29.11.11

Ação, almanaque de mangá nacional 2

Falei aqui algumas vezes a respeito da Ação Magazine, publicação encabeçada por Alexandre Lancaster, meu colega da pioneira coletânea Steampunk - Histórias de um passado extraordinário. A primeira delas foi em um post do dia 16 de fevereiro deste ano:

Mais uma notícia envolvendo quadrinhos de interesse para quem curte retrofuturismo. Alex Lancaster está à frente de um projeto que pretende trazer ao Brasil o mesmo modelo usado no Japão para apresentar séries de mangás, um almanaque cuja rotatividade dos títulos dependerá da popularidade de cada obra. Serão os leitores, interagindo com os editores e autores, que determinarão qual série de Ação Magazine terá continuidade em suas páginas. Uma amostra do material que está disponível para apreciação dos leitores pode ser acessado neste endereço, no qual se encontra o número zero da revista...

Agora, a notícia é o lançamento da segunda edição desta publicação que importa para nosso mercado o sistema de produção nipônico, mas com material 100% nacional. A capa do número 2 da Ação Magazine pode ser conferida - e bem ampliada - abaixo:


Se notarem bem as chamadas, uma das matérias em destaque diz respeito justamente ao tem principal deste blog, "a revolução steampunk". Mas o interesse para a comunidade steamer não fica apenas na teoria, pois uma das séries presentes na revista é uma legítima obra retrofuturista em quadrinhos. "Expresso!", justamente de Lancaster, é a versão em quadrinhos do universo que o autor apresentou naquela coletânea da Tarja Editorial de 2009. Veja a seguir, com exclusividade para o Cidade Phantástica, duas páginas da série escrita e desenhada por ele. A primeira delas, tem cores de  Cynthia França. Lembrando que o lançamento da Ação Magazine #2 será nesta quarta-feira, dia 30 de novembro, na Saraiva Megastore do Norte Shopping, Av. Dom Helder Câmara, 5474, Rio de Janeiro - RJ, das 19h as 22h.



23.11.11

Sherlock Holmes - Aventuras Secretas, a capa

Acaba de ser divulgada a capa da coletânea sherlockeana organizada pelos escritores Carlos Orsi e Marcelo Augusto Galvão que é, na medida certa, linda e misteriosa. Vejam abaixo se concordam comigo:


De autoria do editor Erick Sama, esta apresentação gráfica de primeira vai embalar minha estreia como contista na Draco, pois o livro vai trazer meu texto "O caso do desconhecido íntimo". Ansioso desde já para ter o material em mãos, antecipo aos leitores que já estou sabendo que a antologia deve ganhar em breve uma resenha internacional em um importante e prestigiado site de divulgação de ficção fantástica.

18.11.11

Fragmentos do Inferno 2



Mostrei aqui a capa daquela que deve ser minha última participação em livro neste agitado ano de 2011. Agora, a editora Estronho deu mais detalhes sobre a obra e ainda deixou à disposição de seus leitores uma amostra de um dos seus próximos lançamentos. Um dos contos de Fragmentos do Inferno pode ser baixado gratuitamente no site da editora, que também anuncia a data em que o livro deve chegar ao público: dia 10 de dezembro. 

O arquivo em pdf traz o conto "Ignácia" de Tiago Toy, retratando os últimos momentos de alguns dos moradores do edifício Santa Eulália, localizado na região da Cracolância paulista, antes do incêndio que toma conta do prédio. A organização foi do escritor e publicitário Rober Pinheiro, a quem finalmente conheci pessoalmente, depois de anos de papos no twitter, numa vinda dele a Santa Catarina neste último feriadão - na foto abaixo, ele é o terceiro da esquerda para direita, numa sinuca em que fomos em terras catarinas na madrugada de segunda pra terça. 

Os demais autores presentes no livro, além dele próprio e Tiago Toy, são Cláudio Parreira, Eric Novello, Everaldo Stelzer, F. Pellicer, Georgette Silen, Juliano Sasseron, Ruano Berenguel, Sumaya Sarron (co-organizadora) e Valéria Telles. Minha participação deve estar nas páginas finais, com uma reportagem ficcional que encerra e tenta amarrar todos os fatos narrados pelos demais autores. 


