5.10.11

Torre de Vigia 39

Eppur si muove. Fazia tempo que eu não tinha a oportunidade de atualizar a sessão de clipagem de resenhas da primeira coletânea steampunk brasileira. A última vez, foi em dezembro do ano passado. Mas mesmo tanto tempo depois de seu lançamento, o livro continua colhendo análises dos leitores, sendo um dos mais avaliados da safra recente de literatura especulativa nacional. Quem fez a resenha mais recente em seu blog foi a escritora, artista plástica e moradora de Niterói Alliah - que é minha colega em outra coletânea steamer, a Deus Ex Machina, diga-se de passagem. Ela começou seu escrutínio pelo trabalho da capa, de autoria de Marcelo Tonidandel e Verena Peres, que acabou sendo o melhor e mais completo comentário sobre aquele belo trabalho gráfico:

O livro “Steampunk – Histórias de um Passado Extraordinário” foi lançado pela Tarja Editorial em 2009 e reuniu uma excelente trupe de escritores. Como a obra já foi resenhada por vários blogueiros interwebz afora, minha resenha vai ser um pouquinho diferente do comum. Aquele típico resuminho explicativo sobre o conteúdo de cada história que vem antes das opiniões/críticas de cada resenhista não vai aparecer aqui. Se você tá chegando agora meio perdido nesse estranho mundo chamado fandom e não conhece nenhum dos contos desse livro (shame on you!), vai dar uma googlada por aí e se inteirar.
Vamos começar pela capa, de Marcelo Tonidandel e Verena Peres. (Como já farei a resenha dos contos aqui, a resenha da capa vai ser bem breve e objetiva e não vai pro 
Resenhando Capas.. Mas depois dá um pulinho lá e se inscreva pra receber as atualizações.)



Começando pelas cores. O clássico café envelhecido oscilando entre tons de amarelo e marrom caiu bem. Cheira a antiguidade sem soar precário. O fundo manchado é bonito, porém a textura rugosa que aparece no topo e na base poderia ter sido mais bem trabalhada (ou até mesmo eliminada por outros padrões de mancha. Um papel enrugado seria mais adequado). O mesmo vale para a arte do título. As cores estão fortes e funcionam, mas a iluminação falhou. A máquina em destaque no canto inferior esquerda é o ponto alto. A nitidez detalhada do desenho em sépia escuro acinzentado formou uma combinação que poderia ter sido aproveitada para outras ilustrações, ou numa única ilustração central e mais detalhada ainda. É minha parte favorita da capa. Os três personagens no centro possuem traços suaves demais, como se alguém tivesse exagerado no esfuminho. O sombreamento parece desfocado. Faltou dureza. O dirigível no topo está bem feito e bem posicionado. No conjunto a capa funciona e vende o que promete, mas os detalhes mencionados poderiam ter sido melhor trabalhados.

Em seguida, ela começa sua avaliação de cada um dos nove contos que compõem a obra. Como costumo fazer, copiarei abaixo o comentário a respeito de minha noveleta e deixo os leitores com o endereço para a leitura completa aqui.

Em seguida vem o conto “Cidade Phantástica”, de Romeu Martins, que prova que Niterói só consegue ser um lugar interessante quando retratada numa ficção. João Fumaça é um dos melhores personagens do livro. Btw, o nome simples, objetivo e bem brasileiro é perfeito. (Também não dá pra esquecer a fofura daquele boneco do personagem que foi sorteado uns tempos atrás no blog do Romeu, de mesmo nome desse conto). Aqui, assim como no conto do Gian, os diálogos se destacam. E devo dizer que as palavras, expressões e pequenas frases em inglês foram cuidadosamente encaixadas sem que soasse pedante ou supérfluo. Mas como eu adoro um desastre, fico imaginando a dimensão dos danos que a arma (mais perigosa do mundo) teria causado se nosso herói João Fumaça não tivesse impedido…

(não resisto a um comentário final: eu que sou morador da Niterói catarinense - já que São José é a cidade do outro lado da ponte de Floripa - usei a Niterói original em dois outros contos. A cidade onde mora a resenhista aparece na continuação de "Cidade Phantástica" chamada "Modelo B", que foi publicada na revista Vapor Marginal  e, se tudo der certo, ganhará nova versão em 2012. Da mesma forma ela surge já no título de um conto que sairá no livro Soberba - Lúcifer, da coleção VII Demônios da editora Estronho: "Algo baixou em Niterói")

2 comentários:

Fabio Fernandes disse...

Mas merece, né, Romeu? :) Livro bom - e que é reeditado e tem o apoio dos editores fica para sempre no imaginário dos leitores. A antologia Steampunk merece.

Romeu Martins disse...

Pois é, aconteceu tudo tão bem neste livro que é um caso raro no país. Espero que a fórmula - que para ser boa não pode ser fórmula ao pé da letra - se repita ainda muitas e muitas vezes!