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Malta, no século XIX, era o nome que se dava aos grupos de capoeiristas que aterrorizavam a população do Rio de Janeiro. Tanto que desde a década de 1820 foram sendo criadas medidas e leis para se proibir a prática e castigar os grupos que insistiam em levar aquela forma de luta para as ruas da cidade.
As maltas reuniam negros alforriados, mulatos e até brancos. Como acontece hoje com os bondes, cada comunidade do Rio contava com um bando de capoeiristas que defendiam as cores de seu grupo e rivalizavam com os da vizinhança. Apesar de a maioria não andar com armas de fogo, os golpes e as lâminas escondidas eram suficiente para muitos destes enfrentamentos acabarem em morte.
Odiados pelas autoridades e temidos pela população, o termo carrega bastante do sentido que o sufixo punk - que não é apenas "vagabundo" - representa no nome deste gênero da ficção científica. As maltas apesar de toda a carga negativa eram de certa forma respeitadas pelo seu potencial de periculosidade. Tanto que, durante a Guerra do Paraguai, milhares de capoeiristas foram convocados para participar das batalhas em troca da liberdade. Existe ainda a lenda que o próprio D. Pedro II usava os serviços de um capoeira em sua segurança pessoal. Mesmo assim, a luta continuou sendo mal vista pela sociedade. No período republicano a repressão até aumentou: um decreto do presidente Deodoro da Fonseca, de 1890. tornou a prática um crime.
Neste mundo fictício, em que não houve tal guerra e em que a escravatura foi abolida quase quarenta anos antes que em nossa realidade, a capoeira continuou sendo um meio de ataque e de defesa muito utilizado, da mesma forma que organização dos lutadores em grupos se manteve uma forma de resistência bastante empregada. Mais que isso, os órgãos de repressão viram surgir, em meados do século XIX, uma nova classe de maltas, formada justamente pelos migrantes que ocuparam o lugar dos escravos negros na construção das estradas de ferro.
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Então, nesta linha temporal alternativa, maltas de capoeiristas e de lutadores de kung fu se enfrentam nas ruas da Cidade Phantástica justificando o punk deste mundo movido a vapor.
4 comentários:
Pior que esse é um conceito BEM interessante...
Hehehe, poderia render umas histórias fix up, né não?
Caramba, fico imaginando as lutas entre capoeiristas e artistas marciais :) Deve render umas histórias interessantes, como a máfia da capoeira e dos chineses.
Hehehe, captou o espírito. É bem por aí, dona Gi.
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