10.4.10

Nostalgia revisitada

A advogada e escritora mineira Ana Carolina Silveira prometeu para breve uma resenha da coletânea Steampunk - Histórias de um passado extraordinário em seu blog Leitura Escrita (adoro o nome dessa página). Assim que ela fizer isso, entra na minha seção de clipagem - aquela cujos títulos sempre são Torre de Vigia -, porém, antes de mais nada ela resolveu fazer uma bela introdução ao tema de onde extrai algumas passagens abaixo. A íntegra pode ser lida aqui:

Todos nós somos um pouco saudosistas, alguns mais, outros menos. É comum ouvirmos coisas como “no meu tempo as coisas eram melhores”, “no meu tempo tudo era diferente” e outras variantes. A nostalgia é parte de nós, ainda mais quando estamos diante de tempos difíceis e precisamos recorrer a lembranças de quando tudo era seguro e agradável.

O Steampunk, como gênero literário, também é uma espécie de releitura do saudosismo. O gênero é uma derivação do cyberpunk (aqui cabe um parêntesis para falar da ironia de falar do cyberpunk como uma projeção de um futuro que já chegou), que trata de como a humanidade estaria em um futuro próximo dominado pela alta tecnologia, principalmente a computacional, e onde as diferenças sociais se agravariam ainda mais pelo fortalecimento e ascensão das megacorporações e pelo crescimento de uma classe social posta à margem do progresso.

Já o steampunk parte da seguinte premissa: a tecnologia do vapor (“steam”, em inglês) surgiu no final do século XVIII-início do século XIX e foi determinante tanto para a industrialização (Revolução Industrial, baby) quanto, por via de consequência, da expansão do Império Britânico ocorrida no período vitoriano (chamado assim por ter coincidido com o longo reinado da Rainha Vitória). O século XIX também assistiu a ascensão do positivismo – e da aplicação mais rigorosa do método científico – e avanços científicos como o delineamento da evolução, por Darwin, e maiores conhecimentos sobre eletromagnetismo e química, que muito influenciaram as descobertas e teoremas elaborados posteriormente por Bohr, Curie, Einstein… Foi um século de luzes.

(...)Mas engana-se quem limita o steampunk à especulação tecnológica. O elemento “punk” que veio de seu tronco principal – o cyberpunk – diz respeito, também e principalmente, à crítica social. O século XIX e o Império Britânico foram o berço da civilização e da inovação científica? Foram sim, mas também promoveram a exploração, matança e divisão da África, o que gera consequências gravíssimas até hoje, assim como um sistema de colonização opressivo no Oriente Médio e Ásia (e que também foi responsável por vários frutos colhidos ao longo do século XX…). Também foi a época da exploração dos operários pelos industriais, o que gerou movimentos de revolta e propiciou o início de várias lutas sociais e movimentos políticos. Não houve apenas luzes, mas uma boa dose de trevas…

(...)Claro que não é minha intenção falar do steampunk como um todo, mas só dar uma introduçãozinha. Algumas pessoas fazem/fizeram melhor do que eu, aí uma lista de links para quem quiser se aprofundar no assunto:

Portal Steampunk: a maior página, com várias informações, sobre o steampunk no Brasil. Bem interessante.

Cidade Phantastica: Blog bem legal do Romeu Martins, também sobre steampunk em geral

Papo de Artista Steampunk: Do podcast do multiartista e multitarefas Rod Reis, com participação especial minha e do pessoal do Papo na Estante. Vale colocar no iPod.

2 comentários:

Ana Carolina disse...

Oi, Romeu, obrigada pela divulgação! Hehehehehe! Bjos!

Romeu Martins disse...

Eu quem agradeço o link, Carol, e aguardo ansioso a resenha. Beijos