Em meados do século XIX eram muitas as vantagens oferecidas pelo Império para quem se dispusesse a investir na construção de ferrovias em terras brasileiras. Os empresários da época, sendo estrangeiros ou daqui, tinham à sua disposição alguns mecanismos de financiamento e de recompensa inspirados nos de outros países, que também impulsionaram a infraestrutura local com verdadeiras parcerias entre recursos públicos e privados, e contavam ainda com criações nacionais nesta área, um raro caso de inovação em gestão nos primórdios do capitalismo tupiniquim.
Entre os incentivos que importamos, estava uma incipiente política de juros, assegurada em uma legislação de 1857. O tesouro nacional garantia 7% sobre o custo estimado da construção de uma estrada de ferro, garantindo o retorno às companhias que investissem por aqui. Caso a linha operasse com prejuízo, os investidores receberiam a diferença. Se o lucro superasse os 8%, eles deveriam repartir a sobra com o Estado. Porém, na hipótese de as margens ultrapassarem os 12% por três anos, os capitalistas deveriam reduzir as taxas cobradas. O modelo de garantia de juros foi implantado pela primeira vez na Rússia.
Mas a grande contribuição brasileira para a captação de recursos neste setor foi a concessão de uma zona privilegiada de exploração para que essas companhias extraíssem dela seus rendimentos. Por um prazo de até 90 anos, o investidor deteria o monopólio de uma área de terra vizinha à ferrovia em que trabalhasse, nada menos que cinco léguas (algo como trinta quilômetros) no sentido de cada lado do eixo da linha.
Nesses terrenos não passariam nenhuma outra estrada para concorrer com a pioneira da região, por exemplo. E muito mais que isso: o dono do investimento teria o privilégio de usar tudo o que encontrasse pela frente, sejam madeiras das matas derrubadas, desapropriação de áreas ocupadas por minas de carvão, areia ou pedreiras. Um outro fator poderia contribuir para a criação de fortunas da noite para o dia, pois as empresas também levavam a autorização para lavrar e aproveitar minas de pedras preciosas, ouro ou qualquer outro tipo de metais que fossem descobertas nas análises preliminares ou nos trabalhos definitivos dos caminhos de ferro.
Não seria, portanto, difícil de imaginar algum estrangeiro que, atraído por tantas possibilidades de bons negócios, começasse uma carreira de empresário de ferrovias e terminasse por se tornar o Rei do Ouro no Brasil.
Um comentário:
eu quero as difereças da tranformação do ouro e do ferro quais são
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