14.11.11

Último evento do ano em Floripa

Para encerrar a intensa agenda de atividades de 2011, que incluiu passeios fotográficos, oficinas, palestras, cafés coloniais, a Sociedade Histórica Desterrense realizou no último sábado o encontro Uma Tarde na Taverna, na porção continental de Florianópolis. Com um bate-papo despretensioso sobre a obra de Machado de Assis, acompanhado de um cardápio especialmente elaborado para a ocasião pela equipe da Casa das Meninas, esta última atividade do grupo no ano reuniu 11 pessoas, incluindo uma visitante do estado vizinho do Paraná. Comentários a respeito da ocasião podem ser acessados na página da SHD assim como uma galeria de fotos, da qual destaco a que segue, por apresentar o grupo com um dos principais cartões postais de Florianópolis ao fundo, a ponte Hercílio Luz.

9.11.11

Vapor e mitologia em prol da literatura fantástica

O título acima é o mesmo da mais nova resenha que o livro Deus Ex Machina - Anjos e Demônios na Era do Vapor recebeu no blog da escritora Carol Mancini. Minha colega em outra coletânea da editora Estronho, Cursed City - Onde as almas não têm vez fez uma análise bastante detalhada de cada conto daquela antolgia e me deixou uma pergunta no ar. Vou fazer os procedimentos tradicionais daqui, postando o início do texto e o trecho que se refere ao meu conto, remetendo à íntegra, logo abaixo. Em seguida, volto para responder a pergunta:

“Deus Ex Machina” é outra das antologias da Editora Estronho com chamada e proposta criativa, que se diferencia também pelo capricho da edição. Em uma ambiente bastante saturado da literatura fantástica que é a “Guerra entre anjos e demônios” , os organizadores optaram por mesclar ao enredo a tecnologia Steampunk como objeto principal de trabalho para os escritores, ou até mesmo pano de fundo. De fato, não é uma temática fácil, e no final foram selecionados doze escritores que se juntaram ao convidado Romeu Martins, todos para nos contar de diferentes pontos de vista, e com bastante criatividade, caminhos e desventuras dessa grandiosa batalha.
O prefácio ficou por conta de Bruno Accioly, que nos indica que a viajem é para além de uma literatura de ficção sim, mas ficção de um passado que nunca existiu, (como é de fato uma característica do Steampunk), e que nesta feita, alinha-se ao celestial e ao improvável. Aqui, encontramos já o estilo um pouco mais rebuscado e de parâmetros cultos na escrita, o que esteticamente falando, já nos remete pela própria estrutura à época onde o gênero Steam é passado. Estilo esse que, em muitos contos, torna a aparecer.
Assim, aviso. Para os leitores desacostumados ou que preferem a simplicidade do coloquial pode não ser o tipo de obra a ser mais apreciada, mas tanto aos leitores que não se importem de por as engrenagens do seu cérebro para funcionar no desbravamento dessas frases ou para àquele que já está acostumado, “Deus Ex Machina” será um deleite de forma e conteúdo.
"Observação. Sempre que o termo “guerra” for utilizado, me refiro à guerra fictícia sugerida como proposta da antologia, e o termo “tecnologia” ao próprio gênero Steampunk.
Em segundo lugar, não sou uma entendida deste mesmo gênero, assim sendo, não avalio em nenhuma hipótese o quanto o que é apresentado se enquadra mais ou menos nesta temática."

Quem abre as narrativas é o convidado Romeu Martins (mais sobre ele e seus trabalhos no blog Cidade Phantastica) com “A diabólica comédia” (seria uma referência direta à "A divina comédia" de Dante?). Um conto onde interesses pessoais falam mais forte do que o “sangue” nessa batalha. Ele cruza diferentes mitologias levando a história aos primórdios da guerra. A tecnologia é um ponto interessante colocada sem prejudicar a fluência da leitura. Tudo bem equilibrado e com ótimas imagens.

