27.6.10

Mangá australiano é publicado no Brasil

Entre um gol hermano e outro, da partida entre México e Argentina, fiquei sabendo desta interessante novidade pelo blog de Alexandre Lancaster, um dos contistas de Steampunk - Histórias de um passado extraordinário e um dos maiores especialistas brasileiros nos quadrinhos à moda japonesa. A NewPop vai publicar no Brasil Hollow Fields, um mangá feito por uma autora australiana e com influência steampunk - entre elas, de um livro já resenhado por aqui - como podemos ver nos trechos abaixo:



Mas a chegada de Hollow Fields, da australiana Madeleine Rosca (publicada originalmente pela editora americana Seven Seas), por mais modesta que possa parecer, é importante. Estamos falando da chegada do primeiro time do mangá não-japonês no Brasil – e de uma obra premiada com o reconhecimento do Ministério do Exterior Japonês, através do prêmio Shorei de Excelência para os melhores mangás ao redor do mundo. A série, visualmente influenciada pelo subgênero Steampunk da Ficção Científica, se passa em época e lugar indistintos e conta a história de uma menina chamada Lucy Snow, que por mero acidente, acaba se matriculando na escola que batiza a série – um colégio de cientistas loucos (ou, mais formalmente, "Academia para os Academicamente Superdotados e Eticamente Ilimitados!"), no qual você não apenas pode acabar sendo morto pelo próprio trabalho de aula, mas é sujeito a uma regra cruel: uma vez a cada semana, o aluno com desempenho mais baixo é enviado para detenção em um local conhecido como "o moinho" – de onde ninguém voltou.

É importante apontar que Rosca toma menos como referência outros mangás do que a literatura infanto-juvenil de autores como Lemony Snicket (Desventuras em Série) e Eoin Colfer (Artemis Fowl, Aviador) – e talvez tenha sido este o seu maior trunfo. Ele não é um material de nicho, pelo contrário: é um vislumbre do que o mangá feito fora do Japão pode oferecer no futuro – não a autofagia referencial nem a nostalgia por um Japão aonde o autor jamais viveu, mas um diálogo com as referências próprias da cultura pop que o autor vive (podemos dizer o mesmo de um produto completamente diferente: o Scott Pilgrim de Brian Lee O'Malley). E é esse tipo de abordagem que tem mais chance de ganhar mundo ao longo do tempo. Não foi a toa que no fim das contas, Hollow Fields teve o reconhecimento oficial dos Japoneses. Continua.

4 comentários:

bibs disse...

a história parece boa, e a arte da capa ficou fofinha, espero conseguir comprar por aqui \o/

Romeu Martins disse...

Eu acho até que já vi em uma banca perto de casa, mas tinha me esquecido de pesquisar a respeito, ainda bem que o Lancaster deu a dica ;-)

Na próxima ida à padaria, já vou conferir se é esse mesmo o que eu vi.

bibs disse...

achou o mangá na banca!?
ainda não procurei por aqui =x

Romeu Martins disse...

Essas capas de mangás me confundem, não era esse o que eu tinha visto, não. Já deixei uma banca lá de Floripa de sobreaviso para me reservar um exemplar, quando chegar por aqui.