Ela foi declarada a musa do steampunk por
este blog; ele foi considerado o porta-voz para a subcultura steampunk brasileira pela
Steampunk Magazine. Ambos se encontraram agora em uma entrevista publicada no site do
Conselho Steampunk. O material faz parte de uma matéria que está sendo produzida para uma publicação experimental da faculdade de jornalismo da Cásper Líbero. Também acabo de ser entrevistado e assim que souber de novidades, aviso por aqui. Mas antes, fiquem com trechos da conversa entre Lidia Zuin e Bruno Accioly, lembrando que para ter acesso à íntegra, basta clicar
aqui:
Por que o Steampunk está dando tão certo hoje, tanto no Brasil quanto no mundo?
O SteamPunk parecia fenecer em todo mundo, como qualquer gênero/movimento que alcança em dado momento um ápice de popularidade e cujos únicos remanescentes acabam sendo os verdadeiros entusiastas que apreciam-no para além das tendências e da moda. De dois anos para cá, o fascínio exercido pelo SteamPunk pareceu ganhar fôlego, talvez devido ao gênero estar alcançando uma maturidade e se estabelecendo como algo que veio para ficar.
Há muitos aspectos do SteamPunk que podem estar contribuindo para isso, mas cito aqui apenas cinco que considero mais importantes.
a) Fascínio – O fascínio exercido pela ficção científica em crianças, jovens e adultos é um fenômeno bastante conhecido. Isso se dá graças ao componente fantástico presente no gênero e no devir de explicação que viabiliza esta fantasia através ciência e tecnologia.
O SteamPunk revisita os primórdios da ficção científica e tenta, através de seus meios e sua proposta estilística, produzir FC, hoje, nos moldes da FC do Século XIX, enriquecendo dramaturgicamente seu teor e transportando o público para uma época que jamais existiu;
b) Semelhança – A obra legitimamente SteamPunk literária, cinematográfica ou de qualquer outra forma de expressão costuma permanecer em dois grandes subgrupos: o SteamPunk Nostálgico e o SteamPunk Melancólico. O primeiro traz uma visão otimista e entusiasmada das conquistas científico-tecnológicas e o segundo uma abordagem crítica acerca de um Século XIX onde a utilização indiscriminada de recursos naturais, a desigualdade social e a relatividade moral representavam um grande problema. Ambas as abordagens remetem diretamente ao mundo em que estamos vivendo, de grande evolução tecnológica e degradação da ética e do moral.
c) Marginalidade – O termo que aplico aqui tem relação com a porção Punk que coincidentemente se imiscuiu na etimologia da palavra e que acabou fazendo sentido por força de quem é entusiasta do gênero.
De alguma forma, o SteamPunk herdou – juntamente com estas últimas quatro letras – alguma porção da rebeldia presente no CyberPunk, este intencionalmente marginal. A marginalidade do SteamPunk está presente, creio, na ausência de um produto ao qual atrelar o gênero (como é o caso de Star Wars ou Star Trek, quando falamos do gênero space opera). O SteamPunk não tem dono e não é uma franquia, mas está presente também na produção individual de moda, acessórios e cultura através de seus entusiastas, que preferem fazer a comprar aquilo que usam – fazendo referência ao movimento político conhecido como Anarquismo, o qual acaba sendo objetivamente tão pouco conhecido pelo cidadão comum.
d) Cultura – Por ser um movimento originado em um subgênero literário, o SteamPunk já traz a reboque todo um zeitgeist, todo o espírito marginal, fascinante e familiar de uma era na qual muitos pressentem que algo está errado e que é preciso buscar no passado os erros que talvez tenhamos cometido e, de alguma forma corrigi-los ou denunciá-los.
Sob este aspecto, o SteamPunk tem o potencial de ferramenta pedagógica e mesmo o de transportar através do tempo o interesse de quem normalmente se interessa pouco por cultura e história, fazendo com que estes resgatem as raízes da história recente através de uma janela para o Século XIX e para um mundo ficcional que torna lúdica esta viagem.
e) Organizações – O Conselho SteamPunk, a SteamPunk Magazine, o ClockWorker.de e todas as manifestações culturais, seja através de grupos, revistas ou websites acabam por dar forma palpável à esta ficção e resignificar tudo o que vem sendo produzido.
4 comentários:
Ótima entrevista e uma foto ainda melhor da musa! :D
Hahaha, e estamos todos esperando pela íntegra do ensaio na revista do Conselho e, claro, pelo ensaio cyberpunk! ;-)
Ótima entrevista. Só não entendo porque a foto da entrevistadora está mais em destaque do que a do entrevistado. Algum tipo de apelação cultural? Fail.
Hmm, não, sem apelações culturais por aqui. Se eu tivesse uma foto tão chamativa e bem produzida do Bruno, anônimo, eu poderia ter colocado com destaque maior. Entendido?
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