Continua

A respeito da dúvida de Carol: o título completo do meu conto, "A Diabólica Comédia - A conquista dos mares", faz mesmo referência à obra mais conhecida do poeta Dante Alighieri, mas não apenas a ela. Quando meu caro confrade Cândido Ruiz, um dos organizadores do livro ao lado de Tatiana Ruiz e de M. D. Amado, me convidou para escrever algo para Deus Ex Machina unindo a temática steampunk com as figuras de anjos e demônios, apesar de ter aceitado na hora fiquei numa dúvida e tanto. Deveria escrever algo usando o cenário da noveleta "Cidade Phantástica" ou fazer algo novo?

O motivo da dúvida era que aquela mundo que dá nome a este blog tem algumas regras que eu me impus, sendo a mais notável que o seu protagonista, João Fumaça, só contracenaria com personagens já existentes, tomados de empréstimo de outros criadores. Sendo assim, até pensei em uma trama envolvendo meu agente da Polícia dos Caminhos de Ferro, o arcanjo Rafael, um cenário baseado em Demônios de Aloízio Azevedo e uma certa figura da mitologia greco-romana. O problema é que para desenvolver tudo aquilo eu precisaria de mais espaço que o estipulado para a coletânea que estava em desenvolvimento.

Sendo assim, decidi que usaria um outro universo para situar minha contribuição para o livro. A escolha recaiu em uma outra história que eu havia escrito, em 2008, para o blog Letra e Vídeo, criado por Ana Cristina Rodrigues. Como o nome sugere, a ideia daquele espaço era a de que os escritores escolhessem um vídeo musical e escrevessem algo inspirado nele. Minha contribuição na época foi o conto "A Diabólica Comédia", baseado na música "Ave, Lúcifer", da banda brasileira Os Mutantes. O disco em que saiu aquela música, de 1970, tem um nome duplo, é conhecido como Ando meio desligado ou ainda.. A Divina Comédia.

Sendo assim, aquele primeiro conto (cuja versão mais recente pode ser lida na revista Hyperpulp) foi batizado parodiando o nome de um disco que por sua vez citava o livro de Dante. Para escrever a continuação, mais uma vez recorri a uma inspiração musical (desta vez foi "The battle of evermore" da banda britânica Led Zepellin, a característica mais marcante daquele universo). Portanto, para marcar que "A conquista dos mares" fazia parte de uma história maior, deixei o "A Diabólica Comédia" no título completo do conto de Deus Ex Machina.

Pôster steampunk

Estevão Ribeiro, autor da tira Os Passarinhos e esposo de minha coblogueira Ana Cristina Rodrigues, preparou um presente para os leitores de seu site. Em comemoração a seus novos lançamentos que vão ocorrer no Festival Internacional de Quadrinhos, maior evento brasileiro da área que ocorre neste fim de semana em Minas Gerais, ele deixou à disposição um pôster de seus personagens emplumados em versão steamer. No mesmo post, ele avisa que em 2012 o projeto de uma HQ a vapor de Hector e Afonso, "A peça que move o mundo", será retomado para publicação. Torcendo aqui por mais esta produção steampunk nacional desbravando uma área ainda intocada pelos brasileiros: os quadrinhos.

8.11.11

Nova resenha de Vaporpunk

Pedro Dobbin, o ganhador da coletânea Vaporpunk em sorteio realizado neste blog, me enviou ontem uma resenha daquele livro publicado pela editora Draco. Ele atendeu a um convite que refaço a todos os leitores deste espaço: caso queiram fazer críticas a obras relacionadas à temática daqui, e não tenham uma página pessoal para publicar, podem enviar o material para cá. Quando falo em temática, me refiro não apenas à cultura steamer e aos subgêneros coirmãos, como cyberpunk e dieselpunk entre outros. Falo também de outras abordagens que retratem o passado - histórico ou mítico - no gênero fantástico: weird west, fantasia histórica, espada & magia, gaslight novels e afins. Dito isso, resta agradecer a Dobbin por sua resenha completa e deixar o texto à apreciação dos leitores.




Vaporpunk, Relatos steampunk publicados sob as ordens de Suas Majestades

Organização: Gerson Lodi-Ribeiro e Luís Filipe Silva
Editora Draco, 2010, 312 páginas.

