a ciência nos salvará?” de um modo bem parecido com as primeiras histórias steampunk escritas no início dos anos 1980. (...)

Quais são seus autores de referência?
Poderia citar James Blaylock, K. W. Jeter e Michael Moorcock porque li mais de dois livros de cada um que se encaixassem no gênero. E alguns livros que valem a pena mencionar são The Difference Engine, do William Gibson e do Bruce Sterling, Anti-Ice do Stephen Baxter, a antologia Extraordinary Engines de Nick Gevers, bem como a antologia Steampunk de Jeff e Ann Vardermeer. Mainspring do Jay Lake (que não é exatamente steampunk, mas dane-se), os dois primeiros volumes da Liga Extraordinária do Alan Moore, e mais recentes como o Boneshaker, da Cherie Priest, Leviathan do Scott Westerfield, Clockwork Heart da Dru Pagliassotti,  Whitechapel Gods do S.M. Peters, e bem, temos duas antologias nacionais no gênero que são realmente muito boas: uma da editora Tarja e outra da Draco.

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