Tudo bem que você precisará ser bem liberal com o termo para considerar a nova animação da DreamWorks uma representante steampunk. Afinal, os protagonistas aqui são os vikings, aqueles guerreiros escandinavos que aterrorizaram parte da Europa um milênio antes da Era Vitoriana. Porém, boa parte do interesse daquele gênero está preservado no filme, com algumas invenções retrofuturistas em um estilo faça-você-mesmo de enjambração mecânica. Além disso, Como treinar seu dragão é uma ótima aventura, bem humorada e que explora de maneira muito eficiente os recursos 3d que devem se tornar um padrão irrevogável nas produções cinematográficas nos próximos anos, principalmente as voltadas para o público juvenil, como esta.
Basicamente temos uma vila chamada Berk, onde os tais guerreiros vivem há sete gerações enfrentando um problema bastante sério: ataques constantes de dragões. Uma verdadeira praga, o lugar é alvo das mais variadas espécies desses rápteis voadores. Soluço é o nome do filho do chefe daquele bando, um garoto magrelo e desajeitado que parece honrar mais uma outra vocação dos escandinavos que não tem a ver com os feitos heroicos. Lembrando que provavelmente o leitor tem ou já teve pelo menos um celular feito naquela região congelada do mundo, o rapaz é um precursor dos atuais engenheiros. Com uma de suas invenções - uma espécie de catapulta capaz de disparar uma rede - ele captura um dos mais misteriosos representantes daqueles inimigos.
Sim, porque não é apenas uma variedade de dragões que ataca o vilarejo; há uma infinidade de tipos - o mais interessante lembra um isqueiro orgânico, com suas duas cabeças, uma libera gás e outra provoca faíscas para causar o incêndio. No caso, o garoto alvejou, mesmo que ninguém acredite nele, um Fúria da Noite, animal nunca antes capturado ou abatido, capaz de disparar rajadas explosivas. Recusando-se a matar o bicho a sangue frio, o garoto aprende com esse dragão - Banguela é o nome que ele recebe - alguns truques que vão revolucionar uma guerra que já dura 200 anos. Para isso, ele vai precisar usar mais daquela mente analítica que os poucos músculos que tem.
Há muito em comum entre esta animação e o megassucesso Avatar. O princípio básico das duas histórias é o mesmo, baseado na Jornada do Herói; os efeitos tridimensionais das imagens e várias sequências aéreas. São semelhanças e tanto. Porém, na obra destinada a um público mais jovem, tais elementos são mais bem resolvidos. Entre um filme assumidamente divertido e para todas as idades como este ou uma película supostamente séria e adulta como aquele filme de James Cameron, não teria dúvida sobre qual me faria voltar a por aqueles irritantes óculos para assistir a uma segunda rodada.
3 comentários:
Eu não dei nada por esta animação quando vi o trailer, mas o filme é muito bom, disparado o melhor filme da Dream Works deste ano.
Os diretores e roteiristas de Lylo e Stitch mandaram muito bem, apesar de a ideia central ser bem simples e manjada.
Até mais.
Pois é, como eu escrevi, os passos da jornada do herói estão bem presentes na animação, mas é um filme que vale a pena rever...
Seu texto reacendeu minha curiosidade sobre a possível história alternativa que esse mundo místico com vikings montados em dragões pode ter !
Postar um comentário