A proposta do livro, como podemos ver na introdução, é a de uma coletânea de noveletas steampunk com o enredo basicamente voltado às culturas brasileira e portuguesa. A questão do que vem a ser uma noveleta, se é algo maior que um conto e menor que uma novela é uma discussão à parte. Pelo que li tratou-se do número de palavras, entre 8 e 18 mil, classificando os contos em até 8 mil, as noveletas a seguir e as novelas acima de 18 mil. A justificativa para tal é pertinente: como se trata de história alternativa, necessita-se de mais espaço para situar o cenário histórico propriamente dito. No meu entender isso não deixa de lado os contos, que podem muito bem tratar disso com eficiência, mas as noveletas, ou contos grandes ,também são eficazes. A seguir breves comentários das 8 participações no livro, sendo 5 brasileiras e 3 portuguesas.

A fazenda-relógio
Octavio Aragão (bras.)

Pelo tamanho trata-se de um conto (não contei as palavras). E é a prova cabal de que contos podem dar conta da temática. Vemos a automação das fazendas escravagistas, com a libertação escravos, a transformação destes em hordas de desempregados miseráveis e suas consequencias. O ritmo é vertiginoso, tem-se a impressão de que estamos a correr junto com o autor de uma ação à outra. Mérito do autor, chega-se ao final quase sem folêgo, mas satisfeito. Excelente.

Os oito nomes do Deus sem nome
Yves Robert (port.)

Inglaterra, França e Portugal são superpotências e como tal lutam entre si. Inglaterra com a ciência física , França com as ciências psíquicas e Portugal com as ciências espirituais. A trama é um intriga internacional, envolvendo representantes das 3 potências e a tentativa de descobrir o segredo do crescimento acelerado do poderio Português. Um final um tanto confuso, mas de resto a trama é boa.

Os primeiros astecas na lua
Flávio Medeiros Jr. (bras.)

Um agente duplo luta com sua conciência e com as dificultades inerentes à traição. Inglaterra e o império Asteca de um lado e o império Francês do outro. É interessante observar as justificativas que o agente duplo dá para si mesmo. Outro ponto a notar são os grandes nomes e personagens da Literatura Fantástica alçados a posições políticas ou militares. É divertido encontrar essas referências. A história se desenrola bem e o final é no mínimo surpreendente.

Consciência de ébano
Gerson Lodi-Ribeiro (bras.)

Uma organização secreta dentro do governo é responsável por proteger um ser que é a “arma secreta” da República dos Palmares. A traição de um de seus membros e a construção de uma hidroelétrica são o pano de fundo para uma história maravilhosa, muito bem contada e original. Faz juz ao termo noveleta e é a melhor do livro.

Unidade em Chamas
Jorge Candeias (port.)

A história de um passarolista português e seu regimento, as dificuldades e a lenta transição do preconceito ao companheirismo quando um regimento de negros se junta ao seu. As traições decorrentes do abismo gerado pelo racismo de alguns. As descrições dos mecanismos das passarolas são muito bem detalhadas, assim como dos cenários e dos personagens. Excelente.

A extinção das espécies
Carlos Orsi (bras.)

Um naturalista inglês em viagem pela América do Sul narra seus encontros com cientistas e sua criações. A invenção de máquinas capazes de se reproduzir e de alimentarem-se dos mais variados cardápios dá margem a uma reflexão sobre qual espécie prevalecerá. Muito bem escrito, narração fluente, as vezes parece mais uma noveleta de terror. Um doce para quem descobrir quem é o naturalista, e atenção especial para a reflexão ao final. Muito bom.

Os dias da besta
Eric Novello (bras.)

Agentes da Guarda Imperial examinam um animal capturado no cais do Rio de Janeiro. Após a sua fuga descobrem que trata-se na verdade de um metamorfo que havia sido capturado pelos ingleses. Com a guerra do Paraguai se aproximando, um Brasil que ascende tecnologicamente, e uma Princesa Isabel aviadora temos uma história bastante interessante.

O sol é que alegra o dia...
João Ventura (port.)

