O título deste post - que pode ser considerado um editorial do blog - é o mesmo de um projeto que coloquei em prática no site colaborativo Overmundo assim que descobri as novas gerações de escritores nacionais de ficção científica. Em resumo, era uma série de resenhas de romances e de antologias de autor e de entrevistas com quem produzia a FC no Brasil ao longo da última década. Encerrado em 2008, o projeto foi - ou pelo menos pretendeu ser - uma radiografia do nosso mercado em um período difícil, de raras apostas por parte de editoras e de muita autopublicação. Pelo título também pode-se notar que a minha ideia era fazer uma conclamação para a convergência, a união de forças, entre tantas pessoas, em diversas partes do país, para fortalecer a literatura de gênero brasileira de qualidade.
De lá para cá, em tão pouco tempo, houve uma mudança e tanto na conjuntura editorial do Brasil. Novas pequenas empresas, baseadas na tecnologia de impressão por demanda - mais popularizada, economicamente viável, com qualidade perfeitamente comparável ao produto das grandes casas do ramo, quando não até mesmo superior - uma nova fase vem surgindo para a literatura fantástica em nosso país. Daquele tempo de incertezas que fazia talentosos escritores a ter que encarar o desafio de investir por conta própria no sonho da obra própria, vivemos agora tempos em que esses mesmos escritores podem contar com a parceria de empresas que apostam um mercado de fato, é possível. Chamei as editoras que têm se mostrado mais dinâmicas nessa área em um post, não por coincidência de 21 de junho, o Dia do Vapor, de a Tríplice Coroa da literatura fantástica brasileira.
Este post-editorial não é apenas para reconhecer mais uma vez os esforços dessas empresas e dos empreendedores por trás delas, mas também para comentar alguns projetos meus em andamento com cada uma das três coroas. Mais uma vez, opto pela ordem alfabética para falar de cada um.
Com a paulista Editora Draco, nascida em 2009, criada por Erick Sama, o meu contato oficial é mais recente. Foi divulgado com pontualidade britânica, na terça-feira, pelos organizadores da coletânea, Carlos Orsi Martinho e Marcelo Augusto Galvão, minha participação no livro Sherlock Holmes - Aventuras Secretas que trará o selo do dragão na capa. Considero o texto que escrevi para o projeto daquela dupla de ótimos escritores do interior de São Paulo - um de Jundiaí, outro de Atibaia - o único texto realmente adulto que já fiz, mas se isso é bom ou ruim, caberá aos leitores de "O caso do desconhecido íntimo" decidir. Fui convidado por Sama para escrever mais sobre este e outros temas no blog que a editora abriu recentemente e que já recebeu contribuição minha, em uma tradução de artigo originalmente escrito em inglês por Martinho. E nas conversas que já tive com o dono da Draco, já manifestei meu interesse em ampliar o catálogo de quadrinhos da editora.
De Minas Gerais, uma editora que é ao mesmo tempo a caçula e uma veterana, pois a Editora Estronho é um braço do site mantido há 15 anos por M.D. Amado. Pioneiro na área de dar espaço para novos autores, ele passou do virtual para o papel em 2010 sendo até o momento a casa em que mais tenho trabalhos engatilhados. Cursed City já saiu, Steampink teve meu prefácio divulgado ontem, Deus Ex Machina estará pronta até agosto e depois virá minha participação em um dos livros da coleção VII Demônios, Soberba - Lúcifer. Únicos dos editores a quem já tive a oportunidade de bancar o anfitrião até o momento, Amado segue fiel ao lema de "Tudo, até literatura!", com um catálogo que me instigou a escrever desde weird west, como "Domingo, Sangrento Domingo", até steampunk misturado com anjos e demônios, "A Diabólica Comédia - A Conquista dos Mares", chegando a uma FC de tom humorístico, "Algo baixou em Niterói".
E por último, aquela que na verdade foi a primeira, a também paulista Tarja Editorial, de onde partiram os primeiros convites para que este blogueiro, que nem me imaginava um escritor de ficção, se lançar ao mundo impresso. Em 2009, minha estreia literária com Paradigmas - Vol. I, com um conto cujo título sintetizava aquela minha experiência, "A teoria na prática", seguido, no mesmo ano, de minha presença na coletânea Steampunk - Histórias de um passado extraordinário, com a noveleta de mesmo nome deste blog, "Cidade Phantástica". No momento, mais uma vez por convite dos sócios Richard Diegues e Gian Celli, estou desenvolvendo um projeto para aquela casa, sobre o qual ainda não posso falar muito, mas já adianto que o tema é o mesmo desta página, Retrofuturismo. Também posso antecipar que outra ideia está sendo gestada com cuidado para tentar ser viabilizada até o próximo Dia do Vapor, em 21 de junho de 2012.
Como podem ver, sou a prova de que os tempos radiografados no Ponto de Convergência mudaram. Há uma eferverscência inegável no ar que respira a literatura fantástica nacional e da qual somos todos, editores, escritores e leitores, beneficiários. O que não muda é o mesmo chamado por trás do nome que batizou aquele projeto, a necessidade de união por parte de todos os elos deste mercado emergente. Por união não quero dizer nada que se pareça com uma utopia irrealizável, mas apenas a concorrência baseada na ética e no respeito. Na Convergência de intenções, mesmo que realizada por diferentes práticas. Este blog, salvo engano, deve ser o único, ou pelo menos um dos raros, espaços que já reuniram comentários de cada um dos editores acima listados, em diferentes posts espalhados por aqui. Isso me honra e tenho certeza de só veio a acontecer por este ser um espaço livre para o debate e para a divulgação de iniciativas que ajudem a fortalecer a FC do Brasil. Um espaço que continua aberto a todas essas editoras, e quantas mais surgirem, ou se interessarem por ele. Todos os que tiverem tal objetivo podem se considerar bem-vindos no meu humilde edifício.
Obrigado pela leitura.
4 comentários:
Grande Romeeeeeu... Ó!!! Romeu! rsrs
É isso ai... Que o Comendador continue batalhando pelo vapor, pelo humor e tudo mais.
Obrigado pela citação!
Abraços horripilantes!
Obrigado também pela sempre ótima parceria, Amado! Abração!
Parabéns, Romeu! Você merece isso e mais - e certamente mais coisas virão! ;)
Pô, brigadão, sempre, Fábio!
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