História de um padre cientista com pitadas de aventura e intriga. A questão da parceira público-privada e sua eficácia é interessante, bem como a discussão sobre ciência e religião.

Conclusão


A edição é muito boa e as histórias são de qualidade. Na minha opinião uma ou duas foram “esticadas” e acabam por ter uma narrativa um pouco lenta, mas nada que prejudique o prazer da leitura. Destaque para a revisão, pois não pude encontrar os erros incômodos tão comuns em outras leituras, o que demonstra o cuidado e a preocupação da editora. A capa é um item a parte e merece um exame cuidadoso. No mais é leitura altamente recomendável.

7.11.11

Steampunk: o presente visita o passado - A entrevista

Como prometido no post anterior, vou publicar aqui as perguntas enviadas pela jornalista Luma Pereira, no dia 6 de setembro, e as respostas que eu lhe dei para a produção da matéria do site da Saraiva.


1. Nome completo, idade, profissão/formação.

Romeu Manoel Coelho Martins, 35 anos, jornalista, especializado em divulgação científica.

2. Desde quando (que ano) você é membro do SteamPunk?

Eu me interesso por steampunk há bastante tempo, desde antes de conhecer o termo, principalmente pela leitura de quadrinhos do estilo. Isso desde o final dos anos 90. Mas podemos dizer que entrei para o movimento a partir de 2008.

3. Por que você decidiu fazer parte do movimento?

Eu frequentava muitos fóruns de ficção científica em uma antiga rede social chamada orkut, alguns de seus leitores talvez se lembrem dela. Por lá eu conheci a iniciativa de pessoas como o Bruno Accioly e o Raul Cândido de criar um Conselho Steampunk no Brasil. Frequentando essas comunidades, fui convidado, no final de 2008, para fazer parte da primeira coletânea nacional do gênero, a Steampunk - Histórias de um passado extraordinário, da Tarja Editorial. O livro saiu no meio do ano seguinte, em julho de 2009. Naquele mesmo ano, inaugurei o meu blog dedicado ao assunto, o www.cidadephantastica.com.br

4. Quais são suas obras SteamPunk preferidas?

A mais marcante é uma minissérie em quadrinhos lançada no final dos anos 90: A Liga Extraordinária, de Alan Moore e Kevin O'Neil. Perdi a conta de quantas vezes reli o material nos anos seguintes, bem como suas continuações. Em termos de literatura, tenho todas as coletâneas nacionais que já foram publicadas, desde aquela com meu conto, da Tarja Editorial, até Vaporpunk (de 2010), da Editora Draco; e os lançamentos deste ano, pela Editora Estronho: Deus Ex Machina e Steampink.

5. Como são os encontros?

Aqui em Santa Catarina, existe uma parceria muito forte entre a Loja local do Conselho Steampunk e um grupo chamado Sociedade Histórica Desterrense. São realizados encontros desde agosto de 2010, já tivemos um piquenique e temos um café colonial marcado para dia 10 de setembro, o próximo sábado. Sem falar em algumas palestras que já demos em eventos de quadrinhos e ligados à cultura japonesa. São sempre encontros divertidos, com pessoas com interesses culturais semelhantes sobre a história do Brasil e do mundo, no século XIX, principalmente. Sem falar em gostos semelhantes por literatura, filmes, quadrinhos, animações.

6. Você se caracteriza para ir a todos os lugares? (Figurino de época).

Nesses encontros, sim. Mas nada muito produzido, se comparado com amigas minhas, como Pauline Kisner e Carolina Silva, da Sociedade Histórica Desterrense, que compõem figurinos completos de acordo com vestidos realmente utilizados séculos atrás. Minhas roupas são garimpadas em brechós mesmo.

7. Conte algum momento marcante que você vivenciou nas reuniões dos
membros, ou mesmo na rua (caso você saia de casa sempre com roupas no
estilo SteamPunk).

Não, fora o período de algum encontro ou evento - como uma palestra - eu não uso roupas de época. Acho que o momento mais marcante foi justamente uma palestra sobre o assunto, agora em agosto, que dei ao lado do escritor, professor e tradutor Fábio Fernandes, durante a HQCon, o maior evento de cultura pop de Santa Catarina. Ao final, recebi uma toy art reproduzindo o personagem principal de um dos meus contos. Antes disso, no final de abril, em São Paulo, em um evento de lançamento do livro Mortal Engines, do inglês Philip Reeve, recebi uma comenda do Conselho Steampunk, das mãos de Bruno Accioly e de Raul Cândido. Foi a maior condecoração que aquele grupo já deu a algum escritor e divulgador do gênero. São dois troféus que eu guardo com muito carinho e foram os momentos mais marcantes de todos, desde que entrei para o movimento.

8. Você costuma customizar algum/alguns objeto(s) seu(s) no estilo
SteamPunk? Descreva quais e como foi a modificação, por favor.

Não, eu não sou alguém com habilidades manuais para tanto. O máximo de acessório que eu uso é um relógio de bolso que ganhei de uma ex-namorada quando participamos de nosso primeiro encontro do tipo, no final de 2009, em São Paulo. Minha participação e contribuição é mais escrevendo contos e divulgando a produção nacional em meu blog, mas admiro muito quem faça customização de objetos, roupas, joias e afins.

9. Tem no SteamPunk alguma curiosidade que você gostaria de mencionar?

Bem, eu participo de outros grupos e vejo a situação dos escritores e de pessoas interessadas em literatura de gênero, principalmente de ficção científica, no geral. E posso dizer que nenhum grupo é mais unido, mais interessado e participativo quanto os fãs do steampunk.



10. Quais são seus autores favoritos de literatura SteamPunk?
(Nacionais e internacionais).

No Brasil, o citado Fábio Fernandes, Flávio Medeiros Jr., Carlos Orsi, Gerson Lodi-Ribeiro, Octavio Aragão, Nikelen Witter, Alliah entre outros. Internacionais, não podeira deixar de citar Alan Moore, seu conterrâneo Kim Newman, Philip Reeve, os americanos Bruce Sterling e William Gibson, os portugueses Jorge Candeias e Yves Robert. É uma longa lista.

11. Quais são seus filmes favoritos no estilo SteamPunk? Por quê?

Não são muitos filmes que sejam realmente steampunk dos quais eu goste. Acho que ainda não se encontrou direito o tom no cinema, mesmo em adaptações de obras que eu gosto. O filme da Liga Extraordinária, por exemplo, é muito ruim, assim como a adaptação que M. Night Shyamalan fez do excelente desenho animado Avatar - A lenda de Aang (no cinema, o Último Mestre do Ar), ou ainda As Loucas Aventuras de James West, com Will Smith, que é baseado em um seriado dos anos 60. Gostei da versão do Guy Ritchie para Sherlock Holmes, com Robert Downey Jr., que tem uns bons toques do gênero. E gosto muito do anime Steamboy, de Katsuhiro Otomo, que foi feito originalmente como um longa-metragem para o cinema.

12. Existe algum outro costume SteamPunk, além do interesse por obras
desse estilo, dos objetos e das vestimentas?

O steampunk é uma verdadeira cultura. Existem grupos, como Abney Park, que fazem música se identificando com o gênero, há games, quadrinhos, tatuagens. Um livro lançado nos EUA este ano faz um levantamento de todas essas vertentes culturais: a Steampunk Bible, editado por Jeff VanderMeer e S.J. Chambers. Eles fizeram uma pesquisa sobre tudo o que rola no mundo a respeito, incluindo, no Brasil.

13. Por que "Frankenstein", de Mary Shelley é considerada uma das
principais obras SteamPunk?

Bem, aqui temos uma divergência. Eu sou de uma corrente que acredita no seguinte: obras escritas no século XIX, como Frankenstein ou 20 Mil Léguas Submarinas, de Jules Verne, ou A Máquina do Tempo, de H.G. Wells, não podem ser consideradas steampunk. São livros do seu tempo, pioneiros da ficção científica. Só é steampunk se for um olhar de alguém em relação ao passado. Dessa forma, Fábio Fernandes que revisitou a obra de Mary Shelley em "Breve História da Maquinidade", naquela coletânea da Tarja Editorial, escreveu algo steampunk. Mas a escritora, em seu tempo, estava fazendo literatura de seu tempo, e não algo retrofuturista, que é o que define o gênero steampunk. Esta é minha opinião sobre o assunto, outras pessoas defendem posições diferentes.

14. Qual a importância desse movimento na sociedade atual?

O steampunk é uma excelente maneira de se rever o passado nem tão remoto e repensar possibilidades. Levar em consideração como os fatos poderiam ter acontecido de maneira diferente, dando origem a um mundo totalmente diferente. É um excelente exercício de imaginação. Para quem escreve ficção científica é uma libertação daquele chavão que diz ser este gênero algo somente sobre o futuro. O steampunk prova que também pode ser sobre o passado e sobre um futuro que deixou de acontecer. Para o bem ou para o mal.

Steampunk: o presente visita o passado

No início de setembro fui contatado por email pela jornalista Luma Pereira para dar uma entrevista a respeito da cultura steampunk que servisse de subsídio para matéria que ela iria escrever para o site da Saraiva. A matéria acabou saindo no início do mês seguinte, em outubro, mas só pude conferir o resultado agora, um mês depois da publicação e dois do convite para a entrevista. Deixo os leitores com um trecho do material, que pode ser lido na íntegra aqui, e no próximo post publico as perguntas e respostas completas que dei à jornalista.



Eles se vestem com roupas de época e se comportam como pessoas do século XIX – especificamente da Era Vitoriana. As mulheres se caracterizam com saia e espartilho. Os homens usam chapéu e gravata. Porém, o século é o XXI e todos têm celulares e computadores. Isso é Steampunk, sub-gênero da ficção científica que ambienta as obras no passado, mas inclui tecnologias do presente. “Voltamos àquele tempo e fazemos uma releitura do que seria o futuro para alguém da época”, define Bruno Accioly, um dos fundadores do Conselho SteamPunk no Brasil.
O termo surgiu no fim da década de 1980, quando os escritores norte-americanos Bruce Sterling e William Gibson lançaram livros ambientados no século XIX. Escreviam histórias de ficção científica que se passavam na Era Vitoriana e incluíam tecnologias atuais, criando uma realidade retrofuturista.
Accioly explica que, como todos os termos, esse surgiu para nomear algo anterior à sua criação, como o gênero dos livros de Mary Shelley, autora de Frankenstein (1818), e de Júlio Verne, autor de Viagem ao Centro da Terra (1864).
Máquina do tempo
O SteamPunk se manifesta em qualquer tipo de arte: literatura, ilustração, fotografia, moda. “É uma verdadeira cultura”, afirma Romeu Martins, jornalista catarinense de 35 anos.
Accioly acredita que o movimento é uma ferramenta de resgate do passado recente do Brasil, cuja história é fascinante – cheia de intrigas e covardia, mas também com muita virtude e heroísmo. “Não há, necessariamente, exaltação do passado.
Existem obras de denúncia, que têm por objetivo criticar o presente”, diz. Gabriela Barbosa, historiadora paraibana de 23 anos, comenta que, para ser Steampunk, não é preciso apenas vestir trajes do século XIX, mas ter esse saudosismo e essa inventividade característicos do movimento. “Não é apenas roupa ou trejeitos Vitorianos, mas muita leitura e pesquisa sobre esses temas”, enfatiza a historiadora.

Continua

6.11.11

Fragmentos do Inferno

Nos últimos dias estive meio sumido do blog para atender ao convite do publicitário e escritor Rober Pinheiro que está organizando a mais nova coletânea da editora Estronho a ser lançada ainda este ano. O livro em questão tem a belíssima e enigmática capa que pode ser vista abaixo ou no twitpic de M. D. Amado, dono da editora e responsável pelos projetos gráficos de suas publicações:


Ainda não foi divulgada mais informações a respeito da obra, então o que posso adiantar é que minha participação nela se dá de maneira inusitada. O texto que enviei une de uma forma que eu não esperava que acontecesse minha formação de jornalista com a ficção. Espero que os leitores apreciem o material, que deverá ser lançado em dezembro. Pela capa, já dá para se ter uma ideia do que vem pela frente. Ou não.